quarta-feira, 13 de março de 2024

VÍDEO: Pai bolsonarista invade creche e agride menina negra de 4 anos que abraçou seu filho

Foto: Reprodução

Uma cena inacreditável chocou a população de
Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. Na manhã desta segunda-feira (11), um pai de uma criança invadiu a Escola Municipal Professora Iracema de Souza Mendonça e agrediu uma colega de seu filho, uma garotinha negra de 4 anos.

O caso foi parar Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) e toda a agressão foi registrada pelo circuito interno de segurança da unidade de ensino. Segundo testemunhas, o homem ficou extremamente irritado ao deixar seu filho de 4 anos na escola e ver, em seguida, ele sendo abraçado pela colega.

Identificado pela imprensa de Campo Grande como Kelver de Miranda, de 32 anos, ele invadiu a parte interna da escola e empurrou a menina, que estava com uma mochila de rodinhas cor-de-rosa. Na sequência, apontou o dedo para o rosto da criança, gritou e tirou seu filho de perto dela.


A diretora da escola, uma mulher de 69 anos, tentou retirar o homem do local e também foi agredida. A Guarda Civil Municipal (GCM), então, foi acionada pela equipe da unidade de ensino e os agentes conduziram os envolvidos para a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), onde foi feito um Termo Circunstancial de Ocorrência

À polícia, o homem, que nas redes sociais costuma a postar fotos de apoio a Jair Bolsonaro e mensagens atreladas ao discurso da extrema direita, disse que o filho tem "fobia e não gosta que abracem ele" e que teria pedido para a monitora e para a diretora afastar a menina dele, mas que ninguém havia acatado seu pedido e, por isso, teria ficado nervoso.

No boletim de ocorrência consta, ainda, a informação de que o pai já havia orientado seu filho a "bater" na menina caso ela se aproximasse. Para a advogada da família da criança agredida, Lione Balta Cardozo, trata-se de um caso de racismo.

“É uma criança de 20 quilos, que acabou de entrar na escola. Nem que ela e o menino estivessem brigando, um pai teria o direito de reagir assim. A menina é doce, carinhosa, educada. Não há justificativa para tamanha violência. Essa menina vai ficar marcada para sempre”, disse a defensora ao site Campo Grande News.

O caso segue sob investigação da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente.
Secretaria de Educação se manifesta

Em nota oficial, Secretaria Municipal de Educação (Semed) de Campo Grande informou que repudia "todo e qualquer ato de violência de qualquer natureza" e que acompanha o caso.

Confira a íntegra do comunicado:

"A Secretaria Municipal de Educação (Semed) informa que os fatos aconteceram na manhã de ontem (11), na unidade mencionada. De acordo com o que foi apurado, o pai do menino estava no portão de fora da escola e aguardava o filho entrar na sala, quando observou que a colega abraçou a criança e se dirigiu às crianças vindo a empurrar a menina a fim de afastá-la de seu filho.

Ainda conforme a direção, a GCM (Guarda Civil Metropolitana) foi acionada e acompanhou o caso, sendo que a diretora e o homem foram encaminhados à delegacia, onde o caso foi registrado e está sendo investigado pelas autoridades competentes.

A Divisão de Acompanhamento Escolar (DAE) da Semed deu todo apoio à diretora da escola e às famílias, e está acompanhamento o caso.

É importante ressaltar que a Secretaria de Educação presta apoio e solidariedade aos alunos envolvidos e repudia todo e qualquer ato de violência de qualquer natureza e contribuirá com os órgãos competentes na apuração do caso".

quarta-feira, 6 de março de 2024

Escravos dos aplicativos conquistam direitos

Charge: Vicky Leta

Por Altamiro Borges*

Em solenidade no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (4), o presidente Lula apresentou o projeto de lei que regulamenta o trabalho dos motoristas por aplicativos. Foi uma dura negociação com as empresas de Apps para a construção dessa proposta de regulamentação. O projeto não é dos mais avançados, mas representa um primeiro passo no enfrentamento da escravidão no setor. Ele prevê pagamento mínimo por hora de trabalho no valor de R$ 32,09, contribuição para a previdência social e auxílio maternidade.

O projeto de lei agora irá à votação no Congresso Nacional. Se aprovado, ele beneficiará cerca 1,2 milhão de trabalhadores da Uber e 99, entre outras plataformas. O novo modelo atende a parte das demandas dos escravos do setor, mas também serve aos interesses das empresas de aplicativos, que rejeitaram a hipótese de contratação pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e tratam os funcionários como “autônomos”. Em nota, a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) elogiou o projeto:

As limitações da regulação do setor

“A proposta contempla as prerrogativas de uma atividade na qual a independência e a autonomia do motorista são fatores fundamentais. Certamente será usada como exemplo para muitos países que hoje discutem a regulação deste novo modelo de trabalho”. Já a poderosa Uber festejou o projeto, afirmando ser “um importante marco visando a uma regulamentação equilibrada do trabalho intermediado por plataformas... O projeto amplia as proteções desta nova forma de trabalho sem prejuízo da flexibilidade e autonomia inerentes à utilização de aplicativos para geração de renda”.

O projeto também não conseguiu abarcar a totalidade dos escravos por App. As empresas de aplicativos por entrega, como IFood, rejeitaram qualquer acordo. Na solenidade em Brasília, Lula até mandou um recado para o inflexível empresário. “É preciso lembrar, [senador] Jaques Wagner, que o dono do iFood é da Bahia. A gente tem que convencê-lo a entender que é prudente ele sentar na mesa de negociação para a gente fazer um bom e grande acordo... Vamos encher tanto o saco que o iFood vai ter que negociar”.

Os avanços trabalhistas e sociais

Conforme síntese publicada pela Folha, o projeto apresentado pelo governo “reconhece o motorista de aplicativo como ‘trabalhador autônomo por plataforma’. As empresas irão contribuir para o INSS com 20% sobre a remuneração mínima, que irá corresponder a 25% da renda bruta. O trabalhador terá desconto de 7,5%. A contribuição dará direito a benefícios previdenciários como auxílio-maternidade, previsto no projeto, e aposentadoria, entre outros”.

