quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Flávio Dino: 'Não podemos achar que o Brasil acabou'


O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), defendeu o diálogo em defesa do Brasil, durante o evento que marcou o retorno de ações de desenvolvimento da Rota das Emoções – que integra municípios do Maranhão, Piauí e Ceará - para o desenvolver o turismo.
Um dos principais aliados do governo Dilma Rousseff (PT), o chefe do executivo maranhense afirmou que “devemos combater essa agenda monotemática de que o Brasil acabou, que tudo é crise". "É claro que temos muitos problemas e passamos por um momento de dificuldade. Mas ao mesmo tempo, temos muitas virtudes, muitos valores e muitos caminhos a serem trilhados para enfrentar essa quadra de dificuldade”, disse ele, na terça-feira (26).
Crítico ferrenho das tentativas de impeachment contra a presidente Dilma, Flávio Dino afirmou respeitar "muito todas as vozes dissonantes e discordantes" em relação aos rumos da sua gestão no Maranhão, mas disse fazer "questão de convocar a todos os maranhenses para que ajudem o nosso estado". "Do mesmo modo é a situação do Brasil. Não podemos fazer disso o jogo do vale-tudo, de deslegitimar a democracia e as instituições republicanas aos olhos da população”, acrescentou.
Em entrevista ao 247, no mês passado, o governador do Maranhão disse que o impeachment é golpe, "porque ao contrário do que alguns dizem não se trata de  um julgamento apenas político. É também um julgamento jurídico, que exige um crime de responsabilidade". De acordo com ele, "ninguém é capaz de indicar que crime de responsabilidade foi cometido pela presidente Dilma".
"Quando falam nas pedaladas fiscais de 2014, isso se refere ao mandato anterior, pelo qual ela não pode ser atingida neste segundo mandato. Quando se fala nas eventuais pedaladas de 2015, elas deixaram de existir quando o Congresso Nacional aprovou a nova meta fiscal. Se não há crime, não pode haver impeachment", disse (leia mais aqui).
Rota das Emoções
No evento, Dino assinou, junto com os governadores do Ceará, Camilo Santana, e do Piauí, Wellington Dias, o contrato de rateio para a reativação da Agência de Desenvolvimento Regional Sustentável (ADRS), que visa promover, capacitar e fortalecer o turismo sustentável da Rota das Emoções.
O acordo rege, ainda, que a comissão seja composta por um integrante do Sebrae de cada estado, um representante das secretarias estaduais de turismo do Maranhão, Ceará e Piauí, e um integrante que represente a esfera municipal dos envolvidos na Rota.
Também ficou definido que cada um dos três estados ficará responsável pelo investimento de R$ 500 mil, totalizando R$ 1,5 milhão, para investimentos em promoção e o apoio à comercialização de produtos turísticos, qualificação da mão de obra do setor e o fortalecimento os municípios integrantes da rota.
Com o apoio da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), ficou definido que a Rota das emoções será apresentada durante a ITB Berlim, maior feira de turismo de aventura do mundo, que será realizada em março. A ideia, proposta pelo presidente do Instituto, Vinícius Lummertz, foi aprovada pelos governadores e pelo secretário executivo do Ministério de Turismo, Alberto Alves, durante a solenidade.
Fonte: Brasil 247

Renato Rabelo será Presidente-Executivo do Conselho de Desenvolvimento.


Ex-presidente nacional do PCdoB e colunista do 247, Renato Rabelo, foi designado pela presidente Dilma Rousseff para ser o secretário-executivo do Conselhão, que se reúne nesta quinta-feira, 28, pela primeira vez desde 2014; segundo o colunista Lauro Jardim, caberá a Rabelo organizar as reuniões e as comissões temáticas que acontecerão depois de cada um dos encontros

Fonte: Brasil 247

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Como eu cresci achando natural a poluição da Vale em casa, na praia, na vida. Por Marcos Sacramento


