quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Desigualdade S.A.

Foto: Site História do Mundo

A riqueza dos cinco maiores bilionários do mundo dobrou desde 2020, enquanto a de 60% da população global – cerca de 5 bilhões de pessoas – diminuiu nesse mesmo período. Se o cenário geral não mudar, em 10 anos teremos o primeiro trilionário, mas só conseguiremos acabar com a pobreza em 230 anos!
Uma nova aristocracia econômica está surgindo, enquanto bilhões de pessoas penam para sobreviver em meio à pobreza, fome, guerras e austeridade econômica.

Nosso relatório Desigualdade S.A. – Como o poder corporativo divide nosso mundo e a necessidade de uma nova era de ação pública revela como os super-ricos do mundo criaram uma nova era de poder corporativo e monopolista que garante lucros exorbitantes e também controle sobre as economias dos países. E também como essas corporações e seus bilionários alimentam as desigualdades pressionando trabalhadores, negando direitos, evitando o pagamento de impostos, privatizando o Estado e destruindo o planeta.

O que pode ser feito?

O poder público precisa intervir na maquina corporativa de produzir desigualdade. Um mundo mais justo e menos desigual é possível se os governos redesenharem os mercados para serem mais justos e livres do controle de bilionários. Se quebrarem monopólios, derem mais poder aos trabalhadores, tributarem as corporações e os super-ricos e, principalmente, investirem em uma nova era de bens e serviços públicos.

A riqueza dos cinco homens mais ricos do mundo aumentou 114% desde 2020, enquanto que a de 5 bilhões de pessoas diminuiu no mesmo período.

Nos próximos 10 anos o mundo poderá ter seu primeiro trilionário, mas levará quase 230 anos para acabar com a pobreza.

No Brasil, em média, o rendimento das pessoas brancas é mais de 70% superior à renda de pessoas negras.

4 dos 5 bilionários brasileiros mais ricos aumentaram em 51% sua riqueza desde 2020; ao mesmo tempo, 129 milhões de brasileiros ficaram mais pobres.

Veja o relatório completo, sumário e a nota metodológica no link da matéria abaixo:


sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Mineradoras podem ter sonegado R$35 bilhões em 5 anos

Impactos da mineração na natureza. | Foto: Divulgação

A evasão fiscal provocada por mineradoras na taxa de compensação devida no Brasil pode ter atingido aproximadamente R$ 35 bilhões nos últimos cinco anos, de acordo com estimativas baseadas nos dados de arrecadação da Compensação Financeira Pela Exploração Mineral (CFEM). No Brasil, a cada R$ 1 arrecadado em CFEM, R$ 1 é sonegado, segundo dados da Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite), do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria-Geral da União (CGU), citados em uma nota técnica da Agência Nacional de Mineração (ANM), indicam que a cada R$ 1 arrecadado em CFEM, R$ 1 é sonegado.

A sonegação acompanha a flutuação na arrecadação da taxa, que segue os lucros bilionários do setor mineral. Em 2023 e 2022, a CFEM ficou em torno de R$ 7 bilhões; 2021 registrou o pico, atingindo R$ 10,2 bilhões; em 2020, foram R$ 6 bilhões; e em 2019, R$ 4,5 bilhões. Assim, de 2019 a 2023, as mineradoras podem ter sonegado cerca de R$ 35 bilhões em CFEM.

Além disso, processos de cobrança podem prescrever, com rombo adicional de R$ 20 bilhões. Em 2022, dos 35 mil existentes, somente 13 mil processos minerários existentes no Brasil recolheram CFEM. No mesmo ano, apenas 17 mineradoras foram fiscalizadas. A atual equipe da CFEM na ANM conta com solitários 4 servidores e um chefe para fiscalizar a taxa em todo o Brasil.

