domingo, 31 de março de 2013

Marco Feliciano representa Judas


Manifestantes penduraram na tarde de sexta-feira (30), em frente ao Congresso Nacional, um boneco do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, representando a tradicional malhação de Judas.

O boneco foi confeccionado pela Federação de Umbanda e Candomblé do Distrito Federal e da região do Entorno de Brasília. Ele carregava cartazes com dizeres contra a "intolerância religiosa, racial e sexista", além de cópias de cédulas de real e de cartões de crédito nas mãos.

Em seu perfil em uma rede social, Luiz Alves, um dos organizadores do protesto, disse que a malhação de Judas é manifestação cultural brasileira e que também é usada para “mostrar o descontentamento com os políticos”.

Alves disse ainda que a intenção não é promover a violência contra Feliciano, "mas sim um repúdio às suas posições em relação aos negros, afro-religiosos e homossexuais.

Marco Feliciano também foi lembrado como Judas pelos moradores da Vila Planalto, bairro de Brasília próximo à Esplanada dos Ministérios.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Prefeito Edivaldo aplica "tapas de luvas" nos sabotadores de plantão.

Secretário Allan Kardek, participa da entrega do fardamento (Foto Ascom)

Para aqueles que ficam torcendo contra e esperando qualquer deslize da nova gestão da Prefeitura de São Luís, estão “pegando em fio pelado”. O prefeito Edivaldo Holanda Júnior juntamente com o secretário da SEMED Allan Kardec Filho, valorizando o dinheiro público, decidiu de forma inteligente, distribuir o fardamento encontrado estocado no almoxarifado e nas escolas. São milhares de calças, camisetas, shorts, meias e tênis de várias pontuações que faltaram ser entregues pela gestão tucana aos alunos.

A distribuição foi iniciada no último dia 22 de março nas escolas onde existe a maioria de alunos que moram em comunidades carentes.

O blog entrou em contato com a direção da SEMED, após a ação ser divulgada no site da prefeitura e conseguiu conversar com a Secretária Adjunta de Administração e Finanças, a Profª Régina Galeno, a mesma informou que são cerca de 60 mil kits de farda, incluindo os tênis, encontrados no almoxarifado e também guardados nas escolas.

"A distribuição começou pelas escolas “Amaral Raposo (Pedrinhas), Sá Vale (Anil), Menino Jesus de Praga (Planalto Vinhas) e Elizabeth Fecury (Vila Isabel) que receberam juntas cerca de 5.000 kits”, confirmou Regina Galeno e concluiu: “Ordenamos que a equipe da Coordenação de Material e Patrimônio  que dirige o almoxarifado, acelere a organização dos kits e sejam distribuídos todo o material estocado o mais tardar até o final do mês de abril, priorizando escolas em comunidades carentes da zona rural”.

Vale lembrar que os fardamentos são da gestão passada, com as cores do partido tucano de Castelo, o PSDB. Porém o prefeito Edivaldo ignorou esse detalhe e  sem titubear resolveu de forma sábia considerar que o dinheiro público tem voltar ao público e com essa medida consegue aplicar de forma certeira "tapas de luvas" nos incrédulos e sabotadores de plantão.

Agora o blog pergunta: Será que o “inspiriente” tucano Castelo faria o mesmo?

Eu mesmo respondo por muitos: Eu acho que não!

Parabéns prefeito Edivaldo e bom trabalho equipe da SEMED, estamos acompanhado de perto seus feitos com críticas construtivas ajudando a fazer melhor.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Saúde da Mulher: saibam quais exames devem ser realizados anualmente


Toda mulher sabe que é preciso tomar cuidados especiais quanto o assunto for saúde feminina e todo ano é necessário realizar um série de exames.

Por isso, não deixe de visitar seu ginecologista sempre que puder e faça um check-up completo.


Segue abaixo uma lista de exames que devem ser realizados pelo menos 01 vez por ano:

1- Ginecológico- Mesmo antes de ter a primeira relação, é importante que a mulher vá ao ginecologista, pois o sistema reprodutivo sofre mudanças e complicações no início da puberdade. Depois que ela iniciou a vida sexual é importante que faça o exame do papanicolau para verificar as possíveis infecções que podem afetar o colo do útero.

 
2- Mamografia- O exame ajuda a identificar possíveis nódulos nos seios que possam indicar um câncer. A primeira avaliação deve ser feita aos 35 anos, depois disso é necessário que a mamografia seja realizada uma vez por ano. Se a mulher tiver histórico da doença na família, o exame deve ser realizado mais precocemente. 

 
3- Ultrassom transvaginal- É detectado doenças como cistos no ovário, endometriose, miomas e até tumores. Caso surja algum indício dessas enfermidades o exame pode ser solicitado pelo médico. O ultrassom transvaginal passa a ser praticamente obrigatório após a menopausa.

 
4- Densitometria óssea – Ajuda a verificar qual a densidade dos ossos. Pode identificar e prevenir a osteoporose. Deve ser realizado com regularidade para mulheres com fortes fatores de risco para a doença ou para àquelas que estão na menopausa e não realizam reposição hormonal.

 
5- Colposcopia -  Detecta ferimentos que possam estar na vagina, na vulva ou no colo do útero. É bom fazer esse exame quando iniciar a vida sexual, porém muitas vezes só é indicado quando houver alterações no papanicolau. 