“Já o valor de R$ 32,09 corresponde ao período da chamada ‘hora em rota’ ou hora trabalhada, que começa a contar a partir do momento em que o profissional aceita o pedido de corrida até deixar o passageiro. Do total, R$ 24,07 são para cobrir os custos com a atividade profissional, como celular, combustível, manutenção do veículo, seguro, impostos, entre outros. O texto ainda prevê que a jornada de trabalho em uma mesma plataforma não poderá ultrapassar 12 horas diárias. Os trabalhadores devem realizar pelo menos 8 horas diárias para ter acesso ao piso”.

A matéria lembra também que “a proposta de legislação do Brasil vai ao encontro das regulamentações que estão sendo feitas em alguns países do mundo, em busca da proteção desses trabalhadores e da arrecadação de impostos. Chile, Espanha e Uruguai, por exemplo, fizeram reformas para incluir os motoristas de aplicativos na legislação trabalhista”.

*Altamiro Borges - Jornalista, presidente do Centro de Estudos
da Mídia Alternativa Barão de Itararé, militante do PCdoB e 
autor do livro "A ditadura da mídia"




terça-feira, 5 de março de 2024

EUA dificultam até remédios para Cuba

Foto: Blog do Miro

Por Álvaro Gomes*

No artigo, o diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ , Álvaro Gomes, faz um balanço da última visita que fez à Cuba, em dezembro de 2023.

Atualmente em Cuba, os efeitos da internet, através das redes sociais, têm contribuído para difusão de mentiras. Uma delas é de que não existe bloqueio econômico e muitos acreditam na fake news. Eu conversei com alguns cubanos em diferentes locais durante a última visita que fiz de 26 de dezembro de 2023 a 12 de janeiro deste ano, onde elas diziam que não existe bloqueio e que o governo era o responsável pela situação do país. A verdade é que Cuba vem sendo perseguida há décadas pelo imperialismo estadunidense. O bloqueio existe, inclusive, para acesso a medicamentos.

No discurso do presidente de Cuba Miguel Díaz-Canel, no Foro Social do Conselho de Direitos Humanos, em 02 de novembro de 2023, em Genebra, ele ressalta que durante a pandemia da Covid-19, os Estados Unidos impediram o fornecimento de respiradores pulmonares, dificultaram a aquisição de oxigênio de outros países e não autorizaram a compra de insumos para o desenvolvimento de vacinas.

Apesar desse cerco e em função de um sistema de saúde sólido e eficiente, com cientistas talentosos, Cuba desenvolveu três vacinas contra a Covid-19. Em função disso, foi possível vacinar 90% da população e ao mesmo tempo apoiar outros países no combate a pandemia. Foi o primeiro país do mundo a vacinar crianças a partir dos dois anos de idade, demonstrando a efetividade do imunizante. Em torno de 85% dos produtos para tratamento da Covid-19 foram elaborados no país através de sua indústria de biotecnologia, inclusive desenvolvendo um modelo próprio de respirador pulmonar. (Granma, 3 de novembro de 2023)

Foram 243 medidas adicionais de bloqueio a Cuba implementadas pelo então presidente Donald Trump, e com isso agravando ainda mais a crise econômica e social do país. O problema é tão grave que interfere até na aquisição de medicamentos ou insumos para a indústria farmacêutica. Já foram 31 resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) até 2023 contra o bloqueio econômico a Cuba que foram descumpridas pelo governo estadunidense. Os Estados Unidos, não se conformam com o socialismo e nem com a política de justiça social implementada pelos cubanos.


*Álvaro Gomes: é diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

PF tem vídeo de Bolsonaro com ministros discutindo 'dinâmica golpista'

Valdemar, Heleno, Braga Neto e Anderson Torres (Foto: Poder360)

A Polícia Federal tem um vídeo de uma reunião do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com ministros, em que discutem uma "dinâmica golpista".

O que aconteceu

Gravação do dia 5 de julho de 2022 foi apreendida na casa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.

A transcrição do vídeo aparece na decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes que embasa a operação de hoje, mirando a organização criminosa que atuou para tentar um golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.

Moraes diz que a reunião "nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista no âmbito da alta cúpula do governo, manifestando-se todos os investigados que dela tomaram parte". Ele também diz que todos os participantes ajudaram a difundir mentiras no período eleitoral sobre o então candidato Lula (PT), o TSE e os ministros do STF.

Leia trechos da transcrição do vídeo feita pela Polícia Federal:

Jair Bolsonaro: "Hoje me reuni com o pessoal do WhatsApp, e outras também mídias do Brasil. Conversei com eles. Tem acordo ou não tem com o TSE? Se tem acordo, que acordo é esse que tá passando por cima da constituição? Eu vou entrar em campo usando o meu exército, meus 23 ministros."

Jair Bolsonaro: Nós vamos esperar chegar 23, 24, pra se foder? Depois perguntar: por que que não tomei providência lá trás? E não é providência de força não, c*! Não é dar tiro. Ô PAULO SÉRGIO [Nogueira, ex-ministro da Defesa], vou botar a tropa na rua, tocar fogo aí, metralhar. Não é isso, p*!"

Jair Bolsonaro: Daqui pra frente quero que todo ministro fale o que eu vou falar aqui, e vou mostrar. Se o ministro não quiser falar, ele vai vir falar para mim porque que ele não quer falar. Se apresentar onde eu estou errado, eu topo. Agora, se não tiver argumento pra me... demover do que eu vou mostrar, não vou querer papo com esse ministro. Tá no lugar errado.

