domingo, 20 de julho de 2025

Trump, GPS e a nova guerra tecnológica: o que está em jogo?

Sistemas de Conectividades. Foto: Site Sysguru

A recente escalada diplomática entre os Estados Unidos e o Brasil reacendeu um alerta global sobre a dependência tecnológica de sistemas controlados por potências estrangeiras. O presidente norte-americano Donald Trump, em resposta às decisões do Supremo Tribunal Federal contra Jair Bolsonaro, anunciou uma série de sanções que vão além do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros. Entre elas, uma das mais polêmicas: o bloqueio do sinal de GPS no território brasileiro.

Essa medida, se concretizada, teria impactos imediatos e profundos em setores como aviação, logística, agricultura de precisão, telecomunicações e segurança pública. Embora especialistas apontem que o bloqueio total do GPS é tecnicamente difícil devido à desativação da função Selective Availability desde 2000, a ameaça em si já provoca movimentações estratégicas em diversos países.

Como as nações podem reagir?

Diante da possibilidade de sanções tecnológicas, países afetados — como o Brasil — devem considerar ações como:

  • Migração para sistemas alternativos de navegação por satélite, como GLONASS (Rússia), Galileo (UE) e BeiDou (China).
  • Fortalecimento de acordos bilaterais com potências que oferecem esses sistemas.
  • Investimentos em infraestrutura GNSS nacional, como estações de correção e receptores multissistema.
  • Diversificação tecnológica, reduzindo a dependência de serviços controlados por uma única nação.

Qual a diferença entre GPS, GLONASS, Galileo e BeiDou?

Em tempos de tensão geopolítica e ameaças tecnológicas, como o possível bloqueio do GPS pelos EUA, entender os sistemas de navegação por satélite se tornou mais do que uma curiosidade é uma questão estratégica. Afinal, o mundo não depende apenas do GPS. Existem alternativas robustas como o GLONASS, Galileo e BeiDou, cada uma com suas particularidades.

O que é GNSS?

GNSS é a sigla para Global Navigation Satellite System, ou Sistema Global de Navegação por Satélite. É a categoria que engloba todos os sistemas que usam constelações de satélites para fornecer posicionamento, navegação e cronometragem em tempo real.

O que significa cada serviço?

Sistema

Origem

Nome completo

Finalidade inicial

Finalidade atual

GPS

Estados Unidos

Global Positioning System

Militar

Civil e militar

GLONASS

Rússia

Globalnaya Navigatsionnaya Sputnikovaya Sistema

Militar

Civil e militar

Galileo

União Europeia

Homenagem a Galileu Galilei

Civil

Civil

BeiDou

China

BeiDou Navigation Satellite System

Militar

Civil e militar

 

Comparativo técnico

Sistema

Satélites operacionais

Precisão civil média

Cobertura global desde

Altitude dos satélites

GPS

24 (de 32)

30 cm a 0,5 m

1995

~20.200 km

GLONASS

24 (de 26)

2,8 m a 7,8 m

2011

~19.100 km

Galileo

24 (de 30)

até 20 cm

2023

~23.200 km

BeiDou

24 (de 35)

até 10 cm

2020

~21.150 km

É possível escolher qual sistema usar?

Na maioria dos dispositivos modernos como smartphones, relógios inteligentes e drones não é necessário escolher manualmente. Eles já vêm com receptores compatíveis com múltiplos sistemas GNSS, e fazem a triangulação automaticamente com os satélites disponíveis na região.

No entanto, em equipamentos profissionais (como os da Garmin), é possível configurar o uso exclusivo ou combinado de sistemas como GPS + GLONASS ou GPS + Galileo. Essa combinação pode aumentar a precisão em até 20%, especialmente em áreas urbanas ou com obstáculos naturais.

Por que isso importa?

Com a ameaça de bloqueio do GPS por parte dos EUA, países como Brasil podem acelerar a migração para sistemas alternativos. O BeiDou, por exemplo, já é integrado a tecnologias chinesas como o 5G e pode ser uma opção estratégica. O Galileo, por ser civil e europeu, oferece segurança jurídica e técnica. E o GLONASS já tem estações de medição no Brasil, o que melhora a precisão local.

Fontes:

 

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