sexta-feira, 29 de julho de 2022

Pesquisas nos Estados: Fique informado sobre o seu

Divulgação/TSE

Por Rafael Barbosa e Victor Schneider (Poder360)

Governadores de 16 Estados e do Distrito Federal lideram as últimas pesquisas de intenção de voto e podem ser reeleitos em outubro para um 2º mandato. Levantamento do Poder360 compilou os estudos mais recentes com metodologias confiáveis e das quais foi possível verificar a origem das informações em 24 unidades da Federação, os disponíveis até o momento. 

Renato Casagrande (PSB-ES), Mauro Mendes (União Brasil-MT), Helder Barbalho (MDB-PA) e Fátima Bezerra (PT-RN) podem vencer já no 1º turno. Esses pré-candidatos têm mais intenções de voto que todos os outros adversários somados.


O PT, com Fernando Haddad, está em 1º em São Paulo –unidade da Federação com mais eleitores aptos a votar (34,7 milhões). Em 2018, o Estado elegeu João Doria, do PSDB. Rodrigo Garcia, vice do tucano, assumiu o governo local em março de 2022, e vem crescendo nas pesquisas. 

No 2º maior colégio eleitoral do Brasil, Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) está em 1º lugar. O mineiro busca a reeleição. O ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) aparece logo na sequência.

No Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro (PL) está numericamente à frente, mas empatado no limite da margem de erro com o deputado Marcelo Freixo (PSB). 

O levantamento do Poder360 entende como candidatos competitivos os que lideram em 1º lugar isolados ou estão empatados, dentro da margem de erro, nessa posição. Foram considerados os nomes testados no cenário estimulado com mais pré-candidatos. Em caso de mais de uma simulação com a mesma quantidade de nomes, foi considerada a elencada como principal pela empresa de pesquisa. 

Entre os partidos, o União Brasil é –atualmente– a sigla com mais candidatos competitivos nos estados, 6 no total.

Com a adição de Mato Grosso Sul e Roraima, ausentes no levantamento anterior, e a ascensão de Paulo Dantas em Alagoas, o MDB saltou de 2 para 5 nomes competitivos e agora aparece em 2º lugar no ranking. 

O PT e o PL, partidos de Lula e Jair Bolsonaro, ainda patinam nos Estados. As alianças mais fortes são com candidatos de outras siglas –como Kalil (PSD-MG), com o PT, e Ibaneis (MDB-DF), com o PL.


A entrada de novos quadros no PSB –Marcelo Freixo, no Rio, e João Azevêdo, na Paraíba– ajudou a sigla a ganhar força. O partido tem agora 4 candidatos competitivos a governador. 

Todos os levantamentos estão disponíveis no Agregador de Pesquisas do Poder360, o mais completo acervo de dados de estudos eleitorais disponível no Brasil.


Em caso de erro nos quadros acima, envie uma mensagem no e-mail: erro-em-pesquisa@poder360.com.br ÍNTEGRA DE PESQUISAS Os levantamentos compilados pelo Poder360 estão registrados na Justiça Eleitoral nos seguintes números: 

AC-04884/2022; AL-07421/2022; AM-02872/2022; BA-05185/2022; CE-05080/2022; DF-02081/2022; ES-01975/2022; GO-02114/2022; MA-01386/2022; MT-00632/2022; MS-04968/2022; MG-05124/2022; PA-02344/2022; PB-08632/2022; PR-06745/2022; PE-01527/2022; PI-00421/2022; RJ-07420/2022; RN-08156/2022; RS-07079/2022; RR-04257/2022; SC-06333/2022; SP-05804/2022; TO-04883/2022.

O levantamento do Poder360 não é uma pesquisa eleitoral. As informações são de responsabilidade das empresas que fizeram os levantamentos. Eis as íntegras. 

AGREGADOR DE PESQUISAS 

O Poder360 mantém acervo com milhares de levantamentos com metodologias conhecidas e sobre os quais foi possível verificar a origem das informações. Há estudos realizados desde as eleições municipais de 2000. Trata-se do maior e mais longevo levantamento de pesquisas eleitorais disponível na internet brasileira.

O banco de dados é interativo e permite acompanhar a evolução de cada candidato. Acesse o Agregador de Pesquisas clicando aqui.

As informações de pesquisa começaram a ser compiladas pelo jornalista Fernando Rodrigues, diretor de Redação do Poder360, em seu site, no ano 2000. Para acessar a página antiga com os levantamentos, clique aqui.


terça-feira, 26 de julho de 2022

Jornalistas progressistas debatem escolha sobre civilidade ou barbárie nesta eleição


Por Luciana Oliveira

O 7º Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais aconteceu no Cine Henfil em Maricá, no Rio de Janeiro.

O BlogProg abriu com homenagens ao jornalista Paulo Henrique Amorim, Marielle Franco e Antonio Barbosa Filho.

Foram três dias de importantes debates, trocas de experiências e reformulação de estratégias para o jornalismo do campo progressista.

A mesa com o tema “Civilização ou barbárie: O que está em jogo na eleição” reuniu a jornalista Hildegard Angel, Gilmar Mauro da coordenação do MST e Txai Suruí – ativista indígena do povo Paiter Surui.

“Não vim pregar para convertidos. Vim fazer a crítica. É urgente que parem de invisibilizar as pautas indígenas e naturalizar a barbárie cotidiana que sofremos”, cobrou Txai Surui.


Para debater o tema “Como enfrentar a guerra suja da campanha eleitoral”, foram convidados Maria José Braga – presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj); Octávio Costa – presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Letícia Sallorenzo – jornalista, linguista e autora do livro “Gramática da manipulação” e Guilherme Terreri, a Rita Von Hunty (Tempero Drag).

“Na medida em que o Brasil perde bibliotecas públicas, o país abre mais clubes de tiros. Se eles têm armas e nós temos poemas, já sabemos quem vai levar os tiros”, disse Guilherme.

O último dia foi reservado a exibição de filmes, rodas de conversa, assinatura da carta compromisso e apresentação da nova diretoria do BlogProg.


Houve protesto contra a prisão e a possível extradição e julgamento do editor do site WikiLeaks, Julian Assange, nos Estados Unidos.


