quinta-feira, 6 de março de 2025

Postos de combustíveis inventaram nova trapaça

Foto: Thiago Neme/Gazeta de S.Paulo


Por Karoline Calumbi*

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e a Polícia Civil identificaram novos esquemas fraudulentos que prejudicam motoristas em diferentes regiões do país.

A ANP intensificou suas fiscalizações e autuou diversos estabelecimentos por irregularidades. Em Vila Velha, Espírito Santo, um posto foi flagrado vendendo gasolina comum como se fosse aditivada, prática que engana os consumidores e pode comprometer o desempenho dos veículos.

Já em Queimados, na Baixada Fluminense, a Polícia Civil encontrou um esquema sofisticado de adulteração de bombas, no qual motoristas pagavam por mais combustível do que realmente recebiam.

Além disso, a perícia revelou que os valores exibidos nas bombas não correspondiam ao volume real de combustível entregue. A investigação apura se a fraude envolvia um sistema de controle remoto, tornando o golpe ainda mais difícil de detectar.

Fiscalização Rigorosa em postos de combustíveis

Diante da crescente sofisticação dessas fraudes, os órgãos fiscalizadores reforçaram suas ações. A ANP verifica a qualidade dos combustíveis, a adequação dos equipamentos e a correta entrega do volume pago pelos consumidores. As multas aplicadas aos postos infratores variam de R$ 5 mil a R$ 5 milhões, dependendo da gravidade da infração.

É importante mencionar que a lei assegura aos motoristas alguns direitos, como a possibilidade de solicitar testes de qualidade nos postos e exigir o fornecimento correto do combustível. Vale mencionar que denúncias podem ser feitas à Ouvidoria da ANP de forma anônima.

Outro detalhe importante é que os consumidores devem adotar precauções para evitar prejuízos. Entre as medidas recomendadas estão:Dar preferência a postos conhecidos e fiscalizados regularmente;
Verificar possíveis inconsistências nas bombas de abastecimento;
Guardar comprovantes de pagamento para futuras reclamações.

Dessa forma, a intensificação das fiscalizações e a conscientização dos consumidores são fundamentais para combater essas fraudes e garantir um mercado de combustíveis mais transparente e seguro para todos.

*Karoline Calumbi

Jornalista pela UFRRJ, universidade da baixada do Rio de Janeiro. Apaixonada pela profissão e dedicada em diariamente informar e entreter os leitores.


terça-feira, 4 de março de 2025

Marambaia 2025: A Gloriosa Ala do Haroldão Celebra 42 Anos de História!





Desde 1983, quando um grupo de apoio à Escola de Samba Marambaia nasceu, o ilustre e saudoso Haroldão tomou a dianteira, reunindo camaradas de seu partido de esquerda, o PCdoB, para formar uma ala que transcenderia o desfile de carnaval. Com a proposta de conectar os militantes do partido à cultura popular e ao vibrante povo lutador do Bairro de Fátima de São Luís do Maranhão, a "Ala do Haroldão" surgiu como um símbolo de resistência e união.

Haroldão vislumbrou que, além de ser um grupo de resistência, sua ala pudesse ser um local de confraternização e alegria, onde amigos, familiares e militantes do partido pudessem celebrar juntos após um ano de trabalho árduo.

Em 2017, Haroldão nos deixou, mas seu legado perdura. Ele sempre demonstrou um amor inabalável pela Marambaia, chegando a ocupar o cargo de vice-presidente da escola. Embora não tenha vivido para ver sua querida escola sagrar-se campeã em 2018, quando foi homenageado, seu espírito permanece presente em cada desfile da ala que leva seu nome.

A Ala do Haroldão segue desfilando com cerca de 70 componentes, composta na sua maioria por militantes do PCdoB, amigos da família e do bairro. São 42 anos de tradição, contribuindo para que a Marambaia brilhe intensamente e honrando a memória de seu fundador.

Neste ano de 2025 na passarela, celebraremos a força da resistência e a paixão pela cultura popular, perpetuando o legado de Haroldão na Marambaia e nas lutas do povo, representando os romeiros de Aparecida, com o enredo Aparecida, Padroeira do Brasil. Senhora da Fé e da Alegria. 
  
Escute nesse link abaixo, o samba e a ficha técnica: 

domingo, 2 de março de 2025

Carnaval de Passarela de São Luís 2025: Desafios e Dilemas

Marambaia do Samba, campeã do Carnaval de São Luís 2024.
(Foto: Divulgação)

O carnaval de passarela de São Luís, tradicionalmente um dos eventos mais aguardados da cidade, será realizado nos dias 07, 08 e 09 de março de 2025, após as datas oficiais do carnaval. No entanto, este ano, as escolas de samba enfrentam grandes desafios devido ao atraso nos recursos financeiros previstos no orçamento da prefeitura. Esse problema afeta não apenas as escolas de samba, mas também outras modalidades carnavalescas, que ainda não receberam os fundos necessários para suas apresentações.

A maioria das escolas de samba está pleiteando o adiamento do evento para os dias 14, 15 e 16 de março, argumentando que assim teriam mais tempo para se organizarem e se prepararem melhor para os desfiles na passarela do Anel Viário. No entanto, essa solicitação encontra resistência devido a fatores externos.

A prefeitura, sob a liderança do prefeito Eduardo Braide, priorizou o carnaval de banda de palco, investindo pesadamente em bandas de fora do Maranhão. Essas bandas, muitas vezes, exigem pagamentos antecipados para se apresentarem, e esses altos investimentos resultaram na alocação de recursos para além das manifestações culturais locais. Como resultado, blocos Alternativos, blocos organizados, blocos tradicionais, blocos afros, blocos de tribos de índios e as escolas de samba ficam à mercê das decisões políticas e orçamentárias do município.

Esse cenário destaca a necessidade de um equilíbrio maior na distribuição de recursos, para que todas as formas de manifestações culturais do carnaval de São Luís possam ser devidamente valorizadas e apoiadas. O carnaval é uma expressão vibrante da cultura e identidade da cidade, e todos os participantes merecem reconhecimento e apoio para manter essa tradição viva e próspera.

Denúncia

Nosso blog recebeu uma denúncia divulgada no site da câmara dos vereadores, onde o parlamentar do Coletivo Nós, Jhonatan Soares, na tribuna, apresentou números referentes aos valores pagos pela Prefeitura de São Luís para os artistas que se apresentarão na ilha neste Carnaval.

“O cachê da artista Michele Andrade foi de R$ 195 mil em diferentes municípios brasileiros. A prefeitura de São Luís contratou essa artista por R$ 480 mil. A Turma do Pagode recebeu por sua apresentação em diversas cidades brasileiras na ordem de R$ 200 mil. São Luís pagou 550 mil. Klessinha recebeu de cachê R$ 90 mil em outras cidades. São Luís pagou 180 mil. Iguinho e Lulinha receberam em outras localidades entre R$ 250 mil e R$ 300 mil. Em São Luís, eles receberam R$ 480 mil. O DJ Pedro Sampaio recebeu, em São Luís, R$ 150 mil a mais que em outras cidades,” contabilizou o parlamentar.

