quarta-feira, 2 de abril de 2014

Saiba: 5 mitos sobre o suicídio

O suicídio é uma das principais causas de morte no mundo inteiro. Os seus segredos e estigma obscurecem as causas do suicídio e podem até mesmo invalidar a prevenção.

"O suicídio é um grave problema de saúde pública que recebe pouca atenção da sociedade, porque as pessoas não querem falar sobre isso", disse o Dr. Adam Kaplin, professor de psiquiatria e neurologia da Universidade Johns Hopkins, nos EUA.

Considerando a implicação brutal que esta problemática tem a nível social e familiar, aqui estão alguns dos mitos principais sobre o suicídio e a verdade que está por trás deles.
 
5. Suicídio ocorre mais durante as férias

Diante da agitação e stress que muitas pessoas sentem por volta das férias, talvez seja natural que o mito de que os suicídios aumentam durante os meses de inverno persiste. Na verdade, o suicídio não mostra nenhum padrão sazonal.

Mas picos, quando ocorrem, dão-se geralmente na primavera. Este padrão de sazonalidade da primavera remonta ao final dos anos 1800, de acordo um estudo das taxas de suicídio em todo o mundo publicado na revista Social Science & Medicine, em 1995.

O estudo descobriu que, no Hemisfério Norte, o suicídio aumentava em maio. Este efeito é mais forte em países agrícolas e em climas temperados, onde as diferenças sazonais são mais pronunciadas.

Os pesquisadores não sabem ao certo porque esses padrões sazonais existem, mas a principal teoria sustenta que a vida social torna-se mais intensa nos meses mais quentes, colocando stressores extras em pessoas que lutam com a saúde mental. [Porque as pessoas tentam o suicídio]
 
4. Abordar o tema do suicídio coloca ideias na cabeça das pessoas

Quando as pessoas estão deprimidas, os seus entes queridos podem ter medo de perguntar se eles estão a ter pensamentos suicidas, preocupando-se com o facto de poderem colocar a ideia na cabeça da pessoa. Não é o caso, dizem os especialistas.

Na verdade, os profissionais de saúde mental dizem que, se você está preocupado com alguém, a melhor coisa a fazer é falar com eles abertamente. Perguntar a alguém se está a ter pensamentos suicidas não vai colocar os pensamentos na cabeça da pessoa.

Pelo contrário, pode até ajudar essa pessoa a quebrar a tensão e sigilo que alimenta o comportamento suicida. E , acima de tudo, falar ajuda a pessoa a pedir ajuda. No entanto, ao falar com alguém sobre o suicídio, não tente convencer as pessoas a não o fazerem, informa a Fundação Americana de Prevenção ao Suicídio (AFSP).

Frases como: "Você tem tanto para viver", podem colocar alguém nas garras de pensamentos suicidas. Compaixão e empatia são fundamentais. A AFSP aconselha palavras como: "As coisas devem ser realmente terríveis para você estar a sentir-se assim".

De igual forma, nunca deixe uma pessoa suicida sozinha e tenha a certeza de que a pessoa não tem acesso a meios letais, tais como armas de fogo. [Teste de sangue pode prever o risco de suicídio]
 
3. A conversa suicida é apenas busca de atenção

Um mito comum sustenta que as pessoas que falam sobre pensamentos suicidas ou pessoas que se auto-mutilão estão apenas clamando por atenção, enquanto que os que nunca dizem uma palavra são os únicos a realmente passar ao ato. Isso não é verdade.

Falar sobre morrer ou magoar-se a si mesmo é um dos principais sinais de alerta de uma tentativa de suicídio, de acordo com a AFSP. Nem todo a gente que tenta o suicídio vai sinalizar as suas intenções, é claro, mas só porque alguém está a falar sobre suicídio não significa que não o façam.

Se alguém afirma querer morrer ou cometer suicídio, ou se estiver a pesquisar maneiras de se matar, devemos informar as autoridades, os familiares e amigos próximos, e não deixar que a pessoa fique só.
 
2. A maioria das pessoas deixa uma carta

Ao ouvir que alguém cometeu suicídio, a questão imediata é muitas vezes: "Será que deixou uma carta?" A ideia de que a carta escrita é uma parte fundamental do processo de suicídio pode fazer sentido para a mente não-suicida, de acordo com o psicólogo Thomas Joiner da Florida State University.

Mas, na realidade, os estudos descobriram que a percentagem de suicidas que deixam notas situa-se entre zero e 40 por cento. "O fato é que a maioria das pessoas não faz cartas", afirma Joiner. "Eu acho que a razão para isso é que eles estão num estado de espírito muito alienado, cortado das pessoas, por isso eles não estão inclinados a comunicar-se".
 
1. O suicídio é inevitável

A ideia de que o suicídio é inevitável é, talvez, o mito mais pernicioso de todos. Muitas pessoas acreditam que uma pessoa suicida vai arranjar alguma maneira de morrer, não importa o quê - esse argumento é usado por aqueles que se opõem a barreiras de suicídio na ponte Golden Gate, por exemplo.

Na verdade, mais de 90% das pessoas que cometem suicídio têm problemas de saúde mental diagnosticáveis, mostra a pesquisa. Mas o ato em si é muitas vezes a resposta de uma pessoa stressada e perturbada a uma crise momentânea.

Um estudo de 2001 publicado na revista Suicide and Life-Threatening Behavior descobriu que entre 153 casos de suicídios quase concluídos, 24% das pessoas tentaram matar-se 5 minutos após decidirem cometer suicídio. Setenta por cento fez uma tentativa uma hora após a decisão.

Além disso, 90 por cento das pessoas que tentam o suicídio e sobrevivem (mesmo através de meios extremamente letais, como armas de fogo) não irão morrer de suicídio, sugere um artigo de 2008 publicado The New England Journal of Medicine.

É por isso que os especialistas em saúde mental, aconselham a remoção de oportunidades e meios de as pessoas cometerem suicídio - assim que a crise passe, a pessoa pode ser tratada com sucesso relativamente ao transtorno mental subjacente.

Como o sobrevivente Ken Baldwin disse à revista New Yorker, em 2003, acerca da sua tentativa de se matar pulando da ponte Golden Gate, o arrependimento foi imediato: "eu imediatamente percebi que tudo na minha vida que eu pensei não ter solução era totalmente solucionavel ​​- exceto pelo salto". [Livescience]
 

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