quinta-feira, 30 de março de 2017

Mulher emerge da lama e consegue se salvar em meio a deslizamento no Peru

As tempestades torrenciais que vêm atingindo o Peru nos últimos dias já deixaram centenas de desabrigados e pelo menos 11 mortos.
No norte do país, uma cena impressionante foi captada por uma câmera: uma mulher conseguiu escapar de um deslizamento de terra e emergiu da lama, para então ser resgatada pelas pessoas que estavam perto do local.
A imagem foi registrada e transmitida pela TV local. Evangelina Chamorro Diaz agora está no hospital recebendo tratamento - ela passa bem.
Veja vídeo impressionante abaixo:


As chuvas se intensificaram nos últimos três dias, mas as tempestades ocorridas desde o início de ano já causaram 62 mortes, além da destruição de 12 mil casas destruídas, segundo autoridades locais.
Essa situação se deve a um fenômeno que, por suas consequências, é parecido com o El Niño, mas que está localizado apenas ao longo das costas do Peru e Equador.
FONTE: BBC Brasil

quarta-feira, 29 de março de 2017

RELEMBRANDO: O vídeo que Aécio Neves tenta censurar

Jornalista descreve 3 overdoses de Aécio Neves dentro do Palácio da Liberdade e revela como o tráfico de Nióbio abastece as contas do senador tucano. Apesar das provas documentais e do depoimento em uma Comissão da Câmara, mídia não repercute o caso.

Um vídeo com o depoimento do jornalista Marco Aurélio Carone sobre graves acusações contra Aécio Neves circula na internet há 2 meses, mas os temas abordados no registro não foram explorados pelos grandes veículos de comunicação do Brasil.

Em sua fala, Marco Aurélio Carone revela à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados quais eram as denúncias que ele pretendia fazer contra o senador mineiro, mas foi censurado.

As denúncias tratam de financiamento ilegal de campanha, esquema na mineração e exportação de Nióbio, uso político da estatal Cemig, overdoses de droga em pleno Palácio da Liberdade e corrupção de Andrea Neves, irmã de Aécio.

Carone discorre ainda sobre a influência de Aécio no Ministério Público e no Judiciário de Minas Gerais e conta como foi preso para não estragar a campanha do senador, que, na época, disputava a Presidência da República contra Dilma Rousseff.

Advogados do senador já tentaram, sem sucesso, impedir a disseminação do vídeo junto ao Youtube e outros canais de reprodução de imagens.

As negativas para tirar o vídeo do ar partem do princípio de que o depoimento foi dado em uma audiência pública de uma Comissão da Câmara.






Abaixo, confira trecho de notícia publicada no Viomundo no dia do depoimento de Carone na Câmara dos Deputados:


O jornalista Marco Aurélio Carone ficou preso 9 meses e 20 dias em 2014, em Minas Gerais.

Ele é filho de um ex-prefeito de Belo Horizonte que foi aliado de Tancredo Neves.

No Diário de Minas e no Novojornal, este na internet, passou a fazer denúncias contra o grupo político do hoje senador e presidente do PSDB, Aécio Neves.

O jornalista se diz vítima de policiais, procuradores, juízes e desembargadores de Minas, que estariam a serviço de Aécio.

Carone foi solto 5 dias depois da eleição presidencial em que Aécio foi derrotado por Dilma Rousseff.

Foi absolvido no processo que o levou à prisão.

Mas, enquanto esteve na cadeia, não pode fazer as denúncias que pretendia fazer contra o tucano.

Hoje, na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, Carone contou quais eram: financiamento de campanha via caixa dois, envolvimento de Andrea Neves, esquema na mineração e exportação de nióbio e uso político da estatal Cemig, a Companhia Energética de Minas Gerais, dentre outros.

Também depôs Geraldo Elísio, o jornalista que trabalhava com Carone e sofreu busca e apreensão da polícia civil de Minas Gerais — segundo ele, o objetivo era descobrir as fontes das denúncias.

Num dos trechos de seu depoimento, Elísio disse que o helicóptero apreendido com 450 kg de pasta base em Minas fez pelo menos três pousos em Divinópolis, no interior do Estado, sugerindo assim que o aparelho — de propriedade da Limeira Agropecuária, do senador Zezé Perrella, aliado de Aécio Neves — fazia o vôo regularmente.

