segunda-feira, 11 de julho de 2022

Marcha com Jesus garfa R 1,7 mi em emendas


Charge: Gilmar
Por Altamiro Borges

Os fariseus bolsonaristas e a mídia chapa-branca fizeram o maior escarcéu com o patrocínio concedido pela prefeitura de São Paulo ao ato do Dia Internacional dos Trabalhadores, no 1º de Maio deste ano – de R$ 187 mil para a cantora Daniela Mercury e outros quatro artistas. Já a chamada Marcha com Jesus, neste sábado (9), garfou R$ 1,7 milhão e não teve tanta gritaria dos hipócritas.

Segundo relato da Folha, o evento evangélico – que serviu de palanque eleitoral para o “capetão” Jair Bolsonaro – “recebeu R$ 1,7 milhão em emendas de vereadores paulistanos para a edição de 2022. João Jorge (PSDB) destinou R$ 1 milhão, e o Missionário José Olímpio (PL), R$ 710 mil”. Como relembra o jornal, os gastos nessas marchas sempre foram milionários.

“Em 2019, o vereador Gilberto Nascimento Júnior (PSC) destinou R$ 1,1 milhão. Nesse ano, Jair Bolsonaro (PL) discursou e tornou-se o primeiro presidente a participar da Marcha. No ano seguinte, Eduardo Tuma (então no PSDB) direcionou R$ 400 mil por meio de duas emendas”. Em 2020 e 2021, devido à pandemia da Covid, o cortejo não teve formato de rua.

Já o ritual deste ano voltou a ter a presença do “capetão” e de seus demônios, como o ex-ministro Tarcísio de Freitas, pré-candidato do Republicanos (Igreja Universal) ao governo paulista. Sabe-se lá quanto os “mercadores da fé” abocanharam na marcha criada em 1993 pelo “apóstolo” Estevam Hernandes e a “bispa” Sonia Hernandes – dois ex-detentos nos EUA.

Impacto no voto evangélico

Sabe-se lá, também, quanto Jair Bolsonaro conquistou de votos na marcha deste sábado. Como argumenta Anna Virginia Balloussier, em artigo na Folha, o voto evangélico não é homogêneo. “O presidente passa longe da unanimidade no segmento, como mostra pesquisa Datafolha de junho que o coloca só um pouco à frente da maior pedra no seu caminho rumo à reeleição. Tem 40% do eleitorado evangélico com ele, contra 35% que declaram voto em Lula. Esse bloco cristão responde por 27% da população adulta brasileira”.


A autora alerta, porém, que o “capetão” tem jogado pesado para a conquista desse segmento. “Os evangélicos ainda são uma trincheira de popularidade para o chefe do Executivo federal, dando-lhe números mais generosos do que a média geral. O escândalo no Ministério da Educação que envolveu dois pastores não pareceu escangalhar sua imagem perante esse público... Bolsonaro vem intensificando sua participação em atos religiosos, inclusive em versões regionais da Marcha para Jesus. Neles, martela a narrativa do ‘bem contra o mal’. Coloca-se, claro, no lado nobre da causa”.

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