Jhonatan Soares afirmou ainda que a Prefeitura de São Luís realizou pagamento, no dia 27 de janeiro, das atrações Raça Negra, Ara Ketu, Netinho, Tony Sales, Xande de Pilares, Zé Neto e Cristiano, configurando pagamento antecipado fora da previsão da lei, indício de preço acima do valor de mercado e utilização do orçamento do ano passado para pagar despesas que seriam realizadas no exercício seguinte.

“O prefeito de São Luís pedalou, infringiu a lei, cometeu crime de responsabilidade fiscal. Ele não divulgou o valor dessas atrações, pagou esses artistas antecipadamente quando o orçamento ainda não estava aprovado,” disse Jhonatan Soares.

sábado, 1 de março de 2025

Veto do Ibama à Petrobrás será antinacional e sem sustentação técnica, afirma Capelli

Ricardo Capelli, presidente da ABDI. Foto: João Miguel/ABDI
“As empresas norte-americanas Chevron e Exxon podem explorar petróleo na Margem Equatorial na Guiana. A empresa francesa Total pode explorar no Suriname. E o Brasil não pode? Absurdo. Posição ideológica, antinacional e desprovida de sustentação técnica”, denuncia presidente da ABDI

O cabo de guerra entre Petrobrás e Ibama para permitir a exploração de petróleo na região da Margem Equatorial perdura desde 2023, quando a agência ambiental negou um pedido de licença para a perfuração de um poço na região que compreende o litoral dos estados do Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte.

Hoje o debate é figurinha carimbada nos noticiários e escancara contradições típicas do nosso tempo, localizadas na interação entre preservação ambiental e política econômica que moldam a construção da soberania nacional.

Na última terça-feira (27), o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Capelli, disparou nas redes sociais contra o Ibama: “Só o Brasil não pode? As empresas norte-americanas Chevron e Exxon podem explorar petróleo na Margem Equatorial na Guiana. A empresa francesa Total pode explorar no Suriname. E o Brasil não pode? Absurdo. Posição ideológica, antinacional e desprovida de sustentação técnica.”

Capelli não é uma voz isolada pró-Petrobrás, o próprio presidente Lula já manifestou publicamente sua opinião e gerou muitos burburinhos por isso. Lula apoia a exploração da região e está incomodado com o “lenga-lenga” que virou este cabo de guerra entre as agências governamentais.

A centralidade da pauta ambiental e a necessidade de pavimentar os trilhos da transição energética são condições incontornáveis do nosso tempo, assim como o é a construção de uma nação economicamente soberana. Dentre as contradições dessa situação, devemos nos perguntar, ao menos, por que cabe exclusivamente aos países periféricos o fardo da crise climática, enquanto as potências centrais, responsáveis pela devastação ambiental, continuam explorando nossas riquezas naturais?

Evidentemente, o mundo caminha para a superação do uso dos combustíveis fósseis. No entanto, a ciência ainda não encontrou um substituto seguro e economicamente viável para substituir o petróleo. Sendo assim, o Brasil não pode agir de forma irresponsável na questão da segurança energética. Deixar de explorar petróleo, além de não ser uma solução viável, acabará obrigando o Brasil a importar o produto. Aliás já há avisos sistemáticos de que isso ocorrerá em breve caso o Ibama não mude de posição.

Países que fizeram isso, ou seja, que se precipitaram na restrição açodada do uso de petróleo, como a Alemanha, por exemplo, estão em grave crise e regredindo economicamente. Ironicamente, esse país está sendo obrigado a aumentar o uso de gás importado (caro) dos EUA e até de carvão e lenha. Esta posição de abandonar precipitadamente o uso de combustíveis fósseis é, no fundo, a posição do Ibama ao teimar em impedir a Petrobrás, uma das empresas mais seguras do mundo, de explorar o petróleo da Margem Equatorial.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Bolsonarismo: Prefeito critica desfile da Boa Vista e diz que não fará mais repasses à escola

Foto: Leone Iglesias/AT


O prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), afirmou, na manhã desta quarta-feira (26), que não realizará mais repasses para a escola de samba Independente de Boa Vista.

De acordo com o político, a decisão foi tomada após a agremiação realizar "homenagens a movimentos criminosos" no desfile do Carnaval de Vitória, realizado no último sábado (22). Na ocasião, a Boa Vista apresentou uma ala representando o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

"A partir deste ano, não faremos mas qualquer repasse a escola. Não compactuo com homenagens a movimentos criminosos, que espalham o terror e a tristeza no campo. Quando nos apresentaram o projeto, a escola nos informou que tara uma homenagem ao fotografo Sebastião Salgado, Em nenhum momento nos informou que levaria para a avenida uma ala do MST", afirmou Euclério em uma nota de repúdio publicada nas redes sociais.

Escola se manifesta

Após a nota do prefeito, a Independente de Boa Vista se manifestou sobre o caso. Nas redes sociais, a escola afirmou que gostaria de "aproveitar esta oportunidade para esclarecer alguns pontos importantes a respeito do enredo e da proposta artística apresentada pela escola".

A agremiação declarou, ainda, que a ala do MST foi parte da homenagem ao fotógrafo Sebastião Salgado — que dedicou parte da sua carreira a acompanhar e registrar a luta do movimento. Até o momento, Euclério Sampaio não se manifestou sobre a resposta da escola.

Confira a nota na íntegra:

"A Escola de Samba Independentes de Boa Vista informa que recebeu com atenção a Nota de Repúdio emitida pelo Prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio, em relação ao desfile da escola de samba que aconteceu neste último final de semana. Gostaríamos de aproveitar esta oportunidade para esclarecer alguns pontos importantes a respeito do enredo e da proposta artística apresentada pela escola.

O desfile deste ano teve como tema a vida e a obra do renomado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, reconhecido mundialmente por sua sensível e profunda documentação das questões sociais e ambientais. Salgado, que viveu parte de sua juventude no Espírito Santo, é um dos maiores expoentes da fotografia contemporânea e foi homenageado pela Boa Vista em razão da relevância de sua trajetória e contribuição cultural. Importante ressaltar que Sebastião Salgado passou três anos de sua vida junto ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), realizando o trabalho fotográfico retratado em sua obra, que aborda com sensibilidade as lutas e desafios dos trabalhadores rurais brasileiros.

Uma das alas do desfile, intitulada “Terra”, faz referência a um dos livros mais emblemáticos de Sebastião Salgado. Esta obra retrata as lutas, os desafios e a dignidade dos trabalhadores rurais brasileiros em sua busca pela reforma agrária. Assim, a representação apresentada no desfile visou unicamente destacar esse aspecto importante da obra do fotógrafo, evidenciando a realidade de milhares de brasileiros e promovendo uma reflexão sobre o tema, sem qualquer conotação partidária ou política.