Blogueira que ofendeu criança com Síndrome de Down pode ser presa

Blogueira Julia Salgueiro fez comentário depreciativo
 contra criança portadora de Síndrome de Down

Blogueira que publicou ofensas contra um bebê de 11 meses portador de Síndrome de Down pode ser presa a qualquer momento. Em depoimento à polícia, Julia diz que está arrependida. Advogado da blogueira fala em depressão e uso de medicamentos controlados para justificar agressão

A blogueira de moda Julia Salgueiro pode ser presa a qualquer momento, segundo informações do delegado Paulo Rameh, da Polícia Civil de Pernambuco.
“Independente de qualquer coisa, vou pedir a prisão preventiva dela”, sentenciou Rameh, frisando que a prisão só pode ser solicitada no fim do inquérito, que pode durar até 30 dias.
Julia está sendo processada após publicar comentários depreciativos contra um bebê de 11 meses portador de Síndrome de Down no Facebook.
O delegado Paulo assumiu o caso na última sexta-feira, quando a mãe da criança ofendida prestou queixa da blogueira. Ela apresentou os prints dos comentários deixados por Julia em uma foto postada pela tia do bebê.
Na imagem, Julia comparou a criança até a “um filhote de cachorro” e o delegado considerou essas imagens como provas suficientes para dar andamento ao processo.
Segundo Paulo Rameh, o caso será tratado como “injúria qualificada”, em razão da condição da vítima ser uma criança portadora de deficiência.
“Ela fez um comentário extremamente ofensivo aos portadores de Síndrome de Down”, classificou o delegado.

Arrependida

Em depoimento à Polícia Civil na tarde desta segunda-feira (27), a blogueira afirmou estar arrependida dos comentários preconceituosos.
Segundo o advogado Humberto Cavalcante, responsável pela defesa da blogueira, ela enfrenta uma depressão. “Ela está passando por problemas depressivos, tomando medicação e tudo isso influenciou no que foi dito. Ela está bastante arrependida, tudo isso foi feito sem ter noção do que estava falando”, argumentou o defensor.
O delegado Paulo Rameh ressaltou que o arrependimento de Julia não altera o ocorrido. “No âmbito da Polícia Civil, a questão de ela ter colocado o arrependimento, não modifica o fato que ela praticou o crime. Talvez, dentro do Poder Judiciário, pode ser favorável a ela no momento de um julgamento. Ela alegou que enfrenta problemas particulares e trouxe documentos que mostram que ela está me tratamento psicológico, demonstrou estar bastante abalada, era visível que a situação emocional dela era muito forte”, contou o delegado.
“Ela teve oportunidade de falar, colocar a sua opinião, a sua defesa. Vamos concluir o inquérito nesta semana e encaminhar para o Judiciário. Como a pena do crime que ela praticou chega a 5 anos, vou representar pela prisão preventiva. Não estamos aqui para julgá-la, e sim para encaminhar para o juiz, esse sim vai julgar”, finalizou o delegado.

Entenda o caso

Uma criança de 11 meses teve uma foto publicada nas redes sociais por sua tia na terça-feira (21), Dia Internacional da Síndrome de Down.
Através dos comentários na publicação, a blogueira Julia Salgueiro comparou o bebê da foto a um filhote de cachorro e classificou como “nojento” o sexo entre pessoas com deficiência.
Em um dos comentários, ela afirmou que quem tem Síndrome são “lindos quando são pequenos, mas quando crescem só pensam em…”, referindo-se de forma pejorativa ao ato sexual.

terça-feira, 28 de março de 2017

Cristão não adoece?