Agora os membros da Comissão vão planejar encontros estaduais e o próximo em nível nacional.

quarta-feira, 20 de julho de 2022

PF deflagra operação para apurar suspeita de fraudes na Codevasf, órgão comandado pelo Centrão

Foto: Divulgação/PF

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira uma operação para apurar suspeitas de fraudes em contratos da empreiteira Construservice com a Codevasf, comandada pelo centrão.

A operação prendeu temporariamente um empresário apontado pelas investigações como sócio oculto da empreiteira e cumpre busca e apreensão na superintendência do Maranhão da Codevasf, alvo das suspeitas, além de outros alvos. No total, foram cumpridos 16 mandados de busca e um de prisão temporária. Os crimes sob investigação são fraudes em licitação, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Nas buscas, foram apreendidos itens de luxo, como bolsas e relógios, e dinheiro vivo.

As diligências são conduzidas pela PF do Maranhão, após autorização da 1ª Vara Federal de São Luís. A operação foi batizada de Odoacro, em referência ao sobrenome de um soldado italiano que liderou uma revolta para dar fim ao Império Romano -- um dos alvos era conhecido pela alcunha de "Imperador".

Foto: Reprodução/PF

A empreiteira alvo da operação executa diversas obras da Codevasf em municípios do estado. A investigação da PF detectou a existência de falhas graves nas licitações dessas obras. Os indícios obtidos apontam que empresas de fachadas ligadas ao grupo empresarial sob investigação eram criadas para simular a disputa dos contratos, que acabavam ficando com a empreiteira principal do grupo.

A Codevasf, empresa pública vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), foi um dos principais órgãos do governo abastecido com verbas do orçamento secreto. Parlamentares indicaram repasses aos estados usando as chamadas "emendas de relator", que impedem a identificação do autor das emendas. O Supremo Tribunal Federal (STF) já ordenou ao Congresso Nacional a definição de uma maior transparência na sistemática.

Sem nunca ter firmado contratos com o governo federal antes de 2019, a Construservice participou de obras de pavimentação em seis estados por um valor que pode chegar a cerca de R$ 400 milhões.

O valor emprenhado do governo para a empresa foi aumentando ano a ano: foram R$ 32 milhões em 2019, R$ 16 milhões em 2020 e R$ 92 milhões em 2021. O volume de recursos deve ser ainda maior em 2022: no mês de dezembro, a empresa venceu nove pregões para obras de pavimentação realizados pela Codevasf.

Os dados foram obtidos pelo GLOBO no Portal da Transparência e indicam que, já em 2020, a Construservice foi uma das empresas que mais receberam valores do chamado orçamento secreto: foram R$ 58 milhões nos últimos dois anos por meio das emendas parlamentares sem transparência.

Fonte: O Globo

Canal do Barão transmite ao vivo o 7º Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais


Após quatro anos de hiato, o Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais está de volta! A sétima edição do #BlogProg ocorre no Teatro Henfil, em Maricá, no Rio de Janeiro, nos dias 22, 23 e 24 de julho. Com uma programação recheada de nomes de peso da comunicação e da cultura, o evento discute estratégias, experiências e ideias para derrotar o fascismo que contamina o país e enfrentar a batalha eleitoral decisiva de 2022, praticamente um plebiscito entre civilização e barbárie.

Com apoio da Prefeitura Municipal de Maricá, o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé anuncia a transmissão em tempo real do evento. Toda a programação poderá ser vista ao vivo no canal do Barão de Itararé no YouTube, na página do Barão de Itararé no Facebook e também em canais e páginas parceiras que farão a transmissão simultânea do evento.

Além da transmissão, o #7BlogProg também conta com uma equipe que fará a cobertura colaborativa do evento, com difusão pelas redes do evento, do Barão de Itararé e do Canal Resistentes. As inscrições para o evento estão encerradas, com todas as vagas garantidas antecipadamente. Confira a programação para não perder nenhuma atividade!

Programação:

22 de julho, sexta-feira, às 18 horas
Abertura: Cido Cidoli (SP) e Débora Cruz (DF)
- Apresentação dos objetivos e dinâmica do evento;
- Apresentação da cidade e das experiências de Maricá – prefeito Fabiano Horta;
- Homenagem a Paulo Henrique Amorim – Geórgia Pinheiro;
- Homenagem a Marielle Franco – Marinete da Silva (mãe);
- Homenagem a Alexandre Teixeira – Henrique Pizzolato;
- Homenagem a Antonio Barbosa Filho – Kado Moura (filho)

22 de julho, sexta-feira, às 19 horas

“Civilização ou barbárie: O que está em jogo na eleição” – mesa: Eliara Santana (MG) e Theo Rodrigues (RJ)
- Hildegard Angel – jornalista;
- Gilmar Mauro – coordenação do MST;
- Cláudia Santiago – coordenação do NPC;
- Txai Suruí – ativista indígena do povo Paiter Surui;

23 de julho, sábado, às 9 horas

“Como enfrentar a guerra suja da campanha eleitoral” – mesa: Larissa Gould (SP) e Oscar Barros (PI);
- Maria José Braga – presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj);
- Octávio Costa – presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI);
- Letícia Sallorenzo – jornalista, linguista e autora do livro “Gramática da manipulação”;
- Rita Von Hunty (Tempero Drag);

* Informes sobre fóruns da internet – Marcos Dantas (20 minutos);

23 de julho, sábado, às 14 horas

“Uma plataforma para democratizar a comunicação” – mesa: Tania Mandarino (PR) e Dimas Roque (BA);
- Beth Costa – coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC);
- Renata Mielli – coordenação do Centro de Estudos Barão de Itararé;
- Sergio Amadeu – professor da Universidade Federal da ABC (UFABC), criador e apresentador do podcast Tecnopolítica;

23 de julho, sábado, às 16 horas

Lançamento de livros (30 minutos):
- Como derrotar o fascismo – Renato Rovai e Sérgio Amadeu;
- Novos rumos da comunicação comunitária no Brasil – André Fernandes (org.);

- De Lula a Bolsonaro: combates na internet – Rodrigo Vianna;