Anderson Torres: "Estamos aí, Presidente, desentranhando a velha relação do PT com o PCC. A velha relação do PT com o PCC. Isso tá vindo aí através de depoimentos que estão há muito guardados aí... isso aí foi feito ó. Tá certo? Isso tudo tá vindo à tona. Isso não é mentira. Isso não é mentira. Então, muita coisa está vindo à tona aí. Muita coisa que a população é ... sabe, mas tudo precisa ser rememorado. Tá certo? Então, essa questão das urnas, essa questão dos inquéritos, nós montamos um grupo lá ? é ... é ... é ... O Diretor Geral da Polícia Federal montou um grupo de policiais federais. E agora uma equipe completa. Não só com peritos. Mas com delegados, com peritos, com agentes pra poder acompanhar, realmente, o passo a passo das eleições."

Paulo Sérgio Nogueira: "O que eu sinto nesse momento é apenas na linha de contato com o inimigo. Ou seja... na guerra a gente é linha de contato, linha de partida. Eu vou romper aqui e iniciar minha operação. Eu vejo as Forças Armadas e o Ministério da Defesa nessa linha de contato. Nós temos que intensificar e ajudar nesse sentido pra que a gente não fique sozinhos no processo"

Augusto Heleno: Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições. E vai chegar a um ponto que nós não vamos poder mais falar. Nós vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso pra mim é muito claro"

FONTE: Uol

PF faz megaoperação contra Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe


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Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (8/2) a Operação Tempus Veritatis, para apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um dos alvos.

Além dele, a PF mira o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto; o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno; e os ex-ministros Braga Netto (Casa Civil) e Anderson Torres (Justiça).

Segundo a coluna de Igor Gadelha, foram presos Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, e o coronel Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro na Presidência e atual segurança do ex-presidente contratado pelo PL. Segundo fontes da PF, Martins foi preso em Ponta Grossa (PR).

A PF deu 24 horas para que Bolsonaro apresente o passaporte. Agentes foram à casa onde ele se encontra, em Angra dos Reis, no litoral do Rio.

Ao todo, são cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas, e suspensão do exercício de funções públicas.

Policiais federais cumprem as medidas judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nos seguintes estados: Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

Viaturas da PF e da Polícia do Exército foram vistas às 6h30 na porta das residências de oficiais do Exército em Goiânia.
Atuação nas eleições

Investigações da Polícia Federal (PF) apontam que políticos e militares se aliaram para uma tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. O objetivo, segundo as apurações, era manter Jair Bolsonaro (PL) no poder e colocar em dúvida o resultado das eleições realizadas em 2022.

As apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.

O primeiro eixo constituiu na construção e propagação da versão de fraude nas eleições de 2022, por meio da disseminação de que a urna eletrônica poderia ser adulterada, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.

O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, por meio de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.


O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal.

Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Fonte: Metrópole

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

IPHAN reconhece quilombos como patrimônios culturais

Reprodução: Prefeitura de Aracaju

A história dos quilombos no Brasil remonta a um passado marcado pela luta e resistência contra a brutalidade da escravidão. Surgidos como refúgios de liberdade para pessoas que eram escravizadas, os quilombos não são meramente áreas habitadas, mas sim símbolos de resistência negra.

A Constituição Federal de 1988 reconheceu o tombamento dos sítios com reminiscências históricas dessas comunidades, mas a decisão recente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em reconhecê-los como patrimônios culturais representa um marco significativo no valor histórico e cultural dessa forma de organização social. Mas o que esse reconhecimento significa para a sociedade como um todo?

“A decisão do IPHAN em reconhecer os quilombos como patrimônios culturais é de extrema importância porque o patrimônio cultural é, como diz o Professor Carlos Marés, a garantia de sobrevivência social de um povo, de uma sociedade humana, na medida em que é fruto e testemunho de sua vida”, responde o professor da Universidade Tiradentes (Unit) e Promotor de Justiça em Sergipe, Augusto César Leite de Resende.

Esse reconhecimento vai além de uma mera preservação histórica. “A cultura abrange aspectos como língua, modos de vida, culinária, vestimentas e crenças, sendo um reflexo da história e geografia de um povo. Nesse contexto, o patrimônio cultural assume um papel fundamental na garantia de sobrevivência social”, reitera.
Instrumentos jurídicos de proteção

Além do reconhecimento, há diversos instrumentos jurídicos de proteção do patrimônio cultural brasileiro, dentre os quais destaca-se o tombamento, um ato administrativo que reconhece o valor histórico-cultural de bens, no caso, os documentos e os sítios detentores de reminiscências dos antigos quilombos, que passam a ser preservados.

“Um dos pilares desse processo de tombamento é justamente assegurar o direito à memória, à justiça e à reparação, ou seja, assegurar a todos o acesso a informações relativas ao período escravocrata e, com isso, construir um sentimento coletivo de reprovação aos atos de violência praticados contra os escravizados, reconhecendo-os como importantes atores sociais que lutaram e resistiram à opressão vivenciada”, elenca.

A Portaria IPHAN 135/2023 reforça o propósito do tombamento, destacando a resistência quilombola à escravização, discriminação e violações de direitos humanos. Este reconhecimento visa também ressaltar o protagonismo da população afro-brasileira na luta pela liberdade através do quilombismo e do aquilombamento.

“A preservação desse inestimável patrimônio cultural brasileiro permitirá a visibilização da escravidão e, principalmente, de seus efeitos deletérios na vida do povo preto. Isso porque o racismo estrutural existente na sociedade brasileira é filho da liberdade, eis que a libertação não veio acompanhada de políticas públicas de inclusão social e econômica, ao contrário houve uma verdadeira política oficial de embranquecimento da população nacional, com a implementação de práticas racistas, tais como a criminalização da religião e cultura da negritude, para além do incentivo à imigração europeia, com doação de terras e facilitação de empregos para os imigrantes, o que não ocorreu com os pretos libertos”, reforça Augusto.
Preservação e reparação

A visibilidade proporcionada pela preservação dos quilombos como patrimônios culturais contribui para enfrentar o racismo estrutural enraizado na sociedade brasileira. O racismo, que impede a ascensão de negras e negros em posições de prestígio social, político e econômico, precisa ser confrontado. A preservação da memória da resistência quilombola é, portanto, um passo essencial na luta contra o racismo, permitindo a conscientização sobre os efeitos duradouros da escravidão na vida do povo preto.

