domingo, 21 de agosto de 2011

O Trotiskismo no Brasil

Do Blog O OUTRO LADO DA NOTÍCIA
No Brasil atuam os trotskistas. No passado, formavam um grupelho inexpressivo que se limitava, como os seus parceiros de outras regiões, ao ataque permanente à URSS socialista e ao partido da classe operária. Faziam provocações, tentavam organizar frações no seio do Partido Comunista do Brasil, sem êxito.
Na atualidade, são mais numerosos. Durante o período da ditadura militar, quando a repressão se tornava violenta contra os autênticos revolucionários, contra os democratas consequentes e até mesmo contra os reformistas, eles começaram a ganhar terreno. Exceto elementos isolados, não eram tão perseguidos. Hoje constituem grupos que ostentam as mais variadas denominações: "Convergência Socialista", "Libelu", "Alicerce", "Centelha", "Travessia", "Peleia" etc. Uns são filiados à ala da IV Internacional que edita a Tribuna Internacional, outros à do Correio Internacional. Publicam alguns periódicos: Em Tempo, Alicerce, O Trabalho, entre outros.
Por certo tempo sua atividade foi panfletária, sem maior significação. No momento da reorganização dos partidos políticos, os trotskistas de diferentes tendências, sem exceção, integraram-se maciçamente no Partido dos Trabalhadores, presidido por Luís Inácio da Silva. Cobrindo-se com a bandeira do PT, trataram de ligar-se às massas, em especial à pequena-burguesia. Com o tempo, e astúcia, foram-se assenhoreando de posições importantes nesse partido que surgira de lideranças sindicais envolvidas nas lutas grevistas de 1978-80, sem experiência política. Muitas teses errôneas defendidas por dirigentes do PT são de origem trotskista. E não apenas conceitos políticos ou filosóficos, mas também métodos de atuação sectários, exclusivistas e até provocadores.
Ao introduzir-se no PT, o seu objetivo é buscar um ponto de apoio à sua atividade perniciosa no movimento democrático e no seio da classe operária e do povo. A finalidade que perseguem pode ser resumida da seguinte maneira: impedir ou dificultar a unidade da classe operária e das forças populares; apoderar-se, com a capa de petista, das organizações de massas que, em seguida, se transformam em entidades de uma determinada tendência política, perdendo seu caráter massivo, sendo levadas a posições estreitas e antiunitárias; bloquear a união das correntes democráticas e patrióticas; e, principalmente, tentar marginalizar o partido marxista-leninista, o PC do Brasil, arma afiada da luta pelo socialismo. Isoladamente, os trotskistas representam pouca coisa, sua desmoralização é grande. Mas acobertados com o manto do PT conseguem penetrar entre as massas usando linguagem ultra-radical como meio de atrair os trabalhadores. Seu radicalismo nada tem de revolucionário; no fundo, são reformistas, economicistas. No que respeita à política, circunscrevem-se a palavras-de-ordem gerais, abstratas, sem relação com o curso real da situação.
São useiros em lançar campanhas e jornadas irrealistas, estreitas, que se esvaziam num palavreado oco e terminam em acusações aos que não lhes seguem as pegadas. As organizações que caem sob a sua influência imobilizam-se, tornam-se arena de disputas intestinas entre grupos trotskistas. Falam muito em organização independente da classe operária no terreno sindical. Mas a orientação que preconizam é a da divisão, da fundação de múltiplas centrais sindicais que servem para isolar os trabalhadores em agrupamentos ligados a correntes políticas diversas. Por sinal, tal orientação coincide com as do imperialismo, do Vaticano e da socialdemocracia. O proletariado precisa de liberdade sindical, da independência de seus sindicatos frente ao Estado e aos patrões. Mas ao lutar pela liberdade e autonomia sindical, em defesa dos seus interesses vitais, os trabalhadores almejam a unidade da classe, opõem-se ao fracionamento, à divisão de suas fileiras o que favorece unicamente ao capital, à exploração burguesa.
Entre a juventude, os trotskistas promovem atividades dissolventes, desagregadoras, desmoralizantes. Tratam de explorar o sentimento de renovação e rebeldia sempre presente nos jovens, ansiosos de liquidar os tabus, os preconceitos, os empecilhos levantados pelo mundo burguês ao progresso social e cultural. Introduzem idéias malsãs, propagam, como se fossem progressistas, deformações e vícios da sociedade capitalista em decomposição.
Minoria insignificante nos movimentos de massa, procura impor opiniões e projetos recorrendo a métodos fascistas. Por meio do tumulto, da balbúrdia, das vaias dirigidas criam um ambiente de confusão nos atos massivos, buscando impedir dessa forma o pronunciamento e a argumentação dos que não comungam de seus pontos de vista. Com isso comprometem a própria imagem do Partido dos Trabalhadores que aparece como organização adversa à democracia.

