quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Vem de Cuba: O documentário sobre o Mais Médicos


Por André Sampaio
Com o anseio de descobrir a realidade do programa Mais Médicos, implantado pelo governo federal em 2013, André Neves Sampaio e Felipe Rousseaux de Campos Mello, recém formados em jornalismo, junto com o fotógrafo José Vessoni, entraram em contato com Raúl Hernadez e Marlon Marinho, dois médicos cubanos integrantes do programa na cidade litorânea de São Miguel do Gostoso, Rio Grande do Norte, para retratar o dia a dia destes profissionais com a comunidade local.
O filme busca esclarecer diversas questões: como se estabelece uma relação de médicos estrangeiros em comunidades interioranas do Brasil; as principais dificuldades de se implantar a medicina preventiva em uma cidade tão pequena, mas ao mesmo tempo tão influenciada pela religião; as principais conquistas e dificuldades do trabalho desenvolvido pelos médicos durante os três anos que permaneceram na região.
O lançamento do documentário será online e gratuito, com a expectativa de que o debate sobre o programa Mais Médicos e a saúde brasileira ganhe força e não caia em esquecimento diante da atual conjuntura nacional.
O projeto foi realizado de forma totalmente independente, e o livre acesso ao conteúdo reflete o processo de produção do material.
FONTE: Viomundo

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

MPT processa SBT por violação à intimidade e discriminação de gênero


O Ministério Público do Trabalho (MPT) ajuizou na última sexta-feira 22 uma ação civil pública pedindo a condenação do SBT e multa de 10 milhões de reais por danos morais coletivos após dois episódios que vieram a público na programação da emissora.