A CFEM foi estabelecida pela Constituição de 1988 e regulamentada em 1989. Ela é um tributo que incide sobre a mineração no Brasil. Mais de 3 mil municípios, entre produtores e afetados, recebem a CFEM. Além disso, cerca de 2 mil municípios limítrofes também recebem uma parte. A taxa é aplicada em quase todo o país, sendo uma forma de compensar os impactos sociais e ambientais da mineração. A arrecadação é distribuída entre União, estados e municípios, contribuindo para o desenvolvimento sustentável das regiões envolvidas.

A Agência Nacional de Mineração (ANM) vive sua pior fase desde sua criação, em 2017, com falta de estrutura, orçamento, déficit de pessoal, sistemas tecnológicos e bases de dados ineficientes. A precariedade e a incapacidade de fiscalização favorecem a sonegação da CFEM e causam prejuízos bilionários aos cofres públicos.

A CGU, em relatório, apontou diversas irregularidades cometidas pela ANM, incluindo “baixa formalização e padronização dos procedimentos de planejamento, execução, comunicação e registro dos resultados das fiscalizações, bem como falta de revisão e supervisão em todas as etapas dos trabalhos realizados”.

Maiores mineradoras do Brasil:

Vale S.A.: A Vale é uma das maiores empresas de mineração do mundo e tem uma presença significativa no Brasil, com operações em diversos minerais, incluindo minério de ferro, níquel, cobre e carvão.

Anglo American: A Anglo American é uma empresa global de mineração com operações em várias partes do mundo, incluindo o Brasil. Ela está envolvida na extração de minério de ferro, níquel, cobre, entre outros.

BHP Billiton: Embora seja uma empresa global com sede na Austrália e atuação em diversos países, a BHP tem operações de mineração no Brasil, principalmente no setor de minério de ferro.

Mineração Usiminas (Musim): Esta empresa é uma joint venture entre a Usiminas e a japonesa Sumitomo Corporation, focada na exploração de minério de ferro.

Mineração Rio do Norte (MRN): A MRN é uma empresa que opera na extração de bauxita, matéria-prima para a produção de alumínio.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Novo PAC garante recursos para fortalecer transporte ferroviário no Brasil


Um meio de transporte que sai na frente quando o assunto é sustentabilidade, eficiência e segurança, e ainda carrega consigo o desenvolvimento socioeconômico por onde passa. O transporte ferroviário no Brasil foi negligenciado por décadas, mas começou a retomar seu protagonismo em 2023, com políticas específicas de incentivo e reconstrução, determinadas pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e desenvolvidas pelo Ministério dos Transportes.

Com o Novo PAC, os projetos ferroviários foram elencados como prioridade pelo Governo Federal, e contam com um investimento previsto de R$94,2 bilhões até 2026. A medida é uma forma de fomentar a ampliação do modal no País. “A tarefa não é simples, uma vez que o Brasil tem dimensões continentais, mas é extremamente necessária. Por isso, estamos discutindo novos modelos e pretendemos mais que quadruplicar os recursos aplicados em ferrovias no Brasil nos próximos anos”, defendeu o ministro dos Transportes, Renan Filho.

Destaques do segmento no primeiro ano de gestão:

• Criação da Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário, com o objetivo de atrair investimentos privados e impulsionar a indústria e a operação do setor;
• Retomada de obras estruturantes, como a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) ;
• Conclusão da Ferrovia Norte-Sul (FNS), que liga Estrela D’Oeste (SP) e Açailândia (MA);
• Investimento de R$ 175 milhões nas obras da Transnordestina;
• Crescimento de 4,2% na movimentação ferroviária no País, na comparação de 12 meses entre outubro de 2022 e o mesmo mês do ano passado;
• Estruturação do Plano Nacional de Ferrovias, diretriz fundamental para o crescimento do setor e que deve ser lançada neste ano;
• Estudos para concessões: Malha Oeste; Corredor Arco-Norte (Ferrogrão); Ferrovia Centro-Atlântica; Malha Sul; Corredor Leste-Oeste; Estrada de Ferro Rio-Vitória (EF -118 ) Corredor Nordeste (FTL);




“O modal ferroviário voltou a ter protagonismo com o reforço no aporte dos recursos públicos e com a elaboração de políticas públicas voltadas a atrair investimentos privados com segurança jurídica,” destacou o secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro.