Foto ilustração - Gazeta do Povo
Venho lamentar e denunciar, por meio desta rede social, os ataques contra o cantor Arlindo Cruz, que teve um AVC e passou por cirurgia nesta quinta-feira, 17 de março de 2017.
Ao buscar informações sobre o estado de saúde do irmão de fé Arlindo Cruz, e fui até a barra de comentário do G1 para entender mais detalhes e deparei-me com palavras de caráter violento contra nós, povo de religiosidades de matriz africana e afro-brasileira.
Em caráter de anonimato, certos cristãos estão associando o estado de saúde de Arlindo Cruz às práticas do cantor dentro da Macumba (RJ) de forma negativa.
Torno público que não concordo com esse pensamento violento cristão de associar a negatividade do plano físico e espiritual a nós povos brasileiros que praticamos nossa fé em nossos ancestrais e encantados indígenas.
Sangra no céu e na terra o ódio de fundamentalistas cristãos que querem nos demonizar a cada dia. Nosso cotidiano não é fácil num país da falsa democracia racial e religiosa. Quando que o Brasil vai parar de perseguir o povo de Candomblé e Umbanda e religiosidades afro-brasileiras? Espero que comece hoje e agora, não podemos apenas colocar isso para um projeto de nação futura.
Quando Arlindo Cruz é atacado por ser de afro-religioso tod@s nós somos atacad@s!
Há um comentário que diz: “Espero que ele saia dessa, e se converta à Verdade da Palavra de DEUS,,p/ assim ter a Vida Eterna nos Céus e nao em outro canto!! Espero q ele tenha outra chance de fôlego de vida, p/ se arrepender das men.tiras da ma.cumba e um.banda,espi.ri.tismo em geral em q vivia,, chances q teve antes do AVC e as desper.diçou, e se converta agora ao Senhor Jesus Cristo!” (Solrac).
Outro comentário sobre a musica de Arlindo foi: “A principal determinação dos médicos foi para que o paciente só cante suas músicas usando um potente protetor de ouvidos, se não obedecer e continuar escutando a própria música o cérebro não suportará tanta agressão.” (Antonio Amaral).
Outro comentário que expressa nitidamente a violência contra o candomblé também está nas palavras de Fernando: “Cadê os demônios disfarçados de orixás que não lhe protegem?”.
Outro comentário vai no sentido de “Que Deus tenha misericórdia do Arlindo Cruz, que ele tenha sua saúde restabelecia, e que o mesmo aproveite a oportunidade de conhecer o único, verdadeiro e salvador senhor Jesus Cristo. E um grande artista. (Rob Navarro)
 Quando qualquer praticante de matriz africana é violentado de múltiplas formas pelos novos pentecostais ou qualquer outro segmento, nós que somos filh@s das realezas ancestrais de africanas e indígenas somos violentad@s também, mas reagimos e resistimos tocando nossas ngomas (atabaques) pedindo aos nossos ancestrais que a resistência deles nos tome a cada dia para que possamos combater a violência que está instalada em nosso país.
Ao longo de minha vida tenho visto ações de violência contra pessoas de Candomblé que, quando adoecem, certos cristã@s tendem a afirmar que o sacerdote@ enferm@ está sofrendo pelo mal que fazem. Fico a pensar que evangélico ou cristão, como sejam chamados não adocem e nem morrem. Estariam as doenças e a morte reservada somente para o povo de Candomblé?
Ouço muitos discursos infundados, que dizem: “Todo pai de santo ou mãe de santo morre de doença”. Eu preciso saber se as doenças são hereditárias a nós! Sabe de uma coisa? A hierarquização das raças, como bem afirma meu professor Kabengele Munanga, é o grande problema da “Humanidade”, colocar minha cultura como civilizada e “evoluída” e dizer que a cultura do outro é primitiva é ridículo.
Peço licença aos meus mais velhos e minhas mais velhas, a nossa sacerdotisa Mam’etu Kafurengá, para dizer que a (nossa) Comunidade Terreiro Caxuté, situada na Costa do Dendê Bahia repudia toda e qualquer ação que venha violentar os povos praticantes de espiritualidades afro-brasileiras e de matriz africana. Meu nome é Táta Luangomina e sou contra a ação desrespeitosa e violenta contra toda e qualquer manifestação religiosa. Convido a outros religiosos e a sociedade brasileira e internacional a somarmos forças em prol do combate a perseguição e violência religiosa no mundo.
Fé não se impõe, a fé é um ato cultural que é aprendido e cada povo e sociedade busca manifestá-la de suas variadas formas. Nasci e cresci dentro do terreiro e pretendo até minha velhice viver sempre no Candomblé por AMOR!
TATA LUANGOMINA
Taata Bakisi da Comunidade Terreiro Caxuté
Gestor da Escola Caxuté
Bacharel em Humanidades pela UNILAB
Mestrando em Ciências Sociais pela UFRB

Golpistas do PIG paulista afrontam a CNBB.

Estadão afirma que bispos 
sugerem 'bobagens econômicas'


A CNBB entrou na polêmica da reforma previdenciária, contra a proposta do Governo Temer.
Em editorial, o Estadão critica as soluções sugeridas pelos bispos, conforme segue:

“Não só políticos e sindicalistas apoiam a irresponsabilidade fiscal e o irrealismo financeiro. Políticas desse tipo podem até mesmo ser abençoadas por autoridades da Igreja.

Em declaração contra a proposta de reforma da Previdência, classificada como destruidora de direitos, a CNBB propõe, entre outras soluções, ‘auditar a dívida pública, taxar rendimentos das instituições financeiras, rever a desoneração da exportação de commodities, identificar e cobrar os devedores da Previdência’.

Essa proposta mistura tolices do século passado, como a ideia da auditoria da dívida pública, bobagens econômicas, como a taxação das exportações de commodities (os concorrentes do Brasil agradeceriam), e obviedades, como ir atrás dos devedores.

Não se faz justiça com ignorância. Isso os senhores bispos deveriam saber.”


De fato, a proposta do governo tem de ser criticada, de modo a ser melhorada.