TENTATIVA DE TRANSFORMAÇÃO DO PT EM ORGANIZAÇÃO TROTSKISTA

O Partido dos Trabalhadores é uma organização ainda indefinida sob o aspecto político-ideológico. Tende para a social-democracia, embora criticando certas posições dessa corrente. Nega ser um partido burguês, mas não se pode caracterizar como partido operário. Ideologicamente situa-se no campo da pequena-burguesia e, no quadro político, aspira a se tornar trade-unionista.
Desse modo, é terreno propício à atividade em suas fileiras de variadas correntes, sobretudo das que se opõem ao socialismo científico. Aí atuam setores anticomunistas da Igreja, alguns renegados do verdadeiro partido da classe operária, os trotskistas de diferentes matizes e, sem dúvida, também os carreiristas políticos.
Mas no PT há setores sadios, sindicalistas sinceros, democratas conseqüentes, trabalhadores combativos. Formam, aliás, a parte principal dos que fundaram e sustentam o Partido dos Trabalhadores.
Penetrando nesse Partido, os trotskistas tinham em vista preparar as condições para mudar o caráter da organização e dela se apossar. Seus intentos dentro do PT nunca foram honestos. Em 1982, declararam abertamente que seu objetivo atuando nas hostes petistas era transformá-las num partido trotskista, ligado à IV Internacional.
"Aos trotskistas, que batalham no interior do PT, como fração consciente, cabe trabalhar lealmente(!) procurando vincular o PT ao combate pela Internacional Operária, que para nós, trotskistas, não é outra coisa senão a IV Internacional" (o grifo é nosso) ("Resolução do VI Congresso da Organização Socialista Internacionalista", trotskista).
As publicações trotskistas em diversos países apresentam-no como se fora um partido na senda do trotskismo.
Ao mesmo tempo que buscam dominar o Partido dos Trabalhadores, abrem luta com o que chamam de sua "ala direita", ou seja, os que não rezam pela cartilha dos partidários de Trotsky.
"O comportamento dos trotskistas deve ser claro: combater decididamente a ala direita (...) representada por uma parte da cúpula do partido" ("Resolução do VI Congresso da OSI", trotskista).
Airton Soares, um dos fundadores do PT e líder da bancada petista na Câmara Federal, é considerado pelos trotskistas como "o porta-voz da ala direita (...) que assumiu nitidamente uma posição de porta-voz da burguesia no interior do partido" ("Resolução da OSI", já citada).  Os trotsquistas tomam resoluções sobre os movimentos sindical, do funcionalismo público, dos estudantes etc. para serem aplicadas pelo PT. Ditam, na prática, a orientação e a linha de conduta desse partido em tais movimentos. Eles se opõem acintosamente à unidade dos estudantes dentro de suas organizações tradicionais, a UNE e a UBES. Querem transformá-las em instrumento de sua manipulação sectária. Numa resolução da OSI, de maio de 1983, se lê:
"Para desenvolver esta batalha (varrer a direção unitária da UNE), os trotskistas se lançam na organização dos estudantes do PT, impulsionando a construção de núcleos, a realização de encontros por universidade, cidade, estado e nacional" (...) "Constatam que é em torno do PT que se agrupa o núcleo da oposição à direção da UNE".
Salta à vista que os trotskistas utilizam o PT como simples instrumento da sua política. E quanto à UBES, proclamam que o centro de preocupação dos partidários de Trotsky é:
"a intervenção no interior do PT, no sentido de que os secundaristas do partido se engajem na construção da Oposição (...) Para nós, trata-se de ter como eixo de intervenção, no interior do PT, a construção de núcleos por escolas (...) O engajamento dos petistas na luta contra a diretoria (da UBES) é fundamental na constituição da Oposição".
De fato, nos Congressos e Encontros estudantis, os trotskistas aparecem arrebanhando os petistas. São repetidamente derrotados pela união crescente dos estudantes de todo o país que lutam pela liberdade, pela unidade, em defesa das justas reivindicações dos universitários e dos secundaristas, contra o regime militar que oprime o Brasil há vinte anos.
No que se refere à atividade internacional, o Congresso da OSI (maio/1983) traça a linha a ser seguida pelo PT.
"No interior do PT – diz a resolução aprovada pelos trotskistas – as atividades de defesa da Revolução Política na Polônia adquirem importância na luta pela afirmação do PT como partido operário independente contra o stalinismo. Isso significa que o PT deve prolongar a sua solidariedade aos trabalhadores poloneses, ligando-se ao movimento internacional de solidariedade que se desenvolve".
Igualmente, a respeito da ação sindical e da CUT os trotskistas falam pelo Partido dos Trabalhadores.
Alguns êxitos alcançados pelo PT são atribuídos única e exclusivamente aos trotskistas em suas publicações. "O decisivo no CONCLAT – escrevem eles – foi a bancada de 200 trotskistas (...) A campanha pela libertação dos líderes sindicais respondendo a processos na Justiça Militar, também foi obra dos trotskistas (...) A CUT seria o resultado do trabalho dos trotskistas aliados à ANAM-POS" e assim por diante. A pretensão é grande. Mas não ficam nisso. Consideram que palavras-de-ordem fundamentais do PT são fruto da elaboração trotskista (o que não é de todo inexato). Enfim, o PT já seria, nesta altura, uma mescla de sindicalismo e de trotskismo em marcha para se converter numa entidade da IV Internacional.
Que se acautelem os petistas: o cavalo de Tróia dos trotskistas já invadiu seus domínios, lealmente!...
Os trotskistas não são aquilo que blasonam. Resumem-se a pequenos grupos em constante desagregação. A "Convergência Socialista" praticamente desapareceu, hoje vive em função de uma ala jovem denominada "Alicerce da Juventude Socialista". Alguns jornais deixaram de circular por falta de leitores. Eles mesmos confessam que "cai o número de militantes trotskistas" e que "a venda dos jornais" se reduz. Mas continuam ativos na sua pregação e ação contra-revolucionária.

Na luta ideológica contra os encapuzados inimigos da revolução, torna-se necessário desmascarar também o trotskismo. Isto faz parte do combate geral pela elevação do nível de consciência política das grandes massas que precisam distinguir, na complexidade da luta de classes, o joio e o trigo.
Em nosso país há um proletariado jovem surgido no curso das últimas duas ou três décadas. Não conhecem o desmascaramento, feito no passado desses camuflados adversários do comunismo. Vivendo sob ditadura feroz, teve poucas possibilidades de entrar em contato com as idéias avançadas que lhe dizem respeito. Está ansioso por fazê-lo, mostra-se receptivo aos pontos de vista revolucionários. Por isso é indispensável ajudá-lo a não se confundir, a saber separar as opiniões corretas das incorretas. Os trotskistas constituem uma das muitas variantes da política burguesa para o movimento operário. Seus dirigentes são falsos sinaleiros do caminho da revolução social.

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