“O racismo atual impede que as negras e os negros ocupem posições de prestígio social, político e econômico e visibilizar tal fato é o primeiro passo para a mudança efetiva desse cenário. Então, a preservação da memória da resistência e lutas dos povos quilombolas é essencial na luta contra o racismo”, revela.

O reconhecimento dos quilombos como patrimônios culturais não é apenas um ato simbólico, mas uma medida concreta para promover a justiça social, construir uma consciência coletiva de reprovação aos atos de violência contra os escravizados e trilhar o caminho rumo a uma sociedade mais inclusiva e igualitária.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Veja quanto seu time pode ganhar na Copa do Brasil

Imagem: Reprodução/CBF

A CBF aumentou os valores das cotas da Copa do Brasil para 2024. Com isso, o campeão pode ganhar até R$ 96,39 milhões, caso esteja na competição desde a primeira fase.

O que aconteceu?

Considerando apenas a vitória na final, a cota passou para R$ 73,5 milhões. No ano passado, o campeão São Paulo levou R$ 70 milhões só por ter vencido o confronto com o Flamengo.

Para os clubes que estão na Libertadores e entram na terceira fase, a premiação máxima em caso de título fica em R$ 93,135 milhões.

O reajuste em relação aos valores de 2023 ficou em 5%. A CBF decidiu arredondar para cima, considerando que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que rege os contratos de patrocínio da competição, fechou o ano passado em 4,62%.

O UOL apurou que a CBF já informou as federações estaduais a respeito dos reajustes nas cotas.

As cotas da Copa do Brasil 2024

Primeira fase (80 clubes)

Grupo 1: R$ 1,47 milhão

Grupo 2: R$ 1.312.500

Grupo 3: R$ 787,5 mil

Segunda fase (40 clubes)

Grupo 1: R$ 1,785 milhão

Grupo 2: R$ 1,47 milhão

Grupo 3: R$ 945 mil

Terceira fase (32 clubes) - R$ 2,205 milhões

Oitavas de final (16 clubes) - R$ 3,465 milhões

Quartas de final (8 clubes) - R$ 4,515 milhões

Semifinais (4 clubes) - R$ 9,45 milhões

Final (Vice-campeão) - R$ 31,5 milhões

Final (Campeão) - R$ 73,5 milhões

A divisão dos grupos

Clubes que estão na Libertadores não fazem parte de um grupo específico, porque entram na terceira fase, quando a separação já não existe mais e todos ganham a mesma cota.

Quem entra na terceira fase da Copa do Brasil: Fluminense, Palmeiras, Grêmio, Atlético-MG, Flamengo, Botafogo, Red Bull Bragantino, Athletico, Vitória (campeão da Série B)

Grupo 1 - São os clubes que estão na Série A: Atlético-GO, Criciúma, Cruzeiro, Cuiabá, Bahia, Juventude, Fortaleza, Corinthians, Internacional e Vasco.

Grupo 2 - Os clubes da Série B: Amazonas, América-MG, Botafogo-SP, Brusque, CRB, Coritiba, Ituano, Operário-PR, Paysandu e Sport.

Grupo 3 - Os demais times, que jogam as Séries C, D ou só estão em competições estaduais.

Fonte: Uol


quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Desigualdade S.A.

Foto: Site História do Mundo

A riqueza dos cinco maiores bilionários do mundo dobrou desde 2020, enquanto a de 60% da população global – cerca de 5 bilhões de pessoas – diminuiu nesse mesmo período. Se o cenário geral não mudar, em 10 anos teremos o primeiro trilionário, mas só conseguiremos acabar com a pobreza em 230 anos!
Uma nova aristocracia econômica está surgindo, enquanto bilhões de pessoas penam para sobreviver em meio à pobreza, fome, guerras e austeridade econômica.

Nosso relatório Desigualdade S.A. – Como o poder corporativo divide nosso mundo e a necessidade de uma nova era de ação pública revela como os super-ricos do mundo criaram uma nova era de poder corporativo e monopolista que garante lucros exorbitantes e também controle sobre as economias dos países. E também como essas corporações e seus bilionários alimentam as desigualdades pressionando trabalhadores, negando direitos, evitando o pagamento de impostos, privatizando o Estado e destruindo o planeta.

O que pode ser feito?

O poder público precisa intervir na maquina corporativa de produzir desigualdade. Um mundo mais justo e menos desigual é possível se os governos redesenharem os mercados para serem mais justos e livres do controle de bilionários. Se quebrarem monopólios, derem mais poder aos trabalhadores, tributarem as corporações e os super-ricos e, principalmente, investirem em uma nova era de bens e serviços públicos.

A riqueza dos cinco homens mais ricos do mundo aumentou 114% desde 2020, enquanto que a de 5 bilhões de pessoas diminuiu no mesmo período.

Nos próximos 10 anos o mundo poderá ter seu primeiro trilionário, mas levará quase 230 anos para acabar com a pobreza.

No Brasil, em média, o rendimento das pessoas brancas é mais de 70% superior à renda de pessoas negras.

4 dos 5 bilionários brasileiros mais ricos aumentaram em 51% sua riqueza desde 2020; ao mesmo tempo, 129 milhões de brasileiros ficaram mais pobres.

Veja o relatório completo, sumário e a nota metodológica no link da matéria abaixo:


sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Mineradoras podem ter sonegado R$35 bilhões em 5 anos

Impactos da mineração na natureza. | Foto: Divulgação

A evasão fiscal provocada por mineradoras na taxa de compensação devida no Brasil pode ter atingido aproximadamente R$ 35 bilhões nos últimos cinco anos, de acordo com estimativas baseadas nos dados de arrecadação da Compensação Financeira Pela Exploração Mineral (CFEM). No Brasil, a cada R$ 1 arrecadado em CFEM, R$ 1 é sonegado, segundo dados da Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite), do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria-Geral da União (CGU), citados em uma nota técnica da Agência Nacional de Mineração (ANM), indicam que a cada R$ 1 arrecadado em CFEM, R$ 1 é sonegado.