Este site, por exemplo, para que o ônus não recaia só sobre os trabalhadores, defende que a recuperação da Previdência ocorra juntamente com uma reforma tributária, com a eliminação de isenções às igrejas, entre outras medidas.


quarta-feira, 15 de março de 2017

Em dia de manifestações, Congresso recua de Reformas

Centrais Sindicais e Movimentos Sociais
unidos contra os desmandos de Temer.
Após a onda de manifestações que tomou conta do país, nesta quarta-feira (15), no Dia Nacional de Luta Contra as Reformas da Previdência e Trabalhista e pela saída de Michel Temer, deputados e senadores recuaram de medidas polêmicas.
 
Na Câmara, o tema principal das centenas de protestos que se estenderam por todo o dia no Brasil pressionou os deputados. Integrantes da Comissão Especial que analisa a PEC 287, da Reforma da Previdência, afirmaram que os números enviados pelo Ministério da Fazenda não eram suficientes.
 
Os parlamentares haviam pedido ainda em fevereiro o envio dos cálculos atuariais, com informações completas dos benefícios referentes ao período de 2000 a 2015. Encaminhado somente nesta terça-feira (14), o documento trazia resumos de informações. Como justificativa, o governo alegou que o pedido seria "uma extração onerosa tanto em termos financeiros como em tempo necessário para a execução".
 
Já na noite desta quarta (15), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu reabrir o prazo para a apresentação de emendas à PEC, estendendo para esta sexta-feira (17). Até ontem (14), haviam sido apresentadas 146 emendas sugerindo alterações.
 
Entre elas, a mudança de pontos decisivos da Reforma do governo Temer, como a idade mínima para a aposentadoria, a regra de transição, mudanças para aposentadoria rural, entre outros. Não apenas a oposição, como também membros da base aliada enviaram os pedidos, como o líder da maioria, deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), que assina 25 das emendas.

Também diante da ampla adesão popular aos protestos e da reação dos parlamentares, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, criticou as medidas econômicas de Temer e afirmou que o governo "precipitadamente já inviabilizou a Reforma da Previdência".
 
O receio de Renan é de que, a exemplo do que fez com a Reforma da Previdência, ao não dar espaço e tempo para o debate dentro do Congresso, Temer inviabilize outras medidas econômicas consideradas importantes pelo governo peemedebista.
 
"Hoje nós seremos recebidos pelo presidente. Conversar não arranca pedaços. Eu temo que o governo equivocadamente continue a encaminhar as reformas. O governo já criou muita dificuldade para a Reforma da Previdência, já inviabilizou, não teve adesão absolutamente nenhuma e, se continuar dessa forma, com essa influência, o governo vai inviabilizar as outras reformas: Trabalhista, Tributária", disse.

O senador manifestou sua posição, enquanto criticava a possibilidade de colocar regime de urgência para o projeto de lei que trata sobre o direito de greve dos servidores públicos, em pleno dia de paralisações. Após uma discussão no Plenário, o presidente da Casa, Eunício Oliveira, decidiu retirar a pauta da agenda desta quarta, transferindo para a próxima terça-feira (21).

FONTE: Jornal GGN

Blog 'O Arretadinho' agora no Conversa de Feira!

Fotografo Joaquim Dantas e Jorge Antonio no DF (Foto: Robson)

Em um encontro bastante caloroso e solidário na manifestação hoje (15), contra as reformas da Previdência e Trabalhista na Esplanada dos Ministérios na Capital nacional. O oficial deste blog, Jorge Antonio Carvalho conheceu o ilustre fotógrafo Joaquim Dantas, oficial do blog O Arretadinho da cidade de Brasilia, onde foi oficializado parceria de seguir juntos, linkados nessa luta por melhores dias para o nosso povo, através da Blogosfera Progressista. Grande prazer e um forte abraço Joaquim Dantas, seja bem vindo!

sexta-feira, 10 de março de 2017

“Parece uma travesti” então tu és linda!

