quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Bolsonarismo: Prefeito critica desfile da Boa Vista e diz que não fará mais repasses à escola

Foto: Leone Iglesias/AT


O prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), afirmou, na manhã desta quarta-feira (26), que não realizará mais repasses para a escola de samba Independente de Boa Vista.

De acordo com o político, a decisão foi tomada após a agremiação realizar "homenagens a movimentos criminosos" no desfile do Carnaval de Vitória, realizado no último sábado (22). Na ocasião, a Boa Vista apresentou uma ala representando o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

"A partir deste ano, não faremos mas qualquer repasse a escola. Não compactuo com homenagens a movimentos criminosos, que espalham o terror e a tristeza no campo. Quando nos apresentaram o projeto, a escola nos informou que tara uma homenagem ao fotografo Sebastião Salgado, Em nenhum momento nos informou que levaria para a avenida uma ala do MST", afirmou Euclério em uma nota de repúdio publicada nas redes sociais.

Escola se manifesta

Após a nota do prefeito, a Independente de Boa Vista se manifestou sobre o caso. Nas redes sociais, a escola afirmou que gostaria de "aproveitar esta oportunidade para esclarecer alguns pontos importantes a respeito do enredo e da proposta artística apresentada pela escola".

A agremiação declarou, ainda, que a ala do MST foi parte da homenagem ao fotógrafo Sebastião Salgado — que dedicou parte da sua carreira a acompanhar e registrar a luta do movimento. Até o momento, Euclério Sampaio não se manifestou sobre a resposta da escola.

Confira a nota na íntegra:

"A Escola de Samba Independentes de Boa Vista informa que recebeu com atenção a Nota de Repúdio emitida pelo Prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio, em relação ao desfile da escola de samba que aconteceu neste último final de semana. Gostaríamos de aproveitar esta oportunidade para esclarecer alguns pontos importantes a respeito do enredo e da proposta artística apresentada pela escola.

O desfile deste ano teve como tema a vida e a obra do renomado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, reconhecido mundialmente por sua sensível e profunda documentação das questões sociais e ambientais. Salgado, que viveu parte de sua juventude no Espírito Santo, é um dos maiores expoentes da fotografia contemporânea e foi homenageado pela Boa Vista em razão da relevância de sua trajetória e contribuição cultural. Importante ressaltar que Sebastião Salgado passou três anos de sua vida junto ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), realizando o trabalho fotográfico retratado em sua obra, que aborda com sensibilidade as lutas e desafios dos trabalhadores rurais brasileiros.

Uma das alas do desfile, intitulada “Terra”, faz referência a um dos livros mais emblemáticos de Sebastião Salgado. Esta obra retrata as lutas, os desafios e a dignidade dos trabalhadores rurais brasileiros em sua busca pela reforma agrária. Assim, a representação apresentada no desfile visou unicamente destacar esse aspecto importante da obra do fotógrafo, evidenciando a realidade de milhares de brasileiros e promovendo uma reflexão sobre o tema, sem qualquer conotação partidária ou política.

A Independente de Boa Vista tem como propósito principal o fomento à cultura e ao desenvolvimento social em nossa comunidade. Além de sua atuação no Carnaval, a escola promove diversos projetos sociais, culturais e educativos que fortalecem os laços comunitários e geram oportunidades para crianças, jovens e adultos ao longo do ano. A Boa Vista também é responsável por gerar emprego e renda, movimentando a economia local e proporcionando oportunidades para muitos trabalhadores que atuam na confecção de fantasias, alegorias e em outras áreas relacionadas ao desfile.

É com tristeza que a escola de samba Independente de Boa Vista, juntamente com seus componentes, desfilantes, torcedores, amantes do Carnaval e da cultura do nosso estado, recebeu a Nota de Repúdio. Sabemos do coração bom de Euclério, por isso, ficamos na expectativa de uma reversão desse posicionamento. A Boa Vista é um dos maiores expoentes da cultura do Espírito Santo, levando o nome de Cariacica para o Brasil e para o mundo.

Reiteramos o respeito pela opinião do prefeito e reforçamos que o desfile buscou enaltecer a arte, a cultura e a história de um brasileiro que tanto orgulha o nosso país."