Resultado desses esforços, o que estava parado foi retomado, como é o caso da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), primeira obra anunciada a compor o Novo PAC. Com um investimento de R$ 1,5 bilhão em 127 quilômetros de extensão do trecho 1F do lote 1, as obras seguem aceleradas e resultarão em um importante corredor de escoamento de minério do sul da Bahia e de grãos do oeste baiano. O lote 2, no trecho compreendido entre Barreiras (BA) e Caetité (BA), com 485 quilômetros de extensão, está com 65% das obras previstas concluídas.

Emprego e renda

A potência da indústria ferroviária pode ser traduzida em números: o setor emprega atualmente 66 mil trabalhadores, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer). Um deles é Álvaro Aguiar, de 30 anos, que trabalha no canteiro de obras da Fiol desde 2013, pela Infra S.A., empresa pública vinculada ao Ministério dos Transportes. Ele começou como auxiliar de serviços gerais, mas se encantou com as particularidades e a magnitude do empreendimento e decidiu cursar engenharia civil. Hoje, formado, compõe o corpo técnico da fiscalização da obra.

“O transporte ferroviário é muito significativo para o País como um todo, com relação a economia, exportação de todo a produção nacional, isso tem uma grande visibilidade para o mundo, e para nós aqui gerando empregos”, afirmou.

Outro que trabalha no canteiro de obras da Fiol é Adelmário Silva, que atua no segmento ferroviário há 12 anos. Baiano de Dom Basílio, no interior do estado, se emociona ao falar do papel das ferrovias em sua vida. “Olho lá para trás, quando tudo começou, e onde estou hoje. Olho tudo aquilo que passou ali, e vejo que eu me desenvolvi profissional e pessoalmente também. Tenho dois garotinhos, e eles me motivam muito a estar desempenhando meu papel com eficiência na ferrovia”, orgulha-se.

São pessoas como Álvaro e Aldemário que contribuem para uma infraestrutura de qualidade. E o resultado aparece: a movimentação de cargas em junho de 2023 registrou alta de 7,2% em comparação com o mesmo mês do ano anterior, com 47,6 milhões de toneladas transportadas. No acumulado do ano, a alta chega a 4,1%, com o transporte de 241,6 milhões de toneladas.

Obras a todo vapor

Uma das entregas mais importantes de 2023 foi a Ferrovia Norte-Sul, um empreendimento com 2.257 quilômetros de trilhos, que atravessa quatro regiões brasileiras. A obra, que conecta os portos de Itaqui (MA) e de Santos (SP), era esperada há quase quatro décadas.

A conclusão do empreendimento permitirá que três estados brasileiros com forte produção de commodities – como soja, milho e algodão – tenham saída para seus produtos pelo mar.

Com a linha férrea, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais ganham competitividade no momento de exportar seus produtos, seja pelo litoral do Sudeste ou pelo Norte do País.

"Hoje o Brasil exporta por ferrovias somente 17% do que produz. Nossa meta é somar esforços, de investimentos privados e públicos, e assim elevar esse índice para 40% até o ano de 2035", afirmou Renan Filho.

Outro corredor ferroviário estratégico, a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico) recebeu atenção do Governo Federal, que liberou cerca de 300 quilômetros de frente de obra por meio de processos de desapropriação. Para a Fico já estão garantidas 8 mil toneladas de trilho, o que possibilitará a montagem de 66,6 quilômetros de via permanente.

Com a missão de promover a integração nacional e aproximar o Brasil dos principais mercados mundiais, a Transnordestina também está entre as ações prioritárias do Novo PAC. Em 2023 foram investidos cerca de R$175 milhões nas obras, que hoje contam com uma evolução de 60% de avanço físico.

De Eliseu Martins (PI) até o Porto de Pecém (CE), a Transnordestina terá uma extensão de mais de 1,2 mil quilômetros e será responsável pelo transporte de grãos, fertilizantes, cimento, combustíveis e minério. A ferrovia cortará 53 municípios dos estados do Piauí, Ceará e Pernambuco.