O primeiro foi em abril de 2016, no Programa do Ratinho, quando a assistente de palco Milene Regina Uehara (Milene Pavorô) sofreu agressão física e humilhação. O outro ocorreu em junho deste ano durante o Programa do Silvio Santos, quando a atriz e apresentadora Maisa Silva sofreu grave constrangimento diante da violação de sua privacidade, intimidade e honra, caracterizando lesão aos direitos da personalidade, mediante abuso do poder hierárquico e discriminação do gênero feminino pela forma de tratamento dispensada às profissionais.
Os casos
No dia 21 de abril de 2016 foi veiculado um episódio de agressão física e humilhação sofridas pela assistente de palco Milene Pavorô. O apresentador Carlos Massa, o Ratinho, desferiu forte chute numa caixa de papelão em que se encontrava Milene, atingindo a altura de sua nuca. A trabalhadora deu um grito e caiu sentada no chão, visivelmente assustada e possivelmente machucada. Em seguida, ela se retirou do palco constrangida sob sons de risos e chacotas e o apresentador afirmou em tom debochado que ela era uma funcionária rebelde e providências seriam tomadas: ela iria “pra rua”.
A cena foi presenciada pelos funcionários presentes no palco, produtores, diretor e público que assistia ao episódio, além de ser veiculada ao vivo para todo o Brasil, causando indignação e discussões na mídia e redes sociais. Segundo o MPT, o episódio implicou violação não só da dignidade da trabalhadora ofendida psíquica e fisicamente, mas também dos demais empregados da empresa, inclusive muitas mulheres, causando espanto entre os funcionários e a violação de um sentimento coletivo, social, de dignidade de toda a sociedade.
A nota do MPT explica que numa relação de trabalho, a existência de subordinação jurídica do empregado não implica que ele tenha de se sujeitar a quaisquer tipos de ordens do empregador, pois o poder de direção não é ilimitado.
Para o procurador Gustavo Accioly, responsável pelo caso, “os atos praticados por estes apresentadores têm projeção difusa, que influenciam não apenas o conjunto de trabalhadores como também toda a sociedade com o mau exemplo e o grave constrangimento provocado”.
Diante dos fatos, o procurador apresentou à empresa uma minuta de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) em que deveria se comprometer a não permitir, tolerar ou submeter seus empregados a situações de ofensas pessoais, xingamentos, humilhações, desrespeito, situações vexatórias ou condutas que implicassem desrespeito à pessoa humana, além de promover retratação no “Programa do Ratinho”, por meio do apresentador Carlos Massa, sobre o tratamento dispensado à assistente de palco, entre outras obrigações, além de multa pelos danos morais coletivos. 
A empresa se recusou a assinar o TAC, alegando que o episódio foi uma “encenação” produzida pelo programa, que tem conteúdo humorístico. Ainda durante as negociações para a assinatura o segundo caso, envolvendo o próprio dono da emissora, Silvio Santos, e Maísa Silva.
No programa que foi ao ar no dia 18 de junho, Silvio Santos insistiu em um namoro entre a atriz, de apenas 15 anos, e Dudu Camargo, apresentador do SBT: "Tenho notado que você não consegue arrumar namorado. Você tem 15 anos e ele 19, o jogo foi um pretexto para aproximar vocês dois", propôs o apresentador. "Então eu posso ir embora. Não estou aqui para arranjar namorado. É um ultraje, é constrangedor você me submeter a uma situação dessa", rebateu a jovem. 
O episódio gerou grande repercussão nas sociais, inclusive críticas à atriz pela resposta dada ao jovem apresentador e uma postagem dela na sua página do Facebook:
Quinze dias depois, durante gravação de novo episódio, aconteceu outra situação ainda mais constrangedora. Maisa participava do quadro Jogo dos 3 Pontinhos quando Silvio chamou Dudu Camargo, causando outro momento de constrangimento entre eles. Vendo a atriz aos prantos, Silvio intensificou seu discurso e ela, então, abandonou o palco, fortemente constrangida e humilhada. Segundo fontes presentes na gravação, Silvio teria dito ao diretor do programa para não mais chamar a menina para participar do quadro. O episódio não foi levado ao ar.
Para o MPT, os programas produziram cenas que configuram lesão ao direito da personalidade, bem come abuso de poder hierárquico em detrimento do gênero feminino nas relações de trabalho, caracterizando uma espécie de discriminação pela forma de tratamento dispensada às artistas, ao denotar um papel feminino estereotipado, que reforça a inferioridade da mulher e viola a sua dignidade por atentar contra sua intimidade, privacidade, imagem e a honra, o que merece ser combatido pelo estado-juiz.
Para o Accioly, não se nega o direito da emissora à liberdade de imprensa e artística. Porém, não há nenhum direito absoluto. "Há várias formas de promover programas de entretenimento, desde que o escopo central não sejam cenas grotescas que expõem trabalhadores à violação dos direitos fundamentais à integridade física, intimidade, privacidade, honra, imagem e à igualdade de gênero".
O que a ação pede
Na ação ajuizada por Accioly, o MPT pede, além da multa por danos morais coletivos no valor de 10 milhões de reais, providência da empresa para que ajuste sua conduta e não mais permita, tolere ou submeta seus empregados a situações vexatórias, constrangedoras, ou qualquer conduta que implique desrespeito à pessoa humana, à vida privada, à honra, à intimidade e à imagem ou qualquer violência ou discriminação contra a mulher ou outro fator injusto de discriminação, garantindo-lhes tratamento respeitoso e digno.
O procurador pede, também, que a emissora seja condenada a retratar-se publicamente no Programa do Ratinho, por meio do apresentador, sobre o tratamento dispensado à Milene Regina Uehara, bem como no Programa Silvio Santos, pelo próprio Silvio Santos, sobre a cena veiculada com a participação de Maisa.
Outro pedido é que o juiz condene a emissora a veicular, no início e fim dos dois programas comunicado com o seguinte conteúdo: “a emissora respeita os direitos da personalidade, a dignidade, a intimidade, a honra, a vida privada, a imagem e a integridade física e mental dos trabalhadores, bem como repele qualquer violência ou discriminação contra a mulherou outro fator injusto de discriminação, garantindo-lhes tratamento respeitoso e digno”.
Além da multa por danos morais, outras multas de 200 mil reais podem ser aplicadas a cada exigência descumprida.

Economia do Maranhão tem números acima da média nacional

O Governo Flávio Dino chegou aos mil dias nesta terça-feira (26) com resultados e indicadores econômicos mais sólidos do que a maioria dos demais estados brasileiros. Entre eles, estão o crescimento do PIB e a saúde fiscal.

Um recente estudo do Santander mostra que a economia maranhense deve ter o segundo maior aumento entre todos os estados neste ano de 2017. O “Mapa da recuperação econômica” prevê que o PIB maranhense vai subir 3,1% no ano, abaixo apenas dos 5,1% de Goiás.

Boa parte da explicação para o desempenho positivo está na forte presença dos investimentos públicos do Governo do Estado.

Segundo o Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (Imesc), houve uma expansão real de R$ 218,3 milhões nos investimentos públicos entre janeiro e junho deste ano. Isso equivale a uma alta de 26,1%.

Uma reportagem publicada no Valor Econômico desta terça-feira (26) mostra que o total dos investimentos estaduais caiu 15,9% no primeiro semestre em todo o país, na comparação com o mesmo período do ano passado. Mas o Maranhão vive uma situação diferente. “Segundo os relatórios, os investimentos no Maranhão cresceram 17,9% de janeiro a junho contra igual período de 2016”, afirma o jornal.

