quarta-feira, 13 de abril de 2016

Não há 342 picaretas

Em 1993 o então candidato presidencial Luiz Inácio Lula da Silva disse que na Câmara dos Deputados “há uma maioria de 300 picaretas que defendem apenas seus próprios interesses”. Frase que em 1994 virou letra dos Paralamas do Sucesso “Luiz Inácio falou, Luiz Inácio avisou, são 300 picaretas com anel de doutor”.
Sim, há muitos picaretas ainda hoje entre os deputados federais.
Os picaretas de hoje são os golpistas, aqueles que no domingo (17) vão votar pela admissão da acusação de crime de responsabilidade contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), para o Impeachment a ser votado no Senado.
Eles precisam de 342 votos, o que é 2/3 do total de 512 deputados.
Os golpistas de hoje são liderados pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB), presidente da Câmara dos Deputados, para apear Dilma do poder e colocar Michel Temer (PMDB) como presidente e o próprio Eduardo Cunha como vice-presidente.
Os deputados que vão votar pelo Impeachment sabem que não há crime de responsabilidade de Dilma, mas não aceitam perder.
É natural que entre os golpistas estejam os deputados federais do PSDB, que até hoje não aceitam as derrotas nas eleições presidenciais de 2002 (José Serra), 2006 (Geraldo Alckmin), 2010 (Serra) e, principalmente, 2014 (Aécio Neves). Entre eles Antonio Imbassahy (BA), Bruno Covas (SP), Carlos Sampaio (SP), Luiz Carlos Hauly (PR), Paulo Martins (PR), entre outros tucanos.
Também é natural o voto golpista de Jarbas Vasconcelos (PMDB/PE), Osmar Serraglio (PMDB/PR), Onyx Lorenzoni (DEM/RS), Moroni Torgan (DEM/CE), Rodrigo Maia (DEM/SP), Heráclito Fortes (PSB/PI), Luciano Ducci (PSB/PR), Esperidião Amin (PP/SC), Paulo Maluf (PP/SP), Fernando Francischini (SD/PR), Paulinho da Força (SD/SP), Jair Bolsonaro (PSC/RJ), Marco Feliciano (PSC/SP), Roberto Freire (PPS/SP), Rubens Bueno (PPS/PR), entre outros. São representantes das elites financeiras, da bancada da bala, saudosistas da ditadura militar ou que não aceitam as mudanças na sociedade gerada na última década.
No domingo muitos deputados não vão querer ficar com seus nomes na lista do golpe, vão se ausentar ou votar não. O número cravado não ficará muito longe dos 300 picaretas golpistas.
Não haverá 342 votos, não passarão, eu passarinho.

Conheça os deputados da comissão que respondem a processos

Deputados pró-impeachment: Rogério Rosso (PSD-DF)
 e o relator Jovair Arantes com ações na justiça.

Dos 38 deputados que votaram favorável ao processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados na última segunda-feira (11), pelo menos 20 respondem ou já foram condenados por algum crime na Justiça comum ou eleitoral. Inclusive, o presidente da comissão, deputado Rogério Rosso (PSD-DF) e o relator Jovair Arantes (PTB-GO).

Rogério Rosso é indiciado por corrupção eleitoral no Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal, já Jovair Arantes, foi alvo em outros inquéritos, mas ainda responde por ação movida pelo Ministério Público Federal referente à improbidade administrativa (esquema de trocas de favores e concessão de benefícios no INSS), outro fato importante é que o "nobre" deputado teve suas contas rejeitadas nas campanhas de 2006 e 2012.

Conheça quem são deputados que votaram pelo impeachment e quais os questionamentos judiciais:



Paulinho da Força (SD-SP): Foi condenado no Tribunal Regional Federal da 3ª Região por improbidade administrativa. No STF, o deputado é réu em ação penal sobre crime contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Responde no STF por peculato e atos de corrupção passiva. Também é alvo de ações civis públicas movidas pelo Ministério Público que apuram dano ao erário.Como votou: SIM


Mendonça Filho (DEM-PE): Em razão da posição de presidente regional do DEM em Pernambuco, o parlamentar é parte em processos que tiveram as contas do partido julgadas como não prestadas em municípios pernambucanos.Como votou: SIM

Marco Feliciano (PSC-SP): Teve a prestação de contas da eleição de 2014 para deputado federal reprovada. É alvo de inquérito que apura irregularidades na contratação de cinco pastores da igreja Catedral do Avivamento, fundada pelo parlamentar, que trabalhariam em seu gabinete, mas não cumpriam expediente. Também responde a pedido de indenização por danos morais difusos.Como votou: SIM