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

‘Nikolas Ferreira fez um post sobre mim. Agora não posso mais sair de casa’

Emy participou de atividade na escola vestida de Barbie,
com uma peruca rosa, saia e bota de cano alto (Foto: Divulgação)

Emy Mateus Santos, 25 anos, professora de teatro na rede municipal de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, nunca imaginou que uma atividade pedagógica — fantasiar-se para receber alunos no primeiro dia de um ano letivo — a colocaria no alvo de uma onda de ódio.

Formada em teatro e dança, Emy, que se identifica como travesti, foi integrada à rede de educação pública em fevereiro de 2024, após ser aprovada em concurso público. No início de 2025, foi transferida para a Escola Municipal Irmã Irma Zorzi.

Depois de uma semana de planejamento pedagógico, a coordenação da escola propôs que Emy e outras professoras se fantasiassem para receber os alunos para o primeiro dia de aula de 2025. O propósito era simples: acolher crianças de 6 e 7 anos de forma criativa.

A atividade, inclusive, teve o aval da Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande, que afirmou em nota enviada ao portal G1 que “o uso de fantasias e caracterizações é um recurso pedagógico adotado por professores” de estudantes que estão matriculados no ensino básico na capital do Mato Grosso do Sul. O Intercept entrou em contato com a secretaria pedindo mais informações sobre o caso, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.

Emy, então, foi vestida de Barbie, com uma peruca rosa, uma saia e uma bota de cano alto. Outras professoras e até a coordenadora da escola escolheram as suas próprias fantasias, baseadas em personagens infantis. “Tinha gente de fada, de princesa, de cozinheira”, diz.

Segundo Emy, sua fantasia inspirou reações animadas e lúdicas das crianças. Por isso, na noite de segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025, ela publicou um vídeo em suas redes sociais mostrando a rotina do dia, desde a preparação da fantasia até interações com os alunos.

Mas a cena, que pretendia celebrar a conexão com as crianças, foi deturpada em pouquíssimas horas. No dia seguinte, uma parte do vídeo, editada para remover o contexto pedagógico, viralizou em grupos conservadores da cidade.

Até que, na quarta-feira, 12, entrou em cena o deputado federal Nikolas Ferreira, do PL de Minas Gerais.

Com apenas um story publicado em sua conta no Instagram, Nikolas usou o registro da atividade escolar compartilhado por Emy e escreveu a seguinte legenda.. “Porque [sic] nunca em asilos? Ou para doentes? Ou sem teto? Porque é sempre para crianças?”, escreveu.

Postagem de Nikolas Ferreira amplificou onda de ódio e
transfobia contra Emy(Foto: Reprodução)



A postagem foi o estopim para o caso, que até então estava restrito a Campo Grande, se espalhar pelo país. Além da viralização nas redes sociais, veículos como R7 e Metrópoles repercutiram o vídeo de Emy – mas sem explicar que o episódio não era um ato isolado, que outras professores também se fantasiaram e que a iniciativa havia sido validada pela própria Secretaria Municipal de Educação.

Com a repercussão, Emy virou alvo de uma enxurrada de ameaças. Parlamentares de extrema direita de Campo Grande, como o vereador André Salineiro e o deputado estadual João Henrique Catan, ambos do PL, atacaram a professora até mesmo nos plenários da Câmara Municipal e da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, referindo-se a Emy no masculino e acusando-a de “violar a inocência infantil”.

Além disso, pais de alguns dos estudantes foram à escola exigir explicações, e Emy precisou se afastar da escola por segurança. “Não posso mais sair de casa sem medo”, desabafa. Apesar de a professora ter registrado boletim de ocorrência na polícia e de a Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande ter defendido publicamente o uso de fantasias como recurso pedagógico, a narrativa transfóbica se sobrepôs e reforçou a vulnerabilidade de profissionais trans em ambientes educacionais.

Em entrevista ao Intercept Brasil, Emy ainda contou que, antes mesmo da polêmica, já havia enfrentado transfobia institucional na escola onde trabalhou no ano anterior: foi orientada usar um banheiro isolado, teve seu nome social desrespeitado e presenciou colegas usando a Bíblia para condenar sua identidade.