23 de julho, sábado, 17 horas: 

Roda de conversa e troca de experiências

Grupo 1. Coordenação e relatoria: Luciana Oliveira (RO) e Lissandro Nascimento (PE)
- Leonardo Attuch (Brasil 247);
- Miguel do Rosário (O Cafezinho e revista Fórum);
- Roni Barbosa (Brigadas Digitais da CUT);

Grupo 2. Coordenação e relatoria: Amanda Rodrigues (PB) e Fred Noleto (GO);
- Kiko Nogueira (DCM);
- Daniel Pears (Mídia Livre);
- Gilberto Souza (Correio do Brasil);

Grupo 3. Coordenação e relatoria: Daniel Dantas (RN) e Andressa Flores (RS)
- Anderson Moraes (Empoderado);
- Fernando Brito (Tijolaço);
- Renê Silva (Vozes da Comunidade – Complexo da Maré-RJ);
- Bruna Brelaz (presidenta da UNE);

23 de julho, sábado, às 21 horas

- Atividade cultural – grupo musical de Maricá, cachaça e muita gargalhada;

24 de julho, domingo, das 9 às 13 horas. 

Coordenação: Conceição Oliveira e Altamiro Borges;
- Saudação das delegações latino-americanas. Coordenação: Cláudio Machado (20 minutos);
- Experiência do ComunicaSul na Colômbia – Felipe Bianchi (20 minutos);
- Apresentação do documentário “Não foi acidente, mataram meu pai” - diretora Jana Sá (1h10).
- Lançamento dos livros (breve apresentação de 30 minutos):
- Democratizar a comunicação – Theófilo Rodrigues e Larissa Ormay (org.);
- O outro lado – Amanda Rodrigues;
- Filme sobre Julian Assange;
- Aprovação da Carta do 7º Blogprog – encaminhar previamente proposta de texto de Rodrigo Vianna (30 minutos);
- Eleição da nova comissão nacional do Blogprog; um representante por estado – responsável Cido (30 minutos).

segunda-feira, 18 de julho de 2022

Defensores do homeschooling no Brasil recomendam castigos físicos de crianças

Foto: Retirada da postagem de Fernanda Melchionna

Treinamento oferecido pelo maior grupo de promoção da educação domiciliar (homeschooling) no Brasil encoraja pais a bater em suas crianças “calma e pacientemente” como forma de educar, revela uma investigação da Agência Pública e da openDemocracy.

Livros, sites e vídeos consultados pela reportagem dão dicas aos pais de como bater em crianças e contornar a lei – evitando lesões graves, marcas visíveis e humilhação pública. Materiais também afirmam que pais que não castigam os filhos com a “vara” não amam a Deus ou aos seus filhos.

O Senado Nacional pode votar ainda este ano o Projeto de Lei (PL) que busca regulamentar o homeschooling (educação domiciliar) no Brasil, que já foi aprovado pela Câmara dos Deputados, e é uma promessa assumida pelo presidente Jair Bolsonaro desde a campanha de 2018 – para preocupação da Unicef. A pauta é defendida há anos por grupos conservadores e membros do alto-escalão do governo, apesar de essa modalidade de ensino alcançar apenas 0,03% das crianças em idade escolar, segundo estimativas.

Desde 2014, os castigos físicos são proibidos na educação brasileira.

“É na escola que os abusos e violências são descobertos”, afirma a deputada federal e educadora Sâmia Bomfim, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). “Sem o acesso à escola, crianças que sofrem violência física ficam ainda mais vulneráveis.” 81% dos casos de violência física contra crianças acontecem em casa, completa.

No Brasil, há 46,7 milhões de estudantes matriculados na educação básica, de acordo com as estatísticas oficiais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), enquanto 1,4 milhões de crianças estão fora da escola.

Enquanto isso, apenas 15 mil crianças são educadas em casa, segundo a Associação Nacional de Educação Domiciliar (ANED), principal promotora do homeschooling e defensora da legalização da modalidade por órgão federais, estaduais e municipais.

“Com tantas questões urgentes na educação, só um lobby muito poderoso explica a aprovação de um PL que interessa a um grupo de apenas 15 mil pessoas”, afirma Bomfim.

Castigar “calma e pacientemente”

Em um curso online, o ex-secretário nacional de Proteção Global do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), Alexandre Magno Fernandes Moreira, diz aos pais: “O castigo físico sempre tem de ter uma finalidade (…) é algo que deve ser feito com calma, paciência e dentro de situações específicas.”

O castigo “não pode colocar em risco a vida ou a saúde da criança e do adolescente (…) não pode provocar constrangimento, humilhação ou qualquer tipo de vexação para a criança”, acrescenta.

Moreira, que foi secretário nacional no MMFDH de Bolsonaro em 2019 e 2020, e diretor jurídico da ANED de 2010 a 2019, ainda é consultor jurídico da associação.

Ele também é ligado ao grupo ultra-conservador estadunidense Home School Legal Defense Association (HSLDA, “Associação de Defesa Jurídica do Home School”) e foi conselheiro por oito anos da Global Home Education Exchange (GHEX, Intercâmbio Global de Educação Domiciliar), uma plataforma para as atividades internacionais da HSLDA.

Seu curso, “O Direito da Família”, está disponível na plataforma audiovisual da Brasil Paralelo, produtora conhecida como a ‘Netflix da direita’.

No grupo de Moreira no Telegram, chamado “A família e seus direitos” – que tem mais de 10,8 mil inscritos -, uma enquete sobre castigos físicos foi lançada em maio de 2021; Das 664 respostas, 51% marcaram que “sim, eu uso castigo físico (p. ex. palmadas)”.

“Aqui em casa temos o corinho, sempre no bumbum, a vara da disciplina afasta a estulticia (sic) do coração. Eles precisam entender que o pecado gera consequências, a a (sic) vara limpa o coração”, escreveu uma mulher. “Sim eu uso somente a vara ,nada de mão, chinelo e cinto, A Bíblia não nos ensina a usar essas coisas ,mas sim a vara!!!”, compartilhou outra participante.

A Bíblia como justificativa

Fundada em 2010 e sediada em Brasília, a ANED faz lobby diretamente no Congresso, além de manter uma rede de representantes locais em diversos estados brasileiros.