A sonegação acompanha a flutuação na arrecadação da taxa, que segue os lucros bilionários do setor mineral. Em 2023 e 2022, a CFEM ficou em torno de R$ 7 bilhões; 2021 registrou o pico, atingindo R$ 10,2 bilhões; em 2020, foram R$ 6 bilhões; e em 2019, R$ 4,5 bilhões. Assim, de 2019 a 2023, as mineradoras podem ter sonegado cerca de R$ 35 bilhões em CFEM.

Além disso, processos de cobrança podem prescrever, com rombo adicional de R$ 20 bilhões. Em 2022, dos 35 mil existentes, somente 13 mil processos minerários existentes no Brasil recolheram CFEM. No mesmo ano, apenas 17 mineradoras foram fiscalizadas. A atual equipe da CFEM na ANM conta com solitários 4 servidores e um chefe para fiscalizar a taxa em todo o Brasil.

A CFEM foi estabelecida pela Constituição de 1988 e regulamentada em 1989. Ela é um tributo que incide sobre a mineração no Brasil. Mais de 3 mil municípios, entre produtores e afetados, recebem a CFEM. Além disso, cerca de 2 mil municípios limítrofes também recebem uma parte. A taxa é aplicada em quase todo o país, sendo uma forma de compensar os impactos sociais e ambientais da mineração. A arrecadação é distribuída entre União, estados e municípios, contribuindo para o desenvolvimento sustentável das regiões envolvidas.

A Agência Nacional de Mineração (ANM) vive sua pior fase desde sua criação, em 2017, com falta de estrutura, orçamento, déficit de pessoal, sistemas tecnológicos e bases de dados ineficientes. A precariedade e a incapacidade de fiscalização favorecem a sonegação da CFEM e causam prejuízos bilionários aos cofres públicos.

A CGU, em relatório, apontou diversas irregularidades cometidas pela ANM, incluindo “baixa formalização e padronização dos procedimentos de planejamento, execução, comunicação e registro dos resultados das fiscalizações, bem como falta de revisão e supervisão em todas as etapas dos trabalhos realizados”.

Maiores mineradoras do Brasil:

Vale S.A.: A Vale é uma das maiores empresas de mineração do mundo e tem uma presença significativa no Brasil, com operações em diversos minerais, incluindo minério de ferro, níquel, cobre e carvão.

Anglo American: A Anglo American é uma empresa global de mineração com operações em várias partes do mundo, incluindo o Brasil. Ela está envolvida na extração de minério de ferro, níquel, cobre, entre outros.

BHP Billiton: Embora seja uma empresa global com sede na Austrália e atuação em diversos países, a BHP tem operações de mineração no Brasil, principalmente no setor de minério de ferro.

Mineração Usiminas (Musim): Esta empresa é uma joint venture entre a Usiminas e a japonesa Sumitomo Corporation, focada na exploração de minério de ferro.

Mineração Rio do Norte (MRN): A MRN é uma empresa que opera na extração de bauxita, matéria-prima para a produção de alumínio.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Novo PAC garante recursos para fortalecer transporte ferroviário no Brasil


Um meio de transporte que sai na frente quando o assunto é sustentabilidade, eficiência e segurança, e ainda carrega consigo o desenvolvimento socioeconômico por onde passa. O transporte ferroviário no Brasil foi negligenciado por décadas, mas começou a retomar seu protagonismo em 2023, com políticas específicas de incentivo e reconstrução, determinadas pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e desenvolvidas pelo Ministério dos Transportes.

Com o Novo PAC, os projetos ferroviários foram elencados como prioridade pelo Governo Federal, e contam com um investimento previsto de R$94,2 bilhões até 2026. A medida é uma forma de fomentar a ampliação do modal no País. “A tarefa não é simples, uma vez que o Brasil tem dimensões continentais, mas é extremamente necessária. Por isso, estamos discutindo novos modelos e pretendemos mais que quadruplicar os recursos aplicados em ferrovias no Brasil nos próximos anos”, defendeu o ministro dos Transportes, Renan Filho.

Destaques do segmento no primeiro ano de gestão:

• Criação da Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário, com o objetivo de atrair investimentos privados e impulsionar a indústria e a operação do setor;
• Retomada de obras estruturantes, como a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) ;
• Conclusão da Ferrovia Norte-Sul (FNS), que liga Estrela D’Oeste (SP) e Açailândia (MA);
• Investimento de R$ 175 milhões nas obras da Transnordestina;
• Crescimento de 4,2% na movimentação ferroviária no País, na comparação de 12 meses entre outubro de 2022 e o mesmo mês do ano passado;
• Estruturação do Plano Nacional de Ferrovias, diretriz fundamental para o crescimento do setor e que deve ser lançada neste ano;
• Estudos para concessões: Malha Oeste; Corredor Arco-Norte (Ferrogrão); Ferrovia Centro-Atlântica; Malha Sul; Corredor Leste-Oeste; Estrada de Ferro Rio-Vitória (EF -118 ) Corredor Nordeste (FTL);




“O modal ferroviário voltou a ter protagonismo com o reforço no aporte dos recursos públicos e com a elaboração de políticas públicas voltadas a atrair investimentos privados com segurança jurídica,” destacou o secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro.

Resultado desses esforços, o que estava parado foi retomado, como é o caso da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), primeira obra anunciada a compor o Novo PAC. Com um investimento de R$ 1,5 bilhão em 127 quilômetros de extensão do trecho 1F do lote 1, as obras seguem aceleradas e resultarão em um importante corredor de escoamento de minério do sul da Bahia e de grãos do oeste baiano. O lote 2, no trecho compreendido entre Barreiras (BA) e Caetité (BA), com 485 quilômetros de extensão, está com 65% das obras previstas concluídas.