Leia a entrevista completa no link abaixo:


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Câmara define pena para criação de imagens falsas de nudez com IA

Projeto foi relatado pela deputada Yandra Moura (UNIÃO-SE).
Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Projeto prevê até seis anos de prisão para a criação e propagação de "deepnudes". A pena aumenta para oito anos se for em contexto eleitoral.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (19) o Projeto de Lei 3821/2024, que criminaliza a produção, manipulação e divulgação de imagens de nudez ou atos sexuais falsos gerados por inteligência artificial. O texto, que segue agora para o Senado, prevê penas de reclusão e multa para os responsáveis.

A proposta é de autoria da deputada Amanda Gentil (PP-MA) e foi relatada por Yandra Moura (União-SE), que também incluiu a tipificação do crime no Código Eleitoral. No Código Penal, a punição prevista é de dois a seis anos de reclusão, além de multa. A pena pode ser aumentada em um terço até a metade caso a vítima seja mulher, criança, idoso ou pessoa com deficiência.

No contexto eleitoral, a proposta estabelece uma pena mais severa, variando de dois a oito anos de reclusão para casos envolvendo candidatos. Além disso, se o crime for cometido por um postulante a cargo eletivo, poderá haver cassação do registro de candidatura ou do diploma.

Durante a discussão da matéria, a relatora reforçou que o objetivo do projeto não é restringir a liberdade de expressão, mas punir o uso indevido da tecnologia para a violação da dignidade das pessoas. "A inviolabilidade da imagem não se limita aos meios físicos de violação. Não podemos nos esquivar de regulamentar o uso das tecnologias referentes à inteligência artificial e aos limites de seu uso", afirmou Yandra Moura.

Apesar de questionamentos sobre possíveis impactos na liberdade de expressão, o projeto recebeu apoio unânime na votação simbólica, com parecer favorável de todos os partidos.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

A agressividade dos senhores da terra contra Lula


Por Osvaldo Bertolino – Portal Vermelho, 9/7/2003

Se dividirmos o Estado do Rio Grande do Sul no sentido horizontal, teremos água e vinho, literalmente. A metade norte do Estado, colonizada por italianos e alemães, foi estruturada em minifúndios — assim como a maioria dos outros dois Estados da região sul, Paraná e Santa Catarina. Já a metade sul do Rio Grande do Sul foi estruturada em grandes concentrações de terra — assim como a maioria do Brasil. Enquanto o norte comemora a fartura com vinho — como a famosa festa da uva, em Caxias do Sul —, o Sul faz água com suas enormes estâncias cercadas de populações empobrecidas. Esse quadro sulista é a um só tempo uma fotografia do que o Brasil tem sido e do que poderia ser. As regiões das Missões, do Alto Uruguai e da Serra, ao norte, assim como as regiões Norte, Noroeste e Oeste do Paraná, correspondem à ideia que o resto do Brasil faz do sul: lavouras verdejantes, comércio forte, cidades em progresso. São lugares onde a fome, o analfabetismo e a mortalidade infantil não são tão escandalosos como em outras regiões do Brasil. Já as regiões da Campanha e das fronteiras Sul e Oeste do Rio Grande do Sul não guardam muita distância do que ocorre nos sertões do resto do país.

Essa fotografia social pode ser explicada pelo modo como aconteceu a colonização no Brasil. Enquanto os Estados Unidos atraíam imigrantes distribuindo a eles lotes de terra para que produzissem de modo autônomo, a elite brasileira decidiu resolver o problema da falta de trabalhadores promovendo uma imigração forçada de escravos como mão-de-obra barata para os fazendeiros. Somente alguns trabalhadores puderam ter a própria terra, mas bem longe de onde o país estava estabelecido — primeiro no Rio Grande do Sul e Santa Catarina e depois desbravando matas no Norte, Noroeste e Oeste do Paraná. A abolição da escravatura não eliminou a estrutura oligárquica: antes o dono da terra tinha escravos, agora tinha vassalos. Tampouco a Revolução de 1930 e a industrialização do país mudaram essa ordem que, de certa forma, também se estabeleceu nos minifúndios do sul. A condição de senhor da terra não se alterou e segue solidamente instalada no campo como ideologia dominante. Os coronéis estão representados em todas as esferas da política nacional e seus jagunços continuam atirando a esmo em trabalhadores que lutam por um pedaço de chão.