A ANED não defende explicitamente o uso de violência contra crianças em suas comunicações oficiais, mas distribui materiais de apoio que o fazem – por meio do Clube ANED, um programa de descontos para membros com 25 empresas parceiras. Nossa investigação apurou que ao menos quatro dessas empresas oferecem livros ou materiais didáticos que promovem ou normalizam castigos físicos.

Uma dessas empresas é a “Família que Educa“, criada por Flávia Saraiva, representante da ANED na Bahia, que oferece livros e materiais didáticos sobre matérias como matemática, ciência e geografia com links para vídeos no YouTube e grupos de Telegram, incluindo o canal de Moreira.

Outra empresa parceira do Clube ANED, a Homeschoolarizando, mantém uma pasta aberta na nuvem, onde compartilha materiais didáticos gratuitamente. No meio desses materiais, são encontrados versículos da Bíblia como: “A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe”.

A Kairós Consultoria Educacional – outra empresa parceira da ANED que vende treinamentos de educação domiciliar para famílias – divulga o trabalho da polêmica autora Simone Quaresma.

Seu livro, intitulado “O que toda mãe gostaria de saber sobre a disciplina bíblica”, teve a venda proibida em 2020 por defender o uso de castigos físicos. No livro, a autora orienta pais a usarem varas de silicone para bater em seus filhos em áreas não visíveis do corpo e diz que, tão logo o bebê consiga se manter sentado, “você terá que começar a dar leves tapinhas no seu bumbum ou na sua mãozinha (…) Logo, logo, porém, já será a hora de partir para o uso da vara propriamente dita.”

Apesar disso, o livro continuou a ser vendido pela plataforma de produtos e serviços do Simpósio Online de Educação Domiciliar, o Simeduc. A empresa pertence à ativista do homeschooling Gaba Costa, que ajudou a trazer o programa ultra-conservador cristão britânico Classical Conversations para o Brasil.

Outra parceira da ANED, a Comunidade Educação no Lar vende um curso online com dois módulos inteiros sobre autoridade, obediência e correção, que incluem trechos do livro de Simone Quaresma.

Além do livro, em palestras e textos, Simone Quaresma recomenda argumentos a serem ensinados às crianças para caso sejam questionadas sobre a questão da violência física em casa: por exemplo, que o uso de castigos físicos é um assunto privado.

Ela também dá a entender que “possuir alguma deficiência não seria motivo para isentar uma criança de castigos físicos”.

A decisão judicial de 2020, que proibiu a venda de seu livro, também ordenou que conteúdos sobre “disciplina bíblica” publicados por Quaresma em suas redes sociais e em seu site fossem tirados do ar. No entanto, um texto publicado após a decisão e outros artigos, datados de 2014, que descrevem como usar a vara, continuam disponíveis em seu site, Mulheres Piedosas. Quaresma apelou da decisão sem sucesso.

Quaresma disse à reportagem que não comentaria sobre seu livro, por estar “enfrentando uma ação fruto de uma denúncia do Ministério Público”. Ela afirma que o homeschooling é uma boa opção para famílias cristãs que não têm acesso a escolas cristãs adequadas, mas que “a disciplina que a Bíblia ensina não tem nada a ver com homeschooling. São duas coisas completamente diferentes.”

Uma tutora da comunidade Classical Conversations e mentora de famílias adeptas da educação domiciliar, que pediu para permanecer anônima, disse à reportagem que o castigo físico tem amparo bíblico.

“A Bíblia diz: ‘discipline seu filho, mas não discipline para matar’. A Bíblia tem versículos que nos orientam, sim, a usar a vara da correção. Mas quando a gente fala isso, as pessoas que vêm de fora pensam que é um massacre”.

“Tem pais que orientam os filhos tirando aquilo que eles gostam, outros usam a vara realmente batendo no filho”, acrescenta.

Violência contra crianças

A violência doméstica contra crianças é algo comum no Brasil. Um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com base em dados de 12 estados, mostrou que “maus tratos” foram a segunda forma de violência mais registrada (após estupro) contra menores de 18 anos entre 2019 e 2021. A maioria absoluta das vítimas (90%) tinha menos de 15 anos.

Define-se como maus tratos o uso de violência como forma de correção ou disciplina, de acordo com o Código Penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente. O terceiro crime mais reportado foi o de lesão corporal em contexto de violência doméstica. O levantamento estima que, no total, mais de 137 crimes contra menores são registrados diariamente, com alta taxa de subnotificação.

Apenas três dos sete pais adeptos da educação domiciliar entrevistados para esta reportagem consideram que castigos físicos são cruéis ou inapropriados.

Uma das entrevistadas, que falou à reportagem em condição de anonimato, é uma mulher de 38 anos de Florianópolis. Ela iniciou a educação domiciliar de seus três filhos em 2018.

Ela conta que nunca bateu em seus filhos – mas mostra compreensão pelas “famílias que vão usar a vara da disciplina, no sentido de bater em suas crianças de forma agressiva”, algo que ela não vê como um problema.

“Todo tipo de pessoa, independente de crença religiosa, vai agir como achar melhor para educar seus filhos”, acrescenta.

Mas uma educadora evangélica defensora do homeschooling, que já falou contra os castigos físicos em vídeo no YouTube e conversou com a reportagem em condição de anonimato, defende que a Bíblia está sendo interpretada de maneira equivocada.

“[Se] o líder religioso diz que é para bater, então as pessoas creem que disciplina bíblica é bater”, afirma. Para ela, muitos cristãos “ouvem qualquer coisa antiquada”.

O contra argumento de quem usa ou defende o uso dos castigos físicos, para além da questão religiosa, é que as escolas também são espaços onde as crianças podem sofrer abusos, ainda que isso não seja permitido por lei.

“Infelizmente, hoje em dia, as escolas estão com a aprendizagem muito aquém do esperado. E principalmente com a pandemia”, argumenta uma mulher de 34 anos, formada em pedagogia e mãe de quatro filhos, ouvida pela reportagem em condição de anonimato. Ela também cita a “ideologia de gênero” e a violência nas escolas entre as razões pelas quais ela recorreu à educação domiciliar a partir de 2019.