 
6- Ultrassom mamária – É ideal para identificar cistos e até câncer de mama. Se a mulher sente muita dor é importante fazer o ultrassom para saber a causa. Como a mama tem muitas glândulas e ligamentos é difícil identificar tumores malignos através desse exame. 

 
7- Hemograma- Para saber se o corpo inteiro está funcionando perfeitamente, como anda as células, plaquetas, é bom sempre fazer esse exame, através dele podem ser identificados inflamações, infecções, anemias.

 
8- Sorologia – Este exame ajuda a detectar doenças provocadas por mircoorganismos, como hepatite, sífilis, HIV. Existem pessoas que possuem alguma dessas doenças sexualmente transmissíveis e não sabem, por isso é importante fazer o teste sempre que possível. A afecção quanto antes diagnosticada, melhor. 

 
9- Urocultura – Seis em cada 10 mulheres sofrem de infecção urinária. Se você estiver com dificuldades para urinar, ardência e incômodos faça o exame. 

quarta-feira, 27 de março de 2013

Ferreira Gullar envergonha São Luís e o Maranhão.



Pode até setores da sociedade brasileira principalmente maranhenses ficarem raivosos com essa matéria, mas é  essencial que todos saibam o quanto é vergonhoso para maioria das pessoas com um mínimo de compreensão em geopolítica ter como filho de São Luís do Maranhão um escritor que mente e destila ódio em cima de movimentos que procuram se libertar das mazelas que o capitalismo provoca.

Estou falando do "Ilustre" escritor Ferreira Gular, sarneyzista convicto, cortejado pela família Marinho, prestigiado pela Folha e adorado pela oposição tucana, aprontou mais uma das suas, em um artigo seu, duvidando do processo revolucionário venezuelano.

Nosso blog divulga na íntegra, em resposta a análise de Gullar, o artigo de Max Altman, membro da executiva do Partido dos Trabalhadores.

Há sim uma revolução em curso na Venezuela, senhor Ferreira Gullar

Por Max Altman*

Existe um expressão comum no mundo político da Venezuela – “saltar la talanquera” – que poderia ser traduzido por ‘pular sobre a barricada’ e que significa passar para o outro lado. Muita gente que na sua juventude, e por largos anos, abraçou os ideais do socialismo, resolveu “saltar la talanquera’, renegando, sob os mais variados pretextos, tudo o que pensava e defendia, e muda de lado, de mala e cuia. Como necessitam ser bem recebidos pelos novos correligionários, mostram-se crescentemente mais realistas que o rei. Ou seja, homens com uma história de esquerda passam a defender algumas das teses mais caras à direita.