É fundamental que o Brasil democrático chegue aos latifúndios

Nos anos 1970 e 1980, a ditadura militar empurrou muitas vítimas da concentração de terra para a Amazônia. Junto com elas foram muitos aventureiros que viram nesse gesto dos governos militares a oportunidade de expandir suas fronteiras latifundiárias para o Norte do país — cortando árvores e destruindo ecossistemas mais antigos do que a própria humanidade para plantar soja e criar gado. Muitos dos que foram para lá atrás de terra acabaram constatando logo que aquele solo não se presta à agricultura e sobrevivem do extrativismo predatório da floresta, derrubando árvores milenares para garantir pequenas plantações ou ganhando uma mixaria para jogar mercúrio no rio atrás de minerais preciosos. Esse quadro camponês paupérrimo, enfim, poderia ser radicalmente alterado ao custo de umas poucas leis e diretrizes administrativas. Não faz sentido um país com a extensão do Brasil ostentar um cenário de Idade Média em pleno século XXI. Evidentemente, para essa alteração seria necessário que o governo promovesse uma inflexão no campo.

É fundamental que o Brasil democrático vá até os latifúndios e troque de lugar com os muitos fora-da-lei que hoje dominam vastas regiões improdutivas. Aos aventureiros sem escrúpulos, que se estabeleceram em terras devolutas e se sentem na casa da mãe Joana, caberia aplicar uma receita básica: rua, lei e cadeia. Mas nada se fará enquanto essa idéia não for um posicionamento nacional claro e indiscutível. Esse é o problema. Para essa questão, é necessário considerar que tão importante quanto a vontade política do governo para alterar esse cenário — que indiscutivelmente existe — é a visão dominante que o Brasil tem sobre o campo. A ideologia escravista sobre a nossa estrutura fundiária vê atitudes como as do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) como crimes. Para ela, uma organização que abarca um grande número de pessoas com um enorme potencial de luta num ponto neurálgico da vida nacional é uma inconveniência intolerável. A história brasileira é pródiga em exemplos de repressão às organizações que tentaram mudar as regras desse jogo.

Radicalismo é contraponto ao autoritarismo da oligarquia

Ainda é recente o caso da histeria causada pelo decreto do presidente João Goulart que declarou de interesse social para fins de desapropriação algumas áreas inexploradas. A reação a essa medida, cujo ponto alto foi a tristemente famosa “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” realizada dia 19 de março de 1964 pedindo aos militares que expressavam opiniões reacionárias que derrubassem o governo, teve na Sociedade Rural Brasileira — velha entidades de fazendeiros paulistas — um de seus principais organizadores. Por trás da vã invocação de Deus e da liberdade estavam os interesses terrenos e oligárquicos dos latifundiários — muitos deles grileiros. Os recentes episódios de luta no campo demonstram quão enraizada na elite brasileira está essa ideologia. Do ponto de vista político, essa herança escravista apresenta-se em uma dicotomia clara: de um lado há uns poucos que lutam para manter privilégios com rancor e nenhum bom senso e de outro uma imensa massa sem cidadania que vê no governo Lula uma boa oportunidade para a conquista de um pedaço de terra.

Se há algum radicalismo nas ações dos trabalhadores ele é mero contraponto ao autoritarismo histórico dessa oligarquia. Por nunca ter em seu projeto o conceito de nação, a elite brasileira abriu espaço, com sua conduta de exploração e acúmulo, para ações radicalizadas. Os governos passados, tradicionalmente vinculados ao poder econômico, não funcionavam como elemento de equilíbrio nessa dicotomia e contribuíam para o acirramento das posturas. No governo Lula, o que se espera é uma atitude que traga para o debate nacional a necessidade de se equalizar essa dicotomia. O desafio é gigante. Afinal, num dos pratos da balança estão os proprietários — e seus apoios ideológicos — de algo próximo a 150 milhões de hectares de terras improdutivas, um oceano de solos inúteis ao país que equivale a dois Chiles ou a quinze Coréias, dispostos a defender seus feudos com balas e chantagens — inclusive no Congresso Nacional, ameaçando votações de interesse do governo. No outro prato estão aqueles que viram na eleição de Lula a esperança de termos no país um desenvolvimento nacional integrado, no qual ninguém será esquecido.