O PL do Homeschooling

Desde 2010, a ANED tem desafiado a lei que tornou obrigatório que menores de 17 anos frequentem as escolas, pressionando por mudanças nas legislações estaduais e defendendo pais adeptos do homeschooling na justiça. Diversas cidades e dois estados, Santa Catarina e Paraná (2021), chegaram a aprovar legislações pró-ensino domiciliar, mas estas foram suspensas pelas cortes estaduais.

Em 2018, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que os pais não poderiam tirar suas crianças da escola para ensinar em casa sem que uma legislação específica fosse aprovada pelo Congresso Nacional.

Mas a eleição de Bolsonaro, no mesmo ano, foi decisiva para que a pauta da ANED ganhasse força, segundo o próprio site da associação. A legalização da educação domiciliar fazia parte das metas prioritárias para os cem primeiros dias do governo.

Bolsonaro não cumpriu a promessa, mas este ano o presidente voltou a dar atenção à pauta, como um aceno aos eleitores conservadores em sua busca pela reeleição. Em maio, um Projeto de Lei que busca alterar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e regulamentar a educação domiciliar no Brasil foi aprovado em uma votação relâmpago na Câmara dos Deputados. O PL agora tramita no Senado.

O texto tem como apensado o PL 2401/19, assinado por dois ex-ministros do governo Bolsonaro, o ex-ministro da educação Abraham Weintraub e a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos e pastora evangélica Damares Alves.

“Homeschooling é um sonho e um direito da família”, escreveu Damares ao publicar um vídeo em sua conta do Twitter, no qual pede para que eleitores cobrem parlamentares pelo voto favorável ao PL.

A regulamentação proposta para a educação domiciliar determina que ao menos um dos responsáveis tenha diploma de ensino superior e que as crianças ensinadas em casa tenham que passar por avaliações anuais feitas por escolas regulares.

Mas a deputada Sâmia Bomfim, que votou contra o PL, observa: “Nós sabemos que as escolas não têm condições de cumprir essas tarefas”.

Ela explica que não há garantia de que os pais adeptos da educação domiciliar serão supervisionados ou de que as crianças serão testadas. “Não é viável (…) Não temos recursos materiais e humanos para realizar essas inspeções. Não temos professores treinados para acompanhar os alunos fora da escola.”

De volta à Idade Média

“No Brasil, o homeschooling se tornou uma das principais pautas de grupos conservadores religiosos”, explica Andrea Silveira de Souza, que pesquisa educação e religião na Universidade Federal de Juiz de Fora. “Sobretudo evangélicos, em oposição à laicidade e à proibição do proselitismo religioso, que são diretrizes estabelecidas pela Lei Geral de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que regulamenta o ensino no país desde 1996”.

As metodologias de ensino domiciliar adotadas no Brasil costumam vir do exterior. Dentre elas, as duas mais mencionadas pelos entrevistados são a Educação Clássica Cristã (Classical Conversations), originária dos Estados Unidos, e o método de Charlotte Mason, educadora britânica do século XIX. Ambas conectam o processo de aprendizagem com princípios bíblicos, e seus métodos de ensino têm origem na Idade Média.

Um dos livros mais compartilhados por pais e mães adeptos da educação domiciliar é o “Ensinando o Trivium”, do casal estadunidense Harvey e Laurie Bluedorn. Nele, os autores argumentam que a jurisdição sobre a educação dos filhos deve ser exclusiva dos pais e que as escolas são espaços de enfraquecimento dos vínculos familiares que criam “um intercâmbio de culturas fora de controle”. O Trivium – as “artes verbais” da gramática, da lógica e da retórica – é um componente essencial da educação clássica, originada na Grécia Antiga.

A influência da HSLDA

Mas a maior influência internacional no Brasil vem do grupo ultraconservador estadunidense HSLDA.

A própria ANED se gaba de seus vínculos com a HSLDA, que tem participado ativamente do lobby no Congresso Nacional.

O grupo foi fundado nos EUA em 1983 pelo advogado Michael Farris, presidente da Alliance Defending Freedom (ADF; Aliança em Defesa da Liberdade, em português) – organização de advocacy e treinamento envolvida em campanhas contra o aborto legal e direitos de pessoas LGBTQIA+ nos EUA e no mundo, considerada um “grupo de ódio” pelo Southern Poverty Law Center (SPLC, ou Centro de Direito da Pobreza do Sul).

A HSLDA teve sucesso em seu lobby pela desregulamentação da educação domiciliar em diferentes estados dos EUA, o que permitiu que pais passassem a controlar a educação de suas crianças sem supervisão do Estado. Desde então, diversos casos de negligência, violência e morte já foram reportados pela mídia e por pessoas egressas da educação domiciliar.

“Os castigos físicos são comuns nas comunidades de homeschooling dos EUA”, afirma Ryan Stollar, pesquisador e ativista pelas crianças e sobreviventes de abusos, ele mesmo egresso da educação domiciliar.

Ele diz que a HSLDA “acredita fortemente na ideia de que pais e mães têm esses direitos universais de poder educar suas crianças como bem entenderem. E o castigo físico é provavelmente um dos principais direitos parentais nos quais a HSLDA mais se foca.”

Contrariando a Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, Chris Klicka, ex-advogado titular da HSLDA chegou a afirmar que: Se as crianças tiverem direitos, elas podem se recusar a ser educadas em casa, e isso também tira o direito dos pais de disciplinar seus filhos fisicamente.”

Além disso, o fundador da HSLDA, Michael Farris, escreveu em detalhes por que e como bater em seus filhos em seu livro “How a Man Prepares His Daughter for Life” (“Como um Homem Prepara sua Filha para a Vida”, em tradução livre).

ANED, HSLDA, GHEX, ADF, Alexandre Magno Moreira, Editora Kairós e Comunidade Educação no Lar não responderam aos pedidos de comentário.