Mudar de lado não é um ato gratuito. Há que se pagar pedágio sempre – e ele é caro e exigente -, demonstrando por atos e palavras que são leais à nova trincheira e aos seus valores. É o caso de Arnaldo Jabor, Roberto Freire, Marcelo Madureira, Alberto Goldman e tantos outros. E do poeta e cronista Ferreira Gullar.
Gullar publicou na Folha de domingo, 17 de março, artigo sob o título “A revolução que não houve”. Não vou refutar suas posições ideológicas ou políticas. Eles tem as deles, nós, as nossas, e assim vamos travando a batalha de idéias. O que quero rebater são suas inverdades e distorções – e até um grave vilipêndio - acerca de fatos concretos. O poeta Gullar não pode alegar desconhecimento, pois é jornalista, nem ignorância, posto que é intelectual.
O articulista afirma que Hugo Chávez “não só fechou emissoras de televisão como criou as Milícias Bolivarianas, que, a exemplo da conhecida juventude nazista, inviabilizava pela força as manifestações políticas dos adversários do governo”. O sinal eletro-eletrônico, lá como aqui, é de propriedade do Estado. A concessão de transmissão por sinal aberto da RCTV – e este foi um caso único – deixou de ser renovada, entre muitas outras razões, pelo fato da emissora ter tramado e liderado o Golpe de Estado de abril de 2002 contra o presidente Chávez, fato cabalmente demonstrado no documentário “A Revolução Não Será Televisionada”. Nos Estados Unidos, por exemplo, esta ocorrência levaria os donos da estação a uma condenação severíssima. O sinal fechado da RCTV continua funcionando normalmente. À parte a odiosa e absurda comparação com as milícias hitleristas, a Lei Orgânica da Força Armada Bolivariana da Venezuela (FABV) estabelece que a Milícia Bolivariana, subordinada ao Comando Estratégico Operacional da Força Armada Bolivariana da Venezuela, tem como missão treinar, preparar e organizar o povo para a defesa integral com o fim de complementar o nível de prontidão operacional da FANB, contribuir para a manutenção da ordem interna, segurança, defesa e desenvolvimento integral da Nação com o propósito de coadjuvar e independência, soberania e integridade do espaço geográfico da Nação. Repto o Sr. Gullar ou qualquer outro a mencionar um só caso em que a Milícia Bolivariana tenha sido utilizada para inviabilizar, pela força ou não, qualquer manifestação política ou de outra ordem da oposição.
Diz mais o cronista: “O azar dele foi o câncer que o acometeu e que ele tentou encobrir. Quando não pode mais, lançou mão da teoria conspiratória, segundo a qual seu câncer foi obra dos norte-americanos.” Agora mesmo estamos assistindo à autorização da família do ex-presidente João Goulart para a sua exumação, 37 anos após o falecimento, porque há forte suspeita que ele tenha sido envenenado para induzir o ataque cardíaco pela Operação Condor, sabidamente apoiada e orientada pela CIA. Foi possível com Jango, porque não poderá ser com Chávez. A ciência provavelmente irá dirimir a dúvida em ambos os casos.
“De qualquer modo, tinha que se curar e foi tratar-se em Cuba, claro, para que ninguém soubesse da gravidade da doença…” Não é nada claro, Sr. Gullar. Vindo do Equador e do Brasil desce Chávez em Havana, caminhando com dificuldade e apoiado numa muleta. Foi estar com Fidel e com ele se queixou das dores. Fidel lhe fez uma enxurrada de perguntas e o convenceu a passar imediatamente por uma bateria de exames no melhor hospital de Havana. Foi nesse momento que se descobriu que carregava na região pélvica um tumor “do tamanho de uma bola de beisebol.” E lá mesmo passou pela primeira das quatro operações cirúrgicas. A Venezuela e o mundo todo souberam imediatamente da gravidade da doença e com algum detalhe. Razões de Estado sempre cercam enfermidades de chefes de Estado e de governo. Não obstante, no caso de Chávez foram 27 comunicados públicos ao longo dos quase dois anos, feitos por ele mesmo ou por ministros do governo. François Mitterrand passou dois setenatos carregando um câncer de próstata, que o acabou matando, sem que a opinião pública soubesse de algo. Antes dele, o presidente Georges Pompidou morreu no exercício do cargo, inesperadamente, de Macroglobulinemia de Waldenström e ninguém soube de nada, salvo alguns jornalistas que suspeitaram de seu súbito inchaço.
Gullar omite e distorce quando diz que “Para culminar, (Chávez) fez mudarem a Constituição para tornar possível sua reeleição sem limites. Aliás, é uma característica dos regimes ditos revolucionários não admitir a alternância no poder.” Na verdade, Chávez fez questão que a emenda constitucional permitindo a postulação indefinida passasse por referendo popular e não simplesmente aprovada pela Assembleia Nacional onde detinha praticamente a totalidade das cadeiras. (A oposição se recusara a concorrer às eleições legislativas.) Houve ampla e livre campanha e o SI ganhou por boa margem. O povo assim decidiu. A propósito, nos Estados Unidos havia uma tradição de apenas dois mandatos de quatro anos mas nada na Constituição impedia a postulação indefinida. Roosevelt foi eleito em 1932, reeleito em 1936, novamente eleito em 1940 e outra vez eleito em 1944. Faleceu em abril de 1945 com apenas 63 anos. Seria facilmente reeleito pela 5ª, 6ª e 7ª vez, pois saíra vitorioso da Segunda Guerra Mundial e os Estados Unidos confirmavam a condição de super-potência. Alguém tisnou de anti-democrático a contínua reeleição de Roosevelt ? Essa possibilidade foi revogada posteriormente por uma eventual maioria republicana.
O articulista envereda sibilina e maliciosamente pelo terreno jurídico. “Contra a Constituição, Nicolás Maduro ... assume o governo, embora já não gozasse, de fato, da condição de vice-presidente, já que o mandato do próprio Chávez terminara.” E mais adiante “Mas, na Venezuela de hoje, a lei e a lógica não valem. Por isso mesmo, o próprio Tribunal Supremo de Justiça – de maioria chavista, claro – legitimou a fraude, e a farsa prosseguiu até a morte de Chávez; morte essa que ninguém sabe quando, de fato, ocorreu.” O sr. Gullar nunca se referiu ao nosso STF como de maioria tucana, claro, em especial durante o julgamento midiático da AP 470. Os membros da Suprema Corte na Venezuela, que devem ser cidadãos de reconhecida honorabilidade e juristas de notória competência, gozar de boa reputação e ter exercido a advocacia ou o magistério em ciências sociais po r pelo menos 15 anos, e possuir reconhecido prestígio no desempenho de suas funções, são eleitos por um período único de 12 anos. Postulam-se ou são postulados ante o Comitê de Postulações Judiciais. O comitê, ouvida a comunidade jurídica, envia uma pré-seleção ao Poder Cidadão, que, por sua vez, faz uma nova pré-seleção e a envia à Assembleia Nacional que fará a seleção definitiva. (arts. 263 e 264 da Constituição Bolivariana). Cabe, por outro lado,  à Sala Constitucional do Tribunal Supremo da Venezuela (art. 266)  exercer a jurisdição constitucional, como única intérprete da Constituição. E ela considerou, em decisão articulada e bem fundamentada, que: a) pelo fato de estar ainda em curso a licença concedida pela Assembleia Nacional ao presidente Chávez; b) que havia uma continuidade administrativa pois Chávez havia sido reeleito; a posse poderia se dar em outro momento e ante o TSJ, fato também previsto na Constituição e que Nicol ás Maduro poderia continuar exercendo a vice-presidência executiva. (Na Venezuela o vice-presidente é indicado pelo presidente e não eleito conjuntamente.) Com a morte de Chávez, aplicou-se o art. 233, passando Maduro a exercer o cargo de Presidente Encarregado, obrigando-se a convocar eleições em 30 dias, o que foi feito.
E onde reside o vilipêndio, a ignomínia de Ferreira Gullar ?  Repetindo maquinalmente o que a extrema-direita golpista e corrupta da Venezuela alardeou, afirma que a farsa prosseguiu até a morte de Chávez, que ninguém sabe quando de fato ocorreu. Isto é uma grave ofensa antes de mais nada à dignidade dos pais, irmãos e filhos de Hugo Chávez, porquanto afirmar que ninguém sabe quando ocorreu a morte é imputar à família do presidente participação numa farsa. As filhas de Chávez em discursos emocionados, num e noutro momento, repeliram a rancorosa e covarde acusação, reafirmando que Chávez faleceu, quase diante de seus olhos, no dia 5 de março no hospital militar de Caracas, exatamente às 16 h25.
E por quê afirmo no título que há uma revolução socialista bolivariana em marcha ?  Evidentes êxitos dos programas sociais do governo Chávez não a caracterizaria. Esta proeza pode ser alcançada por países em regime capitalista. Há, porém, um dado da realidade na Venezuela: a massa pobre e de trabalhadores alcançou um bom nível de consciência política e ideológica e está organizada. Vale-se do Partido Socialista Unido da Venezuela para a sua mobilização. E dispõe-se a respaldar o governo a fim de levar adiante o “Plano Socialista da Nação –  2013-2019”, programa histórico de cinco objetivos fundamentais, que tem por lema ‘desenvolvimento, progresso, independência, socialismo’.
Sempre com fundamento na Constituição que estabelece que a soberania reside intransferivelmente no povo que a exerce diretamente na forma prevista na Carta Magna e nas leis e indiretamente, mediante o sufrágio direto e secreto, Chávez liderou a expansão da democracia participativa, diminuiu o peso do empresariado, dos meios comerciais de comunicação e das casamatas mais retrógadas do aparelho estatal, especialmente no sistema judiciário. Criou com isso a base social que permite agora avançar na transformação socialista em curso, trazendo a Força Armada para dela lealmente participar.
Uma das mais relevantes medidas de transferência de poder ao povo é a criação e o desenvolvimento do poder comunal. Trata-se de pequenas áreas geográficas, distritos ou bairros, que funcionam como instituições políticas e que também podem organizar seus próprios serviços públicos, constituir empresas para diferentes atividades e receber financiamento direto do governo nacional. Busca-se, assim, esvaziar os estamentos burocráticos ainda controlados ou corrompidos pelos antigos senhores.
Ao contrário de outras experiências de identidade socialista, a ampliação da democracia direta não foi acompanhada pela redução de liberdades, mesmo daqueles setores que participaram do golpe de Estado em 2002 ou que insistem na oposição golpista. Não se tolheu a liberdade de expressão nem a liberdade de imprensa. Partidos de cariz neoliberal, de direita, sociais-democrat as ou ultra-esquerdistas continuam a funcionar normalmente com ampla liberdade de organização e manifestação pacífica.
Dois fortes sinais indicam que a revolução socialista bolivariana está atingindo um ponto de não retorno. O primeiro foi o extraordinário comportamento do povo venezuelano diante da morte de seu comandante-presidente. Milhões saíram às ruas para homenageá-lo. Embora comovido, mostrou-se sereno, pacífico, responsável e democrático. Isto permitiu que o governo funcionasse e, principalmente, a estabilidade institucional fosse garantida. Não caiu nas provocações alimentadas por setores raivosos da direita. Reagiu com senso civilizado extraordinário, com dignidade. No entanto, como se pôde assistir, disposto a qualquer coisa para defender o legado de Hugo Chávez, o progresso e as conquistas sociais, o desenvolvimento da economia, a soberania e a independência da pátria, a consolidação da integração regional latino-americana.
O segundo sinal está por vir e será a confirmação desta vontade popular. No dia 14 de abril serão realizadas eleições livres, justas e transparentes, como garante o Conselho Nacional Eleitoral, para presidente da Venezuela. A vitória de Nicolás Maduro constituirá um marco histórico e dará início a uma nova etapa da revolução socialista bolivariana. 