A Independente de Boa Vista tem como propósito principal o fomento à cultura e ao desenvolvimento social em nossa comunidade. Além de sua atuação no Carnaval, a escola promove diversos projetos sociais, culturais e educativos que fortalecem os laços comunitários e geram oportunidades para crianças, jovens e adultos ao longo do ano. A Boa Vista também é responsável por gerar emprego e renda, movimentando a economia local e proporcionando oportunidades para muitos trabalhadores que atuam na confecção de fantasias, alegorias e em outras áreas relacionadas ao desfile.

É com tristeza que a escola de samba Independente de Boa Vista, juntamente com seus componentes, desfilantes, torcedores, amantes do Carnaval e da cultura do nosso estado, recebeu a Nota de Repúdio. Sabemos do coração bom de Euclério, por isso, ficamos na expectativa de uma reversão desse posicionamento. A Boa Vista é um dos maiores expoentes da cultura do Espírito Santo, levando o nome de Cariacica para o Brasil e para o mundo.

Reiteramos o respeito pela opinião do prefeito e reforçamos que o desfile buscou enaltecer a arte, a cultura e a história de um brasileiro que tanto orgulha o nosso país."

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

‘Nikolas Ferreira fez um post sobre mim. Agora não posso mais sair de casa’

Emy participou de atividade na escola vestida de Barbie,
com uma peruca rosa, saia e bota de cano alto (Foto: Divulgação)

Emy Mateus Santos, 25 anos, professora de teatro na rede municipal de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, nunca imaginou que uma atividade pedagógica — fantasiar-se para receber alunos no primeiro dia de um ano letivo — a colocaria no alvo de uma onda de ódio.

Formada em teatro e dança, Emy, que se identifica como travesti, foi integrada à rede de educação pública em fevereiro de 2024, após ser aprovada em concurso público. No início de 2025, foi transferida para a Escola Municipal Irmã Irma Zorzi.

Depois de uma semana de planejamento pedagógico, a coordenação da escola propôs que Emy e outras professoras se fantasiassem para receber os alunos para o primeiro dia de aula de 2025. O propósito era simples: acolher crianças de 6 e 7 anos de forma criativa.

A atividade, inclusive, teve o aval da Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande, que afirmou em nota enviada ao portal G1 que “o uso de fantasias e caracterizações é um recurso pedagógico adotado por professores” de estudantes que estão matriculados no ensino básico na capital do Mato Grosso do Sul. O Intercept entrou em contato com a secretaria pedindo mais informações sobre o caso, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.

Emy, então, foi vestida de Barbie, com uma peruca rosa, uma saia e uma bota de cano alto. Outras professoras e até a coordenadora da escola escolheram as suas próprias fantasias, baseadas em personagens infantis. “Tinha gente de fada, de princesa, de cozinheira”, diz.

Segundo Emy, sua fantasia inspirou reações animadas e lúdicas das crianças. Por isso, na noite de segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025, ela publicou um vídeo em suas redes sociais mostrando a rotina do dia, desde a preparação da fantasia até interações com os alunos.

Mas a cena, que pretendia celebrar a conexão com as crianças, foi deturpada em pouquíssimas horas. No dia seguinte, uma parte do vídeo, editada para remover o contexto pedagógico, viralizou em grupos conservadores da cidade.

Até que, na quarta-feira, 12, entrou em cena o deputado federal Nikolas Ferreira, do PL de Minas Gerais.

Com apenas um story publicado em sua conta no Instagram, Nikolas usou o registro da atividade escolar compartilhado por Emy e escreveu a seguinte legenda.. “Porque [sic] nunca em asilos? Ou para doentes? Ou sem teto? Porque é sempre para crianças?”, escreveu.

Postagem de Nikolas Ferreira amplificou onda de ódio e
transfobia contra Emy(Foto: Reprodução)



A postagem foi o estopim para o caso, que até então estava restrito a Campo Grande, se espalhar pelo país. Além da viralização nas redes sociais, veículos como R7 e Metrópoles repercutiram o vídeo de Emy – mas sem explicar que o episódio não era um ato isolado, que outras professores também se fantasiaram e que a iniciativa havia sido validada pela própria Secretaria Municipal de Educação.

Com a repercussão, Emy virou alvo de uma enxurrada de ameaças. Parlamentares de extrema direita de Campo Grande, como o vereador André Salineiro e o deputado estadual João Henrique Catan, ambos do PL, atacaram a professora até mesmo nos plenários da Câmara Municipal e da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, referindo-se a Emy no masculino e acusando-a de “violar a inocência infantil”.

Além disso, pais de alguns dos estudantes foram à escola exigir explicações, e Emy precisou se afastar da escola por segurança. “Não posso mais sair de casa sem medo”, desabafa. Apesar de a professora ter registrado boletim de ocorrência na polícia e de a Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande ter defendido publicamente o uso de fantasias como recurso pedagógico, a narrativa transfóbica se sobrepôs e reforçou a vulnerabilidade de profissionais trans em ambientes educacionais.

Em entrevista ao Intercept Brasil, Emy ainda contou que, antes mesmo da polêmica, já havia enfrentado transfobia institucional na escola onde trabalhou no ano anterior: foi orientada usar um banheiro isolado, teve seu nome social desrespeitado e presenciou colegas usando a Bíblia para condenar sua identidade.

Leia a entrevista completa no link abaixo:


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Câmara define pena para criação de imagens falsas de nudez com IA

Projeto foi relatado pela deputada Yandra Moura (UNIÃO-SE).
Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Projeto prevê até seis anos de prisão para a criação e propagação de "deepnudes". A pena aumenta para oito anos se for em contexto eleitoral.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (19) o Projeto de Lei 3821/2024, que criminaliza a produção, manipulação e divulgação de imagens de nudez ou atos sexuais falsos gerados por inteligência artificial. O texto, que segue agora para o Senado, prevê penas de reclusão e multa para os responsáveis.

A proposta é de autoria da deputada Amanda Gentil (PP-MA) e foi relatada por Yandra Moura (União-SE), que também incluiu a tipificação do crime no Código Eleitoral. No Código Penal, a punição prevista é de dois a seis anos de reclusão, além de multa. A pena pode ser aumentada em um terço até a metade caso a vítima seja mulher, criança, idoso ou pessoa com deficiência.

No contexto eleitoral, a proposta estabelece uma pena mais severa, variando de dois a oito anos de reclusão para casos envolvendo candidatos. Além disso, se o crime for cometido por um postulante a cargo eletivo, poderá haver cassação do registro de candidatura ou do diploma.

Durante a discussão da matéria, a relatora reforçou que o objetivo do projeto não é restringir a liberdade de expressão, mas punir o uso indevido da tecnologia para a violação da dignidade das pessoas. "A inviolabilidade da imagem não se limita aos meios físicos de violação. Não podemos nos esquivar de regulamentar o uso das tecnologias referentes à inteligência artificial e aos limites de seu uso", afirmou Yandra Moura.