Posso afirmar que a poluição da Vale faz parte do imaginário da minha infância. Nascido em Vitória, desde os 10 anos de idade moro em Jardim Camburi, bairro onde se localiza o Complexo de Tubarão. Por mais de 20 anos morei em um condomínio que faz limite com os muros do complexo, formado por um porto gigantesco e oito usinas de pelotização.
Por causa dessa proximidade, cresci acostumado com a presença brilhante do pó de minério dentro de casa ou na areia de praia. Apesar de poluída, a praia de Camburi era um quintal para mim e meus amigos. Fica em uma baía de onde se avista, olhando para o norte, o porto e as usinas expelindo vapores para atmosfera. Costumávamos praticar pesca submarina bem pertinho do porto, em um ponto com águas claras e corajosas e escassas lagostas.
Para isso precisávamos atravessar um trecho da praia bastante afetado pelas atividades da empresa. Eram faixas de areia negra e brilhantes, impregnadas de minério. A água do mar, sem ondas por causa da proteção dos recifes, às vezes ficava com uma coloração rosada e turva. As folhas das árvores eram cinzentas, cobertas de pó.
Mesmo assim eu não via a Vale como um monstro destruidor da natureza e sim um dos principais motores da economia da cidade. Era como uma vizinha amigável mas um pouco espaçosa, que provocava alguns incômodos como emitir pó preto e fumaças com conteúdo suspeito.
Para quem cresceu em apartamento e não viu a natureza ceder espaço para as indústrias, a Vale, com seus ruídos na madrugada, as colunas de fumaça e o onipresente pó de minério, era só mais um elemento do cotidiano.  Além do mais, a empresa construíra um parque bem agradável no bairro e mantém um dos únicos museus a inserir a Grande Vitória no circuito nacional das artes.
Até que veio o rompimento da barragem em Mariana e a onda de rejeitos descendo pelo moribundo Rio Doce em direção ao oceano.  Ali lembrei que a empresa não é superlativa só na estrutura e nos lucros, mas também no poder de destruição.
O Complexo de Tubarão e o pó preto são a ponta final do processo de produção. Se por um lado os impactos ambientais das operações do Complexo de Tubarão são mais sutis que nas regiões onde ocorre a mineração, o mesmo não pode ser dito quanto aos impactos da onda de rejeitos.
Embora não provoque a destruição de estruturas físicas, a lama tóxica poderá contaminar a foz do Rio Doce, local de desova de tartarugas e povoado por animais de topo de cadeia como baleias e tubarões.
Caso desça em direção ao sul, a lama poderá atingir três importantes unidades de conservação: a Reserva Biológica de Comboios,  a Área de Proteção Ambiental Costa das Algas e Refúgio da Vida Silvestre de Santa Cruz. É possível que atinja a costa de Vitória, contaminando com metais pesados o manguezal de onde se extrai os ingredientes da tradicional torta capixaba.
Dias atrás, fui pegar uma praia na Ilha do Boi, mais limpa e aprazível que Camburi. Fica em um bairro de classe alta, onde, dizem, Sebastião Salgado tem uma casa. Meu mergulho na água calma e excepcionalmente clara naquele dia foi melancólico e senti a tragédia de Mariana se aproximando. Temi que em poucos dias eu não poderia mais nadar com a mesma tranquilidade.
Com a corrente de lama tóxica cada vez mais perto do mar, o que chamam de “Fukushima Brasileiro” deixou de ser uma catástrofe distante para se tornar uma ameaça real.
Existe uma pequena chance de que a lama tóxica fique no rio e não provoque danos no mar, caso contenção na foz do Rio Doce que a Samarco foi obrigada a fazer funcione. Mesmo que dê certo, o estrago já foi feito.
Se as previsões de especialistas se confirmarem, uma geração de crianças das áreas afetadas pelo desastre crescerão como eu cresci. Acostumados com rios ou praias sem vida, vendo a poluição como algo natural no ambiente onde vivem.
Marcos Sacramento
Sobre o Autor
Marcos Sacramento, capixaba de Vitória, é jornalista. Goleiro mediano no tempo da faculdade, só piorou desde então. Orgulha-se de não saber bater pandeiro nem palmas para programas de TV ruins.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Um dia na vida do Perfeito Idiota Brasileiro

