sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Fascismo à Brasileira

Historicamente a adesão inicial ao fascismo foi um fenômeno típico das classes dominantes desesperadas e das classes médias empobrecidas e apenas pontualmente conquistou os estratos mais baixos da sociedade, ideologicamente dominados pelo trabalhismo social-democrata ou pelo comunismo. Nos mais diversos cantos do mundo, dos nazistas na Alemanha e camisas-negras na Itália, aos integralistas brasileiros e caudilhistas espanhóis seguidores de Franco, as classes médias, empobrecidas pelas sucessivas crises do pós-guerra (1921 e especialmente 1929), formaram o núcleo duro dos movimentos fascistas.
Esse alinhamento ao fascismo teve como fundo principal uma profunda descrença na política, no jogo de alianças e negociatas da democracia liberal e na sua incapacidade de solucionar as crises agudas que seguiam ao longo dos anos 1910, 20 e 30. Enquanto as democracias liberais estavam estáveis e em situação econômica favorável, com certo nível de emprego e renda, os movimentos fascistas foram minguados e pontuais, muito fracos em termos de adesão se comparados aos movimentos comunistas da mesma época. Porém, uma vez que a democracia liberal e sua ortodoxia econômica mostraram uma gritante fraqueza e falta de decisão diante do aprofundamento da crise econômica nos anos 1920 e 30, a população se radicalizou e clamou por mudanças e ação.
Lembremos que, quando os nazistas foram eleitos em 1932, a votação foi bastante radical se comparada aos pleitos anteriores; 85% dos votos dos eleitores alemães foram para partidos até então considerados mais radicais, a saber, Socialistas (social-democracia), Comunistas e Nazistas (nacional-socialistas), os dois primeiros à esquerda e o último à direita. Os conservadores ortodoxos, anteriormente no poder, estavam perdidos em seu continuísmo e indecisão, sem saber o que fazer da economia e às vezes até piorando a situação, como foi o caso da Áustria até 1938, completamente estagnada e sem soluções para sair da crise e do desemprego, refém da ortodoxia de pensadores da escola austríaca, tornando-se terreno fértil para o radicalismo nazista (que havia fracassado em 1934).
Além disso, o fascismo se apresentava como profundamente anticomunista, o que, do ponto de vista das classes dominantes mais abastadas e classes médias mais estáveis (proprietárias) menos afetadas pelas crises, era uma salvaguarda ideológica, pois o “Perigo Vermelho”, isto é, o medo de que os comunistas poderiam de fato tomar o poder, era um temor bastante real que a democracia liberal parecia incapaz de “resolver” pelos seus tradicionais métodos, especialmente após a crise de 1929. O fascismo desta maneira se apresentou como último refúgio dos conservadores (sejam de classe média ou da elite) contra o socialismo. Os intelectuais que influenciavam os setores sociais menos simpáticos ao fascismo, o viam como um mal menor “temporário” para proteger a “boa sociedade” das “barbáries socialistas”, como o guru liberal Ludwig von Mises colocou, reconhecendo a fraqueza da democracia liberal face ao “problema comunista”:
Não pode ser negado que o Fascismo e movimentos similares que miram no estabelecimento de ditaduras estão cheios das melhores intenções e que suas intervenções, no momento, salvaram a civilização européia. O mérito que o Fascismo ganhou por isso viverá eternamente na história. Mas apesar de sua política ter trazido salvação para o momento, não é do tipo que pode trazer sucesso contínuo. Fascismo é uma mudança de emergência. Ver como algo mais que isso, seria um erro fatal. (L. von Mises, Liberalism, 1985[1927], Cap. 1, p. 47)
Além da descrença na política tradicional e do temor do perigo vermelho num cenário de crise, houve ainda uma razão fundamental para as classes médias adentrarem as fileiras do fascismo: o medo do empobrecimento e a perda do status social.
Esse sentimento – chamado de declassemént ou declassê no aportuguesado, algo como ”deixar de ser alguém de classe” – remetia ao medo de se proletarizar e viver a vida miserável que os trabalhadores, maior parte da população, viviam naquela época. Geralmente associava-se ao receio de que o prestígio social ou o reconhecimento social por sua posição econômica esmorecessem, mesmo para pequenos proprietários e profissionais liberais sem títulos de nobreza (ver Norbet Elias, Os Alemães). Esse medo entra ainda no contexto de uma evidente rejeição republicana, uma reação conservadora do etosnobiliárquico que dominava as classes altas e parte das classes médias urbanas nos países fascistas, à consolidação dos ideais liberais (mais igualitários) na estrutura social de poder e de privilégios, isto é, na tradição social aristocrática. Não foi por acaso que o fascismo foi uma força política exatamente onde os ideais liberais jamais haviam se arraigado, como Itália, Espanha, Portugal, Alemanha e Brasil.
Por fim, cumpre lembrar que os fascistas apelam à violência como forma de ação política. Como disse Mussolini: “Apenas a guerra eleva a energia humana a sua mais alta tensão e coloca o selo de nobreza nas pessoas que têm a coragem de fazê-la” (Doutrina do Fascismo, 1932, p. 7). A perseguição sem julgamento, campos de trabalho e autoritarismo não só vieram na prática muito antes do genocídio e da guerra, mas também já estavam em suas palavras muito antes de acontecerem. No discurso e na prática, a sociedade é (ou destina-se) apenas para aqueles que o fascista identifica como adequados; há um evidente elitismo e senso de pertencimento “correto” e “verdadeiro”, seja uma concepção de nação ou de identidade de raça ou grupo. E essa identidade “verdadeira” será estabelecida à força se preciso.
Mas porque estamos falando disso?
Parece crescente e cada vez mais evidente no Brasil que importantes setores da classe média e classe alta simpatizam com ideais semelhantes  aos que formaram o caldeirão social do fascismo?
rolezinho shopping facismo brasil