Emprego 
O Maranhão teve em agosto o quarto mês seguido de crescimento do emprego com carteira assinada. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, foram 1.734 vagas formais a mais no estado.

O número é maior do que o verificado em julho, quando foram gerados 1. 567 postos. Além disso, mesmo com a crise financeira no Brasil, o Maranhão conseguiu atingir saldo positivo no acumulado do ano.

O desempenho é melhor do que o conjunto do Nordeste, que ainda tem saldo negativo de janeiro a agosto de 2017, com perda de 62.139 vagas.

Saúde fiscal

Embora a crise financeira nacional já tenha tirado mais de R$ 1 bilhão do Maranhão em transferências federais, a saúde fiscal do estado é uma das melhores em todo o Brasil. Isso significa que há uma relação saudável entre gastos e despesas nos cofres públicos maranhenses.

De acordo com um estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o Maranhão tem a segunda melhor situação fiscal entre todas as unidades federativas do país. Enquanto muitos Estados com arrecadação bem maior atrasam salários, o Maranhão vem pagando em dia os servidores.

Além disso, um relatório do Banco Central sobre a gestão de estados e municípios destacou o quadro positivo no Maranhão. O ranking do BC estabelece cinco faixas de avaliação de acordo com o risco de inadimplência.  O Maranhão aparece com a classificação que indica equilíbrio na gestão fiscal.

Porto do Itaqui

Um dos motores do crescimento maranhense desde 2015 tem sido o Porto do Itaqui. Ele vem se modernizando e vivendo um intenso ritmo de expansão. Atualmente, um terço do ICMS arrecadado no Maranhão passa pelo Porto do Itaqui.

Em 2015, o lucro do porto foi de R$ 43 milhões, mais de dez vezes o alcançado em 2014. Somando 2015 e 2016, o lucro passou de R$ 111 milhões, um recorde na história do Itaqui. São gerados mais de 14 mil empregos diretos e indiretos pelo empreendimento.

Mais de R$ 1 bilhão serão investidos no Porto do Itaqui nos próximos dois anos. O complexo movimentou neste ano mais de 5 milhões de toneladas de soja e bateu recorde histórico.

Além disso, neste mês o Porto do Itaqui inaugurou um inédito Centro de Controle Operacional (CCO), colocando o complexo numa nova fase de modernização. Também foi lançado o edital para a construção de um novo berço, que vai elevar a capacidade de movimentação do Itaqui.

Turismo

Outra importante fonte de renda é o turismo. A taxa de ocupação hoteleira no Maranhão durante o mês de julho foi a melhor dos últimos cinco anos no estado. O resultado contrasta com a redução média de 30% verificada no turismo nacional no mesmo período.

Carolina, na região da Chapada das Mesas, registrou 78% de taxa de ocupação hoteleira, com incremento também na quantidade de dias de permanência dos visitantes. Em Barreirinhas, a taxa de ocupação chegou a 90% aos fins de semana e 73% nos demais dias.

Já em São Luís, 69% das vagas foram ocupadas, com destaque para o turismo de negócios, que chegou a 78% nos hotéis especializados em receber viajantes corporativos.

Importante indicador de aquecimento da economia, o número de viajantes que foram a São Luís para fazer negócios alcançou 78% das vagas disponíveis em hotéis especializados no mês de julho, mesmo num período de alta temporada e de férias.


Foto postada por nós.

Blumenau, os cartazes contra “negros e macumbeiros” e a Gestapo brasileira.

Por Mauro Donato*

Às vésperas da Oktoberfest, a cidade de Blumenau (SC) viu cartazes colados em postes com a seguinte mensagem: “Negro, comunista, antifa e macumbeiro, estamos de olho em você”. A imagem ameaçadora traz um encapuzado da Ku Klux Klan.