Apesar de questionamentos sobre possíveis impactos na liberdade de expressão, o projeto recebeu apoio unânime na votação simbólica, com parecer favorável de todos os partidos.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

A agressividade dos senhores da terra contra Lula


Por Osvaldo Bertolino – Portal Vermelho, 9/7/2003

Se dividirmos o Estado do Rio Grande do Sul no sentido horizontal, teremos água e vinho, literalmente. A metade norte do Estado, colonizada por italianos e alemães, foi estruturada em minifúndios — assim como a maioria dos outros dois Estados da região sul, Paraná e Santa Catarina. Já a metade sul do Rio Grande do Sul foi estruturada em grandes concentrações de terra — assim como a maioria do Brasil. Enquanto o norte comemora a fartura com vinho — como a famosa festa da uva, em Caxias do Sul —, o Sul faz água com suas enormes estâncias cercadas de populações empobrecidas. Esse quadro sulista é a um só tempo uma fotografia do que o Brasil tem sido e do que poderia ser. As regiões das Missões, do Alto Uruguai e da Serra, ao norte, assim como as regiões Norte, Noroeste e Oeste do Paraná, correspondem à ideia que o resto do Brasil faz do sul: lavouras verdejantes, comércio forte, cidades em progresso. São lugares onde a fome, o analfabetismo e a mortalidade infantil não são tão escandalosos como em outras regiões do Brasil. Já as regiões da Campanha e das fronteiras Sul e Oeste do Rio Grande do Sul não guardam muita distância do que ocorre nos sertões do resto do país.

Essa fotografia social pode ser explicada pelo modo como aconteceu a colonização no Brasil. Enquanto os Estados Unidos atraíam imigrantes distribuindo a eles lotes de terra para que produzissem de modo autônomo, a elite brasileira decidiu resolver o problema da falta de trabalhadores promovendo uma imigração forçada de escravos como mão-de-obra barata para os fazendeiros. Somente alguns trabalhadores puderam ter a própria terra, mas bem longe de onde o país estava estabelecido — primeiro no Rio Grande do Sul e Santa Catarina e depois desbravando matas no Norte, Noroeste e Oeste do Paraná. A abolição da escravatura não eliminou a estrutura oligárquica: antes o dono da terra tinha escravos, agora tinha vassalos. Tampouco a Revolução de 1930 e a industrialização do país mudaram essa ordem que, de certa forma, também se estabeleceu nos minifúndios do sul. A condição de senhor da terra não se alterou e segue solidamente instalada no campo como ideologia dominante. Os coronéis estão representados em todas as esferas da política nacional e seus jagunços continuam atirando a esmo em trabalhadores que lutam por um pedaço de chão.

É fundamental que o Brasil democrático chegue aos latifúndios

Nos anos 1970 e 1980, a ditadura militar empurrou muitas vítimas da concentração de terra para a Amazônia. Junto com elas foram muitos aventureiros que viram nesse gesto dos governos militares a oportunidade de expandir suas fronteiras latifundiárias para o Norte do país — cortando árvores e destruindo ecossistemas mais antigos do que a própria humanidade para plantar soja e criar gado. Muitos dos que foram para lá atrás de terra acabaram constatando logo que aquele solo não se presta à agricultura e sobrevivem do extrativismo predatório da floresta, derrubando árvores milenares para garantir pequenas plantações ou ganhando uma mixaria para jogar mercúrio no rio atrás de minerais preciosos. Esse quadro camponês paupérrimo, enfim, poderia ser radicalmente alterado ao custo de umas poucas leis e diretrizes administrativas. Não faz sentido um país com a extensão do Brasil ostentar um cenário de Idade Média em pleno século XXI. Evidentemente, para essa alteração seria necessário que o governo promovesse uma inflexão no campo.

É fundamental que o Brasil democrático vá até os latifúndios e troque de lugar com os muitos fora-da-lei que hoje dominam vastas regiões improdutivas. Aos aventureiros sem escrúpulos, que se estabeleceram em terras devolutas e se sentem na casa da mãe Joana, caberia aplicar uma receita básica: rua, lei e cadeia. Mas nada se fará enquanto essa idéia não for um posicionamento nacional claro e indiscutível. Esse é o problema. Para essa questão, é necessário considerar que tão importante quanto a vontade política do governo para alterar esse cenário — que indiscutivelmente existe — é a visão dominante que o Brasil tem sobre o campo. A ideologia escravista sobre a nossa estrutura fundiária vê atitudes como as do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) como crimes. Para ela, uma organização que abarca um grande número de pessoas com um enorme potencial de luta num ponto neurálgico da vida nacional é uma inconveniência intolerável. A história brasileira é pródiga em exemplos de repressão às organizações que tentaram mudar as regras desse jogo.

Radicalismo é contraponto ao autoritarismo da oligarquia

Ainda é recente o caso da histeria causada pelo decreto do presidente João Goulart que declarou de interesse social para fins de desapropriação algumas áreas inexploradas. A reação a essa medida, cujo ponto alto foi a tristemente famosa “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” realizada dia 19 de março de 1964 pedindo aos militares que expressavam opiniões reacionárias que derrubassem o governo, teve na Sociedade Rural Brasileira — velha entidades de fazendeiros paulistas — um de seus principais organizadores. Por trás da vã invocação de Deus e da liberdade estavam os interesses terrenos e oligárquicos dos latifundiários — muitos deles grileiros. Os recentes episódios de luta no campo demonstram quão enraizada na elite brasileira está essa ideologia. Do ponto de vista político, essa herança escravista apresenta-se em uma dicotomia clara: de um lado há uns poucos que lutam para manter privilégios com rancor e nenhum bom senso e de outro uma imensa massa sem cidadania que vê no governo Lula uma boa oportunidade para a conquista de um pedaço de terra.

Se há algum radicalismo nas ações dos trabalhadores ele é mero contraponto ao autoritarismo histórico dessa oligarquia. Por nunca ter em seu projeto o conceito de nação, a elite brasileira abriu espaço, com sua conduta de exploração e acúmulo, para ações radicalizadas. Os governos passados, tradicionalmente vinculados ao poder econômico, não funcionavam como elemento de equilíbrio nessa dicotomia e contribuíam para o acirramento das posturas. No governo Lula, o que se espera é uma atitude que traga para o debate nacional a necessidade de se equalizar essa dicotomia. O desafio é gigante. Afinal, num dos pratos da balança estão os proprietários — e seus apoios ideológicos — de algo próximo a 150 milhões de hectares de terras improdutivas, um oceano de solos inúteis ao país que equivale a dois Chiles ou a quinze Coréias, dispostos a defender seus feudos com balas e chantagens — inclusive no Congresso Nacional, ameaçando votações de interesse do governo. No outro prato estão aqueles que viram na eleição de Lula a esperança de termos no país um desenvolvimento nacional integrado, no qual ninguém será esquecido.