Por Paulo Nogueira*
Alguns anos atrás, escrevi um relato sobre o dia do Perfeito Idiota Brasileiro, o PIB.
O Brasil mudou, e com ele o PIB, e é por isso que atualizo agora sua jornada cotidiana.
O PIB, hoje, está pronto a hostilizar petistas onde quer que os encontre. Bate panelas quando Dilma aparece na tevê. Veste camisa da CBF e vai para a Paulista pedir o impeachment. Passa adiante, nas redes sociais, tudo que seja negativo para o governo, a começar pelo material do Revoltados Online.
Ele continua a ler, logo pela manhã, o site da Veja. Nele, Reinaldo Azevedo é, como sempre, leitura indispensável. Mas agora ele não deixa de acompanhar, também, Felipe Moura Brasil. Lamentou, na Veja, a demissão de Joice Hasselmann.
Um raro exemplo de loira inteligente.
Fora da Veja, alguns outros blogs fazem parte de sua rotina. Um deles é o de Ricardo Noblat.
Mitou ao sugerir que Dilma se suicidasse.
Sempre dá um jeito de passar também pelo blog de Lauro Jardim.
Erra barbaridade, mas é o cara mais informado do Brasil.
O PIB vai para o trabalho ouvindo CBN. Merval e Jabor o fazem entender melhor o mundo. Volta para casa com a Jovem Pan. Sente falta de Scheherazade na rádio.
Ela foi vítima da censura do governo. Canalhas.
As noites são dedicadas à informação pela tevê. Seus comentaristas prediletos são Marco Antônio Villa e William Waack. “Por que caras como eles não estão governando o Brasil?”, ele se pergunta com frequência. “Têm resposta para tudo, até para os problemas do yuan chinês.”
Ao ouvir Villa no Jornal da Cultura sempre lhe ocorre um paradoxo.
O Villa tem voz fina, mas fala grosso.
Às segundas, o Roda Viva é programa obrigatório. Um amigo petralha lhe disse que Augusto Nunes é o Brad Pitt de Taquaritinga, em tom de escárnio. Mas atribuiu isso a alguma das más leituras do amigo.
Jô ele gostava de ver, mas acabou desistindo depois que ele entrevistou Dilma.
Ganhou uma fortuna para fazer aquela entrevista. Gordo miserávelpensa que me engana?
Prefere agora ver, tarde da noite, Danilo Gentili. Vibrou quando soube que Gentili oferecera bananas a um negro que o incomodava. E gostou ainda mais quando o juiz decidiu que Gentili não fora racista.
São todos uns coitadinhos, estes negros. Só querem saber de cotas e outras mordomias.
A mesma opinião ele tem de outras minorias, como os homossexuais, os índios e as mulheres. Não engole também os nordestinos.
Deviam ser gratos a nós de São Paulo por darmos a eles empregos de pedreiros, lixeiros e domésticas, mas decidiram ter as mesmas coisas que nós, aqueles retirantes.
Com Gentili PIB conheceu outro site que agora faz parte de suas preferências: o Antagonista. O que mais o agrada, fora o tom, são os textos curtos, um ou dois parágrafos no máximo. PIB detesta textos longos, de mais de cinco parágrafos.
PIB não liga muito para música. Para ele, Chico, além de chato, é um petralha. Mereceu ter sido xingado na saída de um restaurante.
Queria estar lá pra dizer certas verdades praquele comunista.
Lobão e Roger do Ultrage não. Estes escrevem as coisas que têm que ser ditas. Denunciam a ditadura lulodilmopetista. Lobão até compôs uma música contra Dilma. Ele achou a música genial, embora não tenha ouvido. Quer dizer, não ouviu até o fim. Ouviu 30 ou 35 segundos, e não conseguiu ir adiante. Mesmo assim, foi o suficiente para ver que é uma obra prima que será ouvida daqui a cem anos.
O cara foi brilhante em financiar seu disco com uma vaquinha virtual.
PIB contribuiu com zero, mas ficou impressionado com a iniciativa de Lobão.
Ele acha o Brasil o pior país do mundo. O mais corrupto.
Ainda bem que surgiu o Moro pra salvar a gente.
Ele torce para que Moro seja candidato à presidência em 2018. Se não for, Bolsonaro é um ótimo nome. Aécio não: é frouxo, um petista disfarçado. Esperava que Joaquim Barbosa se candidatasse em 2014. Comprou até máscaras de JB no Carnaval daquele ano. Mas nada.
Teve uma surpresa quando ouviu Moro pela primeira vez. Lembrou-se imediatamente de Villa.
Fala fino, mas tem voz grossa.
Admira também Eduardo Cunha, mas o governo inventou coisas contra ele. Lera, em algum lugar, que Dilma comprara dos suíços um falso dossiê para incriminar Cunha.
Os caras não se detêm por nada, filhos da puta.
PIB pensa em mudar do Brasil. Está pesquisando apartamentos em Miami.
Que adianta você ter carro se todo mundo tem? Viajar de avião se todo mundo viaja? Fazer compras num shopping se todo mundo faz? Assinar Netflix se todo mundo assina?
Mais recentemente, irritou-se em particular com as bicicletas em São Paulo.
Vontade de fazer um strike com ciclistas …
Ele já se imaginou mais de uma vez fazendo isso: atropelando ciclistas em série, como se ele fossem peças de boliche.
Na hora de dormir, PIB volta a pensar em deixar o Brasil enquanto espera seu Frontal fazer efeito.
Uma única coisa o faria desistir do sonho: São Paulo se separar do resto do Brasil.
Chega de sustentar os preguiçosos.
E então ele dorme o sonho profundo dos perfeitos idiotas.
Paulo Nogueira
*Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Peça sobre as mulheres na Guerrilha do Araguaia chega em São Paulo