Vimos em texto recente que a sociedade brasileira, em particular a classe média tradicional e a elite, carrega fortes sentimentos anti-republicanos (ou anticonstitucionais), herdados de nossa sucessão de classes dominantes sem conflito e mudança estrutural, sem qualquer alteração substancial de sua posição material e política, perpetuando suas crenças e cultura de Antigo Regime. Privilégios conquistados por herança ou “na amizade”, contatos pessoais, indicações, nepotismos, fiscalização seletiva e personalista; são todas marcas tradicionais de nossa cultura política. A lei aqui “não pega”, do mesmo jeito que para nazistas a palavra pessoal era mais importante que a lei. Há um paralelo assustador entre a teoria do fuhrerprinzip e a prática da pequena autoridade coronelista, à revelia da lei escrita, presente no Brasil.
Talvez por isso, também tenhamos, como a base social do fascismo de antigamente, uma profunda descrença na política e nos políticos. Enojada pelo jogo sujo da política tradicional, das trocas de favores entre empresas e políticos, como o caso do Trensalão ou entre políticos e políticos, como os casos dos mensalões nos mais variados partidos, a classe média tradicional brasileira se ilude com aventuras políticas onde a política parece ausente, como no governo militar ou na tecnocracia de governos de técnicos administrativos neoliberais. Ambos altamente políticos, com sua agenda definida, seus interesses de classe e poder, igualmente corruptos e escusos, mas suficientemente mascarados em discursos apolíticos e propaganda, seja pelo tecnicismo neoliberal ou pelo nacionalismo vazio dos protofascistas de 1964, levando incautos e ingênuos a segui-los como “nova política” messiânica que vai limpar tudo que havia de ruim anteriormente
Por sua vez, como terceiro ponto em comum, partes das classes médias tradicionais e a elite tem um ódio encarnado de “comunistas”, e basta ler os “bastiões intelectuais” da elite brasileira, como Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino ou Olavo de Carvalho ou mesmo porta-vozes do soft power do neoconservadorismo brasileiro, como Lobão e Rachel Sherazade. É curioso que o mais radical deles, Olavo de Carvalho, enxergue “marxismo cultural” em gente como George Soros (mega-especulador capitalista), associando-o ao movimento comunista internacional para subjugar o mundo cristão ocidental. Esse argumento em essência é basicamente o mesmo de Adolf Hitler: o marxismo e o capital financeiro internacional estão combinados para destruir a nação alemã (Mein Kampf, 2001[1925], p. 160, 176 e 181).
A violência fascista, por sua vez, é apresentada na escalada de repressão punitivista e repressora do Estado, apesar de – ainda – ser menos brutal que o culto à guerra dos fascistas dos anos 1920 e 30. Antes restritos apenas aos programas sensacionalistas de tv sobre violência urbana e aos apologistas da ditadura como Jair Bolsonaro, o discurso violento proto-fascista “bandido bom é bandido morto”, que clama por uma escalada de repressão punitiva, sai do campo tradicionalmente duro da extrema direita e se alinha ao pensamento de economistas liberais neoconservadores que consideram que “o criminoso faz um cálculo antes de cometer seu crime, então é o caso de elevar constantemente o preço do crime (penas intermináveis, assédio, execuções), na esperança de levar aqueles que sentirem tentados à conclusão de que o crime já não compensa” (Serge Hamili, 2013). Assim, a apologia repressora se alinha à lógica do punitivismo mercantil de apologistas do mercado, mimetizando um Chile de Pinochet onde um duríssimo estado repressor, anticomunista, está alinhado com o discurso  neoliberal mais radical.
Rachel Sheherazade direita classe média
Rachel Sheherazade
E, ainda, somam-se a isso tudo o classismo e o racismo elitista evidentes de nossa “alta” sociedade. Da “gente diferenciada” que não pode frequentar Higienópolis, passando pelo humor rasteiro de um Gentili, ou o explícito e constrangedor classismo de Rachel Sherazade, que se assemelha à “pioneira revolta” de Luiz Carlos Prates ao constatar que “qualquer miserável pode ter um carro”, culminando com o mais vergonhoso atraso de Rodrigo Constantino em sua recente coluna, mostrando que nossos liberais estão mais inspirados por Arthur de Gobineau eHerbert Spencer do que Adam Smith ou Thomas Jefferson. A elite e a classe média tradicional (que segue o etos da primeira), não têm mais vergonha de expor sua crença no direito natural de governar e dominar os pobres, no “mandato histórico” da aristocracia sobre a patuléia brasileira. O darwinismo social vai deixando o submundo envergonhado da extrema direita para entrar nos nossos televisores diariamente.