Histeria feudal deve soar como sinal de alerta para todos nós

O ponto aqui é encontrar o norte do debate: a ideia de nação. A reflexão sobre algumas propostas do governo para o campo oferece uma visão clara da disposição das peças no tabuleiro do Brasil de hoje. Na reunião realizada dia dois de julho passado entre o governo e o MST, Lula anunciou medidas como a desapropriação de áreas que não cumprem função social e um programa massivo de educação no campo (a íntegra das propostas está na edição do Vermelho do dia três de julho). A rigor, por trás da histeria desatada supostamente pelo gesto de Lula de vestir o boné do movimento está o fato de a elite brasileira não aceitar do povão outra postura que não seja a reverência. Para ela, é um disparate o governo planejar ações do Estado com gente considerada a ralé da sociedade. Essa elite não simpatiza com a ideia de democratizar o debate nacional porque ela sempre viveu sob o domo do Estado, de modo fisiológico e clientelista. Seus expoentes querem forjar uma situação no país que permita a manutenção do status quo, com o governo lhes fazendo favores, lhes protegendo as fontes de lucro e lhes pagando as contas.

Segundo dados do Incra, 94% dos proprietários rurais com latifúndios entre 50 mil e 500 mil hectares sonegam o imposto territorial. Dados da Central Única dos Trabalhadores (CUT) mostram que 3.500 latifundiários foram perdoados de uma dívida de 7 bilhões de reais junto ao Banco do Brasil. No âmbito das empresas, também é possível reconhecer esses traços feudais — uma simbiose de um setor do capitalismo brasileiro com os senhores de terra. Não é novidade que o Estado protege certos monopólios em detrimento de uma economia com profusões de iniciativas. Ainda é a hegemonia do sobrenome, da família e dos círculos a que se pertence que domina o cenário econômico e, em certa medida, político brasileiro. A reação às ações do MST, portanto, é o ideário oligárquico lutando para conservar a riqueza e as oportunidades do mesmo lado da cerca — um comportamento baseado em nossa história de rasgada distância entre classes sociais e fundado na ideologia dominante de que existimos como senhor escravista e escravo, corte e plebe. Mudar esse quadro requer muito mais do que um governo democrático. Esse é um desafio que depende da tomada de consciência dos trabalhadores. A histeria escravista, portanto, soa como sinal de alerta para todos nós.

Carnaval de Passarela em São Luís do Maranhão: Tradição e Inovação

Foto: O Imparcial

O Carnaval de São Luís do Maranhão, conhecido por sua rica tradição cultural, passou por uma transformação significativa nos últimos anos. A cidade, que antes era dominada pelo tradicional Carnaval de Passarela, agora se enche de ritmos baianos durante o período oficial do carnaval. Em resposta a essa mudança, a Prefeitura e os representantes das agremiações carnavalescas tomaram uma decisão estratégica para garantir a continuidade das tradições locais.

Hoje, o Carnaval de Passarela de São Luís acontece em datas posteriores ao carnaval oficial, permitindo que a cidade celebre tanto as bandas de palcos e trios quanto as manifestações culturais maranhenses. Essa estratégia visa evitar que o Carnaval de Passarela perca público, garantindo que ambos os estilos de festa tenham seu espaço e público cativo.

A localização do desfile de passarela é o Anel Viário, um local que acolhe a diversidade cultural e proporciona uma experiência única para os foliões. Nesse espaço, desfilam blocos organizados, tradicionais, afros, tribos de índios e escolas de samba, cada um trazendo sua própria identidade e contribuindo para a rica tapeçaria cultural do carnaval maranhense.

Os blocos tradicionais e os organizados encantam com suas fantasias coloridas e músicas que remetem às raízes locais, enquanto os blocos afros e tribos de índios celebram a herança africana e indígena, respectivamente, com danças, ritmos e cantos autênticos. As escolas de samba, por sua vez, desfilam com carros alegóricos grandiosos e sambas-enredo que contam histórias e homenageiam figuras importantes da cultura maranhense e nacionais.

Essa nova configuração do Carnaval de Passarela em São Luís do Maranhão reflete a capacidade da cidade de se reinventar e adaptar às mudanças, ao mesmo tempo em que preserva suas tradições culturais. É uma celebração que resgata o passado, celebra o presente e olha para o futuro com otimismo e alegria.

Se programe, pesquise em qual brincadeira seja adequada ao seu divertimento, continue a prestigiar seu bloco, sua escola, enfim caia na folia!

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Jesus Luz leva filha ao Candomblé e sofre intolerância religiosa

Jesus com a filha em um terreiro de Candomblé(Foto: Instagram/Ilustração) 

Jesus Luz, 38 anos, sofreu um episódio de intolerância religiosa ao fazer um registro da visita da filha a um terreiro de Candomblé. O caso aconteceu quando o modelo celebrou a liberdade de a menina poder frequentar tanto o terreiro quanto a igreja com a mãe. “Esse amor foi tudo que desejei para ela. Ela vai crescer com grande espiritualidade e com respeito e amor por todos independente de religião. Estou plantando a semente do bem nela nesse mundo tão preconceituoso e enfraquecido mentalmente. Desejo muito amor. Muito Àsé. Que os Òrisàs abençoem vocês”, comemorou.

Nos comentários, muitos seguidores o elogiaram e outros atacaram Luz. “Sou mais seguir a bíblia do que atores que se mostram afastados de Deus. Que é o Deus da bíblia, e não o Deus que inventaram para si. Mude enquanto é tempo. A Bíblia precisa do Espírito Santo para que possa ser entendida. Tem de fazer uma boa Teologia Cristocêntrica”, escreveu um seguidor. “Tá repreendido. Bíblia condena…. Acorda pra vida quanto é tempo”, comentou outro. O modelo ainda não falou sobre o ocorrido.

Fonte: Veja Gente


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Lula lidera todos os cenários para 2026, mostra pesquisa Quaest; veja simulações

Foto: Reprodução/Instagram

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Genial/Quaest divulgada nesta segunda-feira (3) aponta o presidente Lula como favorito para 2026. O petista aparece com o maior índice de intenções de voto nos cenários testados e venceria os principais nomes da direita em um eventual segundo turno. A pesquisa, no entanto, mostra que a vantagem do presidente em relação aos seus adversários caiu consideravelmente em relação a dezembro.

De acordo com levantamento feito no último mês de 2024, por exemplo, Lula venceria o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos) com 26 pontos de frente; essa diferença caiu para nove pontos agora. Contra o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), a vantagem caiu de 34 para 19 pontos no mesmo período. No cenário mais apertado, o presidente aparece à frente do sertanejo Gusttavo Lima, com 41% das intenções de voto a 35%.

Há um empate técnico entre rejeição e aprovação de Lula: 49% dos eleitores conhecem o presidente, mas não votariam nele nas eleições, e 47% conhecem e votariam nele em 2026.

