segunda-feira, 4 de maio de 2015

Santa Luzia do Tide: Terra onde a lei maior é a pistola! Até quando?

Ontem (03/05), já no final do feriado prolongado, foi divulgado em quase todos os blogues, emissoras de rádio e TVs, mais uma morte pela pistolagem que ainda reina na cidade de Santa Luzia do Tide, região do Vale do Pindaré. Dessa vez assassinaram Cícero Ferreira da Silva, "Vavá da Faísa”, lavrador, vereador de 2º mandato pelo PCdoB, eleito no início desse ano como Presidente da Câmara de Vereadores, uma posição prestigiada para maioria da classe política, porém para o povo Luziense uma posição sempre perigosa quando na sua história, sempre quando surgem pessoas que vieram da luta pela terra, assumem posições destacadas como essa, a classe que sempre usou a pistolagem para ameaçar e assassinar de maneira fácil figuras de destaque.

Infelizmente amig@s internautas, quem tem boa memória ou não tem informação, nossa Santa Luzia do Tide sempre foi destaque do crime organizado, roubo de carga e assassinatos de lideranças populares. A ganância pela madeira e pela grilagem de terras, ainda impera nessa importante cidade do centro da região do Pindaré.

Podemos destacar também que em 17 de setembro de 1984,o sindicalista Raimundo Alves da Silva, o “Nonatinho”, tesoureiro do SMTT de Santa Luzia, e que foi o primeiro presidente da entidade, também foi assassinado a tiros. Dirigente comunista, o lavrador de 50 anos, casado e pai de 12 filhos, tinha sido um dos principais líderes na luta dos trabalhadores rurais na região de Pindaré. Ele foi morto nas proximidades de sua casa, em Santa Luzia do Tide, com quatro tiros disparados por pistoleiros.

Essa situação nunca foi combatida no governo oligárquico. O Tribunal de Justiça e o Ministério Público do Maranhão tomaram algumas providencias, porém tímidas. Vejam o vídeo e matéria da TV Mirante do dia  07/06/2010 aqui.

Ver. Vavá (PCdoB), mais uma vítima da pistolagem.
Nesse caso de ontem, segundo colhemos informações, o governo do estado, aplicará todas as diligencias possíveis para esclarecer o ato covarde e criminoso, colocará os pistoleiros e seus mandantes o mais rápido possível na cadeia e programará medidas preventivas e investigatórias que possam apontar organizadores criminosos que se alojaram naquela região há muito tempo.

Nós dos movimentos sociais e pertencentes de partidos de esquerda que nunca arredou da luta pela liberdade, pedimos justiça!

O nosso blog coloca para os amig@s, alguns registros de vítimas da repressão no campo, mortos, presos e torturados em Santa Luzia do Tide:

Amadeu Manoel de Melo e sua mulher, posseiros em Sucuruizinho, município de Santa Luzia, mortos em julho de 1978, devido a conflitos na região – localizada no vale do rio Zutiua, onde mais de 600 famílias habitavam. Em 1974, começaram as tentativas de grilagem. Em 1975, a Comarco começou a retalhar a terra para grandes grupos. Os grileiros, à frente de um grupo de jagunços, praticaram violências contra os posseiros, obrigando-os a assinarem recibos de venda das benfeitorias. Atearam fogo nas casas, espancaram e humilharam os posseiros. Um dos grileiros armou uma milícia, que usava farda e armamentos da PM e do Exército.

Hermínio Alves da Luz, posseiro da Fazenda Maguary, município de Santa Luzia, morto por questões de terra em julho de 1978. Durante as comemorações do Dia do Lavrador, o lavrador Antônio Alves Sobrinho narrou o desaparecimento de Hermínio, que morava havia quatro anos nas terras da fazenda Maguary, propriedade reivindicada pelo então senador José Sarney. O caso começou quando Antônio Rodrigues de Souza, conhecido como “Cearense Carlos”, que até aquele ano já tinha praticado 11 grilagens, começou a cercar os povoados e intimou Hermínio a vender a sua terra. Tendo Hermínio se recusado à venda, um vaqueiro de Cearense Carlos procurou alguém para matá-lo. Em seguida, Hermí- nio desapareceu. 

Gregório Alves, Raimundo Oliveira Lima, Francisco Nobre e Lourival Gaia, presos e espancados em Floresta, município de Santa Luzia, por mais de 60 soldados, em 1980. 

Edson Rodrigues Moreira, trabalhador rural do município de Santa Luzia, morto por pistoleiro em julho de 1981. Antes mesmo do crime, o mandante, o grileiro Fernandinho Vilela, vinha espalhando o terror entre os posseiros, com o objetivo de se apropriar de uma área de 12 mil hectares. 

Elias-Zi Costa Lima (o “Zizi”), presidente do STR de Santa Luzia, assassinado no mercado da cidade em novembro de 1982, diante de dezenas de testemunhas, por filhos do grileiro José Gomes Novaes. 

Benedito Raquel Mendes e Acelino Raquel, pai e filho, respectivamente, lavradores na fazenda Sapucaia, povoado Aparizal, município de Santa Luzia, mortos no dia 25 de fevereiro de 1984. O executor foi o gerente da fazenda Sapucaia, Carlindo Paiva Maia. 

Raimundo Alves da Silva (“Nonatinho”), tesoureiro do STR Santa Luzia, o primeiro presidente da entidade, assassinado a tiros em 17 de setembro de 1984. Ele foi morto nas proximidades de sua casa, em Santa Luzia, com quatro tiros disparados por pistoleiros. O sindicalista de 50 anos, casado e pai de 12 filhos, tinha sido um dos principais líderes na luta dos trabalhadores rurais na região de Pindaré. 

Valentin e José (“Zezinho Careca”), lavrador e sindicalista, respectivamente, moradores do município de Santa Luzia, mortos na localidade de Arapari, em 16 de junho de 1985. No conflito, os comerciantes Raimundo Zeca, Luís Chaves e Francisco Emiliano, que executaram os dois trabalhadores, cobravam uma dívida referente à produção de arroz que os lavradores não tinham podido pagar em função de uma praga que reduziu a sua colheita em 80%. As informações disponíveis dão conta que os comerciantes haviam recebido dinheiro da fazenda Faisa para cometer o crime. O dono da fazenda pretendia, desta forma, tomar a posse dos lavradores. 

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