quinta-feira, 23 de junho de 2011

Fumar um baseado é igual a seviciar uma criança?

Do Blog da Cidadania - Eduardo Guimarães

 Guimarâes
Penso que estou ficando velho. Deve ser por isso que a burrice e a má fé me cansam tanto, de um tempo para cá. Antigamente, tinha mais paciência. Mas esse tempo passou. Não me resta tempo suficiente neste mundo para gastar com burrice, que gasta o tempo limitado que também tem quem a adotou como lema de vida.
Aqueles mesmos que diziam que discriminar pessoas pela cor da pele era “liberdade de expressão”, agora acham que defender o debate sobre a proibição de uma droga leve não seria esse tipo de liberdade, pois seria igual a atacar sexualmente uma criança através da pedofilia.
Como é possível que alguém compare o uso de uma erva que deixa a pessoa relaxada e contemplativa – com a devida perda de neurônios de quem usou – com seviciar sexualmente um ser inocente e indefeso? Que tipo de pessoa subestima tanto a inteligência alheia?
Alguém que diz uma sandice dessas só pode acreditar que todo o resto da humanidade é feita de descerebrados. Mas o que mete medo mesmo é que essa pessoa possa, eventualmente, acreditar no que diz.
Só para fechar o triângulo do absurdo, não vamos nos esquecer de que os reinaldetes que estão espalhando pela internet comparações entre fumar um baseado e seviciar uma criança são os mesmos que acham que é liberdade de expressão Jair Bolsonaro humilhar uma cidadã como Preta Gil na TV pela cor de sua pele.
Apesar de que fumar maconha e discriminar racialmente são crimes tipificados no código penal, liberdade de expressão e apologia ao crime são distribuídas de forma desigual em cada caso. Quem não quer discutir a proibição da droga, quer discutir o direito de insultar e barrar pessoas pela cor da pele.
Estou cada dia mais cansado dessa desonestidade intelectual que grassa no debate público. É preciso elevar urgentemente o nível desse debate. Pessoas que usam argumentos tão sem pé nem cabeça gastam um tempo imenso discutindo comparações descabidas e distorcendo tudo. Emburrecem o debate.
E o que mais impressiona é que não se trata de nenhuma questão vital para ninguém. Esses estafetas do atraso e do preconceito parecem só querer se divertir em fazer a sociedade perder tempo discutindo suas picuinhas que afetam os milhões de cidadãos brasileiros que desejariam estar discutindo o que interessa.

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