Um advogado, Marco Antonio André, teve os cartazes colados na porta de sua casa. Marco Antonio é negro e segue o Candomblé. Ele reagiu nas redes sociais: “Continuarei na minha luta por uma sociedade justa e igualitária. Farei, agora mais do que nunca, parte da Comissão da Verdade pois em Blumenau há muitas histórias que não foram contadas”, postou no Facebook.
O histórico de Blumenau não é dos melhores, mas desde 2014 os nazistas de lá andam mais atrevidos. A prática de afixar os chamados ‘lambes’ nos postes também. Naquele ano, um grupo denominado White Front colou diversos cartazes com o rosto de Adolf Hitler pela cidade.
Pelo menos dois de seus integrantes foram identificados porque não se preocuparam nem mesmo com suas postagens de apologia ao nazismo em redes sociais. Kaleb Rodrigo Frutuoso e Fabiano Antônio Schmitz foram presos.
É de Blumenau também o cidadão Wander Pugliesi. Professor de história (veja você a ironia), é ele o proprietário da famosa piscina que tem uma suástica estampada no fundo cuja imagem foi captada ao acaso em um sobrevoo e depois viralizou.
Adorador de Hitler, deu o nome de Adolf a seu filho. Faz apologia ao nazismo sem medo de ser feliz, odeia os filmes sobre o período da Segunda Guerra (considera-os mentirosos) e sua casa é praticamente um museu nazista. Objetos, livros, bandeiras, pôsteres do Fürher.
Entre as duas guerras mundiais, os imigrantes alemães vindos para cá concentraram-se no sul. Claro que nem todos eram adeptos ou simpatizantes do nazismo. Mas há que se levar em conta que o maior partido nazista fora da Alemanha pouco antes do início da Segunda Guerra ficava no Brasil.
O partido nunca foi registrado na justiça eleitoral brasileira, mas funcionou durante 10 anos, de 1928 a 1938. E Santa Catarina era o estado com o segundo maior número de nazistas. Daí compreende-se um pouco melhor a volta dessa bactéria letal. Ali é um de seus habitats.
Retornando ao ‘professor’ dono da piscina, Wander Pugliesi, ele é atuante na apologia nazista desde 1994 pelo menos. São 23 anos de dedicação a propagar a filosofia e captar adeptos. Não era de se prever que alguns frutos nasceriam?
Não é portanto de se estranhar essa Gestapo blumenauense que anda colando cartazes de cunho racista, xenófobo e higienista.
Hannah Arendt considerava os nazistas como pessoas ‘vazias de pensamento’.  Primeiramente acredito que alguém que deseje eliminar – físicamente até – ‘o outro’ não está vazio e sim cheio de ódio. E está pensando nisso noite e dia.

Bolsonaro na Oktoberfest de 2015: aí sim

Em segundo lugar, sou mais propenso a concordar com o filósofo Pablo Ortellado que considera altamente perigoso essa postura de considerar alguém como Jair Bolsonaro como intelectualmente limitado, uma aberração inofensiva, de alcance pouco expansivo.
Não apenas os índices de aceitação a candidatos como ele vêm subindo como o mundo inteiro tem dado mostras de que a extrema direita vem ganhando campo. O porque disso não caiba num espaço menor que um livro por isso não irei me alongar aqui. Mas é fato. O berço do nazismo, a Alemanha, terá que lidar a partir de agora como nada menos que 94 deputados da AfD no parlamento.
*Mauro DonatoJornalista, escritor e fotógrafo nascido em São Paulo.

FONTE: DCM

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Seis brasileiros concentram a mesma riqueza que a metade da população mais pobre

Foto da favela de Santa Marta no Rio de Janeiro.AFP

Estudo da Oxfam revela que os 5% mais ricos detêm mesma fatia de renda que outros 95% Mulheres ganharão como homens só em 2047, e os negros como os brancos em 2089