*Max Altman é membro do Coletivo da Secretaria de Relações Internacionais do PT.

Fonte: Brasil 247

terça-feira, 26 de março de 2013

Como abordar mulheres sem ser nojento

Com mais e mais mulheres falando abertamente sobre assédio nas ruas, um homem hétero pode ficar um pouco confuso sobre como se aproximar de uma mulher em um local público. “Quer dizer que as mulheres não gostam quando eu tiro seus fones de ouvido no metrô?” ele poderia perguntar. “E se eu ficar muito perto? Elas também não gostam? Não se pode nem falar com ninguém sem ser rotulado como predador sexual mais! Dane-se o Feminismo!”

Se você se comporta desse jeito, então sim. Você é um idiota e provavelmente não deveria falar com ninguém. Nunca mais. Mas vamos supor que você é apenas um cara legal que ainda não consegue entender a melhor maneira de falar com uma mulher desconhecida em um espaço público. É ok ter dúvidas. Namoro e paquera são, em geral, coisas difíceis de fazer e ainda mais complicadas quando você toma a iniciativa e se apresenta para alguém do nada. Mas adivinhem? É possível aproximar-se de uma mulher de uma forma respeitosa e lisonjeira, sem ofendê-la ou assustá-la com a possibilidade de você ser um tarado no metrô.

Quando a melhor abordagem não é óbvia, nem sempre é fácil de discernir o que é bom e o que não é. Pelo bem das relações humanas, aqui está um guia prático sobre como abordar uma mulher em várias situações.