Histeria feudal deve soar como sinal de alerta para todos nós

O ponto aqui é encontrar o norte do debate: a ideia de nação. A reflexão sobre algumas propostas do governo para o campo oferece uma visão clara da disposição das peças no tabuleiro do Brasil de hoje. Na reunião realizada dia dois de julho passado entre o governo e o MST, Lula anunciou medidas como a desapropriação de áreas que não cumprem função social e um programa massivo de educação no campo (a íntegra das propostas está na edição do Vermelho do dia três de julho). A rigor, por trás da histeria desatada supostamente pelo gesto de Lula de vestir o boné do movimento está o fato de a elite brasileira não aceitar do povão outra postura que não seja a reverência. Para ela, é um disparate o governo planejar ações do Estado com gente considerada a ralé da sociedade. Essa elite não simpatiza com a ideia de democratizar o debate nacional porque ela sempre viveu sob o domo do Estado, de modo fisiológico e clientelista. Seus expoentes querem forjar uma situação no país que permita a manutenção do status quo, com o governo lhes fazendo favores, lhes protegendo as fontes de lucro e lhes pagando as contas.

Segundo dados do Incra, 94% dos proprietários rurais com latifúndios entre 50 mil e 500 mil hectares sonegam o imposto territorial. Dados da Central Única dos Trabalhadores (CUT) mostram que 3.500 latifundiários foram perdoados de uma dívida de 7 bilhões de reais junto ao Banco do Brasil. No âmbito das empresas, também é possível reconhecer esses traços feudais — uma simbiose de um setor do capitalismo brasileiro com os senhores de terra. Não é novidade que o Estado protege certos monopólios em detrimento de uma economia com profusões de iniciativas. Ainda é a hegemonia do sobrenome, da família e dos círculos a que se pertence que domina o cenário econômico e, em certa medida, político brasileiro. A reação às ações do MST, portanto, é o ideário oligárquico lutando para conservar a riqueza e as oportunidades do mesmo lado da cerca — um comportamento baseado em nossa história de rasgada distância entre classes sociais e fundado na ideologia dominante de que existimos como senhor escravista e escravo, corte e plebe. Mudar esse quadro requer muito mais do que um governo democrático. Esse é um desafio que depende da tomada de consciência dos trabalhadores. A histeria escravista, portanto, soa como sinal de alerta para todos nós.

Carnaval de Passarela em São Luís do Maranhão: Tradição e Inovação

Foto: O Imparcial

O Carnaval de São Luís do Maranhão, conhecido por sua rica tradição cultural, passou por uma transformação significativa nos últimos anos. A cidade, que antes era dominada pelo tradicional Carnaval de Passarela, agora se enche de ritmos baianos durante o período oficial do carnaval. Em resposta a essa mudança, a Prefeitura e os representantes das agremiações carnavalescas tomaram uma decisão estratégica para garantir a continuidade das tradições locais.

Hoje, o Carnaval de Passarela de São Luís acontece em datas posteriores ao carnaval oficial, permitindo que a cidade celebre tanto as bandas de palcos e trios quanto as manifestações culturais maranhenses. Essa estratégia visa evitar que o Carnaval de Passarela perca público, garantindo que ambos os estilos de festa tenham seu espaço e público cativo.

A localização do desfile de passarela é o Anel Viário, um local que acolhe a diversidade cultural e proporciona uma experiência única para os foliões. Nesse espaço, desfilam blocos organizados, tradicionais, afros, tribos de índios e escolas de samba, cada um trazendo sua própria identidade e contribuindo para a rica tapeçaria cultural do carnaval maranhense.

Os blocos tradicionais e os organizados encantam com suas fantasias coloridas e músicas que remetem às raízes locais, enquanto os blocos afros e tribos de índios celebram a herança africana e indígena, respectivamente, com danças, ritmos e cantos autênticos. As escolas de samba, por sua vez, desfilam com carros alegóricos grandiosos e sambas-enredo que contam histórias e homenageiam figuras importantes da cultura maranhense e nacionais.

Essa nova configuração do Carnaval de Passarela em São Luís do Maranhão reflete a capacidade da cidade de se reinventar e adaptar às mudanças, ao mesmo tempo em que preserva suas tradições culturais. É uma celebração que resgata o passado, celebra o presente e olha para o futuro com otimismo e alegria.

Se programe, pesquise em qual brincadeira seja adequada ao seu divertimento, continue a prestigiar seu bloco, sua escola, enfim caia na folia!

