segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Racismo deve ser combatido por governos e sociedade


Toda vez que um cidadão, seja de que etnia for, é discriminado por sua cor, um golpe certeiro e duro é dado na democracia brasileira. Foi assim no mais recente episódio vexatório, ocorrido dentro de uma concessionária de carros na Barra da Tijuca, bairro da Zona Oeste do Rio e se repete, veja só, por órgãos ligados a governos, como na polícia militar de Campinas, em São Paulo. No primeiro episódio, lamentavelmente um filho negro e adotivo de clientes brancos é rechaçado pelo vendedor como se fosse um pedinte. No segundo, em outra situação, é a Segurança Pública que elabora um comunicado oficial priorizando a abordagem de negros e pardos da região do interior paulista.
Nos dois casos, dois duros golpes na democracia, nos direitos humanos e na condição cidadã de parte da nossa miscigenada sociedade.
O racismo, entranhado ainda em muitas camadas sociais do País, ajuda a desenvolver até casos de violência, que se avolumam continuamente no Brasil. Uma recente pesquisa do governo e de entidades privadas mostrou que, proporcionalmente, os negros são duas vezes mais vítimas de assassinatos que os brancos nos estados.
O traçado estatístico mostra ainda que o número de homicídios em geral contra brancos está diminuindo enquanto os crimes contra negros aumenta. Pra se ter ideia, no ano de 2002, morriam em assassinatos proporcionalmente 65% mais negros que brancos. Oito anos depois, essa porcentagem subiu para 132%.
Assuntos como esse devem ser pauta prioritária de municípios e estados, articulando freqüentemente o combate ao racismo. Isso pode ser feito na promoção de um ensino público que valorize e resgate as raízes africanas, como a própria Lei 10.639/03 regulamenta e, também, através de políticas públicas que fomentem a equidade racial. Toda e qualquer ação neste sentido deve estar nas agendas de prefeitos e governadores.
Até 2022, as Organizações das Nações Unidas (ONU) estabeleceram que viveremos a Década Internacional dos Povos Afrodescendentes. O objetivo é simples: debater avanços obtidos e lições aprendidas, mas, principalmente, superar esses desafios vergonhosos. Como se vê, depende dos governos e da própria sociedade combater essa ótica de marginalização do negro. É uma luta de todos nós.

Texto de Jadira Feghali

Deputada Federal do PCdoB








Fonte: Reproduzido do Site da Deputada Jandira Feghali

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