Assim, com uma profunda descrença na política tradicional e no parlamento, somada a um anti-republicanismo dos privilégios de classe e herança, temperados por um anticomunismo irracional sob auspícios de um darwinismo social histórico e latente, aliado a uma escalada punitivista alinhada a “ciência” econômica neoliberal, temos uma receita perigosa para um neofascismo à brasileira. Porém, antes que corramos para as montanhas, falta um elemento fundamental para que esse caldeirão social desemboque em prática neofascista real: crise econômica profunda.
Apesar do terrorismo midiático, nossa sociedade não está em crise econômica grave que justifique esta radicalização filo-fascista recente. Pela primeira vez em décadas, o país vive certo otimismo econômico e, enquanto no final dos anos 1990, um em cada cinco brasileiros estava abaixo da linha da pobreza, hoje este número é um em cada 11. A Petrobrás não só não vai quebrar como captou bilhões recentemente. A classe média nunca viajou, gastou no exterior e comprou tanto quanto hoje, nem mesmo no auge insano do Real valendo 0,52 centavos de dólar. O otimismo brasileiro está muito acima da média mundial, mesmo que abaixo das taxas dos anos anteriores.
No entanto, apesar de tudo isso, parte das antigas classes médias e elites continuam se radicalizando à extrema direita, dando seguidos exemplos de racismo, intolerância, elitismo, suporte ao punitivismo sanguinário das polícias militares, aplaudindo a repressão a manifestações e indiferentes a pobres sendo presos por serem pobres e negros em shopping centers. Isso tudo com aquela saudade da ditadura permeando todo o discurso. Se não há o evidente declassmént, o empobrecimento econômico, ou mesmo um medo real do mesmo, como explicar esta radicalização protofascista?
Não é possível que apenas o tradicional anti-republicanismo, o conservadorismo anti-esquerdista e o senso de superioridade de nossas elites e classes médias tradicionais sejam suficientes para esta radicalização, pois estes fatores já existiam antes e não desencadeavam tamanha excrescência fascistóide pública.
Não.
O Brasil vive um fenômeno estranho. As classes médias tradicionais e elite estão gradualmente se radicalizando à extrema direita muito mais por uma sensação de declassmént do que por uma proletarização de fato, causada por alguma crise econômica. Esta sensação vem, não do empobrecimento das classes médias tradicionais (longe disso), mas por uma ascensão econômica das classes historicamente subalternas. Uma ascensão visível. Seja quando pobres compram carros com prestações a perder de vista; frequentam universidades antes dominadas majoritariamente por ricos brancos; ou jovens “diferenciados” e barulhentos frequentam shoppings de classe média, mesmo que seja para olhar a “ostentação”; ou ainda famílias antes excluídas lotando aeroportos para visitar parentes em toda parte.
Nossa elite e antiga classe média cultivaram por tanto tempo a sua pretensa superioridade cultural e evidente superioridade econômica, seu sangue-azul e posição social histórica; a sua situação material foi por tanto tão sem paralelo num dos mais desiguais países do mundo, que a mera percepção de que um anteriormente pobre pode ter hábitos de consumo e culturais similares aos dela, gera um asco e uma rejeição tremenda. Estes setores tradicionais, tão conservadores que são, tão elitistas e mal acostumados que são, rejeitam em tal grau as classes historicamente humilhadas e excluídas, “a gente diferenciada” que deveria ter como destino apenas à resignação subalterna (“o seu lugar”), que a ascensão destes “inferiores” faz aflorar todo o ranço elitista que permanecia oculto ou disfarçado em anti-esquerdismo ou em valores familiares conservadores. Não há mais máscara, a elite e a classe média tradicional estão mais e mais fazendo coro com os históricos setores neofascistas, racistas e pró-ditadura. Elas temem não o seu empobrecimento de fato, mas a perda de sua posição social histórica e, talvez no fundo, a antiga classe média teme constatar que sempre foi pobre em relação à elite que bajula, e enquanto havia miseráveis a perder de vista, sua impotência política e vazio social, eram ao menos suportáveis.
*Leandro Dias é formado em História pela UFF e editor do blog Rio Revolta. Escreve mensalmente para Pragmatismo Politico. (riorevolta@gmail.com)