Jorge Paulo Lemann (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim) são as seis pessoas mais ricas do Brasil. Eles concentram, juntos, a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres do país, ou seja, a metade da população brasileira (207,7 milhões). Estes seis bilionários, se gastassem um milhão de reais por dia, juntos, levariam 36 anos para esgotar o equivalente ao seu patrimônio. Foi o que revelou um estudo sobre desigualdade socialrealizado pela Oxfam.
O levantamento também revelou que os 5% mais ricos detêm a mesma fatia de renda que os demais 95% da população. Além disso, mostra que os super ricos (0,1% da população brasileira hoje) ganham em um mês o mesmo que uma pessoa que recebe um salário mínimo (937 reais) - cerca de 23% da população brasileira - ganharia trabalhando por 19 anos seguidos. Os dados também apontaram para a desigualdade de gênero e raça: mantida a tendência dos últimos 20 anos, mulheres ganharão o mesmo salário que homens em 2047, enquanto negros terão equiparação de renda com brancos somente em 2089.
Segundo Katia Maia, diretora executiva da Oxfam e coordenadora da pesquisa, o Brasil chegou a avançar rumo à correção da desigualdade nos últimos anos, por meio de programas sociais como o Bolsa Família, mas ainda está muito distante de ser um país que enfrenta a desigualdade como prioridade. Além disso, de acordo com ela, somente aumentar a inclusão dos mais pobres não resolve o problema. "Na base da pirâmide houve inclusão nos últimos anos, mas a questão é o topo", diz. "Ampliar a base é importante, mas existe um limite. E se você não redistribui o que tem no topo, chega um momento em que não tem como ampliar a base", explica.
América Latina
Neste ano, o Brasil despencou 19 posições no ranking de desigualdade social da ONU, figurando entre os 10 mais desiguais do mundo. Na América Latina, só fica atrás da Colômbia e de Honduras. Para alcançar o nível de desigualdade da Argentina, por exemplo, o Brasil levaria 31 anos. Onze anos para alcançar o México, 35 o Uruguai e três o Chile.
Mas para isso, Katia Maia propõe mudanças como uma reforma tributária. "França e Espanha, por exemplo, têm mais impostos do que o Brasil. Mas a nossa tributação está focada nos mais pobres e na classe média", explica ela. "Precisamos de uma tributação justa. Rever nosso imposto de renda, acabar com os paraísos fiscais e cobrar tributo sobre dividendos". Outra coisa importante, segundo Katia Maia, é aproximar a população destes temas. "Reforma tributária é um tema tão distante e tecnocrata, que as pessoas se espantam com o assunto", diz. "A população sabe que paga muitos impostos, mas é importante que a sociedade esteja encaixada neste debate para começar a pressionar o Governo pela reforma".
A aprovação da PEC do teto de gastos, de acordo com Katia Maia, é outro ponto importante. Para ela, é uma medida que deveria ser revertida, caso o país realmente deseje avançar na redução da desigualdade. "É uma medida equivocada", diz. "Se você congela o gasto social, você limita o avanço que o Brasil poderia fazer nesta área". Para ela, mais do que controlar a quantidade do gasto, é preciso controlar o equilíbrio orçamentário e saber executar o gasto.
Além das questões econômicas, o cenário político também é importante neste contexto. "Estamos atravessando um momento de riscos e retrocessos", diz Katia Maia. "Os níveis de desigualdade no Brasil são inaceitáveis, mas, mais do que isso, é possível de ser mudado".
Fonte: El País

1º Boletim sobre suicídio no Brasil revela dados assustadores


Primeiro boletim epidemiológico sobre suicídio no Brasil traz informações preocupantes. Por ano, cerca de 11 mil pessoas tiram a própria vida no país

Cerca de 11 mil pessoas morrem por suicídiotodos os anos no Brasil. De acordo com o primeiro boletim epidemiológico sobre suicídio, divulgado ontem (22) pelo Ministério da Saúde, entre 2011 e 2016, 62.804 pessoas tiraram suas próprias vidas no país, 79% delas são homens e 21% são mulheres. A divulgação faz parte das ações do Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção ao suicídio.
A taxa de mortalidade por suicídio entre os homens foi quatro vezes maior que a das mulheres, entre 2011 e 2015. São 8,7 suicídios de homens e 2,4 de mulheres por 100 mil habitantes.
Para a diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis e Promoção da Saúde, Fátima Marinho, esse número é maior pois há uma perda de diagnóstico dos casos de suicídio. Segundo ela, nas classes sociais mais altas há um tabu sobre o tema, questões relacionadas a seguros de vida e diagnósticos feitos por médicos da família. “As pessoas mais pobres, em geral, captamos a morte porque ele vai pro IML [Instituto Médico Legal]“, explicou.
Das 1,2 milhão de mortes, em 2015, 17% tiveram causa externa. Dessas 40% são registradas por causas não determinadas, segundo Fátima. “Ainda tem 6% de mortes que ainda não conseguimos chegar na causa. São cerca de 10 mil mortes que foram por causa externa, violenta, mas não sabe porquê. Por isso temos esse subdiagnostico do suicídio“, disse.
No Brasil, os idosos, de 70 anos ou mais, apresentaram as maiores taxas, com 8,9 suicídios para cada 100 mil habitantes, mas, segundo Fátima, em números absolutos, a população idosa vem aumentando. Além disso, eles sofrem mais com doenças crônicasdepressão e abandono familiar. Ela explica que esse índice alto de suicídio entre idosos é observado no mundo todo.
Os dados apontam que 62% dos suicídios foram causados por enforcamento. Entre os outros meios utilizados estão intoxicação e arma de fogo. Fátima conta que nos Estados Unidos são registrados mais suicídios por armas de fogo porque o acesso é mais facilitado.
A proporção de óbitos por suicídio também foi maior entre as pessoas que não têm um relacionamento conjugal, 60,4% são solteiras, viúvas ou divorciadas e 31,5% estão casadas ou em união estável. “E os homens casados se suicidam menos. O casamento é um fator de proteção para os homens e de risco para as mulheres“, disse Fátima, explicando que existe uma associação das tentativas de suicídio das mulheres com a violência
Entre 2011 e 2015, a taxa de mortalidade por suicídio no Brasil foi maior entre a população indígena, sendo que 44,8% dos suicídios indígenas ocorreram na faixa etária de 10 a 19 anos. A cada 100 mil habitantes são registrados 15,2 mortes entre indígenas; 5,9 entre brancos; 4,7 entre negros; e 2,4 morte entre os amarelos.
Para Fátima, o alto risco de suicídio entre jovens indígenas compromete o futuro dessas populações, já que elas também há um alto risco de mortalidade infantil.
Segundo a secretaria especial de Saúde Indígena, Lívia Vitenti, existe um número alto de indígenas em sofrimento por uso álcool, disputas territoriais e conflitos com a família e com a população não indígena. Entre os jovens, então, há falta de perspectivas de vida. Entretanto, o problema do suicídio entre os indígenas não está distribuído por todo o território, sendo mais frequente entre os Guarani Kaiowá, Carajás e Ticunas.

