domingo, 10 de maio de 2020

Vídeo conspiratório sobre coronavírus está dando dor de cabeça às redes sociais


Foto: Canaltech

Uma série de documentários conspiratórios sobre a pandemia do novo coronavírus está colocando à prova os esforços de Facebook, Twitter e YouTube no lide com fake news sobre a situação. Ainda em seu primeiro episódio, Plandemic é focado em “expor a elite científica e política que organiza a farsa do sistema global de saúde”, trazendo pílulas de informação e relatos bombásticos em um formato viral.

O primeiro capítulo, por exemplo, tem 26 minutos e foi lançado nesta semana, espalhando-se pelas redes sociais mais rapidamente do que moderadores e sistemas automáticos são capazes de agir. Basta uma busca para encontrar o conteúdo, por mais que fontes desapareçam ao longo do tempo e sejam substituídas por outras. Além disso, como normalmente acontece em plataformas assim, surgem materiais refutando ou apoiando o conteúdo original, o que apenas ajuda a disseminar as informações falsas e aumentar sua popularidade e alcance.

Plandemic é apresentado por Judy Mikovits, que se apresenta como uma ex-pesquisadora da área de saúde. No vídeo, ela afirma que o novo coronavírus foi criado em laboratório e dissemina desinformação sobre o uso de máscaras, afirmando que, ao contrário do que recomenda a Organização Mundial de Saúde, utilizar a peça causaria uma “reativação” na contaminação, já que o indivíduo estaria em contato direto, repetitivo e constante com os patógenos.

Outras fake news também são ventiladas por ela, como a ideia de que as mortes por COVID-19 estariam sendo infladas para que médicos e hospitais recebessem auxílios governamentais e seguros de vida. Ainda, Mikovits divulgou um apelo ao presidente americano Donald Trump para que encerre o isolamento social no país e desincentive o uso de máscaras, medidas taxadas por ela como “perigosas”.

No YouTube, achar o original é mais difícil, enquanto uma busca por "Plandemic" traz diversas discussões, rodas de debate e demais vídeos conspiratórios, assim como produções informativas que tentam derrubar as alegações de Mikovits. Entretanto, de acordo com reportagem do CNET, foi lá que ele arrebanhou nada menos de 4,7 milhões de visualizações antes de ser removido pela primeira vez e começar a ser disseminado por aí.

Uma busca por "Plandemic" exibe caixas informativas sobre a pandemia e links a fontes oficiais sobre a COVID-19. Em nota, a empresa afirmou que retira do ar vídeos que incluam conselhos infundados sobre a pandemia. O Facebook assumiu postura semelhante, mas apontou que muitos dos compartilhamentos realizados na plataforma são feitos em grupos fechados e usam links externos, o que impede ações mais diretas e eficazes.
Achar Plandemic no YouTube é mais difícil; site exibe caixa com informações oficiais e pesquisa traz diversos vídeos apoiando ou derrubando a teoria da conspiração (Imagem: Reprodução/Felipe Demartini)
O Twitter foi um pouco além e bloqueou a exibição, nas pesquisas, das hashtags usadas pela produção de Plandemic para divulgar os vídeos, que vem sendo marcados como conteúdo sensível pela plataforma. Apesar disso, mensagens publicadas por Mikovits e outros apoiadores das teorias conspiratórias não vêm recebendo o mesmo tratamento, enquanto é possível encontrar facilmente, pela busca, diferentes compartilhamentos do primeiro capítulo da produção, tanto hospedados na própria plataforma quanto em links externos.

No Google, uma busca simples por "Plandemic" exibe o site oficial do documentário logo na primeira página — mas ele aparece abaixo de diferentes notícias sobre a conspiração e a retirada de conteúdo do ar. A página em si não contém o vídeo, apenas a informação de que o documentário completo deve ser lançado no começo do segundo semestre e um campo para que interessados se inscrevam para receber o material e ajudem na divulgação.

Falando ao CNET, o cineasta Mikki Willis, responsável pela série de documentários, afirma que essa reação das empresas de tecnologia já era esperada e que não há a intenção de apelas quanto à retirada do conteúdo. Em vez disso, ele afirma trabalhar em estratégias para furar tais bloqueios e garantir que os vídeos alcancem cada vez mais pessoas em todo o mundo.

Fonte: Canaltech

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