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Enquanto Governador, Aécio Neves teria sido levado a hospital com suspeita de overdose de cocaina

Aécio Neves, daquele jeito
Corre nos bastidores da imprensa mineira, que tem absoluto pavor de tocar publicamente no assunto, que, no período em que exercia o cargo de Governador de Minas Gerais, o atual candidato a presidência pelo PSDB, Aécio Neves, teria sido levado em segredo, diversas vezes, em situação deplorável, ao Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte.

Numa delas, segundo jornalista mineiro do “Estado de Minas”, que fez a matéria (foto), mas foi proibido por seus chefes de publicá-la, com suspeita de overdose de cocaína.

Pelo menos é o que teria lhe garantido um oficial do serviço reservado da PM-MG, que, apesar de relatar o ocorrido à Coordenadoria Antidrogas do Estado, que investigava, com alguma morosidade, as quadrilhas de traficantes locais, nunca mais obteve informações sobre o destino – e apuração- de seu relatório.

Aécio que já foi flagrado, publicamente, pelo blog do Juca, batendo em sua “companheira” num restaurante, teve outros vexames notórios ao longo de sua carreira política, incompatíveis com o comportamento de um futuro presidente da República, mas, justificáveis se confirmada a informação de sua dependência química.

Integração latina e caribenha é projeto estratégico, afirma Dilma

O anfitrião Raul Castro e a Presidenta Dilma
Em discurso durante a II Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), nesta terça-feira (28), em Havana, a presidenta Dilma Rousseff afirmou que a integração latina e caribenha é um “projeto estratégico, tanto do ponto de vista do mercado, como do ponto de vista do resgate da população, por meio do combate à pobreza e a elevação das nossas nações à condição de povos desenvolvidos”.
“Sem dúvida esse porto é exemplo concreto das possibilidades da cooperação e integração latino-americana. Com ele, fica claro que não só a cooperação é possível, mas necessária uma política de convergência que reduza as assimetrias entre nossos países. (…) Estamos unidos em muitas coisas, no combate à pobreza, no desenvolvimento econômico, na criação e geração de empregos, na luta pela paz, contra a discriminação e sobretudo, incluídos na busca da prosperidade para nossos países e região”, afirma.
Veja vídeo com o discurso da Presidenta Dilma Rousseff:


Fonte: Blog do Planalto

Mais denuncia: “Vendendo gato por lebre 2”

Roseana e Luís Fernando felizes 
Na minha rotina de tá bisbilhotando os blogs dos amigos, deparei  com uma matéria muito interessante no blog do Edgar Ribeiro, lembrei de uma postagem que divulgamos no nosso blog, ano passado, precisamente no  dia 26/05/2013, com o título “Vendendo gato por lebre” (reveja aqui), nela já alertando a população tomar cuidado com mais um engodo na política maranhense, lançado pela oligarquia Sarney: o candidato a governador Luís Fernando, ex-prefeito de São José de Ribamar,  ex-chefe da Casa Civil e hoje Secretario de Infraestrutura do governo Roseana.

Nessa postagem, o nosso blog enfatiza a necessidade de observarmos com cuidado, um produto que iremos adquirir ou votar e não cair no “conto do vigário” ou “comprar gato por lebre”.

Luís Fernando respondendo processo
Enfatizamos ainda na postagem, algumas manobras da oligarquia em se preservar no poder, como o Seminário de Integração com Prefeitos, várias obras federais e o governo Roseana assumindo como dono, escamoteação da prefeitura de Ribamar com ajuda de seu ex-prefeito da situação da saúde, educação, habitação e pavimentação daquele município e o investimento no PIG - Partido da Imprensa Golpista aqui mo Maranhão.

Superfaturamento e aditivo de 100% em obra

Vendo então a matéria “Corrupção: Veja o produto que estão preparando para os maranhenses em 2014” (veja aqui)no blog do Edgar Ribeiro deparamos com mais um elemento, inclusive crucial, para ajudar a população maranhense, a saber, escolher o produto certo na hora certa: prática de corrupção.

Essa matéria coloca comprovadamente o candidato da oligarquia Sarney na “saia justa”, onde o mesmo que se mostra como o “novo”, “competente” e “sério”, realiza as mesmas práticas de gestores que procuram o erário público para se beneficiar politicamente e financeiramente.

A governadora e seus asseclas, fazem campanha antecipada todos os dias, usam a estrutura pública, avião, helicóptero, carros oficiais, funcionários, telefones, diárias, debaixo da barba do Ministério Público e Tribunal de Justiça que são omissos com tantos crimes. 

Uso abusivo da estrutura pública em campanha antecipada
Portanto população maranhense tome muito cuidado na sua escolha, não vá atrás de pessoas que estão por ai, nas repartições públicas, vizinhança e redes sociais que insistem em forçar o eleitorado a votar novamente nos representantes da família Sarney, esses estão com medo de perder regalias e não passam de bajuladores de quem não merece mais nossa confiança de estarem no poder.

Dê a sua resposta a esses abutres, votando na mudança do executivo e na renovação do parlamento estadual e federal.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

ENQUETE: "Qual o(a) maior cara de pau do ano de 2013?"

Faltando apenas 03 dias para encerrar a enquete "Qual o(a) maior cara de pau do ano de 2013?", a governadora segue disparada em primeiro lugar. O segundo colocado é Ricardo Murad com 8%. O prêmio será varias e tradicionais mudas de pé de peroba para o ganhador cultivar e extrair o óleo para passar na sua cara de pau durante muito tempo.