Tentativas de suicídio

As notificações de lesões autoprovocadas tornaram-se obrigatórias a partir de 2011 e elas seguem aumentando. Entre 2011 e 2016, foram notificadas 176.226 lesões autoprovocadas; 27,4% delas, ou seja, 48.204, foram tentativas de suicídio.
As tentativas de suicídios são mais frequentes em mulheres. Das 48.204 pessoas que tentaram tirar a própria vida entre 2011 e 2016, 69% era mulheres e 31% homens. A proporção de tentativas de suicídio, de caráter repetitivo também é maior entre as mulheres. Entre 2011 e 2016, daqueles que tentaram suicídio mais de uma vez, 31,3% são mulheres e 26,4 são homens.
O meio mais utilizado nas tentativas de suicídio foi por envenenamento, 58%. Seguido de objeto pérfuro-cortante, 6,5%; enforcamento, 5,8%.

Fatores de risco e proteção

Entre os fatores de risco para o suicídio estão transtornos mentais, como depressão, alcoolismo, esquizofrenia; questões sociodemográficas, como isolamento social; psicológicas, como perdas recentes; e condições incapacitantes, como lesões desfigurantes, dor crônica e neoplasias malignas. No entanto, o Ministério da Saúde ressalta que tais aspectos não podem ser considerados de forma isolada e cada caso deve ser tratado de forma individual.
Segundo o Ministério da Saúde, a existência de um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) no município reduz em 14% o risco de suicídio. Na análise feita, é o único fator de proteção ao suicídio. Fátima ressalta, entretanto, que é preciso uma melhor distribuição desses centros, principalmente nas áreas com mais concentração de suicídios. Existem hoje no Brasil 2.463 Caps em funcionamento.
Como a ocorrência de suicídio é grande entre os indígenas, ser indígena por si só já é um fator de risco, explicou Fátima. Pessoas que trabalham na agropecuária, que tem acesso a pesticidas, também são vulneráveis a cometerem suicídio por intoxicação.
Os casos acontecem em quase todo país, mas Região Sul concentrou 23% dos suicídios, entre 2010 e 2015. Segundo Fátima, alto nível de renda, pouca desigualdade social e baixo índices de pobreza são características de municípios que concentram mais suicídios.
Ela explica, entretanto que, no caso da Região Sul, existe a associação dos casos de suicídio com a agricultura, especificamente a cultura da folha do tabaco. Segundo Fátima, a folha verde do fumo pode causar uma intoxicação neurológica em quem mantém um contato muito próximo, “o efeito dessa intoxicação é chamada bebedeira da folha verde do fumo“.
Além disso, o pesticida usado nessa cultura contém manganês, que é absorvido e depositado no sistema nervoso central. Fátima ressalta, entretanto, que esta é uma associação e que ainda não existe o nexo causal entre esse tipo de pesticida e os casos de suicídio.
Então temos o risco ocupacional e a pressão social e econômica em cima de agricultores familiares. É uma exposição conjunta“, disse a diretora. Ela explicou que as políticas de incentivo para a diversificação das culturas no sul do país não tiveram um impacto importante pois o tabaco ainda é muito lucrativo.
Além da Região Sul e de áreas indígenas, esse levantamento trouxe novas áreas com altas taxas de suicídio, que são a região da divisa de São Paulo e Minas Gerais e o estado do Piauí. Segundo Fátima, esses locais ainda precisam ser mais estudos, mas também há uma associação ao uso de pesticidas e a agricultura.