Maria Clara de Sena. Foto de Wagner Silva.
Por Ana Flor Fernandes Rodrigues* 
Durante muito tempo as características e beleza de uma travesti foram atribuídas a partir de um olhar depreciativo. Neste caso, referir-se aos sujeitos como “travesti” significava – e em muitos lugares ainda se perpetua essa visão – afirmar que o outro é feio. Logo, escrevo com o intuito de desmistificar essa visão pejorativa que é posta sobre identidades e corpos desse determinado grupo, visando criar novas óticas que desconstruam uma visão una de beleza.
Antes de iniciar, é preciso que consigamos compreender como surge o histórico que coloca essas meninas nesse determinado local. Afinal, se identificamos alguém enquanto desprovida de beleza é porque existe uma construção que determinou o que seria o belo. Principalmente quando o fato de ser comparada com uma travesti vem com o intuito de nos pôr em uma situação vexatória.
Quando falamos no Brasil – país líder em assassinatos de travestis e mulheres trans – torna-se possível perceber que existe um processo histórico e social que proporcionou violências e equívocos no que tange o quesito beleza em relação às travestis. É notório o processo desumanizador fincado na experiência desta população. O que nos permite refletir sobre duas posições contraditórias: ou temos o direito de sermos agentes socializadores que irão contra esse processo; ou permaneceremos caladas e calados e seguiremos vivenciando as facetas da violência transfóbica.
O que nos mostra que não podemos ignorar a existência de uma origem para que travestis estejam, erroneamente, ligadas ao que para algumas pessoas acaba sendo um sentimento de vergonha.
Mesmo muitas dessas já tendo estrelado capas de revistas, editoriais de moda, sendo musas da periferia até o Miss Universo T, participado de novelas e grandes filmes, ainda estamos inseridas em um contexto que reforça, cotidianamente, que esses não são os nossos lugares.
Então, faz-se necessário questionar os padrões estabelecidos sobre os nossos corpos, visto que falar sobre travestilidade é penetrar as mais diversas formas de ser; compreendendo que não existe uma fórmula única sobre essa identidade. Ser bonita não é, nem de longe, ser igual. Bonita é ser diferente e, como muito bem pontua Tomaz Tadeu da Silva: ser diferente não significa ser desigual. Logo, é baseado nessa perspectiva que devemos nos guiar. Projetando a imagem das travestis a partir de outro contexto que fuja e destrua o que insiste nos interligar ao senso do ridículo.
Aproveito também para dizer que não devemos apenas questionar o que é lido enquanto deslumbrante e lindo, mas também o que historicamente vem sendo colocado enquanto feio.
Quando pensamos em corpos gordos, por exemplo, automaticamente ligamos ao bruto, de forma que venha a inferiorizar quem não é magro. Como se essas performances não pudessem ocupar o espaço de beleza que vem sendo construído desde décadas passadas. Não tão diferente, com pessoas negras. Não é possível esquecer quando mulheres negras eram apenas “as pretas do fogão”. Muito menos a exotificação que é jogada, desde o período escravocrata, sobre os homens negros. Gays afeminados estão sempre sendo lidos enquanto “engraçadas”, mas nunca enquanto bonitos. Mc Linn da Quebrada, artista que vem construindo uma carreira que trás consigo seu corpo enquanto ferramenta de luta que questiona a heteronorma, em uma das suas músicas, A Lenda, levanta essa questão de que se você não é branca, cisgênero e assimilada, você não é  bonita, mas sim apenas engraçada.  Percebam como todos esses eixos se interseccionam e nos possibilitam compreender qual seria a necessidade de existir os questionamentos. Afinal, existe por trás dessas definições, como citei no início do texto, uma estrutura que determina nossas leituras sobre os indivíduos.
Sendo assim, criar mecanismos para que consigamos construir narrativas e proporcionar que travestis não sejam associadas a algo ruim, é entender que para ser bonita não é preciso desejar o reflexo do que nos foi imposto, mas sim ter o direito de se construir sem que o outro interfira. Se existe hoje um padrão de beleza esse deve ser repensado e, sendo um pouca ousada, destruído. Pois, lindo é tudo aquilo que é diverso, variado. Não acredito que isso aconteça de uma hora para outra, é claro que existe uma demanda de tempo sobre as estruturas dos processos culturais, mas o alerta sobre essa urgência precisa estar sempre ligado. Ressignificar as terminologias é algo que deve ser colocado em pauta nesse futuro tão próximo. Então, se um dia alguém ousar te chamar de travesti acreditando que soará como ofensa, reaja: se pareço ou sou uma travesti, sou linda.
Autora
*Ana Flor Fernandes Rodrigues, 21 anos. Graduanda em Pedagogia na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Estagiária em Assistência Pedagógica na Organização Galera da Redação. Estuda e Pesquisa em temas relativos à gênero e sexualidade. Modéstia parte, uma travesti muito bonita! Militante por direitos para travestis e pessoas trans.

terça-feira, 7 de março de 2017

Pelo menos 110 pessoas morreram de fome no sul da Somália nos dois últimos dias, afirma governo