Já votaram 56 pessoas, dos 04 concorrentes, Roseana 76% da preferência dos votantes:

Continue votando! 
Abaixo algumas pérolas e fotos dos concorrentes em matérias de nossos amigos blogueiros, para ajudar o internauta escolherem melhor o maior "cara de pau" de 2013:




segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O Lobo da misoginia: O que sobra pras mulheres????

A primeira esposa aplaude o mestre do universo

Como eu disse, adorei O Lobo de Wall Street, que pra mim é o filme do ano. E é um filme incrível pra discutir gênero. 
Mas, antes de entrar nesse tema, e como não sei onde mais posso escrever sobre isso, só queria lembrar de uma das grandes responsáveis pelo mérito de Lobo ser tão frenético. É de espantar que a consagrada editora Thelma Schoonmaker, colaboradora de Martin Scorsese nos últimos quarenta anos (desde Touro Indomável; quando perguntaram pra ela como uma senhora tão gentil podia editar os violentos filmes de gangster de Scorsese, ela respondeu: "Ah, mas eles não são violentos até que eu os edito"), não tenha entrado nas indicações do Oscar de melhor montagem.
Tudo bem, Thelma já foi indicada sete vezes e já ganhou três, mas a edição de Lobo é impecável. Li algumas pessoas reclamando de cortes abruptos e pouco convencionais, como se houvesse problemas de continuidade, mas é tudo de propósito: quando os personagens estão sob o efeito de drogas, os cortes são estranhos (não que eu tenha notado). Como o pessoal tá toda hora drogado...
Mas não é todo mundo que se droga a toda hora -– são os homens do filme. A lição que Jordan (Leonardo DiCaprio) recebe de seu mentor é que precisa fazer duas coisas para sobreviver em Wall Street: masturbar-se várias vezes por dia e usar drogas. Quando o jovem Jordan ouve essa lição, ele já é casado, com uma cabeleireira. 
Sua (primeira) esposa lhe dá lições valiosíssimas: o demove de desistir da carreira de corretor da bolsa e aponta o emprego num escri de subúrbio, o acalma depois que uma revista o chama de Robin Hood que rouba dos ricos para dar dinheiro a si mesmo ("não existe publicidade ruim"), e o motiva a levar uma empresa para um nível mais alto -- afinal, por que roubar apenas dos pé-rapados? Vamos roubar dos ricos também (com outras palavras, porque ela nem parece saber que o marido está roubando). 
Eu não achei Lobo misógino. Porém, Lobo certamente reflete um ambiente misógino, que continua até hoje. Afinal, festas com strippers e prostitutas são comuns no mundo corporativo. Levar os executivos para strip clubs é a coisa mais banal que existe. Mas o que acontece se você tem um bom cargo numa empresa e não é UM executivo, e sim UMA executiva? É raro (só 3% das 450 maiores empresas no Brasil, por exemplo, são dirigidas por mulheres), mas pode acontecer.
E aí, você é uma executiva num mundo masculino. Seus contatos, colegas e clientes são homens. Como você vai desenvolver uma certa proximidade com eles, proximidade esta que pode ser essencial para fechar negócios? Sair sozinha com seu chefe ou seu cliente, nem pensar -- todo mundo achará que você está transando com eles (muita gente já acha que você só chegou onde chegou através do sexo, como se ser mulher fosse uma vantagem no mundo corporativo!). Como você vai jogar golfe com seus clientes? Como você vai fechar negócios se não está interessada numa lap dance? O fato do mundo de negócios ser masculino, regado a testosterona, fica muito evidente quando se vê Lobo. Isso se chama sexismo institucionalizado.
Pra alguns que sonham em ter o estilo de vida de Jordan e seus amigos, Lobo quase serve como guia. Pense comigo: se o sonho do jovem rapaz no capitalismo é ser rico pra gastar tudo com prostitutas e brinquedos, como jatinhos, iates e carrões, o que resta pras mulheres sonharem? Ser stripper? Ser a esposa-troféu de um desses mestres do universo?