Na rua

Vamos começar com o mais difícil. Digamos que você vê uma menina na rua que se parece exatamente com Amy Pond de Doctor Who [N.T. se você não a conhece, preencha com a moça bonita e cult de sua preferência] ou que está vestindo uma camiseta da sua banda de hardcore obscura dos anos 80 preferida. Você quer dizer “oi!”, claro, mas, primeiro tente descobrir se ela quer dizer “olá” para você ou para qualquer outra pessoa. Você pode achar impossível saber isso, mas as mulheres são seres humanos e, assim como outros seres humanos, mostram sinais quando querem ficar sozinhas. Ela está andando rápido? Não está fazendo contato visual com ninguém? Ela está prestando atenção na calçada ou no celular? Se a resposta for sim, então talvez você deva deixá-la ir, ela provavelmente não quer ser incomodada e você deve respeitá-la. Lembre-se, as únicas pessoas que te devem uma conversa são, na melhor das hipóteses, seu terapeuta ou seu advogado.

E se ela não esta caminhando rápido na direção oposta ou deliberadamente evitando olhar para as pessoas na rua? Então talvez não haja problema em aproximar-se (lembre-se, diferentes pessoas reagem às coisas de maneiras diferentes). O mais importante, como é o caso quando se aborda qualquer pessoa, é tratá-la como uma pessoa. Não faça sons de beijo para ela como se fosse um cachorro (nós mulheres geralmente odiamos isso), não imite o som que você acha que o bumbum dela faz quando anda (um “oi” é muito mais eficaz do que “badoombadoombadoom”) e não diga que ela seria mais bonita se sorrisse. Ela sabe a cara que está fazendo e não quer ninguém dizendo que ela deveria mudá-la.
Considerando isso, se aproximar de alguém na rua é complicado. Provavelmente você será dispensado, esteja preparado. Você interrompeu o dia de alguém, pura e simplesmente, então se responderem negativamente, a única coisa que você pode fazer é desculpar-se por incomodar (e fazê-lo rapidamente, sem ser dramático ou criar caso) e educadamente sair de seu caminho tão depressa quanto possível.
Além disso tudo, está escuro na rua? Se estiver, melhor nem tentar.

Em um café

Mais uma vez, preste atenção no que ela está fazendo. Ela está estudando? Digitando apressadamente em seu computador? Se estiver, ela é uma moça com um prazo a cumprir e, interrompendo-a, você corre o risco de ser um idiota. Se você não desistiu, então, o mais importante a fazer é não constrangê-la ou deixá-la desconfortável a ponto de sentir que precisa ir embora. Tente pegar uma mesa que não esteja diretamente em seu campo de visão, desta forma ela não vai precisar desviar o olhar para baixo caso dispense você. Tente se aproximar dela como se estivesse de saída, peça desculpas por interrompê-la (na verdade, a maioria das pessoas não se importa de ser incomodada se você, educadamente, reconhecer a possibilidade de que pode estar incomodando) e dê seu recado com gentileza e confiança. Se ela aceitar, ótimo! Daqui há alguns meses você pode estar discutindo sobre lugares à mesa para o seu casamento indie ou organizando um swingue na casa nova de vocês. Se ela disser que não, gentilmente responda com um “Ok, legal. Só pensei em perguntar.” E, em seguida, deixe-a sozinha.
Se é um lugar que ambos frequentam, muito melhor. Comece dizendo “oi”, aumente para um “tudo bom?” e estabeleça um relacionamento. Dessa forma, quando você convidá-la pra sair, ela vai ser muito mais inclinada a pensar em você como o cara legal do café, e não como o esquisito que sempre tenta interrompê-la enquanto ela lê “A Visita Cruel do Tempo”. Claro, ela ainda pode dizer não e, a menos que ela diga explicitamente o quanto quer sair contigo, batendo uma punheta para você no banheiro enquanto conversam, você tem que desencanar. E lembre-se: ela não é uma vaca. Ela apenas não está interessada.

No transporte público

Lembre-se que as mulheres lidam com o assédio sexual no transporte público o tempo todo. A maioria de nós fica muito atenta quando pega o trem ou ônibus, já que existe uma possibilidade maior de lidar com alguma merda. Não estamos sendo paranóicas ou defensivas quando não queremos falar com você. Estamos lembrando de ontem mesmo, quando alguém literalmente esfregou seu pau nu em nós (ah, segundas-feiras!). É fácil ficar na defensiva e dizer: “Bem, eu nunca faria isso”, mas tente se lembrar de que a maioria de nós não é vidente e não temos idéia do que você faria ou não. Meu ponto é que, se você está cantando meninas no metrô, espere levar um fora. A maioria de nós não gostaria de ser convidada pra sair estando em espaço fechado que é muitas vezes usado como banheiro. Uma vez  um homem no trem comeu um frango inteiro, de luvas, sem tirar os olhos de mim. O transporte público não é um espaço seguro.


Mas talvez você viu a mulher dos seus sonhos e quer continuar assim mesmo. Se ela te olhar, educadamente sorria para ela. Ela sorri – e não um sorriso protocolar – de volta para você? Ela mantém abertamente o contato visual com você também? Como eu disse antes, as mulheres são pessoas. Se nós gostamos do que vemos, podemos enviar sinais por nós mesmas (geralmente piscamos muito e lambemos os lábios excessivamente, mas dizem que somos mais tímidas que isso).
Então, você decide ir enfrente e falar com ela. Tente elogiando em algo que não seja físico ou sexual. É mais fácil do que você pensa: “tênis incrível.” Ou: “Isso é uma bolsa-carteiro antiga? Eu estou querendo uma, mas estou preocupado se as alças não vão machucar meus ombros.” (Se ela te deixar experimentar a bolsa, considere fugir com ela. Só porque você não é um pervertido, não significa que você não pode ser um ladrão). Se ela parece aberta à conversar, bata papo amigável e tranquilamente. Se ela não der abertura, sorria educadamente – mais uma vez, educadamente – e deixe-a sozinha. Metade das preocupações que as mulheres têm no metrô é que alguém se sinta no direito de sair nos chamando de vaca só porque não queremos ser incomodadas. Não seja esse alguém.
Ah, e por favor, não se aproxime de nós quando estamos lendo ou ouvindo música. Essas são coisas que fazemos para não sermos incomodadas. Metade das vezes os fones de ouvido que estamos usando não estão nem ligados.

