quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Inflação dos alimentos até setembro é a maior desde início do Plano Real

Índice da inflação dos alimentos e bebidas corresponde à maior alta para os nove primeiros meses do calendário em 28 anos, ou mais precisamente, desde o início do Plano Real (Getty Creative)

Dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) consultados pelo jornal Folha de S. Paulo apontam que os segmentos de alimentação e bebidas já acumulam uma inflação de 9,54% no ano, de janeiro a setembro. O índice corresponde à maior alta para os nove primeiros meses do calendário em 28 anos, ou mais precisamente, desde o início do Plano Real.

Segundo o jornal, algumas explicações para a alta dos preços seriam os extremos climáticos, que afetaram por exemplo a produção de verduras e legumes; a pressão dos custos dos insumos utilizados no campo e as cotações das commodities agrícolas, cuja situação foi agravada por conta da Guerra da Ucrânia.

"Em setembro, o grupo alimentação e bebidas até recuou 0,51% no IPCA. Foi a maior baixa desde maio de 2019 (-0,56%) e a primeira desde novembro de 2021 (-0,04%). Com o resultado, a inflação acumulada no ano desacelerou de 10,10% até agosto para 9,54% até setembro. No acumulado de 12 meses, a alta passou de 13,43% para 11,71%", informa a reportagem.

Um exemplo recente de alimento afetado pela alta dos preços é a manteiga. De acordo com dados do Índice de Preços do Consumidor Amplos (IPCA), o produto segue aumentando de valor, apesar da deflação recente. O índice geral ficou em 7,17% nos 12 meses encerrados em setembro, já o da manteiga registrou alta de 23,5% no mesmo período.

Especialistas do setor argumentam que a alta no preço do produto é reflexo de fatores como a Guerra na Ucrânia e o fenômeno meteorológico da La Niña. Além disso, o insumo enfrenta o período de entressafra, que ocorre quando pasto fica mais seco, e os produtores precisam aumentar o uso de ração para alimentar o rebanho.

Uma das maiores taxas do mundo

Em julho, um relatório divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) comprovou que a inflação no Brasil segue entre as maiores do mundo e bem acima da média das grandes economias.

A inflação ao consumidor chegou a 9,6% em maio no conjunto dos 38 países que fazem parte da OCDE. Esse é o maior patamar registrado desde de agosto de 1988.

Um termômetro da grave situação que vive ao Brasil é a afirmação emitida pelo Banco Central, na qual a instituição financeira admite que a meta inflação será descumprida em 2022 pelo segundo ano seguido. Em uma tentativa para cumprir a meta para o próximo ano, o BC elevou a taxa básica de juros para 13,25% ao ano.


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