O governo da Somália afirmou que pelo menos 110 pessoas morreram de fome na região de Bay, ao sul do país, nos últimos dias em decorrência da seca que atinge milhões de somalis. O balanço de mortos foi anunciado no último sábado pelo primeiro-ministro Hassan Ali Khaire durante uma reunião do Comitê Nacional da Seca.
“Presidi uma reunião muito produtiva e informativa com o Comitê Nacional da Seca. Respostas urgentes são fundamentais para salvar vidas”, declarou o premiê no Twitter.
O presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Mohamed, declarou o estado de “desastre nacional” na última terça-feira (28/02) devido à situação humanitária provocada pela grave seca que grande parte do país está sofrendo. “A seca é um desastre nacional e precisa de ajuda internacional de emergência”, escreveu o presidente. Ele também pediu que a comunidade empresarial do país e a população somali no exílio participem das operações de recuperação nas zonas afetadas.
De acordo com as Nações Unidas, cerca de cinco milhões de pessoas necessitam de socorro por conta da seca no país. Segundo a ONU, a seca já deslocou mais de 135 mil pessoas no país desde novembro, conforme dados recolhidos pela Acnur (Agência da ONU para Refugiados) e pelo NRC (Conselho Norueguês para Refugiados). Organismos internacionais temem que esta grave situação desencadeie uma crise de fome no país como a de 2011, quando 250 mil pessoas morreram, sendo mais da metade delas crianças com menos de cinco anos.
Mais de 360 mil crianças com desnutrição aguda “necessitam tratamento urgente e apoio internacional, incluindo 71 mil que sofrem de desnutrição grave”, segundo a Agência de Sistemas de Alerta Precoce contra a Fome, da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional. A capital da Somália, Mogadício, tem recebido milhares de pessoas nos últimos dias em busca de socorro alimentar, sobrecarregando agências de ajuda locais e internacionais.
Os países da região também advertiram que uma nova crise de fome poderia piorar a questão da segurança em um lugar onde a ameaça jihadista e os enfrentamentos entre etnias pelos recursos causam vários conflitos. Segundo o governo do país, a fome generalizada “torna as pessoas vulneráveis à exploração, aos abusos dos direitos humanos e a redes criminosas e terroristas”. Além disso, a falta de água limpa em muitas áreas agrava a ameaça adicional de cólera e outras doenças, dizem especialistas da ONU.
A Somália é uma das quatro regiões selecionadas pelo secretário-geral da ONU no mês passado ao pedir uma ajuda de US$ 4,4 bilhões para evitar uma situação catastrófica de fome. As outras são o nordeste da Nigéria, o Sudão do Sul e o Iêmen. Em comum, todos esses locais enfrentam conflitos violentos, afirmou o chefe da ONU. O apelo humanitário da ONU para 2017 para a Somália é de US$ 864 milhões para prestar assistência a 3,9 milhões de pessoas. No entanto, o Programa Mundial de Alimentos da ONU recentemente solicitou um plano adicional de US$ 26 milhões para responder à seca.
FONTE: Sul 21

A violência contra as mulheres é aplaudida

Essa semana teremos textos para pensar o dia internacional das mulheres, nossa própria militância e o feminismo. Para abrir essa semana o texto de Raíssa é fundamental para refletir: quem se importa com a morte das mulheres? Quem aplaude essa violência? O texto fala sobre Dandara (vítima de transfobia, além da misoginia) e Eliza Samúdio. Mas, o texto também trata de tantas mulheres sem nomes que são mortas diariamente por serem mulheres. Vítimas do machismo que nos assombra, da misoginia que nos mata e nos impede de viver plenamente.
Texto de Raíssa Éris Grimm.*
Diante da história de Eliza Samúdio, bem como a de Dandara dos Santos a única coisa que eu consigo pensar: a gente subestima o quanto a nossa sociedade glorifica assassinos de mulheres. Nove times de futebol ofereceram contratação a Bruno, não foi “apesar” do que ele fez, foi por causa do que ele fez: diante dos homens gestores desses times de futebol, diante dos homens que torcem para tais times de futebol.
Bruno não é um vilão, mas um espelho do que estes mesmos homens poderiam ter feito do que estes mesmos homens gostariam de ter feito. E então, dessa forma, constróem em torno a Bruno a mesma solidariedade masculina que esperariam receber se cometessem esse tipo de crime.
Noutro crime (supostamente sem relação com os de Bruno): Dandara dos Santos foi assassinada, por homens, que filmaram o crime e subiram o vídeo na internet. Ação inclusive insensata, se a gente entende isso como a confissão de crime, mas a nossa sociedade não vê assassinos de mulheres (especialmente de travestis e mulheres trans) como criminosos e sim como heróis: o vídeo da sua morte foi subido à internet porque estes homens esperavam aplausos. Porque a gente vive numa sociedade que aplaude a violência contra mulheres, uma sociedade na qual isso não é visto como algo “hediondo”, mas simplesmente como um ato extremo que forma parte do que condiz a pessoas “dignas”, aos “cidadãos de bem”.
Dandara era uma travesti, Eliza Samúdio mãe solteira – a sociedade em que a gente vive não tolera tamanhos desvios vindo de mulheres, por mais que existam leis supostamente destinadas à nossa proteção – no silêncio da intimidade, em quem tais “cidadãos de bem” realmente se reconhecem estarão sempre torcendo por nossos assassinos.
E isso não se constrói ao acaso, não se constrói da noite por dia, se constrói cotidianamente, em todas as pequenas marcas, discursos, que marcam travestis e mulheres como vidas indignas como vidas à beira do abismo frágeis diante do mero arbítrio “passional” dos nossos assassinos.
Autora
*Raissa Éris Grimm é graduada em Gêmeos, com mestrado em Aquário, doutoranda em Peixes, pelo Programa de Sobrevivência ao Saturno em Escorpião. Lésbixa trrransmutante, pornoterrorista em potencial. Aprendiz de dançarina e massoterapia na escola da auto-gestão. Publicado originalmente em seu perfil do Facebook no dia 05/03/2017