Ela é garçonete em um restaurante

Eu trabalhei como garçonete em um restaurante por muitos anos e vi minhas colegas serem abordadas de várias formas diferentes, e alguns métodos sendo muito mais bem sucedidos do que outros. Se você acha que está realmente fazendo sucesso com a garçonete que te atende, pare e lembre-se que ela talvez não esteja tão na sua, quanto você está na dela. Embora, provavelmente, ela seja uma pessoa adorável na vida real, uma grande parte da renda dela (e de qualquer garçonete) é baseada na capacidade de fazer você e o resto da mesa gostarem dela. Ser legal com você e  fazê-lo sentir-se bem-vindo é o seu trabalho.


Mas talvez você ache que as faíscas estão lá de qualquer maneira. Talvez ela tenha piscado com força, lambido os lábios como eu disse antes (a sério, as mulheres fazem isso o tempo todo). Se for esse o caso, e você quer convidá-la pra sair, vá em frente, mas faça isso apenas depois que a conta foi paga e ela já tiver recebido a gorjeta. É uma merda fazer uma mulher  sentir que sua renda será determinada com base no fato dela querer ou não sair com alguém — mesmo se você esteja fazendo isso involuntariamente. Resolvendo isso antes, você dá a ela a chance de responder sinceramente. Se ela disser não, não leve para o lado pessoal. Como é sempre o caso com estranhos, você não sabe nada sobre sua vida. Ela poder ter um namorado, ela poder ser lésbica, ela pode simplesmente não estar interessada. Então, erga a cabeça, aja com respeito e siga em frente.

Se você está sentado ao lado dela em um avião

Não. Deixe-a em paz. A menos que nós estejamos no 777 da Rihanna ou a sua voz guarde o segredo do emagrecimento rápido, nós não queremos falar com você.

É claro que existem exceções para todos estes conselhos. Talvez seus avós se conheceram quando o seu avô apertou o  seio da sua avó no meio da avenida da cidade. Talvez um de seus amigos conheceu a namorada quando ele a parou para perguntar o que ela estava lendo. Essas coisas podem acontecer. Além disso, pessoas diferentes gostam de coisas diferentes. Seguindo toda essa lista ainda pode acontecer que você ofenda alguém — porque todo mundo tem seus problemas.
Além disso, e eu sei que isso vai contra tudo o que a frenologia diz, mas as mulheres não são idiotas. Na verdade, muitas de nós são realmente muito boas em ler as pessoas. Se as mulheres sempre te respondem como se você fosse esquisito e assustador, então as chances são de que você está agindo como um sujeito esquisito e assustador. O problema é você. Por outro lado, se você fizer um esforço para ser educado, respeitar o nosso espaço e reconhecer que não te devemos nada (porque, oi, não devemos mesmo), então vamos entender assim também. Isso significa que nós vamos com certeza sair com você? Não, mas com certeza aumenta suas chances e isso faz de você muito menos idiota.

Muito longo? Nem leu? Seja educado e respeito o espaço dos outros. Fim.

Texto de Madeleine Davies. Tradução de Iara Paiva.
Originalmente publicado com o título: How to Talk to a Woman Without Being a Creep, no site americano Jezebel.com

Nota da tradutora:

Não endosso tudo deste texto. Há algumas ideias que parecem bem radicais. Por exemplo, me parece perfeitamente educado se desculpar por interromper e perguntar o que uma pessoa está lendo — contanto que se esteja atento à possível falta de vontade de interagir da moça — e concordo com a autora, é fácil ver quando alguém não quer conversar. Mesma coisa com os aviões — acho que depende da sensibilidade de não insistir para não constranger.

Mas a ideia principal está clara: nós mulheres, mesmo as mais lindas e irresistíveis, temos o direito a não interagir, e se um cara pretende ser bacana e interessante para as mulheres de maneira geral, não é enchendo o saco de uma especificamente que ele vai conseguir isso. Se esta não estiver interessada, seja educado e aceite o fora sem constrangê-la. E se você for educado, pode ter certeza: desejamos muita boa sorte com as próximas. Sabe como é, algumas feministas são heterossexuais e até dão bola pra rapazes que as paqueram por aí.

Fonte: Blog Blogueiras Feministas
Fotos Ilustrativas postadas pelo blog.

quinta-feira, 21 de março de 2013

O racismo diário e invisível

Hoje, dia 21 de março, é o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. A data foi instituída pela ONU (Organização das Nações Unidas), para relembrar o massacre de Shaperville. Em 21 de março de 1960, vinte mil pessoas faziam uma manifestação em Joanesburgo, África do Sul, contra uma lei que obrigava a população negra a portar um cartão que continha os locais onde era permitida sua circulação. Mesmo sendo uma manifestação pacífica, a polícia abriu fogo, matou 69 pessoas e deixou 186 feridos.