Segundo o diretor do instituto Quaest, cientista político Felipe Nunes, a nova pesquisa mostra que as eleições presidenciais de 2026 estão longe de uma definição. “Se o bolsonarismo e a direita moderada se fragmentarem, o quadro fica imprevisível. Até Ciro Gomes teria chances de enfrentar Lula com a divisão total da direita e da direita radical bolsonarista” avalia. “Isso indica que a oposição vai precisar mais do que os erros do governo para ser competitiva em 2026, ela vai precisar se organizar e se apresentar com alguma unidade para terem um candidato forte contra o incumbente”, observa.

O levantamento mostra que 78% dos eleitores não conseguem dizer espontaneamente em quem votariam se as eleições fossem hoje. “Lula teria 9% e Bolsonaro outros 9%, em uma demonstração da fraqueza e da força dos dois ao mesmo tempo”, diz Felipe Nunes.


Nos quatro cenários de primeiro turno analisados — que não incluem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente inelegível —, Lula lidera todas as simulações. Suas intenções de voto variam entre 28% e 33%, dependendo da composição da disputa. Em um dos cenários com maior número de candidatos, Lula registra 30% das intenções de voto. Em seguida, aparecem o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, com 13%, o cantor Gusttavo Lima, que demonstrou interesse em concorrer à Presidência, mas ainda não tem partido, com 12%, e o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), com 11%. Ciro Gomes (PDT), veterano em eleições presidenciais, marca 9%, ficando à frente dos governadores Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União Brasil), ambos com 3%. Nesse cenário, 14% dos eleitores optariam por votos brancos ou nulos, e 5% se declaram indecisos.

Em outro cenário, onde Tarcísio é substituído pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), Lula mantém a liderança com 28% das intenções de voto. Gusttavo Lima e Pablo Marçal aparecem com 12% cada, enquanto Eduardo Bolsonaro soma 11%. Ciro Gomes alcança 10%, Romeu Zema 5%, e Ronaldo Caiado se mantém com 3%. Nesse caso, os votos brancos e nulos permanecem em 14%, e 5% dos eleitores estão indecisos.


O diretor do instituto Quaest, Felipe Nunes, fez uma análise em seu perfil no X sobre os principais resultados da pesquisa:Lula lidera em todos os cenários de segundo turno, segundo pesquisa Genial/Quaest. Se a eleição fosse hoje, o presidente venceria todos os possíveis adversários. O cenário mais competitivo seria contra Gusttavo Lima, com Lula obtendo 41% dos votos e o cantor, 35%. Nos outros cenários, Lula supera Eduardo Bolsonaro (44% x 34%), Pablo Marçal (44% x 34%), Tarcísio de Freitas (43% x 34%), Romeu Zema (45% x 28%) e Ronaldo Caiado (45% x 26%).

Gusttavo Lima se destaca pelo alto reconhecimento e imagem positiva. Com quase 80% de conhecimento nacional, o cantor supera políticos como Tarcísio, 

Zema e Caiado. Esse reconhecimento é uma vantagem competitiva, já que a visibilidade é essencial para atrair votos.
Falta unidade na oposição. Apesar de 49% dos eleitores reprovarem o governo Lula, nenhum nome da oposição conseguiu mobilizar totalmente esse eleitorado. Parte dos críticos ao governo optaria por votos brancos, nulos ou abstenção.

Vantagem de Lula diminuiu em um mês. Em dezembro de 2023, Lula liderava Tarcísio por 26 pontos; agora, a diferença caiu para 9 pontos. Contra Caiado, a vantagem caiu de 34 para 19 pontos no mesmo período, indicando uma queda na popularidade do presidente.

Potencial de crescimento dos candidatos. Ao analisar a intenção de voto em relação ao grau de conhecimento, Caiado tem 81% de apoio entre quem o conhece, Zema 74%, Tarcísio 62%, Marçal 50%, e Gusttavo Lima e Eduardo 

Bolsonaro, 44%. Governadores como Tarcísio, Zema e Caiado têm potencial para crescer nacionalmente se conseguirem replicar a imagem construída em seus estados.

Destaques da pesquisa:Jair Bolsonaro permanece como o nome mais forte da oposição, mas está inelegível.

Fernando Haddad, como ministro da Fazenda, tornou-se a liderança mais rejeitada, com 56% de avaliação negativa.

Cenários de primeiro turno. Lula mantém um piso histórico de 30% dos votos. Se a oposição se unir em torno de um nome como Gusttavo Lima, ele teria chances de chegar ao segundo turno. Caso a direita se fragmente, o cenário fica imprevisível, abrindo espaço até para Ciro Gomes.

Eleição 2026 ainda indefinida. 78% dos eleitores não sabem em quem votariam se a eleição fosse hoje. Lula e Bolsonaro têm 9% de intenção de voto cada, mostrando tanto a fraqueza quanto a força dos dois polos políticos.

Metodologia da pesquisa. A Quaest ouviu 4.500 pessoas entre 23 e 26 de janeiro, com margem de erro de 1 ponto percentual e 95% de confiabilidade. O estudo foi encomendado pela Genial Investimentos.

Vem ai, SoberanIA: a inteligência artificial do Piauí


Rafael Fonteles anuncia a SoberanIA

O governador Rafael Fonteles anunciou para fevereiro o lançamento da SoberanIA, a primeira plataforma de inteligência artificial com base de dados 100% em português. O super computador necessário para rodar a tecnologia já chegou ao datacenter do Governo do Piauí. A ferramenta está sendo desenvolvida por técnicos do governo estadual, em parceria com startups e pesquisadores brasileiros.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, o governador Rafael Fonteles explicou alguns diferenciais que a plataforma apresenta. “É uma inteligência artificial soberana porque conta com pesquisadores brasileiros de várias instituições renomadas do Brasil, inclusive aqui do Piauí, com os dados brasileiros. É o maior dataset em português, com licença comercial, com mais de 100 bilhões de palavras só no início, só na primeira fase”, ressaltou o governador.

A ferramenta terá funcionamento semelhante ao ChatGPT, mas sob o domínio do Estado do Piauí, independente de big techs. A estrutura de IA poderá servir comercialmente para governos estaduais, municipais e empresas públicas que tenham interesse.

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

O feminismo burguês e a emancipação da mulher


Por Osvaldo Bertolino

Feminismo e emancipação feminina. Eis uma questão que atravessa os tempos e desafia as formulações políticas que enfrentam a histórica ordem econômica e social regida pela opressão. Compreender o conceito de emancipação é o primeiro passo. Ele tem no entendimento de que a dicotomia opressores e oprimidos não é natural, uma condição que pode ser superada pelo domínio da ciência sobre as leis que determinam os fenômenos sociais, conhecido na história como socialismo científico, a grande síntese do pensamento sobre a igualdade social, desde a Antiguidade Clássica.