Guerrilheiras ou para a terra não há desaparecidos conta a história das mulheres na Guerrilha do Araguaia. A peça que já passou pelo Rio de Janeiro chega agora na capital paulista. A estreia é nesta sexta-feira (16), no Sesc Belemzinho. A temporada dura três semanas, sempre às sextas-feiras e sábados às 21h30 e domingos às 18h30. 

Guerrilheiras foi concebido pela atriz Gabriela Carneiro da Cunha a partir da história de 12 mulheres que lutaram e morreram em um dos mais importantes e violentos conflitos armados da ditadura militar brasileira, a Guerrilha do Araguaia.

Ocorrida entre os estados do Pará e Tocantins, na floresta amazônica, no período entre abril de 1972 e janeiro de 1975, a Guerrilha do Araguaia reuniu cerca de 70 pessoas, sendo dezessete mulheres, que saíram de diversas cidades do país para participar do movimento de resistência à ditadura.

Por meio de um diálogo entre a ficção e o documentário, Guerrilheiras ou para a terra não há desaparecidos é um poema cênico criado a partir da história dessas mulheres, de sua luta e das memórias do que elas viveram e deixaram naquela região. A peça também busca iluminar esse importante episódio da história do país ainda tão nebuloso. “Certas coisas devem ser feitas: manter a chama acesa, relembrar e iluminar a história das lutas e dos lutadores, com todas as contradições que cada luta carrega”, destaca a diretora Georgette Fadel.

Após uma profunda e detalhada pesquisa sobre o tema, equipe e elenco da peça realizaram uma viagem até o sul do Pará com a diretora, a autora e as atrizes Carolina Virguez, Daniela Carmona, Fernanda Haucke e Mafalda Pequenino. Sara Antunes, que também integra o elenco, não participou da viagem, pois na ocasião estava grávida de nove meses. Assim como as guerrilheiras eram de diferentes cidades, a equipe é formada por artistas do Rio, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e da Colômbia.