Em 2023, também foram assinados 15 novos contratos de autorizações ferroviárias, nos seguintes estados: Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso, São Paulo, Maranhão, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Paraná.

Transporte de passageiros

Demanda histórica da população brasileira, o transporte ferroviário de passageiros também está entre as prioridades do Ministério dos Transportes. Até 9 de janeiro, a sociedade pode contribuir com a Política de Transporte Ferroviário de Passageiros, enviando contribuições à minuta do decreto que institui a política, disponível no site Participa + Brasil .

A proposta busca ampliar a operação na malha ferroviária já existente e também a melhoria da infraestrutura que, atualmente, é usada sobretudo para o transporte de carga.

Ferrovias no Brasil

Após um próspero período no século 19, o País assistiu a uma regressão no setor ferroviário ao longo das décadas. Segundo o emérito pesquisador do Laboratório de Transportes e Logística da Universidade de Santa Catarina (Labtrans/UFSC), Sílvio dos Santos, a primeira ação para a modernização das ferrovias aconteceu em 1952, quando o sistema ferroviário foi incluído na pauta da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos, para planejar o desenvolvimento do País na agricultura, transporte, mineração e energia elétrica.

A partir daí, surge o projeto de criação de uma rede ferroviária nacional. A proposta tramitou durante anos no Congresso Nacional e, em 1956, foi criada a Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), aprovada pela Lei nº 3115 de 16/03/1957, sancionada pelo então presidente Juscelino Kubitschek.

Em meados dos anos 1960, a malha ferroviária brasileira chegou ao seu auge no que diz respeito à quilometragem: eram 38 mil quilômetros de trilhos espalhados pelo País, o que significa mais de oito vezes a distância do Oiapoque ao Chuí. Com o passar do tempo, a extensão da malha foi diminuindo, devido à erradicação de alguns ramais considerados pouco viáveis economicamente.

Em 1996, no início das concessões ferroviárias, os trens eram responsáveis por menos de 1/5 da movimentação de cargas; nas duas décadas do século XXI, apesar do aumento do transporte ferroviário, sua participação se manteve inalterada. A expectativa é que, com a retomada das obras paralisadas, o Brasil atinja cerca de 35% das cargas transportadas por trilhos, como prevê a versão mais atualizada do Plano Nacional de Logística.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Veículos isentos do IPVA 2024: veja tabela completa com todos os estados e condições

Veículos isentos do IPVA 2024: veja tabela completa com todos
os estados e condições. (Imagem: FDR)

As regras de isenção do IPVA 2024 mudam em cada estado do país. E em 2024 não será diferente. Um dos critérios é o tempo de fabricação do veículo, além disso, a renda mensal também pode ser considerada. Os pedidos são feitos pela internet em todos os estados. Entenda.

É importante lembrar que existe um processo de inscrição para ter acesso à isenção do IPVA. Não basta somente estar dentro dos critérios. Por isso, é preciso que os interessados estejam atentos às informações divulgadas.

O IPVA é uma obrigação do proprietário de veículos. A arrecadação é feita pelos estados e o valor é dividido meio a meio entre o estado e o munícipio de origem do imposto.

Carros isentos de IPVA 2024 nos estados:

Carros fabricados há mais de 10 anos: Amapá, Rio Grande do Norte, Roraima

Carros fabricados há mais de 15 anos: Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Sergipe

Carros fabricados há mais de 18 anos: Mato Grosso

Carros fabricados há mais de 20 anos: Acre, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul

Carros fabricados há mais de 30 anos: Santa Catarina, Tocantins

Veículos fabricados até 31/12/2002: Alagoas

Carros com placa preta: Minas Gerais.

Isenção do IPVA 2024 pela profissão

O valor do imposto é definido pelas alíquotas de cada estado. No entanto, em comum entre eles está a utilização da tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) para essa definição.