O tema está no livro Trajetória teórica e política do feminismo emancipacionista, publicação da Secretaria Nacional da Mulher do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), uma coletânea de texto do período entre 1954 e 2012, infelizmente pouco conhecido. É uma espécie de síntese daquilo que Vladimir Lênin, o líder da Revolução Russa de 1917, definiu como “base teórica clara e precisa” do movimento feminino. A secretária da Mulher, Liège Rocha, explica na apresentação que os textos foram publicados em revistas, jornais, boletins e outros veículos, além de informes de congressos do Partido.

O marxismo como síntese

São 403 páginas de textos de especialistas no tema: Ana Rocha, Clara Araújo, Iracema Ribeiro, Jô Moraes, Liège Rocha, Lilian Martins, Loreta Valadares, Lúcia Rincón, Mary Garcia Castro, Milton Barbosa, Olga Maranhão e Sara Romero da Silva. O texto que abre o livro, de Jô Moares, intitulado A origem da opressão da mulher, é uma espécie de apresentação da ideia emancipacionista. À indagação sobre se o homem é por natureza opressor, ela responde: “Nos movimentos de mulheres sempre surge a ideia de que a nossa luta é contra os homens. O preconceito com que a maioria da população vê o termo ‘feminismo’ vem daí.”

Loreta Valadares, no texto A ‘controvérsia’ feminismo-marxismo, é enfática. “As críticas à pretensa ‘insuficiência’ do marxismo sobre a questão da mulher se fazem presente em quase todas as análises sobre a situação de dependência e inferioridade na sociedade, bem como sobre as origens de sua opressão. Evidentemente, as diversas teorias feministas não param somente na crítica à interpretação do marxismo sobre o processo de transformação da sociedade, mas, sobretudo, investem contra o caminho apontado pelo marxismo para a luta de emancipação da mulher”, escreve.

Sara Romero da Silva, no artigo A classe operária e a questão de gênero, ressalva que no campo da teoria marxista vai sendo evidenciado o esgotamento de uma série de modelos teóricos e práticos, “sem o suficiente desenvolvimento científico do próprio marxismo por parte de seus seguidores”. “O marxismo-leninismo afirma, e a vida, tanto no mundo capitalista como das experiências socialistas, tem confirmado que a exploração de classe é decisiva em relação à opressão de gênero e que esta última não se resolverá sem que se resolva a exploração de classe.”

A questão é compreender o marxismo como síntese do pensamento social na história. “O marxismo apresentou a primeira formulação sistematizada acerca da opressão da mulher”, escreve Liliam Martins no artigo As mulheres e o socialismo. “Incorporando ideias formuladas pelas primeiras feministas, pelos socialistas utópicos, como Fourier, desvendou a origem dessa opressão como intrinsecamente ligada ao surgimento da propriedade privada, à formulação das classes sociais.”

O poder da reprodução humana

No artigo Gênero, trabalho e pobreza: para além dos direitos iguais, Clara Araújo constata que “as crises do capitalismo agravam sobremaneira as adversas condições de vida da maioria das mulheres”. “A chamada globalização tem como um dos pontos constantemente abordados o argumento de que, em uma economia internacionalizada, de mercados transnacionais, o Estado vai perdendo sua razão de ser, assim como o próprio conceito de soberania”, diz. “A ideologia neoliberal é, portanto, contrária à própria essência das reivindicações materiais das mulheres, que dependem de iniciativas de cunho social.”

Pelo mesmo viés, Lúcia Rincon comenta, no artigo O papel da maternidade, que “o poder da reprodução humana sempre foi alvo privilegiado de preocupações daqueles que detêm o poder econômico e político e que procuram dominá-lo e controlá-lo”. “Na sociedade patriarcal e, depois, na sociedade capitalista, muitos foram os cientistas e ideólogos que se dedicaram a compreender e a explicar a reprodução humana”, escreve.

Nos textos, o ponto de vista marxista é o norte das argumentações, mas não são poucas as observações críticas sobre leituras artificias do conceito emancipacionista. Mary Garcia Castro destaca, no artigo Feminismo marxista – mais que um gênero em tempos neoliberais, que o marxismo é uma teoria científica e um movimento social crítico das sociedades de classe, em particular contra o capitalismo. “A referência no feminismo de corte liberal e social-democrata e mesmo dito ‘radical’, porque destacaria sexualidade e diferenças, é uma mulher genérica, desterrada da classe e raça. Mas em tendências no feminismo socialista, que se pautam por leituras acríticas do marxismo, também se aporta a uma mulher proletária genérica. Sem circulação na raça ou em outras identidades marcadas por sistemas político-econômico-culturais de opressões.”

Sara Romero Silva, no artigo Origens da opressão de gênero, afirma que “houve um tempo em que militantes socialistas consideravam, em termos práticos (e até teóricos), que a luta de classes explicava tudo”. “No entanto, Marx e Engels trazem o ensinamento de que é preciso conhecer melhor a realidade, não fechar o ângulo de visão. O próprio surgimento das ideias marxistas sobre a questão da família e da mulher traz essa lição também.”

Milton Barbosa, no bem ilustrado artigo Pequena contribuição metodológica ao feminismo emancipacionista, escreve que “durante um tempo demasiadamente longo e enfadonho, a filosofia e a ciência, com seus mais ilustres e melhores representantes, desqualificaram a mulher, tornando-a uma obviedade desinteressante para a investigação racional”. “Mais do que isso, a apropriação privada pré-capitalista e capitalista, que inicialmente aprisionou-as à vida doméstica, impedindo-as de desenvolver uma visão ampla da sua existência e de suas possibilidades enquanto ser humano, hoje as objetifica e mercantiliza, faz do corpo feminino um meio de acesso à vida pública para eternizá-la como objeto de desejo dos machos, velhos e novos.”

Uma vida livre e feliz

Ana Rocha encerra o livro com o texto Impactos da ideologia neoliberal na subjetividade feminina. “Vimos que a mulher avançou sua presença no espaço público, mas que a questão da dupla jornada permanece como um problema crônico, que tem afetado a vida da mulher, aumentando seus impasses, estresse e sobrecargas. Para entendermos como o neoliberalismo aprofundou essa sobrecarga e traz uma ameaça de retrocesso na condição feminina é necessário abordarmos em que consiste a vitória ideológica-cultural do neoliberalismo no mundo.”

Antes, o livro tem dois textos do 4º Congresso do Partido, realizado em 1954. O primeiro é uma intervenção de Iracema Ribeiro. “O trabalho de ganhar milhões de mulheres para o Programa (do Partido) só poderá se desenvolver com pleno êxito quando deixar de ser apenas tarefas das seções do trabalho feminino e das organizações de base femininas e for incluído entre as tarefas permanentes e diárias de todos os organismos do Partido.”