Fonte: Pública

sexta-feira, 15 de julho de 2022

Venvanse: cresce o consumo do remédio entre jovens para melhorar a concentração; entenda os graves riscos à saúde

Foto: Editoria de Arte/André Mello

Um novo fenômeno de comportamento em São Paulo e no Rio vem assustando os médicos: o consumo de um remédio tarja preta por pessoas absolutamente saudáveis, com o objetivo de aumentar o foco nas tarefas do dia a dia. Trata-se do Venvanse, nome comercial do dimesilato de lisdexanfetamina, fabricado pelo laboratório Takeda, sem genérico. Seu uso foi liberado pela Anvisa para apenas duas situações: tratar pessoas com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), e pacientes diagnosticados com o transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP), distúrbio psiquiátrico que leva o paciente a comer de forma descontrolada, mesmo sem ter fome.

O perfil dos usuários, no entanto, tem sido outro. Vestibulandos, estudantes de concursos públicos, jovens empresários e profissionais da área da tecnologia que querem aumentar a capacidade de concentração. Em São Paulo já é praticamente impossível encontrar a medicação. No Rio a onda está crescendo e ela já começa a rarear no mercado. E olhe que seu preço não é barato: o medicamento sai em média entre R$ 450,00 e R$600,00.

O risco do mau uso do Venvance é brutal. Ele faz com que o sistema nervoso entre em um estado que os médicos chamam de “situação luta e fuga”, ou seja, faz com que o corpo fique permanentemente voltado e preparado para fugir de uma ameaça. O mecanismo por trás disso é um pico de produção de noradrenalina e cortisol, aumento da frequência cardíaca, crescimento da circulação do sangue para os músculos e contração das pupilas. O resultado, na prática, é que a pessoa fica mais atenta e focada no que acontece a sua volta, o raciocínio fica mais ágil, além do pico enérgico, que os usuários chamam de “ficar ligado”, ou “performar”.

— Eu me sinto a mulher maravilha. Depois de uns trinta minutos me dá uma euforia, alegria, vontade de fazer tudo. Minha autoconfiança melhora, consigo me concentrar nas atividades, tenho disposição e energia para os estudos. Meu rendimento e produtividade aumentam. Posso fazer várias coisas ao mesmo tempo e tenho o foco e a concentração como se estivesse fazendo apenas uma. Sou uma pessoa mais legal quando eu tomo também — explica a estudante Thaina Alves, de 25 anos.

Thaina passou dois anos tomando o remédio diariamente, sem pausas. Começou com uma dosagem menor de 30 miligramas e evoluiu para doses maiores de 50 e 70 miligramas. Recentemente, percebeu os efeitos colaterais do uso incorreto da droga – insônia, forte dor de cabeça e o vício.

Para os pacientes com TDAH, o uso faz sentido. Eles sofrem de uma disfunção em uma área do cérebro chamada de córtex pré-frontal, responsável pelo foco e pragmatismo. A noradrenalina é fundamental para o funcionamento adequado dessa região.

Entre os médicos é unanimidade: todos alertam que o uso sem indicação traz graves riscos.

— Este é um fármaco estimulador de noradrenalina, bem como cocaína. As pessoas estão tomando o medicamento para ter energia, ficar acordado a noite estudando, melhorar atenção, em alguns casos, como recreação e misturando com o álcool para potencializar o efeito, e sem um acompanhamento médico. Isso é sério e gravíssimo. A pessoa quer passar a noite em claro para estudar, seria muito melhor tomar um café ou algo do tipo, porque não traria tanto risco a saúde — afirma Cristiana Góes, médica de neurologia do Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A neurologista garante que a lista de malefícios de quem compra e usa o Venvanse sem indicação médica são muito maiores do que o lado positivo dos efeitos que o remédio garante por algumas horas.

— O medicamento pode causar hipertensão, arritmia e até mesmo ataque cardíaco. Um paciente com tendência de esquizofrenia ou transtorno bipolar, por exemplo, pode ter um surto maníaco e psicótico. O Venvanse não é um medicamento que se pode “brincar”. O uso prolongado pode levar ainda à depressão, pois você está estimulando um neurotransmissor a te dar energia, e quando há essa interrupção abrupta dá um reboot — explica Góes.

O remédio só é vendido com prescrição médica. Mas cresce o número de grupos ilegais de venda do produto nas redes sociais. A psiquiatra Camila Magalhães, fundadora do centro Caliandra Saúde Mental, em São Paulo, diz que já percebe o aumento de casos entre jovens e empresários há um tempo e de forma ilegal.

— É preocupante a forma como essas pessoas estão adquirindo o remédio pela internet, sem receita. Há famílias que me procuram dizendo que o filho está “imprestável”, porque não quer sair da cama, não tem energia, motivação para nada — reitera a psiquiatra.

A venda ilegal do remédio causou uma falta generalizada do medicamento nas prateleiras das principais redes de farmácia de São Paulo. Também não há previsão de quando o medicamento será reabastecido nas drogarias. A carência começa a ser sentida em outros estados do país também, como no Rio, onde já há algumas lojas de fármacos sem estoque para o Venvanse.

Emagrecimento

O Venvanse também começou a ser usado erroneamente para o emagrecimento. Isso porque ao estimular a noradrenalina, e o corpo entrar em estado de atenção pleno, o cérebro também emite uma resposta para a inibição do apetite. Ao tomar o comprimido pela manhã, por exemplo, a fome só irá surgir no final do dia, perto do horário do jantar. Há o depoimento de pessoas na internet que chegaram a perder mais de dez quilos usando o medicamento em poucos meses.

Como é o caso da gerente comercial Bruna Rodrigues, 40 anos, ela começou a usar o medicamento para perder os quilos que tanto a incomodavam. Foram três meses de uso e cinco quilos eliminados. Segundo Rodrigues, foi o único auxilio para conseguir manter a dieta em dia.

— Eu não conseguia fazer dieta intermitente, porque eu sentia muita fome pela manhã. Depois que passei a usá-lo, realmente tira o apetite. Eu me forçava a comer para não ficar fraca, porque eu não tinha fome nenhuma — diz.

Há estudos que comprovem o uso do venvanse para controlar a compulsão alimentar sendo seguro e com pouca rejeição no organismo dos usuários, porém não há pesquisas cientificas e nem indicações médicas para o uso do fármaco quando o assunto é emagrecimento. A gerente comercial afirma que sabia dos riscos, mas que ao ver os primeiros sinais dos resultados, o receio foi deixado de lado.