Emprego e renda

A potência da indústria ferroviária pode ser traduzida em números: o setor emprega atualmente 66 mil trabalhadores, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer). Um deles é Álvaro Aguiar, de 30 anos, que trabalha no canteiro de obras da Fiol desde 2013, pela Infra S.A., empresa pública vinculada ao Ministério dos Transportes. Ele começou como auxiliar de serviços gerais, mas se encantou com as particularidades e a magnitude do empreendimento e decidiu cursar engenharia civil. Hoje, formado, compõe o corpo técnico da fiscalização da obra.

“O transporte ferroviário é muito significativo para o País como um todo, com relação a economia, exportação de todo a produção nacional, isso tem uma grande visibilidade para o mundo, e para nós aqui gerando empregos”, afirmou.

Outro que trabalha no canteiro de obras da Fiol é Adelmário Silva, que atua no segmento ferroviário há 12 anos. Baiano de Dom Basílio, no interior do estado, se emociona ao falar do papel das ferrovias em sua vida. “Olho lá para trás, quando tudo começou, e onde estou hoje. Olho tudo aquilo que passou ali, e vejo que eu me desenvolvi profissional e pessoalmente também. Tenho dois garotinhos, e eles me motivam muito a estar desempenhando meu papel com eficiência na ferrovia”, orgulha-se.

São pessoas como Álvaro e Aldemário que contribuem para uma infraestrutura de qualidade. E o resultado aparece: a movimentação de cargas em junho de 2023 registrou alta de 7,2% em comparação com o mesmo mês do ano anterior, com 47,6 milhões de toneladas transportadas. No acumulado do ano, a alta chega a 4,1%, com o transporte de 241,6 milhões de toneladas.

Obras a todo vapor

Uma das entregas mais importantes de 2023 foi a Ferrovia Norte-Sul, um empreendimento com 2.257 quilômetros de trilhos, que atravessa quatro regiões brasileiras. A obra, que conecta os portos de Itaqui (MA) e de Santos (SP), era esperada há quase quatro décadas.

A conclusão do empreendimento permitirá que três estados brasileiros com forte produção de commodities – como soja, milho e algodão – tenham saída para seus produtos pelo mar.

Com a linha férrea, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais ganham competitividade no momento de exportar seus produtos, seja pelo litoral do Sudeste ou pelo Norte do País.

"Hoje o Brasil exporta por ferrovias somente 17% do que produz. Nossa meta é somar esforços, de investimentos privados e públicos, e assim elevar esse índice para 40% até o ano de 2035", afirmou Renan Filho.

Outro corredor ferroviário estratégico, a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico) recebeu atenção do Governo Federal, que liberou cerca de 300 quilômetros de frente de obra por meio de processos de desapropriação. Para a Fico já estão garantidas 8 mil toneladas de trilho, o que possibilitará a montagem de 66,6 quilômetros de via permanente.

Com a missão de promover a integração nacional e aproximar o Brasil dos principais mercados mundiais, a Transnordestina também está entre as ações prioritárias do Novo PAC. Em 2023 foram investidos cerca de R$175 milhões nas obras, que hoje contam com uma evolução de 60% de avanço físico.

De Eliseu Martins (PI) até o Porto de Pecém (CE), a Transnordestina terá uma extensão de mais de 1,2 mil quilômetros e será responsável pelo transporte de grãos, fertilizantes, cimento, combustíveis e minério. A ferrovia cortará 53 municípios dos estados do Piauí, Ceará e Pernambuco.

Em 2023, também foram assinados 15 novos contratos de autorizações ferroviárias, nos seguintes estados: Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso, São Paulo, Maranhão, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Paraná.

Transporte de passageiros

Demanda histórica da população brasileira, o transporte ferroviário de passageiros também está entre as prioridades do Ministério dos Transportes. Até 9 de janeiro, a sociedade pode contribuir com a Política de Transporte Ferroviário de Passageiros, enviando contribuições à minuta do decreto que institui a política, disponível no site Participa + Brasil .

A proposta busca ampliar a operação na malha ferroviária já existente e também a melhoria da infraestrutura que, atualmente, é usada sobretudo para o transporte de carga.

Ferrovias no Brasil

Após um próspero período no século 19, o País assistiu a uma regressão no setor ferroviário ao longo das décadas. Segundo o emérito pesquisador do Laboratório de Transportes e Logística da Universidade de Santa Catarina (Labtrans/UFSC), Sílvio dos Santos, a primeira ação para a modernização das ferrovias aconteceu em 1952, quando o sistema ferroviário foi incluído na pauta da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos, para planejar o desenvolvimento do País na agricultura, transporte, mineração e energia elétrica.

A partir daí, surge o projeto de criação de uma rede ferroviária nacional. A proposta tramitou durante anos no Congresso Nacional e, em 1956, foi criada a Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), aprovada pela Lei nº 3115 de 16/03/1957, sancionada pelo então presidente Juscelino Kubitschek.

Em meados dos anos 1960, a malha ferroviária brasileira chegou ao seu auge no que diz respeito à quilometragem: eram 38 mil quilômetros de trilhos espalhados pelo País, o que significa mais de oito vezes a distância do Oiapoque ao Chuí. Com o passar do tempo, a extensão da malha foi diminuindo, devido à erradicação de alguns ramais considerados pouco viáveis economicamente.

Em 1996, no início das concessões ferroviárias, os trens eram responsáveis por menos de 1/5 da movimentação de cargas; nas duas décadas do século XXI, apesar do aumento do transporte ferroviário, sua participação se manteve inalterada. A expectativa é que, com a retomada das obras paralisadas, o Brasil atinja cerca de 35% das cargas transportadas por trilhos, como prevê a versão mais atualizada do Plano Nacional de Logística.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Veículos isentos do IPVA 2024: veja tabela completa com todos os estados e condições

Veículos isentos do IPVA 2024: veja tabela completa com todos
os estados e condições. (Imagem: FDR)

As regras de isenção do IPVA 2024 mudam em cada estado do país. E em 2024 não será diferente. Um dos critérios é o tempo de fabricação do veículo, além disso, a renda mensal também pode ser considerada. Os pedidos são feitos pela internet em todos os estados. Entenda.