Olga Maranhão, também em intervenção no 4º Congresso, disse que o Partido Comunista do Brasil é herdeiro das gloriosas tradições de luta do povo e dirige “as lutas das massas femininas pelos direitos e interesses da mulher, pela paz, pelas liberdades democráticas e pela independência nacional”. “O Partido nos ensina que a ação unida e organizada das grandes massas femininas é indispensável para assegurar às mulheres uma vida livre e feliz.”

Mulheres contra os homens

Um ponto abordado em algumas passagens do livro, referente à indagação de Jô Moares sobre a natureza opressora do homem, representa um dilema histórico. O que se convencionou chamar de “sexismo” é tratado por ela no artigo A nova etapa do feminismo como “ruptura”, que se dá, “fundamentalmente, com o chamado feminismo da igualdade na sua expressão liberal-reformista”. “A concepção da universalidade da condição feminina reforçou-se com a ideia da ‘irmandade de mulheres’, que constituía o modelo feminino de fazer política. Expressa com força no feminismo americano, a ideia da irmandade se desenvolveu amplamente pelo mundo”, relata.

Jô Moraes traz um conceito que, às vezes, tenta se impor pelas palavras, tirando do debate o arejamento das ideias e o exercício reflexivo. Essa discussão, na verdade, é antiga. No Partido Comunista do Brasil ela aparece, por exemplo, numa sabatina do então deputado constituinte comunista Carlos Marighella, em 1946, em Salvador. “Com a presença de grande número de mulheres, operárias, donas de casa, elementos femininos progressistas de várias classes sociais e representantes da Liga Femina Democrática, além de pessoas outras, teve lugar na sede da Associação dos Empregados do Comércio, a sabatina com o deputado Carlos Marighella com as mulheres baianas”, noticiou a agência de notícias do Partido, Iter Press.

Segundo Marighella, a mulher só poderia se libertar “procurando se organizar e conseguindo participar da produção, porque então obterá uma situação de independência econômica, de onde decorrerão todas as outras situações de liberdade e vida digna e moderna”. Citou como exemplo a União Soviética, onde, mesmo após a vitória do socialismo, persistiu a violência contra a mulher. Mas “as mulheres mais esclarecidas se organizaram e se uniram às companheiras e, após séria luta organizada, conseguiram a sua independência”. E falou do falso feminismo, que se dizia disposto a emancipar as mulheres, um movimento de mulheres contra os homens.

Marighella citou o exemplo de mulheres no parlamento na França e na União Soviética para dizer que, com o atraso político no Brasil, mulher alguma tomava assento no Legislativo, a exemplo da dirigente comunista Adalgisa Cavalcanti, de Pernambuco, cuja candidatura à Assembleia Constituinte não foi reconhecida. Era um momento em que o Partido promovia debates sobre a emancipação da mulher. O Barão de Itararé, nome mais conhecido de Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, era um dos palestrantes.

Destruir Cartago

Em 1956, A Editoria Vitória, ligada ao Partido, publicou, em livreto, uma coletânea de textos de Lênin, sob o título O socialismo e a emancipação da mulher. Num dos textos ele diz que “a verdadeira emancipação da mulher, o verdadeiro comunismo, só começa onde e quando comece a luta das massas (dirigida pelo proletariado, que detém o poder do Estado) contra a pequena economia doméstica, ou melhor, onde comece a transformação em massa dessa economia na grande economia socialista”.

Em outra passagem, ele relata que “em dois anos, em um dos países mais atrasados da Europa, o poder soviético fez pela emancipação da mulher, por sua igualdade com o sexo ‘forte’, mais do que haviam feito todas as repúblicas avançadas, cultas, ‘democráticas’, do mundo inteiro, no curso de cento e trinta anos”.

O livreto inclui um cativante artigo de Clara Zetkin (personagem histórica do feminismo marxista), intitulado Lênin e o movimento feminino, relatando uma longa conversação com ele em 1920. Vale reproduzir essa pérola: “Fazer a crítica histórica dessa sociedade significa dissecar sem piedade a ordem burguesa, desnudar sua essência e suas consequências e estigmatizar, além disso, a falsa moral sexual. Todos os caminhos levam a Roma. Toda análise verdadeiramente marxista de uma parte importante da superestrutura ideológica da sociedade ou de um fenômeno social importante deve conduzir à análise da ordem burguesa e de sua base, a propriedade privada; cada uma dessas análises deve conduzir a essa conclusão: ‘É preciso destruir Cartago.’ Lênin sorria e fazia com a cabeça sinais de aprovação.”

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Ceará é o único estado em que gás do lixo vira combustível para distribuição

5% de todo o gás canalizado do Ceará vem do lixo. Sustentabilidade é isso! 
 Foto: Reprodução/Gasmig

O Ceará é o único estado do país em que o gás do lixo de aterros vira combustível e é injetado diretamente na rede de distribuição para moradores. Detalhe: a quantidade é significativa: 15%!

Sim, 15% do gás que abastece o Ceará inteiro vem de resíduos tratados, segundo uma reportagem do Fantástico. O aterro sanitário de Caucaia, próximo a Fortaleza, consegue receber e tratar 6 mil toneladas de resíduos por dia.

Quando se decompõem, os restos de comida produzem gás metano, que é captado e transformado em combustível para diversos usos. O processo, além de reduzir a emissão de gases de efeito estufa, contribui para a preservação ambiental!

Vanguarda no país

O Ceará mais uma vez está exportando bons exemplos para o país, não é?

Para Hugo Nery, diretor-presidente da Marquise Ambiental, os benefícios do GNR, o gás natural renovável, não são apenas financeiros. Trata-se também de uma questão de cuidar do planeta.

“É um produto extremamente verde, renovável, e além disso, faz sentido financeiro, porque ela está pagando mais barato do que o gás de petróleo”, explicou em entrevista ao JN.

Quando não é tratado, o metano, produzido pelo lixo, é um dos principais vilões do clima. Sem os cuidados necessários, ele vai para a atmosfera e aquece o planeta.

Vantagens do gás natural

Sim, o processo é um ganha-ganha.

Uma das principais vantagens é o fato de o combustível ter um impacto ambiental reduzido, já que a emissão de gases poluentes em relação aos derivados do petróleo e carvão é significativamente menor.

Além disso, o processo garante uma alta produtividade e um maior nível de segurança, uma vez que o produto não precisa ser armazenado em vasilhames.

O transporte também se beneficia, pois o GNR é transportado via gasodutos, o que garante maior agilidade e dinamismo.

O aterro sanitário de Caucaia, consegue receber e tratar 6 mil toneladas de resíduos por dia
Foto: JN
O que é o GNR

O gás natural renovável é muito diferente de combustíveis fósseis.

À medida que materiais biodegradáveis, como óleo de cozinha usado, resíduos de animais, lodo e efluentes, entre outros, se decompõem, o metano é liberado.

Depois, ele é capturado e convertido durante um processo em GNR.

Como o metano é o principal componente do gás natural, o GNR pode ser usado em motores a gás natural sem precisar de modificações.