— Ao tomar o comprimido eu me sentia bastante produtiva também. Fazia várias coisas ao mesmo tempo como curso de inglês, academia, trabalhava mais de oito horas por dia e não me sentia cansada. É milagroso. Eu voltaria a tomar ele com certeza — afirma Rodrigues.

FONTE: O Globo

7º Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais: Inscrições vão até hoje(15/07)



Após quatro anos de hiato, o Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais está de volta!

A sétima edição do #BlogProg, que ocorrerá no Teatro Henfil, em Maricá, no Rio de Janeiro, já tem data para acontecer: 22, 23 e 24 de julho.

Com uma programação recheada de nomes de peso da comunicação e da cultura, o evento discutirá estratégias, experiências e ideias para enfrentar a batalha eleitoral decisiva de 2022, praticamente um plebiscito entre civilização ou barbárie.

Com apoio da Prefeitura Municipal de Maricá, o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé anuncia a abertura das inscrições para o evento, além de parte da programação já confirmada.

Além dos debates, também serão realizadas rodas de conversa e trocas de experiência sobre a produção e a articulação das mídias alternativas, blogosfera, comunicadores e ativistas digitais.

A taxa de inscrição é de R$ 50, sendo que estudantes têm direito à meia-entrada. O prazo final para as inscrições termina no dia 15 de julho. Garanta já a sua vaga clicando aqui!

Programação:

22 de julho, sexta-feira, às 18 horas

Abertura: Cido Cidoli (SP) e Débora Cruz (DF)
– Apresentação dos objetivos e dinâmica do evento;
– Apresentação da cidade e das experiências de Maricá – prefeito Fabiano Horta;
– Homenagem a Paulo Henrique Amorim – Geórgia Pinheiro;
– Homenagem a Marielle Franco – Marinete da Silva (mãe);
– Homenagem a Alexandre Teixeira – Henrique Pizzolato;
– Homenagem a Antonio Barbosa Filho – Kado Moura (filho)

22 de julho, sexta-feira, às 19 horas

“Civilização ou barbárie: O que está em jogo na eleição” – mesa: Eliara Santana (MG) e Theo Rodrigues (RJ)
– Hildegard Angel – jornalista;
– Gilmar Mauro – coordenação do MST;
– Cláudia Santiago – coordenação do NPC;
– Txai Suruí – coordenadora do Movimento da Juventude Indígena;

23 de julho, sábado, às 9 horas

“Como enfrentar a guerra suja da campanha eleitoral” – mesa: Larissa Gould (SP) e Oscar Barros (PI);
– Maria José Braga – presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj);
– Octávio Costa – presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI);
– Letícia Sallorenzo – jornalista, linguista e autora do livro “Gramática da manipulação”;
– Rita Von Hunty (Tempero Drag);

* Informes sobre fóruns da internet – Marcos Dantas (20 minutos);

23 de julho, sábado, às 14 horas

“Uma plataforma para democratizar a comunicação” – mesa: Tânia Mandarino (PR) e Dimas Roque (BA);
– Beth Costa – coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC);
– Renata Mielli – coordenação do Centro de Estudos Barão de Itararé;
– Sergio Amadeu – professor da Universidade Federal da ABC (UFABC), criador e apresentador do podcast Tecnopolítica;

23 de julho, sábado, às 16 horas

Lançamento de livros (30 minutos):
– Como derrotar o fascismo – Renato Rovai e Sérgio Amadeu;
– Novos rumos da comunicação comunitária no Brasil – André Fernandes (org.);

23 de julho, sábado, 17 horas: Roda de conversa e troca de experiências

Grupo 1. Coordenação e relatoria: Luciana Oliveira (RO) e Lissandro Nascimento (PE)
– Leonardo Attuch (Brasil 247);
– Miguel do Rosário (O Cafezinho e revista Fórum);
– Roni Barbosa (Brigadas Digitais da CUT);

– Grupo 2. Coordenação e relatoria: Amanda Rodrigues (PB) e Fred Noleto (GO);
– Kiko Nogueira (DCM);
– Daniel Pears (Mídia Livre);
– Gilberto Souza (Correio do Brasil);

– Grupo 3. Coordenação e relatoria: Daniel Dantas (RN) e Andressa Flores (RS)
– Anderson Moraes (Empoderado);
– Fernando Brito (Tijolaço);
– Renê Silva (Vozes da Comunidade – Complexo da Maré-RJ);
– Bruna Brelaz (presidenta da UNE);

23 de julho, sábado, às 21 horas
– Atividade cultural – grupo musical de Maricá, cachaça e muita gargalhada;

24 de julho, domingo, das 9 às 13 horas. Coordenação: Conceição Oliveira e Altamiro Borges;
– Saudação das delegações latino-americanas. Coordenação: Cláudio Machado (20 minutos);
– Experiência do ComunicaSul na Colômbia – Felipe Bianchi (20 minutos);
– Apresentação do documentário “Não foi acidente, mataram meu pai” – diretora Jana Sá (1h10).
– Lançamento dos livros (breve apresentação de 30 minutos):
– Democratizar a comunicação – Theófilo Rodrigues e Larissa Ormay (org.);
– O outro lado – Amanda Rodrigues;
– De Lula a Bolsonaro: combates na internet – Rodrigo Vianna;
– Filme sobre Julian Assange;

– Aprovação da Carta do 7º Blogprog – encaminhar previamente proposta de texto de Rodrigo Vianna (30 minutos);
– Eleição da nova comissão nacional do Blogprog; um representante por estado – responsável Cido (30 minutos).

Fonte: Viomundo

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Madeireiros foram principais beneficiados por canetada de Bim no Ibama

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Depois de mudar o entendimento do Ibama com uma canetada e fazer com que todas as multas aplicadas pelo órgão nos últimos dez anos possam voltar à estaca zero, o atual presidente da instituição, Eduardo Bim, declarou pessoalmente a prescrição de 164 multas ambientais usando o despacho nº 11996516 como justificativa. Boa parte dos casos envolvem madeireiros, conforme dados obtidos pela Agência Pública via Lei de Acesso à Informação.