Agenda global

Mais de 800 mil pessoas tiram a própria vida por ano no mundo. Por isso, em 2013, a Organização Mundial da Saúde desenvolveu um plano de ações em saúde mental que pretende reduzir em 10% da taxa de suicídio até 2020.
O coordenador de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, Quirino Cordeiro, disse que o governo promovia ações na área de prevenção ao suicídio, mas agora que está começando a fazer uma política focada no tema. Uma das ações estratégicas é a construção do Plano Nacional de Prevenção ao Suicídio, para ampliar as ações para as populações vulneráveis.
Segundo ele, o Ministério da Saúde quer expandir a rede de Caps, inclusive entre a população indígena, além de outras estratégias de cuidados na saúde mental. É importante ainda cruzar os mapas para identificar possíveis associações de causas de suicídios, como a associação com pesticidas. Outros órgãos e ministérios serão convidados para apoiar futuras ações.
Quirino explica que as políticas de prevenção ao suicídio devem focar em dois fatores, nos transtornos metais e nos meios de suicídio. “Sabemos que entre os vários fatores para o suicídio existe a presença do transtorno mental não tratado de maneira apropriado, então ter políticas públicas focadas nesses transtornos é importante“, disse.
Outra frente de ações é o controle de meios para o suicídio, segundo Quirino, que tem um impacto importante na redução dessas mortes. “Muitas vezes quem comete suicídio está passando por problemas graves e acaba fazendo uma tentativa por desespero. Mas se não tem à mão um método, muitas vezes aquele momento passa e a pessoa não efetiva“, disse, explicando que o controle de armas é importante no Brasil, por exemplo, pois onde se restringe o acesso a armas, se reduz os casos de suicídio.

Acordo com o CVV

O Ministério da Saúde, desde 2015, tem uma parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV), que começou com um projeto-piloto no Rio Grande do Sul. O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail, chat e voip 24 horas todos os dias.
O objetivo da parceria é ampliar gradualmente a gratuidade de ligações para o CVV, mesmo que por celular, por meio do número 188. Além do Rio Grande do Sul, a partir de 1º de outubro, pessoas de mais oito estados poderão ligar gratuitamente para o serviço: AcreAmapáMato Grosso do SulPiauíSanta CatarinaRio de JaneiroRondônia e Roraima.
De acordo com o Ministério da Saúde, 21% da população brasileira reside nos nove estados a serem atendidos gratuitamente pelo CVV, o que garante uma ampla cobertura. O acordo já ampliou o número de atendimentos, de 4,5 mil em setembro de 2015, para 58,8 mil em agosto de 2017. Até 2020 todo o território nacional poderá contar com o atendimento pelo 188.
No restante dos estados, o CVV ainda atende pelo número 141 ou diretamente no posto regional. Em cidades sem posto de atendimento do CVV, as pessoas podem utilizar o atendimento por chat, skype e e-mail disponíveis na página do CVV.
O boletim epidemiológico sobre suicídio está disponível na página do Ministério da Saúde.
Andreia Verdélio, Agência Brasil

Governo Flávio Dino 1º lugar desde 2015 em transparência, Governo da Oligarquia ZERO!

Governo Flávio Dino, sempre em diálogo com a sociedade maranhense
Em 2014, a nota do Maranhão era zero no principal ranking de transparência das contas públicas. Em 2015, o estado subiu para o primeiro lugar, posição onde se manteve em 2017.

Os dados são da Escala Brasil Transparente, Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU), do governo federal. O índice analisa o cumprimento às normas da Lei de Acesso à Informação nos estados brasileiros.

O Maranhão só passou a cumprir as leis de transparência em 2015, a partir da criação da Secretaria de Transparência e Controle.

O acesso a informações públicas é assegurado pelos Serviços de Informação ao Cidadão (SIC’s), incluindo a versão eletrônica (e-SIC), nos órgãos e entidades do poder público; pela realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à participação popular ou a outras formas de divulgação; e divulgação na internet de informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas, obedecidos os requisitos mínimos previstos na legislação federal.


quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Parceria entre Governo e Vale garante unidade do IEMA na área Itaqui-Bacanga em 2018.