É importante lembrar que existe um processo de inscrição para ter acesso à isenção do IPVA. Não basta somente estar dentro dos critérios. Por isso, é preciso que os interessados estejam atentos às informações divulgadas.

O IPVA é uma obrigação do proprietário de veículos. A arrecadação é feita pelos estados e o valor é dividido meio a meio entre o estado e o munícipio de origem do imposto.

Carros isentos de IPVA 2024 nos estados:

Carros fabricados há mais de 10 anos: Amapá, Rio Grande do Norte, Roraima

Carros fabricados há mais de 15 anos: Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Sergipe

Carros fabricados há mais de 18 anos: Mato Grosso

Carros fabricados há mais de 20 anos: Acre, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul

Carros fabricados há mais de 30 anos: Santa Catarina, Tocantins

Veículos fabricados até 31/12/2002: Alagoas

Carros com placa preta: Minas Gerais.

Isenção do IPVA 2024 pela profissão

O valor do imposto é definido pelas alíquotas de cada estado. No entanto, em comum entre eles está a utilização da tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) para essa definição.

Estão dispensados do pagamento do Imposto sobre Propriedades de Veículos Automotores os seguintes profissionais:

Taxistas e mototaxistas;

Companhias de transporte coletivo urbano e metropolitano;

Condutores de vans escolares;

Donos de equipamentos agrícolas;

Motoristas de veículos voltados aos diplomatas.

FONTE: Terra

Lula quer inaugurar a era dos trens no Brasil

FOTO: INSTITUTO LULA

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está desenvolvendo um conjunto de normas destinadas a revitalizar o transporte ferroviário de passageiros no Brasil.

O alicerce central para essa iniciativa é a ideia de conceder a construção e operação de ferrovias específicas para o transporte humano e não apenas para cargas e commodities, como é atualmente. Este movimento visa complementar o Marco das Ferrovias existente.

Em uma ação participativa, o Ministério dos Transportes colocou a Política do Transporte Ferroviário de Passageiros em consulta pública, com um prazo final para contribuições até 9 de janeiro de 2024. Ao todo, mais de 200 sugestões já foram recebidas, com expectativas de que o decreto presidencial final seja publicado nos meses seguintes.

Vale destacar que o plano do governo federal não se limita a concessões. Há também uma estratégia para redirecionar investimentos de contratos de ferrovias de carga existentes para apoiar projetos de transporte de passageiros.

Isso pode incluir a renegociação de concessões atuais para adicionar responsabilidades de trens de passageiros. Além disso, investimentos públicos serão considerados para áreas menos atraentes para a iniciativa privada.

Porém, apesar disso, a maior preocupação da pasta dos Transportes, chefiada pelo ministro Renan Filho, do MDB, é tornar os projetos atraentes para os investidores nacionais e estrangeiros. Pensando nisso, o modelo de concessão proposto pelo governo Lula permite que as operadoras explorem comercialmente as áreas das estações e propriedades adjacentes, incluindo a venda de naming rights de trechos e estações.

A tarifação dos serviços será regulada pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), com preços de passagens estabelecidos para manter o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos.

Além das concessões, o governo considera permitir que operadores privados construam e operem rotas não previstas pelo Estado através de um regime de autorização. Este modelo não envolve leilões ou tarifas fixas pela ANTT, mas exige o cumprimento de padrões mínimos de serviço.

No cenário atual, apenas as ferrovias EFVM (Vitória a Minas) e EFC (Carajás) realizam transporte regular de passageiros no Brasil. Estas linhas, concedidas a Vale na era da privatização, operam rotas específicas, com trajetos variando entre 13 a 16 horas.

A política proposta não faz distinção entre trens de média ou alta velocidade, deixando essa decisão para os investidores. É bom lembrar também que os projetos históricos de trens-bala e outros trens de passageiros ainda não se concretizaram. Um exemplo é o projeto Rio-São Paulo, que permanece sem avanços significativos há décadas.

Em contrapartida, o governo do Estado de São Paulo está avançando com o projeto dos Trens Intercidades (TICs), que visa conectar São Paulo a Campinas e outras regiões importantes do estado. De acordo com o Ministério dos Transportes, o leilão para a primeira linha está marcado para 29 de fevereiro, sinalizando um marco para esse projeto considerado ambicioso pelo governo.


*Gabriel Barbosa

Jornalista cearense com pós-graduação em Comunicação e Marketing Político. Atualmente, é Diretor do Cafezinho. Teve passagens pelo Grupo de Comunicação 'O Povo', RedeTV! e BandNews FM do Ceará. Instagram: @_gabrielbrb




quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Agrotóxicos: a grande ameaça

Foto: Agência Brasil

Regulamentar urgentemente o uso de agrotóxicos é essencial para garantir alimentos saudáveis e preservar a biodiversidade agrícola.

Por Valdir Izidoro Silveira*

Quando está em jogo a sorte e os investimentos de tantos agricultores, e o que é mais importante, a própria sobrevivência da nossa espécie, nunca é demais discutirmos os problemas do uso abusivo dos agrotóxicos que tantos males têm causado à humanidade. Intransigentemente estamos sempre como homem do campo e, quando falamos em homem do campo, nos referimos mais especificamente aos pequenos e médios agricultores responsáveis pela produção do nosso alimento, que hoje representam a força propulsora do desenvolvimento nacional.