Comunicação do Senado proíbe uso do termo "Feminismo"

Fiquei sabendo hoje, em off (não posso divulgar a fonte porque a pessoa poderia ser processada) que a palavra "feminismo" foi proibida nas mídias sociais do senado.

A diretora da Secom (Secretaria de Comunicação do Senado) passou a determinação pro novo chefe, que a repassou para a equipe. A peça acima, da ativista Malala Yousafzai, ganhadora do prêmio Nobel da Paz,  mundialmente conhecida, foi usada como exemplo do que não pode mais ser divulgado.

A alegação foi que o Senado "não pode obrigar ninguém a ser feminista".

A equipe da Secom estava preparando um post sobre o Dia Internacional da Mulher (depois de amanhã, 8 de março) quando recebeu esta informação. Ou seja, terá que falar de uma data internacional de luta das mulheres sem poder citar o movimento feminista. 

É um absurdo esta proibição, já que a Secom presta um serviço público. São 2,7 milhões de assinantes no Facebook e 500 mil no Twitter. A palavra "feminismo" foi excluída como se fosse um palavrão. 

Um artigo do ano passado publicado na Folha de S. Paulo, assinado pela diretora da Secom, dizia: "A comunicação do Senado reúne veículos de distribuição de informação primária e oficial. Não há disputa por audiência com a mídia privada. Ao contrário. Parte do nosso trabalho é alimentar os jornais, portais e emissoras de rádio e televisão, que escolhem livremente o que e como desejam divulgar". 

Pois bem, decidiu-se (quem decidiu? Por quê?) que essa "alimentação" não pode incluir a palavra "feminismo" ou "feminista". 

Não tenho confirmação se esta proibição se estende até a TV Senado, ou fica "apenas" nas mídias sociais. Mas é mais um exemplo do retrocesso que vivemos. 

segunda-feira, 6 de março de 2017

Política externa, Alcântara, e a ideologia do complexo de vira-latas


Por Rubens Diniz*

Sem projeto estratégico claro, a política externa brasileira sofre com o resgate de antigas propostas, como a retomada das negociações para o uso da base de Alcântara pelos EUA. Além de ultraliberal, o governo tucano de Temer guarda traços da conhecida ideologia do “complexo de vira-latas”, que insiste em negar o papel do Brasil e de sua gente no mundo.

A política externa, longe de ser tratada como assunto de Estado, é vista como moeda de troca de apoio político. O Itamaraty é cota do PSDB, seu feudo. Após a saída do breve chanceler José Serra, entra em seu lugar, o Senador Aloysio Nunes (PSDB/SP), também identificado com as tratativas de desnacionalizar o pré-sal a partir do fim do regime de partilha.

Sob a batuta de Serra, o Brasil se orientou por uma visão anacrônica do mundo, um liberalismo fora de época, por critérios ideológicos e atitude hostil no relacionamento com os países da América do Sul. Confundem política de relação permanente com os EUA com ação de subordinação. O único feito, até então, da diplomacia tucana no governo Temer foi suspender a Venezuela do Mercosul, atitude pouco inteligente que ocorre justamente quando os blocos regionais realizam todo tipo de esforço para manter seus membros.

Ao Brasil falta uma orientação clara para sua política externa. A busca por prover resultados rápidos e visíveis, que possam ser capitalizados eleitoralmente, reforça o perfil voluntarista e entreguista de setores nacionais estratégicos. Dentro desta chave, podemos analisar a tentativa de retomada do acordo com os EUA em torno do uso da base de Alcântara.

Alcântara: projeto próprio ou desnacionalização?

Em busca de uma agenda que conseguisse atrair a atenção do governo Trump, o governo Temer, na curta e inócua gestão de José Serra no Itamaraty, vinha tentando discutir com os EUA um novo Acordo de Salvaguardas Tecnológico para usar o Centro de Lançamentos de Alcântara.