Não é a primeira vez que Eduardo Bim beneficia empresários do setor com uma canetada. Em 2020, ele chegou a se reunir com madeireiros antes de divulgar um despacho afrouxando as regras para exportação de madeira. Essa decisão motivou investigação da Câmara Ambiental do Ministério Público Federal e levou à saída do então ministro Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente. Bim ficou 90 dias afastado do cargo por suspeita de envolvimento no esquema de contrabando de madeira ilegal investigado pela operação Akuanduba.

Das 164 infrações prescritas a mando de Eduardo Bim entre 31 de dezembro de 2021 e 10 de junho de 2022 analisadas pela reportagem, o nome do infrator e o tipo de infração foram identificadas em 158 processos. Vinte e quatro casos envolvem empresas que têm como atividade principal ou secundária a transformação de madeira, como fabricação de móveis e serrarias, e cinco pessoas físicas sócias de madeireiras. Juntos, pessoas físicas e jurídicas somam R$ 42,8 milhões em multas.

Mais da metade dos processos prescritos são atrelados a CPFs e CNPJs com outras multas ambientais, sendo que entre os madeireiros a proporção é maior: 22 entre os 24 autuados. A maior parte das infrações é contra a flora, com ao menos 86 processos, seguido pelas infrações de controle ambiental.

Entre os madeireiros infratores beneficiados pela medida com as multas mais altas está Antônio Lucena Barros, fazendeiro conhecido como Maranhense. Sócio de empresas do ramo imobiliário, agrícola e madeireiro, foi autuado em setembro de 2008 e multado em R$ 16,4 milhões por impedir a regeneração natural de mais de 3 mil hectares de vegetação nativa em área de Reserva Legal, no município de Cumaru, no Pará. Maranhense já é conhecido na região sul do estado por estar ligado a exploração ilegal de mogno, tráfico ilegal de madeira, denúncias por trabalho escravo e por associação criminosa na operação Reis do Gado. Em 23 de fevereiro de 2022, Bim decidiu pela prescrição do auto – o despacho formalizando a decisão, porém, só foi publicada um mês depois, em março.

Em seguida aparece Jaudenes Vanzella. Sócio da empresa Compensados Vanzella, ele foi multado em mais de R$ 11 milhões por destruir mais de 2 mil hectares de mata nativa na região da Amazônia Legal, em março de 2010. Ele também foi autuado em 2015 e 2018, por infrações que somam R$ 561 mil reais.

Entre as empresas, a Juara Madeiras aparece com uma multa de mais de R$ 500 mil prescrita por vender 1825 m³ de madeira serrada sem a devida licença válida. Apesar de não ser a maior multa do levantamento, a empresa tem em seu CNPJ outras 12 infrações contra a flora registradas pelo Ibama entre 2005 e 2009, que totalizam mais de R$ 2 milhões.

Para a ex-presidente do Ibama Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima, isso é uma mostra da ilegalidade do mercado brasileiro de madeira. “O mercado da madeira no país é muito ilegal”, diz. “Quando você cruza as informações dos alertas de desmatamento com as autorizações que tem no sistemas públicos, quase a totalidade da madeira que circula internamente é ilegal. A situação é um pouco diferente para exportação, porque você tem um controle maior. Mas a madeira interna é muito ilegal”.

Divulgação Ibama

Despacho de bilhões

Conforme revelado por investigação da Agência Pública, o despacho de Eduardo Bim vai muito além desses 164 casos e pode gerar prejuízo de ao menos R$ 3,6 bilhões à União. Com a decisão, uma fase antes obrigatória do processo de autuação ambiental – a notificação via edital para alegações finais — pode ser interpretada como nula, anulando todos os processos entre 2008 e 2019, quando a notificação via edital era válida.

Em resposta a um requerimento feito pelo deputado Rodrigo Agostinho (PSB – SP) questionando o despacho, o Ibama informou que a decisão do presidente do Ibama pode impactar 42 mil (60%) dos cerca de 70 mil processos lavrados entre 2008 a 2019 em que os infratores foram notificados para alegações finais exclusivamente via edital.

Em retorno ao pedido de acesso à informação da reportagem, o Ibama informou que essa interpretação já começou a ser aplicada, mesmo com a possibilidade de prescrição de milhares de multas. Como os efeitos da alteração podem afetar o caixa do Ibama, Eduardo Bim pediu que a Coordenação-Geral de Cobrança e Recuperação de Créditos da Procuradoria-Geral Federal avaliasse a medida “para eventual ratificação do entendimento”, mas o órgão ainda não se manifestou.

Para Suely Araújo, o montante de processos prescritos é pequeno dentro do total em andamento no Ibama, mas preocupa já que todos foram prescritos em um período curto e pelo mesmo motivo: a interpretação de que as notificações para alegações finais que não ocorreram pessoalmente devem ser anuladas. “Quando essas alegações finais eram feitas pela internet, isso estava previsto na legislação. Então os servidores da área de instrução e julgamento não faziam nada mais do que seguir a legislação“.

Araújo ainda pontua que a canetada deslegitima o sistema sancionador, em que a oportunidade de defesa e de recurso são oferecidas ao infrator. “Os cidadãos têm que ter certeza de que tudo está correndo conforme as regras. E era o que ocorria, porque a regra não previa a notificação pessoal. Quando você enfraquece o processo sancionador, quem tá na ponta, o criminoso, fala assim ‘eu sei que isso não vai dar em nada’. E um recado desses impulsiona novos crimes ambientais”.

Metodologia

1. A lista de processos prescritos foram obtidos via Lei de Acesso à Informação. A partir do número dos processos, fizemos o cruzamento com a base de autos de infração do Ibama;

2. As infrações foram agrupadas por CPF ou CNPJ, com tabela dinâmica. 158 processos da lista obtida via LAI tiveram correspondência nos dados abertos do Ibama. Os processos podem ser vistos neste arquivo.

*Esta reportagem faz parte do especial Emergência Climática, que investiga as violações socioambientais decorrentes das atividades emissoras de carbono – da pecuária à geração de energia. A cobertura completa está no site do projeto.