A área do Itaqui-Bacanga vai receber uma unidade plena do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia (IEMA), fruto da parceria entre o Governo do Estado e a Vale. O governador Flávio Dino e o diretor de operações da empresa no Maranhão e no Pará, Antônio Padovezi, assinaram protocolo de intenções em solenidade realizada no Palácio dos Leões, nesta terça-feira (19). O Instituto já começa a funcionar no início do próximo ano e vai atender jovens da região, o que abrange cerca de 250 mil pessoas.

Com a instalação da nova unidade, o Governo continua com os investimentos para a formação e profissionalização da juventude, e, ao mesmo tempo, auxilia as famílias da região com oportunidades de emprego e renda, já que serão abertos postos de trabalho no próprio Instituto. A unidade do IEMA do Itaqui-Bacanga terá sua vocação voltada para o setor industrial, tendo em vista a Vale, as empresas ao entorno e a influência do Porto do Itaqui. A escola também será voltada para o setor de serviço, atendendo à demanda local.

O governador Flávio Dino destacou que a implantação de mais uma unidade plena do IEMA representa a concretização da política do Governo do Estado de afirmar um modelo de escola em tempo integral e profissionalizante que está se afirmando internacional e nacionalmente como o mais apto a propiciar e garantir a melhor educação aos jovens. “O IEMA é um caminho de múltiplas metas. Saímos de zero, em 2014, e estamos avançando para termos mais de 30 escolas em tempo integral no Maranhão. Uma conquista”, pontuou o governador.

Flávio Dino fez questão de frisar que a comunidade da região Itaqui-Bacanga vai participar do projeto, por meio da escolha democrática dos cursos que serão oferecidos pela unidade. “Nós acreditamos que os investimentos públicos são fundamentais, porém, eles não são os únicos. As parcerias privadas também são essenciais para que as boas ideias floresçam. E o IEMA é uma ótima ideia, extraordinária. Quem vai a essas escolas se comove e se motiva. E vamos fazer florescer esse sinal de esperança na área Itaqui-Bacanga”, reiterou o governador.

O diretor de operações da Vale enfatizou que é com muita alegria que a empresa firma esse protocolo uma vez que ter um instituto como o IEMA implantado no Itaqui-Bacanga concretiza a proposta de oferecer oportunidades e, ao mesmo tempo, contribui para a geração de renda das famílias e apara o desenvolvimento territorial.

“O IEMA já tem uma proposta educacional sólida, e resultados reconhecidos na formação de jovens. Por isso temos a certeza que essa será uma parceria de sucesso para toda a comunidade Itaqui-Bacanga. Por isso seguimos investindo em projetos que tenham esse potencial e que crie cenários promissores que coloquem a melhoria da qualidade de vida dos maranhenses. Bons parceiros com bons projetos a gente atinge excelentes resultados. Aqui se concretiza mais uma vez”, realçou o diretor Antônio Padovezi.

Aprovado pela comunidade


Para o presidente da Associação Comunitária do Itaqui-Bacanga (Acib), Ivan Júnior, a comunidade da região recebe, com muita alegria, mais um aparelho do Governo do Estado na área, que vem acompanhando, nos últimos anos, o processo de valorização com equipamentos semelhantes. “A gente acompanha aqui e vemos que as escolas da nossa região vêm ganhando reformas, melhorias, ar-condicionado nas salas, que antes era uma utopia, e hoje para nossa comunidade é uma realidade. E o IEMA fecha com chave de ouro esse processo de valorização da comunidade e da juventude e, sobretudo, o processo de emancipação da nossa comunidade”, relatou.

O IEMA do Itaqui-Bacanga funcionará no antigo prédio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), na Vila Embratel, e será completamente adaptado para receber os alunos com o mesmo padrão de excelência das outras unidades do Maranhão.

De acordo com o reitor do IEMA, Jhonatan Almada, já está incluído no planejamento do IEMA para 2018 a inauguração desta unidade no Itaqui-Bacanga e sendo adotadas as providências necessárias ligadas ao mobiliário, equipamentos, seleção de professores, de gestores, audiência pública para definição dos cursos, que deverá acontecer em outubro e já em novembro será aberto o edital para a inscrição dos alunos. “Em relação ao prédio, vamos agendar quando já podemos entrar e iremos fazer melhorias do ponto de vista da divisão de salas, adaptação para refeitório e, futuramente, a quadra poliesportiva. Mas ele já está hoje em plenas condições de funcionar”, garantiu Jhonatan Almada.

Também participaram da solenidade de assinatura da parceria entre o Governo do Estado e a Vale, o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Davi Telles; os deputados estaduais Bira do Pindaré e Rafael Leitoa, além de diretores da empresa e associações de moradores de bairros da área Itaqui-Bacanga.

FONTE: Secap