A Base de Alcântara, com 620 km2, localiza-se no Maranhão, é o sonho de consumo do setor aeroespacial. Com sua posição equatorial (dois minutos e 18 segundos de latitude sul), oferecendo-lhe vantagem em relação ao movimento de rotação da Terra – facilitando o impulso dos foguetes, menor uso de combustível, o tempo estável torna plausível a realização de lançamentos durante o ano.

O mercado de lançamento de satélites comerciais move bilhões de dólares ao ano. De acordo com a CNI, em 2016, com o lançamento de 21 satélites comerciais se movimentou US$ 2,5 bilhões. A grande maioria deles utiliza órbitas paralelas à linha do Equador. Hoje o principal concorrente do Brasil é o Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa, um dos últimos resquícios de colonialismo no continente.

As bases da negociação retomada no governo Temer são desconhecidas, mas se tomarmos como referência a antiga proposta de cooperação, podemos afirmar serem profundamente assimétricas, afetando o Programa Espacial Brasileiro, a soberania e os interesses nacionais. Nela o Brasil deveria assumir compromissos que proibissem a entrada de brasileiros nas áreas de lançamento; a proibição de financiar seu programa espacial com recursos adquiridos com os lançamentos; além de estabelecer restrições para cooperação com outros países.

Os EUA sempre adotaram uma postura obstrucionista frente o desejo do Brasil de desenvolver autonomamente seu programa espacial. Exemplo explícito disto é o telegrama diplomático do embaixador dos EUA no Brasil, tornado público pelo Wikileaks onde afirma categoricamente que “os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil”.

É muito difícil que, no governo Trump, os EUA aceitem uma proposta com menor grau de restrições e concessões por parte do Brasil e sua soberania. No entanto ela é ilustrativa da agenda de desnacionalização do governo tucano de Temer; hoje é pré-sal, satélites, amanhã, programa nuclear. O Brasil fica diante da possibilidade de ganhar uns trocados e transformar Alcântara em um enclave neocolonial, uma espécie de Kourou; ou aproveitar a vantagem comparativa que possui e fazer avançar seu Programa Espacial.

Limites e incompreensões em torno dos projetos mobilizadores

Claro, nem todos os problemas referentes ao nosso programa espacial se devem ao acordo com os EUA. Ao longo dos anos o programa espacial brasileiro sofreu grandes embates externos e internos. Sofreu com: a descontinuidade e a falta de recursos financeiros; a espionagem por parte de outros governos (noticiados na FSP em 2013); um acidente nunca esclarecido que ceivou a vida de 21 técnicos e engenheiros; e até mesmo demandas de comunidades quilombolas que reivindicavam a localidade do Centro de Lançamentos.

Não podemos depender de dados de outros países para estabelecer o controle sobre nossas fronteiras, segurança cibernética, ou mesmo de dados sobre o clima para nossa agricultura. O programa espacial é um daqueles projetos mobilizadores, nos quais o país produz grandes saltos, científicos e tecnológicos, com grandes repercussões na economia e na vida das pessoas.

A ideologia do complexo de vira-latas

A reflexão seja sobre nossa atual política externa como no caso em específico do acordo em torno do uso da base de Alcântara nos remetem a uma máxima do escritor Nelson Rodrigues – o complexo de vira-latas –, síntese com a qual o também jornalista descrevia a insistência de certos setores em falar da baixa auto-estima do brasileiro.

Em certa medida tal complexo de vira-latas pode ser interpretado como uma ideologia difusa que permeia parcela de certa elite brasileira, rentista, que, maravilhada com as luzes do cosmopolitismo, só vê aspectos negativos no Brasil, menosprezando a capacidade de realização de sua gente.

Essa ideologia insiste por diversos meios em afirmar que não há possibilidade de desenvolvimento autônomo para uma nação tropical como a nossa. Não há lugar ao sol para a realização nacional, para uma posição proativa do Brasil no mundo. Ela fica explicita na síntese do embaixador do Brasil em Washington, Sergio Amaral: “o Brasil precisa ter uma política externa de resultados modestos”.

Levar um objeto ao espaço, colocar o homem em órbita, estudar o universo é um sonho que persegue o homem. O Brasil tem possibilidades de contribuir para os avanços desta conquista da humanidade. Do mesmo modo tem o que dizer sobre os grandes temas do cenário internacional. No entanto, dois velhos conhecidos, a agenda neoliberal e o complexo de vira-latas, insistem em afirmar que isto é delírio de grandeza. Cabe ao povo fazer valer seus interesses e aspirações, criar meios e materializar suas potencialidades.



*Rubens Diniz é mestre em Relações Internacionais e Integração Regional pela Universidade de São Paulo, diretor da Fundação Mauricio Grabois, e membro do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais/ GR-RI.