Estão dispensados do pagamento do Imposto sobre Propriedades de Veículos Automotores os seguintes profissionais:

Taxistas e mototaxistas;

Companhias de transporte coletivo urbano e metropolitano;

Condutores de vans escolares;

Donos de equipamentos agrícolas;

Motoristas de veículos voltados aos diplomatas.

FONTE: Terra

Lula quer inaugurar a era dos trens no Brasil

FOTO: INSTITUTO LULA

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está desenvolvendo um conjunto de normas destinadas a revitalizar o transporte ferroviário de passageiros no Brasil.

O alicerce central para essa iniciativa é a ideia de conceder a construção e operação de ferrovias específicas para o transporte humano e não apenas para cargas e commodities, como é atualmente. Este movimento visa complementar o Marco das Ferrovias existente.

Em uma ação participativa, o Ministério dos Transportes colocou a Política do Transporte Ferroviário de Passageiros em consulta pública, com um prazo final para contribuições até 9 de janeiro de 2024. Ao todo, mais de 200 sugestões já foram recebidas, com expectativas de que o decreto presidencial final seja publicado nos meses seguintes.

Vale destacar que o plano do governo federal não se limita a concessões. Há também uma estratégia para redirecionar investimentos de contratos de ferrovias de carga existentes para apoiar projetos de transporte de passageiros.

Isso pode incluir a renegociação de concessões atuais para adicionar responsabilidades de trens de passageiros. Além disso, investimentos públicos serão considerados para áreas menos atraentes para a iniciativa privada.

Porém, apesar disso, a maior preocupação da pasta dos Transportes, chefiada pelo ministro Renan Filho, do MDB, é tornar os projetos atraentes para os investidores nacionais e estrangeiros. Pensando nisso, o modelo de concessão proposto pelo governo Lula permite que as operadoras explorem comercialmente as áreas das estações e propriedades adjacentes, incluindo a venda de naming rights de trechos e estações.

A tarifação dos serviços será regulada pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), com preços de passagens estabelecidos para manter o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos.

Além das concessões, o governo considera permitir que operadores privados construam e operem rotas não previstas pelo Estado através de um regime de autorização. Este modelo não envolve leilões ou tarifas fixas pela ANTT, mas exige o cumprimento de padrões mínimos de serviço.

No cenário atual, apenas as ferrovias EFVM (Vitória a Minas) e EFC (Carajás) realizam transporte regular de passageiros no Brasil. Estas linhas, concedidas a Vale na era da privatização, operam rotas específicas, com trajetos variando entre 13 a 16 horas.

A política proposta não faz distinção entre trens de média ou alta velocidade, deixando essa decisão para os investidores. É bom lembrar também que os projetos históricos de trens-bala e outros trens de passageiros ainda não se concretizaram. Um exemplo é o projeto Rio-São Paulo, que permanece sem avanços significativos há décadas.

Em contrapartida, o governo do Estado de São Paulo está avançando com o projeto dos Trens Intercidades (TICs), que visa conectar São Paulo a Campinas e outras regiões importantes do estado. De acordo com o Ministério dos Transportes, o leilão para a primeira linha está marcado para 29 de fevereiro, sinalizando um marco para esse projeto considerado ambicioso pelo governo.


*Gabriel Barbosa

Jornalista cearense com pós-graduação em Comunicação e Marketing Político. Atualmente, é Diretor do Cafezinho. Teve passagens pelo Grupo de Comunicação 'O Povo', RedeTV! e BandNews FM do Ceará. Instagram: @_gabrielbrb




quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Agrotóxicos: a grande ameaça

Foto: Agência Brasil

Regulamentar urgentemente o uso de agrotóxicos é essencial para garantir alimentos saudáveis e preservar a biodiversidade agrícola.

Por Valdir Izidoro Silveira*

Quando está em jogo a sorte e os investimentos de tantos agricultores, e o que é mais importante, a própria sobrevivência da nossa espécie, nunca é demais discutirmos os problemas do uso abusivo dos agrotóxicos que tantos males têm causado à humanidade. Intransigentemente estamos sempre como homem do campo e, quando falamos em homem do campo, nos referimos mais especificamente aos pequenos e médios agricultores responsáveis pela produção do nosso alimento, que hoje representam a força propulsora do desenvolvimento nacional.