O que você pode fazer, como mulher, se o mundo mede sucesso pela quantidade de brinquedos que um homem tem no seu playground? Se você não tem interesse em superar o próximo, baseado numa eterna competição pra ver quem tem o maior pênis ou quem mija mais longe? Se você não quer marcar território com urina?
Esse é um dos motivos pelos quais é complicado ser uma feminista de direita. Porque só fazer que mulheres cheguem a presidentes de empresas não resolve. Devemos querer é derrubar o sistema. Querer um sistema em que "sucesso" seja avaliado por feitos e valores que não incluam quem você derrotou hoje. Porque cheirar cocaína em cima da bunda de uma prostituta de repente pode até significar sucesso pro executivo que tá cheirando, mas olha o "sucesso" máximo que essa mesma prostituta pode atingir.
Não por acaso, a vasta maioria das mulheres que vemos no escritório da Stratton Oakmont (criada por Jordan como base para extorquir dinheiro) são prostitutas. Há uma secretária, que aceita ter seu cabelo raspado na frente dos colegas em troca de US$ 10 mil (e chora, o que me lembrou aquela panicat no Pânico); há outra, mais forte e segura, que diz a seu chefe “Vá f*der sua prima” (e ele realmente é casado com a prima). E há uma corretora, uma só, que Jordan destaca num de seus discursos. Assim que ela chegou à empresa, pediu a ele um adiantamento de US$ 5 mil dólares. E Jordan, tão altruísta, lhe deu um cheque de 25 mil. 
Mas o interessante é que sabemos pouco da vida dos outros corretores. Temos Jordan e o parceiro como base, e os vemos torrar tudo em drogas, prostitutas, e carros. Não sabemos nada da corretora (ela praticamente só aparece nessa cena do discurso), apenas que ela é mãe solteira e que pediu aqueles 5 mil adiantados não para dar a entrada num novo carro, e sim para pagar a educação de seu filho. Essa é uma das dicas, a meu ver, que Lobo não é misógino, embora lide com protagonistas misóginos.
Tem uma cena de estupro em Lobo, se bem que ela é um pouco ambígua. Um texto do Jezebel pergunta por que ninguém está falando dessa cena. Na realidade, tem muita gente falando. Quem for ao fórum de discussão do IMDB verá vários tópicos sobre a cena (e a maioria concorda que sim, é estupro). O motivo, um tanto óbvio, para que nenhum crítico esteja falando da cena é que ela acontece nos quinze minutos finais de Lobo
E, sabe, comentar algo no fim de um filme é visto como super spoiler. Isso me deixa numa posição difícil, como crítica feminista. Porque, se eu não falar da cena, vão inventar mil e uma teorias da conspiração sobre porque estou ignorando a cena. E, se eu falar (mesmo que eu fale dela dez anos depois da estreia do filme), vão me acusar de spoilers. Então eu vou falar, mas aviso logo: tá cheio de spoilers.
Quando esta cena acontece (não tenho fotos dela), Jordan está em apuros. Ele precisará entregar seus amigos/comparsas para conseguir uma pena menor. 
É isso que ele está falando pra sua esposa, que responde com monossílabos. Qualquer pessoa que já esteve num relacionamento percebe que sua segundo esposa, Naomi (Margot Robbie), está de saco cheio e que o casamento está no fim, mas não Jordan. 
Ele se aproxima dela e pede pra transar. Ela responde que não está a fim. Ele insiste, ela nega. Ele a coloca na cama e tenta fazer sexo, não com ela, mas nela. Ela diz “não” e “pare”. E aí ela diz, com muito ódio, “Eu te odeio”. Ele insiste para transar e diz que a ama. Ela responde: “Eu quero que você goze pela última vez”, e se mexe embaixo dele (isso não representa exatamente consentimento. Querer que uma violência acabe rápido não é consentir). Ele ejacula, ela anuncia que aquela foi a última vez que eles fizeram sexo, e que quer o divórcio. 