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Jesus Luz leva filha ao Candomblé e sofre intolerância religiosa

Jesus com a filha em um terreiro de Candomblé(Foto: Instagram/Ilustração) 

Jesus Luz, 38 anos, sofreu um episódio de intolerância religiosa ao fazer um registro da visita da filha a um terreiro de Candomblé. O caso aconteceu quando o modelo celebrou a liberdade de a menina poder frequentar tanto o terreiro quanto a igreja com a mãe. “Esse amor foi tudo que desejei para ela. Ela vai crescer com grande espiritualidade e com respeito e amor por todos independente de religião. Estou plantando a semente do bem nela nesse mundo tão preconceituoso e enfraquecido mentalmente. Desejo muito amor. Muito Àsé. Que os Òrisàs abençoem vocês”, comemorou.

Nos comentários, muitos seguidores o elogiaram e outros atacaram Luz. “Sou mais seguir a bíblia do que atores que se mostram afastados de Deus. Que é o Deus da bíblia, e não o Deus que inventaram para si. Mude enquanto é tempo. A Bíblia precisa do Espírito Santo para que possa ser entendida. Tem de fazer uma boa Teologia Cristocêntrica”, escreveu um seguidor. “Tá repreendido. Bíblia condena…. Acorda pra vida quanto é tempo”, comentou outro. O modelo ainda não falou sobre o ocorrido.

Fonte: Veja Gente


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Lula lidera todos os cenários para 2026, mostra pesquisa Quaest; veja simulações

Foto: Reprodução/Instagram

Pesquisa
Genial/Quaest divulgada nesta segunda-feira (3) aponta o presidente Lula como favorito para 2026. O petista aparece com o maior índice de intenções de voto nos cenários testados e venceria os principais nomes da direita em um eventual segundo turno. A pesquisa, no entanto, mostra que a vantagem do presidente em relação aos seus adversários caiu consideravelmente em relação a dezembro.

De acordo com levantamento feito no último mês de 2024, por exemplo, Lula venceria o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos) com 26 pontos de frente; essa diferença caiu para nove pontos agora. Contra o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), a vantagem caiu de 34 para 19 pontos no mesmo período. No cenário mais apertado, o presidente aparece à frente do sertanejo Gusttavo Lima, com 41% das intenções de voto a 35%.

Há um empate técnico entre rejeição e aprovação de Lula: 49% dos eleitores conhecem o presidente, mas não votariam nele nas eleições, e 47% conhecem e votariam nele em 2026.

Segundo o diretor do instituto Quaest, cientista político Felipe Nunes, a nova pesquisa mostra que as eleições presidenciais de 2026 estão longe de uma definição. “Se o bolsonarismo e a direita moderada se fragmentarem, o quadro fica imprevisível. Até Ciro Gomes teria chances de enfrentar Lula com a divisão total da direita e da direita radical bolsonarista” avalia. “Isso indica que a oposição vai precisar mais do que os erros do governo para ser competitiva em 2026, ela vai precisar se organizar e se apresentar com alguma unidade para terem um candidato forte contra o incumbente”, observa.

O levantamento mostra que 78% dos eleitores não conseguem dizer espontaneamente em quem votariam se as eleições fossem hoje. “Lula teria 9% e Bolsonaro outros 9%, em uma demonstração da fraqueza e da força dos dois ao mesmo tempo”, diz Felipe Nunes.


Nos quatro cenários de primeiro turno analisados — que não incluem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente inelegível —, Lula lidera todas as simulações. Suas intenções de voto variam entre 28% e 33%, dependendo da composição da disputa. Em um dos cenários com maior número de candidatos, Lula registra 30% das intenções de voto. Em seguida, aparecem o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, com 13%, o cantor Gusttavo Lima, que demonstrou interesse em concorrer à Presidência, mas ainda não tem partido, com 12%, e o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), com 11%. Ciro Gomes (PDT), veterano em eleições presidenciais, marca 9%, ficando à frente dos governadores Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União Brasil), ambos com 3%. Nesse cenário, 14% dos eleitores optariam por votos brancos ou nulos, e 5% se declaram indecisos.

Em outro cenário, onde Tarcísio é substituído pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), Lula mantém a liderança com 28% das intenções de voto. Gusttavo Lima e Pablo Marçal aparecem com 12% cada, enquanto Eduardo Bolsonaro soma 11%. Ciro Gomes alcança 10%, Romeu Zema 5%, e Ronaldo Caiado se mantém com 3%. Nesse caso, os votos brancos e nulos permanecem em 14%, e 5% dos eleitores estão indecisos.