Acredito que você saiba porque existem datas como essas. Porque é preciso não esquecer. É preciso relembrar, pelo menos um dia no ano, o massacre de Shaperville. É preciso sempre relembrar e mostrar novamente que o racismo é um dos nossos maiores males, que está estruturado em cada milímetro de nossa sociedade, em cada parte da nossa pirâmide social, em cada local de trabalho, hospital, escola ou cadeia desse país.
É bom ver que hoje racismo é crime e também notícia. O ruim, é que são inúmeras notícias:
São tantos casos e problemáticas envolvendo o racismo que é preciso fazer um recorte. Porque o racismo também está relacionado ao sexismo, a misoginia, a transfobia, a lesbofobia e a homofobia, de maneiras muito cruéis. Nesse texto, falarei sobre o racismo diário e invisível focando no tema da beleza e da mídia, por meio de eventos recentes.Racismo é uma forma de violência. Porém, essa violência se manifesta de infinitas maneiras, especialmente num pais que teve como base de sua construção a escravidão de negras e negros africanos. Portanto, o racismo é cotidiano e invisível, está entranhado em nossas relações. Está presente nasrelações trabalhistas com empregadas domésticas e babás, na imagem estereotipada que a mídia reforça, no descaso das prisões, nas punições pelo crime de aborto. Está na pobreza e nos subempregos, na falta de escolaridade e no atendimento precário dos hospitais públicos.
Minha filha tem o cabelo muito crespo. A partir de que idade posso alisá-lo?