Em seguida vem uma sequência ainda pior. Ela diz que ficará com as crianças, eles discutem, ela lhe dá um tapa no rosto. Ele responde com um soco. Ele rasga um sofá para encontrar um pacote de cocaína que havia escondido, e se droga. Naomi aparece, discutindo, e Jordan lhe dá um soco (segundo relatos de gente que viu Lobo no cinema, é neste momento que o público fica visivelmente indignado). 
Jordan pega a filhinha no quarto e a leva pro carro. Naomi, desesperada, tenta impedi-lo. Ele põe a menina no banco dianteiro, põe o cinto de segurança nela, e bate o carro violentamente na saída da garagem. Por um milagre, nada ocorre com a menina. Naomi a resgata e a leva pra dentro da casa. Se não me engano, esta é a última vez que vemos Naomi no filme.
Toda essa sequência –- o estupro, a violência doméstica, arriscar a vida da filha –- é um ponto de não retorno de Lobo. É quando a plateia de maneira geral deixa de ver Jordan como “um idiota que ganhava dinheiro ilegalmente” para “esse crápula não presta mesmo”. Mas é só bem no fim mesmo. É importante observar que, num filme que muita gente considera misógino, é o tratamento que Jordan dá a sua esposa que fará com que a gente o deteste.
A maior parte de nós, claro. As reações sempre vão variar, e algumas são imprevisíveis. Pense no grande Nascido para Matar, filme do Kubrick sobre a Guerra do Vietnã. Até podemos discutir se Apocalipse é ambíguo na sua condenação à guerra, mas não resta dúvida sobre Nascido para Matar. O treinamento dos fuzileiros navais na primeira metade do filme é brutal e desumanizador. 
E não é que o filme virou o favorito dos fuzileiros navais da vida real? Eles vibram com todas as humilhações que o sargento impõe ao recruta gordo. E urram quando o recruta, ensandecido, mata o sargento e se mata em seguida. Pra esses fuzileiros, o filme não é uma crítica. É uma celebração.
Ou pense em O Poderoso Chefão, que não só mostra um universo 100% patriarcal, como também o recomenda (é uma escolha encerrar o filme -– que eu amo, só pra deixar claro –- literalmente fechando a porta na cara da Diane Keaton). Tá cheio de rapazes que veem o Chefão como um modelo de vida, um ABC sobre a honra. Cara, deixa eu te contar um segredo: é sobre a máfia. Não tem nada de digno na máfia. 
Só pra terminar.
O verdadeiro Jordan de Lobo hoje ganha 30 mil dólares por hora de palestra. Depois de passar alguns meses na prisão, onde escreveu suas memórias, vendeu seu livro por um milhão de dólares, e ganhou outro milhão pelos direitos de adaptação para as telas. Diz ele: “Vá ao cinema e veja DiCaprio me representar como eu era e lembre-se do homem que me tornei”.
Até agora, ele pagou apenas US$ 11.6 mi dos 110 mi que precisa devolver. 
Seu parceiro, Danny Pourish (interpretado por Jonah Hill), atualmente vive numa casa de 7,5 mi com sua nova esposa. Sério, alguma dúvida que o crime compensa? Compare a vida de Danny com a de sua ex, Nancy.
As 85 pessoas mais ricas no mundo têm tanta riqueza quanto a metade mais pobre da população mundial, ou seja, que 3,5 bilhões de pessoas. A vasta maioria dessas 85 pessoas mais ricas do mundo são homens (a lista da Forbes dos bilionários de 2013 inclui 1,426 pessoas. Dessas, apenas 138 são mulheres). 
E 70% das pessoas mais pobres do mundo são mulheres. Portanto, faça os cálculos. Se tirar proveito do capitalismo já é uma tarefa hercúlea, ser mulher no capitalismo parece uma missão ainda mais fadada ao fracasso.
O Lobo de Wall Street é uma prova muito bem ilustrada que vivemos num sistema que só nos desfavorece.