Por Roberto César Cunha*
Numerosos estudos têm se debruçado sobre as condições sociais às quais a população jovem do país está submetida, principalmente pelo fato de que estas condições determinam o lugar do jovem na sociedade e influenciam na sua forma de projetar o futuro, recaindo, principalmente, sobre a juventude pobre, grande parte das mazelas oriundas do sistema econômico e da insuficiência de um plano de desenvolvimento de nação. No entanto, são os jovens os que estão, potencialmente, mais preparados para enfrentar os problemas contemporâneos, já que são mais aptos para lidar com a era da informação e da tecnologia, por exemplo.
Em meados dos anos 1960 o idiota americano Lyndon Johnson vaticinou “cinco dólares investidos contra o crescimento da população são mais eficazes do que cem dólares investidos no desenvolvimento econômico.” No Maranhão, em especial São Luis, isso não é mera retórica, mas uma bula seguida na íntegra. Vide o massacre, arruinamento, deterioração e aniquilamento da juventude maranhense.
Em São Luis o extermínio da juventude ocorre de forma sistemática diariamente: milhares entram na "fabulosa" carreira do crack; a imensa maioria fazem parte da magnitude gloriosa do exército do desemprego; quantidade homéricas de "come-cola" em becos e esquinas; na "sagrada periferia" (para os PHD's da UFMA) crianças morrem de simples disenterias. Sem trabalho na cidade sem um teto decente, sem pratos cheios para cada meio-dia, juventude a mercê da sorte. Verdadeiros circos de horrores. As desigualdades assumem magnitudes cada vez mais dramáticas e trágicas. Em pesquisa recente do observatório social de São Luis apresenta vários índices onde atestam a realidade chocante juvenil da capital maranhense. O triste desenvolvimento começa com extremada dificuldade de nascer, aonde o índice de mortalidade infantil chega em 16,8 por mil, bem abaixo da média nacional. Outro índice que levanta espanto é alta taxa de abandono escolar 3,65% e 16,7% no ensino fundamental e médio respectivamente. Fica nítido o arcabouços de obstáculos que o jovem de São Luis enfrenta logo nos primeiros momentos de vida. A ameaça ao futuro juvenil se agudiza pelo fato das necessidades básicas como de emprego. Segundo o relatório do observatório social de São Luis 78% dos jovens de 15 a 25 anos estão desempregados ou subempregados e que os 22% em empregos formais ganham semi-corveia de até R$ 755,97. Além disso, um número graúdo de gravidez na adolescência em que 21 % das novas mães tem até 20 anos de idade. Também um grave problema e o da violência letal com foco na participação da juventude e na sua dimensão na incipiente metrópole. Vários estudos mostram que as mortes por homicídios têm, como vítimas preferenciais, os jovens. Estes, menos afeitos às doenças, tendem a morrer mais por outras causas, como as chamadas causas externas, entre elas o homicídio, como se mostrará a seguir. 243 por cem mil jovens são assassinados na faixa de 15 e 24 anos.
Esta é uma imagem real da situação, “um quadro eloqüente” da vida da grande maioria dos jovens com suas dignidades humilhadas, honestidades insultadas e principalmente condenadas à vala rasa suas esperanças. O capitalismo não passa de “escravismo disfarçado”. Lênin mesmo reafirma que o capitalismo não faz mais do que perpetuar as antigas formas de opressão e exploração sob uma capa “moderna” um longo e penoso processo de arruinamento, deterioração e expropriação. É lastimável tal quadra histórica. Sem vanguarda e retaguarda a juventude vai se arruinando e se erodindo do intemperismo social das elites burguesa. O grande desafio é fazer um estudo e uma investigação séria a respeito da aniquilação juvenil na cidade.
Certo, o duro de tudo isso é ver esse trem desgovernado espalhando a destruição de nossa juventude, nosso futuro, “as mentes ávidas da amanha”. Essa é ainda ressaca da mantra mágica do laissez – faire neoliberal. É o velho salvem-se quem puder. Esta quadra de desordem, transbordamento e derretimento a juventude está no centro nevrálgico.
É preciso acabar com a “romantização” da marginalidade da juventude, ir alem do que se ver. Levantar a cabeça e enxergar fora dessas idiotas conferências de juventude seja livre, municipal, estadual e nacional que discutem essas baboseiras de políticas públicas: projovem urbano; distribuição de panfletos de sensibilização, entre outros.
Busca da realidade com rigor e “análise concreta da realidade concreta” sem a beatificação das quimeras oportunistas dos "intelectuais do dizer e do falar" e dos intelectuais establishment com seus prognósticos cassándricos ou dos supostos gestores de PPJ com suas mentalidades arcaicas e caducas.
*Roberto César Cunha, Geógrafo formado pela UFMA e estudioso em Geografia Urbana.
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