O homem vai fazer da Terra um deserto igual à Lua. O conteúdo do livro Primavera Silenciosa, escrito em 1959, da bióloga norte-americana Raquel Carson, falecida em 1964, nos deixa perplexos. Os nossos agricultores deviam ter este livro como uma bíblia de cabeceira, pois o pautamos como uma das publicações mais sérias e técnicas que já se editaram sobre tão importante assunto. Raquel Carson denunciava, há 65 anos que os venenos usados na agricultura produziam câncer, esterilidade e mutações celulares no ser humano e dava suposto que os praguicidas acabarão por extinguir a vida vegetal, a fauna, a vida aquática, os animais domésticos e o homem.

Raquel Carson não só afirma como comprova na maioria das páginas de Primavera Silenciosa os malefícios de tais praguicidas. Vejamos o que diz a bióloga: “pesquisas médicas recentes revelaram que o D.D.D. suprime, violentamente, a função do córtex adrenal humano. O Dr. W. C. Hueper, do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, advertiu que as probabilidades de surtos de câncer decorrentes do consumo de água potável contaminada aumentarão consideravelmente dentro de um futuro previsível. (…) a nitrificação que torna o nitrogênio atmosférico disponível às plantas é um exemplo. O herbicida 2,4 D ocasiona a interceptação da nitrificação! O Lindane, o Heptacloro e o B.H.C. (Hexacloreto de benzeno) reduziram a nitrificação depois de duas semanas no solo; o B.H.C., o Aldrin, o Lindane, o Heptacloro e o D.D.D., todos, impediram que as bactérias fixadoras do nitrogênio formassem os necessários nódulos nas raízes das plantas leguminosas”.

O Brasil hoje é campeão de vendas de agrotóxicos proibidos na Europa, tais como o Mancozebe, Atrazina, Acetato, Clorotalonil e Clorpirifós; produtos que são usados nas culturas de arroz, banana, batata, café, cana-de- açúcar, citros, feijão, maçã, milho, soja e trigo. Só no desgoverno Bolsonaro foram liberados o uso de 550 novos agrotóxicos. É sabido que os agrotóxicos, antes denominados pesticidas, inseticidas e defensivos muitas vezes não causam a morte imediata dos animais que os ingerem. Podem ter efeito cumulativo no organismo através da gordura. Concentrações, ao longo das cadeias alimentares – pirâmides alimentares – podem ser fatais. O D.D.T. aspergido sobre árvores contamina as folhas, que por sua vez, contaminam os solos e as minhocas neles existentes. Os pássaros, ao ingeri-las, morrem devido ao efeito cumulativo. Isso tudo é o desequilíbrio da natureza. Quantos insetos parasitas das plantas cultivadas, conhecidos por insetos auxiliares, têm sido destruídos sistematicamente no afã de combater os insetos predadores?

Assim sendo, fazemos um apelo ao presidente Lula para que enquadre os órgãos responsáveis e controladores, tais como o IBAMA, a ANVISA e o MAPA- Ministério da Agricultura, Produção e Abastecimento, para que se proceda, em âmbito nacional, um estudo minucioso, técnico e científico dos principais agrotóxicos utilizados na agropecuária. A humanidade está precisando de estoques reguladores, cada vez mais progressivos, de alimentos e que os mesmos sejam sadios, não venenosos.

Para ter alimentos sadios e preservar a humanidade, precisamos manter o equilíbrio da pirâmide alimentar. A perda de um elo, por mais frágil que seja, degrada e destrói a harmonia do todo.

Assim pensa o poeta Pete Seeger, cujo verso, composto quando ele escutou o canto da baleia, diz: “Se conseguirmos salvar nossos cantores do mar talvez tenhamos chance tu e eu”.


*Valdir Izidoro Silveira

Engenheiro, especialista em Biologia do Solo e Mestre em Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)



segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses é o segundo mais bonito do mundo, diz pesquisa

Os Lençóis Maranhenses é o atrativo mais bem avaliado nas
avaliações do Google (Divulgação)

Um estudo realizado pelos especialistas em viagens da Bounce analisou os principais parques nacionais em todo o mundo através de suas postagens nas redes sociais, pesquisas no Google e dados de avaliações de clientes para revelar os mais bonitos do mundo. Os parques nacionais mais bonitos do mundo são o Parque Nacional Kruger, na África do Sul, com uma pontuação de beleza de 8,29, e o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, com pontuação de beleza de 7.90.

Com quase mil km² de dunas de areia branca e lagos de águas pluviais, o parque é popular entre os ecoturistas graças às suas paisagens deslumbrantes e vida selvagem rara. Os Lençóis Maranhenses é o atrativo mais bem avaliado nas avaliações do Google, com nota 4,9 em 5, e ocupa o terceiro lugar em visualizações do TikTok, com pouco mais de 292 milhões. O parque também ocupa o quinto lugar em postagens no Instagram, com 505.603, e as buscas no Google por “Lençóis Maranhenses” totalizam 70,8 mil.

Ranking dos parques nacionais mais bonitos do mundo (Divulgação)


Já o parque nacional mais bonito do mundo é também o mais antigo do país. Com mais de 900 mil postagens no Instagram, ele ocupa o primeiro lugar neste índice e o segundo lugar nas visualizações do TikTok e nas pesquisas do Google, com 387,6 milhões e 1,8 milhão, respectivamente. O parque também tem uma classificação elevada nas avaliações médias do Google, compartilhando o terceiro lugar no fator, com uma pontuação de 4,7 em 5.

O terceiro parque nacional mais bonito do mundo é o Parque Nacional Bromo Tengger Semeru, com uma pontuação de beleza de 7,89. Localizado na ilha de Java Oriental, na Indonésia, é lar de um vulcão ativo e tem uma pontuação elevada nas redes sociais, ocupando o primeiro lugar no TikTok com 1 bilhão de visualizações e o segundo lugar nas postagens do Instagram, com 934.532. O parque também é um dos mais avaliados da lista, dividindo o segundo lugar com uma pontuação média de 4,8 em 5. No entanto, o parque não se sai tão bem quando se trata de pesquisas no Google, ficando fora do top 10 com apenas 63,5 mil pesquisas.