O diretor do instituto Quaest, Felipe Nunes, fez uma análise em seu perfil no X sobre os principais resultados da pesquisa:Lula lidera em todos os cenários de segundo turno, segundo pesquisa Genial/Quaest. Se a eleição fosse hoje, o presidente venceria todos os possíveis adversários. O cenário mais competitivo seria contra Gusttavo Lima, com Lula obtendo 41% dos votos e o cantor, 35%. Nos outros cenários, Lula supera Eduardo Bolsonaro (44% x 34%), Pablo Marçal (44% x 34%), Tarcísio de Freitas (43% x 34%), Romeu Zema (45% x 28%) e Ronaldo Caiado (45% x 26%).

Gusttavo Lima se destaca pelo alto reconhecimento e imagem positiva. Com quase 80% de conhecimento nacional, o cantor supera políticos como Tarcísio, 

Zema e Caiado. Esse reconhecimento é uma vantagem competitiva, já que a visibilidade é essencial para atrair votos.
Falta unidade na oposição. Apesar de 49% dos eleitores reprovarem o governo Lula, nenhum nome da oposição conseguiu mobilizar totalmente esse eleitorado. Parte dos críticos ao governo optaria por votos brancos, nulos ou abstenção.

Vantagem de Lula diminuiu em um mês. Em dezembro de 2023, Lula liderava Tarcísio por 26 pontos; agora, a diferença caiu para 9 pontos. Contra Caiado, a vantagem caiu de 34 para 19 pontos no mesmo período, indicando uma queda na popularidade do presidente.

Potencial de crescimento dos candidatos. Ao analisar a intenção de voto em relação ao grau de conhecimento, Caiado tem 81% de apoio entre quem o conhece, Zema 74%, Tarcísio 62%, Marçal 50%, e Gusttavo Lima e Eduardo 

Bolsonaro, 44%. Governadores como Tarcísio, Zema e Caiado têm potencial para crescer nacionalmente se conseguirem replicar a imagem construída em seus estados.

Destaques da pesquisa:Jair Bolsonaro permanece como o nome mais forte da oposição, mas está inelegível.

Fernando Haddad, como ministro da Fazenda, tornou-se a liderança mais rejeitada, com 56% de avaliação negativa.

Cenários de primeiro turno. Lula mantém um piso histórico de 30% dos votos. Se a oposição se unir em torno de um nome como Gusttavo Lima, ele teria chances de chegar ao segundo turno. Caso a direita se fragmente, o cenário fica imprevisível, abrindo espaço até para Ciro Gomes.

Eleição 2026 ainda indefinida. 78% dos eleitores não sabem em quem votariam se a eleição fosse hoje. Lula e Bolsonaro têm 9% de intenção de voto cada, mostrando tanto a fraqueza quanto a força dos dois polos políticos.

Metodologia da pesquisa. A Quaest ouviu 4.500 pessoas entre 23 e 26 de janeiro, com margem de erro de 1 ponto percentual e 95% de confiabilidade. O estudo foi encomendado pela Genial Investimentos.

Vem ai, SoberanIA: a inteligência artificial do Piauí


Rafael Fonteles anuncia a SoberanIA

O governador Rafael Fonteles anunciou para fevereiro o lançamento da SoberanIA, a primeira plataforma de inteligência artificial com base de dados 100% em português. O super computador necessário para rodar a tecnologia já chegou ao datacenter do Governo do Piauí. A ferramenta está sendo desenvolvida por técnicos do governo estadual, em parceria com startups e pesquisadores brasileiros.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, o governador Rafael Fonteles explicou alguns diferenciais que a plataforma apresenta. “É uma inteligência artificial soberana porque conta com pesquisadores brasileiros de várias instituições renomadas do Brasil, inclusive aqui do Piauí, com os dados brasileiros. É o maior dataset em português, com licença comercial, com mais de 100 bilhões de palavras só no início, só na primeira fase”, ressaltou o governador.

A ferramenta terá funcionamento semelhante ao ChatGPT, mas sob o domínio do Estado do Piauí, independente de big techs. A estrutura de IA poderá servir comercialmente para governos estaduais, municipais e empresas públicas que tenham interesse.