O homem vai fazer da Terra um deserto igual à Lua. O conteúdo do livro Primavera Silenciosa, escrito em 1959, da bióloga norte-americana Raquel Carson, falecida em 1964, nos deixa perplexos. Os nossos agricultores deviam ter este livro como uma bíblia de cabeceira, pois o pautamos como uma das publicações mais sérias e técnicas que já se editaram sobre tão importante assunto. Raquel Carson denunciava, há 65 anos que os venenos usados na agricultura produziam câncer, esterilidade e mutações celulares no ser humano e dava suposto que os praguicidas acabarão por extinguir a vida vegetal, a fauna, a vida aquática, os animais domésticos e o homem.

Raquel Carson não só afirma como comprova na maioria das páginas de Primavera Silenciosa os malefícios de tais praguicidas. Vejamos o que diz a bióloga: “pesquisas médicas recentes revelaram que o D.D.D. suprime, violentamente, a função do córtex adrenal humano. O Dr. W. C. Hueper, do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, advertiu que as probabilidades de surtos de câncer decorrentes do consumo de água potável contaminada aumentarão consideravelmente dentro de um futuro previsível. (…) a nitrificação que torna o nitrogênio atmosférico disponível às plantas é um exemplo. O herbicida 2,4 D ocasiona a interceptação da nitrificação! O Lindane, o Heptacloro e o B.H.C. (Hexacloreto de benzeno) reduziram a nitrificação depois de duas semanas no solo; o B.H.C., o Aldrin, o Lindane, o Heptacloro e o D.D.D., todos, impediram que as bactérias fixadoras do nitrogênio formassem os necessários nódulos nas raízes das plantas leguminosas”.

O Brasil hoje é campeão de vendas de agrotóxicos proibidos na Europa, tais como o Mancozebe, Atrazina, Acetato, Clorotalonil e Clorpirifós; produtos que são usados nas culturas de arroz, banana, batata, café, cana-de- açúcar, citros, feijão, maçã, milho, soja e trigo. Só no desgoverno Bolsonaro foram liberados o uso de 550 novos agrotóxicos. É sabido que os agrotóxicos, antes denominados pesticidas, inseticidas e defensivos muitas vezes não causam a morte imediata dos animais que os ingerem. Podem ter efeito cumulativo no organismo através da gordura. Concentrações, ao longo das cadeias alimentares – pirâmides alimentares – podem ser fatais. O D.D.T. aspergido sobre árvores contamina as folhas, que por sua vez, contaminam os solos e as minhocas neles existentes. Os pássaros, ao ingeri-las, morrem devido ao efeito cumulativo. Isso tudo é o desequilíbrio da natureza. Quantos insetos parasitas das plantas cultivadas, conhecidos por insetos auxiliares, têm sido destruídos sistematicamente no afã de combater os insetos predadores?

Assim sendo, fazemos um apelo ao presidente Lula para que enquadre os órgãos responsáveis e controladores, tais como o IBAMA, a ANVISA e o MAPA- Ministério da Agricultura, Produção e Abastecimento, para que se proceda, em âmbito nacional, um estudo minucioso, técnico e científico dos principais agrotóxicos utilizados na agropecuária. A humanidade está precisando de estoques reguladores, cada vez mais progressivos, de alimentos e que os mesmos sejam sadios, não venenosos.

Para ter alimentos sadios e preservar a humanidade, precisamos manter o equilíbrio da pirâmide alimentar. A perda de um elo, por mais frágil que seja, degrada e destrói a harmonia do todo.

Assim pensa o poeta Pete Seeger, cujo verso, composto quando ele escutou o canto da baleia, diz: “Se conseguirmos salvar nossos cantores do mar talvez tenhamos chance tu e eu”.


*Valdir Izidoro Silveira

Engenheiro, especialista em Biologia do Solo e Mestre em Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)