Carlos Sampaio (PSDB-PR): Teve a prestação de contas referente às eleições municipais de Campinas de 2008 reprovadas, o mesmo ocorreu nas eleições de 1998.Como votou: SIM

Jovair Arantes (PTB-GO): Teve rejeitada a prestação de contas referente às eleições de 2012 e 2006. Também é alvo de ação movida pelo Ministério Público Federal referente a crimes de improbidade administrativa.Como votou: SIM
Rogério Rosso (PSD-DF): É indiciado por corrupção eleitoral no TRE-DF.Como votou: SIM

Paulo Maluf (PP-SP): Foi condenado por improbidade administrativa pelo superfaturamento na construção do túnel Ayrton Senna quando era prefeito de São Paulo, com decisão mantida em segunda instância. Foi condenado pela utilização de meios e dinheiro público para promoção pessoal durante o período em que foi prefeito da capital paulista.Também foi réu em ações por lavagem de dinheiro, por crimes eleitorais, por falsidade ideológica, crimes contra o sistema financeiro nacional, participação em ocultação de cadáveres de militantes durante a ditadura militar e improbidade administrativa em diferentes instâncias.Como votou: SIM

Leonardo Quintão (PMDB-MG): É alvo de ação civil por improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Estadual.Como votou: SIM

Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA): O parlamentar presidia o PMDB na Bahia em 2007, quando a prestação de contas foi reprovadaComo votou: SIM

Mauro Mariani (PMDB-SC): Réu em ação por improbidade administrativa. A ação havia sido extinta em primeira instância, mas o Tribunal de Justiça de Santa Catarina anulou essa decisão. O parlamentar recorre no Superior Tribunal de Justiça.Como votou: SIM

Osmar Terra (PMDB-RS): O Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul apontou irregularidades nas gestões de Terra na Secretaria de Saúde e em uma prefeitura e o condenou a pagamento de multa.Como votou: SIM

Jerônimo Goergen (PP-RS): É alvo de inquérito da Operação Lava Jato. Também responde por improbidade administrativa referente a indicação de assessor parlamentar que agia como funcionário fantasma, recebendo os valores do cargo sem a realização das atividades devidas.Como votou: SIM

Júlio Lopes (PP-RJ): É alvo, no STF, de inquérito que apura apropriação indébita previdenciária. O processo está suspenso, pois parlamentar está efetuando o pagamento dos débitos.Como votou: SIM

Alex Manente (PPS-SP): É alvo de inquérito que apura a prática de crimes eleitorais e responde no Tribunal de Justiça de São Paulo ação por improbidade administrativa e dano ao erário movida pelo Ministério Público.Como votou: SIM

Marcelo Squassoni (PRB-SP): Foi condenado por improbidade administrativa por uso da máquina pública para favorecimento pessoal, mas recorre da decisão. Também é alvo de inquérito sobre crimes de peculato, corrupção ativa e passiva, no período em que chefiou a gerência regional do Patrimônio da União em São Paulo e responde por improbidade administrativa com dano ao erário no TJ-SP.Como votou: SIM

Danilo Forte (PSB-CE): É alvo de inquérito que investiga violações de direito e processo eleitoral e de ações de improbidade administrativa movidas pelo Ministério Público Federal.Como votou: SIM

Marcos Montes (PSD-MG): Condenado em ação civil de improbidade administrativa. O deputado recorre no STJ.Como votou: SIM

Nilson Leitão (PSDB-MT): Teve reprovadas as contas referentes ao exercício de 2010 do diretório regional do PSDB. O parlamentar era o presidente regional do partido na época. O partido recorre.O diretório estadual do PSDB também teve as contas referente ao exercício de 2007 reprovadas, quando o parlamentar era presidente. Também reponde por corrupção passiva, crimes de responsabilidade, inquéritos que apuram crimes da Lei de Licitações e ações civis de improbidade administrativa.Como votou: SIM

Shéridan Estérfany (PSDB-RR): É alvo de ação civil de improbidade administrativa (dano ao erário) no Tribunal de Justiça de Roraima e também reponde a inquérito, no STF, que apura crimes eleitorais.Como votou: SIM

Fernando Francischini (SD-PR): No Tribunal de Justiça do Paraná é alvo de ação civil de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público e de ação movida pela Defensoria Pública do Paraná.Como votou: SIM

O levantamento foi feito pelo Portal EBC em plataforma da ONG Transparência Brasil.

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Conheça o deputado Jovair Arantes, relator do impeachment


Do Portal Vermelho, Eliz Brandão, com informações da Agência Brasil