sexta-feira, 15 de março de 2019

Memórias da Imprensa Alternativa no Brasil: lembrar é um ato político


A série de reportagens Memórias da Imprensa Alternativa no Brasil surgiu da vontade de trazer à tona as muitas histórias dos jornais e dos jornalistas que lutaram pela democracia durante os anos em que o Brasil viveu sob ditadura civil-militar (1964 a 1989).
Em matérias especiais, registramos em texto e vídeo as alegrias e dificuldades, a coragem e a angústia, as reuniões de pauta e o trabalho de reportagem de 14 jornais alternativos que circularam durante o período de exceção democrática no país.
Os personagens ouvidos por Opera Mundi trazem por meio de suas memórias uma história marcada pela resistência contra o autoritarismo que se instaurou no Brasil. Conversamos com grandes nomes do jornalismo brasileiro como Audálio Dantas, Raimundo Pereira, Elifas Andreato, Carlos Azevedo, Amelinha Teles, Neusa Maria Pereira e muitos outros personagens que participaram da construção desses periódicos.
A série buscou contar a história de publicações que alcançaram grande sucesso editorial à época, e de outros efêmeros que, em alguns casos, tiveram apenas uma edição. Periódicos como Amanhã, criado e dirigido por membros do movimento estudantil no período que antecedeu o AI-5, demonstravam a intenção dos estudantes de resistir ao golpe civil-militar de 1964 e dialogar com a classe trabalhadora.
Parte da equipe que fundou o jornal Amanhã iria trabalhar mais tarde na consolidação de dois dos maiores periódicos da imprensa alternativa, Opinião e MovimentoOpinião, que nasceu em uma tentativa de oposição dentro da legalidade contra a ditadura, e Movimento, que cobriu de perto o fim da censura e a campanha pelas diretas, viriam a se tornar duas grandes referências de bom jornalismo feito pela imprensa alternativa.
Episódio cruel na história do Brasil, o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, preso no DOI-Codi e morto durante sessões de tortura, se mostrou decisivo para enfraquecer a ditadura e dar estímulo para os movimentos de resistência. Ninguém melhor do que Audálio Dantas, presidente do sindicato dos jornalistas e diretor do jornal Unidade à época, para contar essa história.
Publicações como Brasil MulherVersusÁrvore das Palavras Abertura traziam as questões identitárias e culturais para a agenda de reivindicações. Dissidente do Movimento, o jornal Em Tempo entraria para história por conta da publicação da lista dos torturadores que atuavam nos porões da ditadura. Os Cadernos do Terceiro Mundo buscavam unificar o pensamento da esquerda ao redor do mundo e, ao mesmo tempo, mostrar o que acontecia no Brasil. Libertaçãotrabalhava na clandestinidade e servia como órgão de informação da Ação Popular. O TrabalhoABCD e Oboré deram voz aos trabalhadores do movimento operário e serviram como catalisador da resistência em um momento de dispersão do movimento contra a ditadura.
Essas histórias estarão para sempre gravadas, seja na memória de seus atores principais, seja nas páginas desses jornais. Opera Mundi buscou reunir parte dessas histórias que devem ser contadas por muitos anos, pois no embate da memória, lembrar se torna um ato político. A memória nos previne e deve ser preservada e celebrada junto com a democracia.
Abaixo, clique nos links para ler todas as reportagens da série:
FONTE: Opera Mundi

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