Foram 36 horas de viagem de ônibus saindo do Rio de Janeiro até chegarem às margens do Araguaia, onde ouviram os relatos de quem presenciou esta história, num lugar marcado pela tradição do massacre. Em uma terra de esquecidos e desaparecidos, onde existe uma guerra velada, há um povo que dá voz àqueles que foram mortos. O cineasta Eryk Rocha documentou todo o percurso da equipe durante os quinze dias de viagem. Os registros audiovisuais, entre rostos e paisagens, serão projetados no palco do teatro, criando um diálogo com as atrizes. Os sons captados do rio acompanham algumas cenas. 

Do Portal Vermelho, com informações da Fundação Maurício Grabois

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

O Partido da Mulher Brasileira que não representa as mulheres brasileiras

Suéd Haidar, presidenta do Partido da
Mulher Brasileira (PMB). Foto: Estadão.
Texto de *Talita Barbosa para as Blogueiras Feministas.
A conquista do voto feminino em 1932 foi uma abertura para que as mulheres começassem a fazer parte da política do Brasil. Esta medida se deu a partir da luta feminista pela igualdade dos direitos. No entanto, a conquista do direito ao voto também marcou o início de uma luta pela ampliação de espaços para as mulheres no cenário político do Brasil.
Para isso, foi criada a cota de gênero correspondente a 20% das candidaturas nas eleições municipais de 1996. Tal ação serviria como uma ferramenta para estimular a inserção da mulher no ambiente político e assim buscar a equidade de gêneros num ambiente hegemonicamente masculino.
Dois anos depois, em 1997, elevou-se a cota para 30%, válida para qualquer eleição do Poder Legislativo, que é a reserva de candidaturas atualmente em vigor. Entretanto, a representação feminina constitui menos de 10% no Congresso Nacional, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar das mulheres representarem 51,95% do eleitorado no país.
Atualmente, dos 81 senadores, apenas 13 são mulheres. Já na Câmara, das 513 cadeiras, apenas 51 são ocupadas por mulheres. Neste cenário, majoritariamente masculino, surge o Partido da Mulher Brasileira (PMB), o 35º partido reconhecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que tem como objetivo – de forma bem rasa – garantir uma maior participação de mulheres no cenário político do país.
Recentemente, divulgaram que, dos vinte deputados filiados ao PMB, apenas duas são mulheres. O senador Hélio José (DF), recém filiado e acusado de cometer um crime de pedofilia, se referiu as mulheres como seres que dão “alegria e prazer aos homens” ao informar sua saída do PSB e filiação ao PMB. Além disso, ele será o líder do partido que, atualmente, conta com um total de 21 filiações. Desta forma, o PMB, estréia no cenário político como apenas mais um partido majoritariamente masculino; gerido por homens machistas em prol de uma sociedade machista e, assim, permanece sustentando o patriarcado no atual cenário político brasileiro.
O novo partido, que não possui ideologia feminista, como sua presidente, Suêd Haidar, faz questão de afirmar em entrevistas, não tem a intenção de lutar pela alteração da legislação do aborto, democratização de métodos contraceptivos, inclusão do estudo de gênero em escolas, leis mais duras que penalizem a violência contra a mulher, garantia de atendimento médico às vítimas de estupro, entre outras pautas que, infelizmente, precisam ser discutidas num Congresso em que existam parlamentares sensibilizadas com a emergência de alterações na legislação, no que diz respeito às mulheres brasileiras do século XXI.
Ao ir contra todas as demandas feministas, o PMB se afunda num paradoxo, quando todas as pautas feministas acima citadas, baseiam-se na liberdade de escolha sob o próprio corpo que a mulher deve ter garantida por lei, assim como o homem já o possui. Direitos estes, que o Estado não deve interferir e muito menos as religiões, num país em que a Constituição o define como laico.
Por fim, o PMB que deveria ser das mulheres e para mulheres passa a ser apenas mais um partido político no meio de tantos outros com interesses que não visam o bem coletivo da maioria das mulheres brasileiras, mas sim a manutenção de uma pequena parcela da sociedade no poder que, neste caso, são os homens cisgêneros, heterossexuais, brancos e ricos.
Autora
*Talita Barbosa é mulher feminista, negra, baiana e estudante de Jornalismo. Escreve no blog Oito ou Oitenta.