Por Altamiro Borges
Num votação tensa e apertada - dez votos a oito -, a Comissão
de Direitos Humanos da Câmara Federal elegeu nesta quarta-feira (26) o deputado
Assis do Couto (PT-PR) para a sua presidência. Com isso, afastou o risco da
instância ser tomada por um dos mais notórios direitistas do parlamento,
o ex-militar Jair Bolsonaro (PP-RJ). Famoso por suas posições homofóbicas e
contrárias aos direitos humanos e pela defesa histérica da ditadura e de suas
torturas e assassinatos, o deputado disputou a vaga com uma candidatura avulsa e
teve o apoio do ex-presidente da comissão, o também reacionário Marco Feliciano
(PSC), e da bancada evangélica na Câmara dos Deputados.
A vitória das forças de esquerda com a eleição de Assis do Couto
não representa, porém, dias de paz nesta comissão tão nevrálgica. Por um lado, o
próprio deputado não tem maior identidade com as causas contemporâneas dos
direitos humanos. Pequeno agricultor, ele se destaca na defesa da reforma
agrária e da agricultura familiar. O paranaense fez parte da Frente Mista em
Defesa da Vida - Contra o Aborto, e também apoiou um seminário para discutir a
redução da maioridade penal. A militância de esquerda mais identificada com
os direitos humanos preferia os nomes da deputada Erika Kokay (DF) ou de
Nilmário Miranda (MG), ambos do PT, para presidir a comissão, mas não obteve
êxito.
Por outro lado, os setores mais conservadores conseguiram vários postos na nova comissão. Em sua despedida, o deputado Marco Feliciano já explicitou que não dará trégua aos defensores dos direitos humanos. Ele criticou os parlamentares de esquerda que "sabotaram" o seu trabalho e prometeu total empenho da bancada no próximo período. Com mais de 40% dos votos dos integrantes da comissão, Jair Bolsonaro ainda disfarçou a tristeza da derrota e garantiu que reforçará sua hidrófoba atuação. A derrota da direita no tema dos direitos humanos dependerá, ainda mais, da pressão da sociedade!
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Fonte: Blog do Miro