maternidade Santa Joana em São Paulo fez um post em seu blog respondendo essa pergunta. Ao invés de alertar que tratamentos capilares podem ser muito prejudiciais para crianças e que o cabelo crespo é bonito, preferiu abordar o que fazer em relação às “muitas crianças (que) nascem com os cabelos crespos ou rebeldes demais”. Segundo o texto, muitas mães recorrem ao alisamento “para deixar as crianças mais bonitas”, sugerindo que não se use formol e que “há opções de escovas que podem ser feitas nas meninas de pouca idade sem causar danos”.
Trailer do documentário americano Good Hair.
O cabelo da mulher negra sempre é um capítulo a parte em sua vida. Não é fácil encontrar bons produtos específicos no mercado e na maioria dos salões de beleza sugere-se um alisamento ou um relaxamento. Fora a obrigação da famigerada “boa aparência”. A Sara Joker já escreveu sobre o assunto no texto: Cabelo e violência. Durante nossas conversas sobre esse post, ela relatou um caso pessoal:
Há um tempo atrás, mostrava para uma amiga fotos minhas com a minha irmã, de quando éramos crianças e tive uma surpresa! Essa minha amiga, muito politizada, exclamou:“tadinha da sua irmã, sua mãe tinha a coragem de não alisar o cabelo dela, que sofrimento!”  Sério? Essa mesma amiga tinha um discurso sobre ela alisar o cabelo. Toda mulher negra que alisa cabelo tem sua “justificativa” mais apropriada para falar do cabelo. Umas dizem que dá trabalho a transição do cabelo alisado para o natural e outras, como ela, dizem que o cabelo liso é mais prático. Essa desculpa caiu por terra para mim, quando vi minha irmã falando que a melhor escolha que ela fez foi voltar ao cabelo natural, um dos motivos era o quesito praticidade. Quando ouço essas desculpas, lembro que as mulheres são educadas desde criança para manter um cabelo alisado e nunca pensaram criticamente se é ou não mais prático.
Valéria Mattus na Marcha das Vadias de Brasília em 2012. Foto de Srta. Bia no Flickr em CC, alguns direitos reservados.
Valéria Mattus na Marcha das Vadias de Brasília em 2012. Foto de Srta. Bia no Flickr em CC, alguns direitos reservados.
Onde estão as mulheres negras nas revistas femininas?
Vamos fazer o exercício de ir até uma banca de revistas ou mesmo de acessar os sites das principais revistas femininas em circulação no país: NovaClaudiaMarie ClaireLolaCapricho,VogueGlossWomen’s HealthBoa Forma. Veja se quem está na capa da edição atual é branca ou negra. Veja se nas edições anteriores há alguma mulher negra na capa. Observe quantas mulheres negras são retratadas na página principal dos sites.
Um exemplo, no período de janeiro de 2006 até março de 2013, a revista Nova, num total de 87 capas, teve apenas três capas com mulheres negras, sendo que duas capas foram com a mesma: Taís Araújo. Beyoncé está na edição de julho de 2010 e Taís nas edições de janeiro de 2010 e junho de 2012.
Agora pense nas mulheres que você vê diariamente nas ruas, quantas são negras? E por que a representatividade delas nas revistas femininas é praticamente nula?
Esse mês foram publicados dois textos sobre a invisibilidade das mulheres negras nas revistas de noivas:Revista de noivas despreza negras e Eu quero ser representada! E claro, que há sempre justificativas muito plausíveis, que não denotam nenhum racismo (#ironiamodeon), para a falta de negras nessas revistas, como por exemplo: “os bancos de imagens que trabalhamos não oferecem muitas opções de modelos negras, principalmente com penteados de noivas. As que eles oferecem, não são bonitas.”
Modelos brancas pintadas de negras em editoriais de moda
Em 2009, a revista Vogue francesa publicou um editorial em que a modelo holandesa Lara Stone aparece pintada de negra. Em 2013, a revista Número colocou a modelo Ondria Hatdim pintada de negra, encarnando uma rainha africana em suas páginas. O nome disso é blackface.
Uma prática que existe há muito tempo, mas foi popularizada durante o século XX. Negros não podiam atuar, portanto, atores brancos pintavam o rosto de preto e faziam o papel dos personagens negros. Por retratar negras e negros de forma caricata e estereotipada, as blackfaces são extremamente ofensivas. O recurso da blackface volta e meia aparece na televisão brasileira, sendo o exemplo mais absurdo dos últimos tempos a personagem Adelaide do programa Zorra Total.
Perceba o disparate que essas revistas perpetuam ao não terem modelos negras em seus editorais, ao preferirem pintar modelos brancas. Uma das comentaristas do site Jezebel.com, fashionlady, explicitou o absurdo racismo dessas ações:
Posso apenas dizer que sendo uma jovem modelo negra, tendo ralado muito nos últimos 3 anos, isso dói na minha alma. Estou feliz por Ondria como pessoa, mas a quantidade de vezes que me disseram: “oh não, já temos uma menina negra que se parece com você” ou “a maioria dos nossos clientes não contrata meninas negras, desculpe” para depois ter que ver ISSO, isso me irrita! Há tantas modelos negras lindas lá fora, trabalhando DUAS VEZES MAIS para obter metade do reconhecimento e a única vez que eles dão a mínima para nós é quando precisam da nossa pele escura para alguma sessão de fotos “étnica” e, neste caso com Ondria, eles sequer se sentiram incomodados. Posso ver uma menina negra fazendo uma PRINCESA ESCANDINAVA, por favor?
Voltando ao cabelo
Para encerrar a semana, tivemos o desfile de Ronaldo Fraga na São Paulo Fashion Week, Cabelo bombril: penteado feito com palha de aço é aposta inusitada. Não sei porque não fazer um casting com várias modelos negras para homenagear os negros e a chegada do futebol no Brasil, mas é claro, o pior são sempre as justificativas:
A beleza acompanha com as modelos com cabelos de Bombril. “Pedi para o Marcos Costa: quero um cabelo ruim. As meninas são lindas, mas com Bombril na cabeça. Ninguém aqui vai alisar o cabelo”. Ronaldo Fraga ao site oficial da SPFW.
“A ideia para o look do desfile era ressaltar a beleza de cabelos que podem ser moldados como esculturas, não importando o fato de serem crespos.” O texto ressalta que a intenção não era a de perpetuar, mas de “subverter um preconceito enraizado na cultura brasileira”. “Por que o negro tem de alisar seus fios? Eles são lindos!” Marcos Costa em seu blog.
A palha de aço na cabeça nada mais foi do que um recurso estético, uma licença poética, um apelo estilístico. Os detradores de Ronaldo Fraga, provavelmente, não entendem nem de arte e nem de negros. Acusá-lo de racista seria o mesmo que dizer que Tarsila do Amaral é jocosa em seu “Abaporu”, ao retratar o povo brasileiro em linhas modernistas. Matéria da Revista Marie Claire.
Modelos desfilam coleção de Ronaldo Fraga durante a SPFW, março/2013. Foto de AFP/Yasuyoshi Chiba.
Modelos desfilam coleção de Ronaldo Fraga durante a SPFW, março/2013. Foto deAFP/Yasuyoshi Chiba.
É claro que as pessoas vão dizer que não queriam ofender, que a ideia não é essa. Porém, essa é amesma justificativa dos alunos da faculdade de Direito da UFMG, que pintaram uma mulher de preto, acorrentaram-na, penduraram um cartaz em que se lia: Chica da Silva, escrava; e passearam puxando essa mulher pelo campus com sorrisos nos rostos.
Gosto de ver Ronaldo Fraga dizer que “aqui ninguém vai alisar cabelo” ou Marcos Costa questionando“por que alisar os fios”? Porém, no desfile não havia cabelos de mulheres negras, não havia a exaltação das características negras, havia uma representação de cabelo que já foi usada de inúmeras maneiras negativas para dizer que o cabelo afro não é bonito, que é ruim, que tem que ser preso, alisado, etc. Se a intenção é dar visibilidade a questão negra, por que estereotipar? Mesmo que um desfile de moda precise de encenação e teatralidade, por que escolher o caminho do cabelo irreal que moldado se torna o mesmo nas modelos brancas e negras, sem criar uma identidade negra?
Importante frisar, não estou aqui acusando Ronaldo Fraga de ser racista e dizendo que ninguém deve comprar suas roupas e nem ignorando o que ele fez no passado. Estou dizendo que somos todos racistas e que escondemos nosso racismo em todos os lugares e olhares. Não há recurso estético ou licença poética que não possa ser questionada quando reproduz estereótipos arraigados há milhares de anos. Quando reproduz algo que é usado por diversas marcas de produtos de beleza para denegrir o cabelo afro, como no caso da marca Cadiveu.

E, por favor, não é questão de ser politicamente correto ou não, é o direito que hoje milhares de pessoas tem de se levantar e dizer que se sentiram ofendidas, que querem outra representação das negras e negros na mídia, nos desfiles de moda, nos produtos de beleza. Isso não torna o mundo mais chato, torna o mundo mais diverso e justo, com o debate sendo promovido em múltiplos espaços, buscando cada vez mais a totalidade da população.
É preciso promover a mudança para promover a igualdade. Portanto, é preciso questionar, aceitar os questionamentos e buscar discutir a questão do racismo. O que não podemos mais é dizer que foi SÓ uma brincadeira ou um mal entendido.

Fonte: Reproduzido do Blog Blogueiras Feministas