segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Feliz natal e ano novo!



O nosso blog entra nesse momento em recesso, até janeiro de 2015!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

EUA reata com Cuba, falta só a mídia, Viva Cuba!

 
Ontem dia 17 de dezembro de 2014, não poderia deixar de ser um dia histórico para todo mundo, logo no final de um ano nebuloso, recheado de vários acontecimentos antagônicos e decisivos. Não poderíamos de se deliciar, logo no seu final de um acontecimento importante que pode abrir a humanidade para várias reflexões sobre a liberdade de lutar por melhores dias para a população mundial.
 
Os EUA, através de seu presidente atual, Barack Obama, reforçado por vários países, especialmente o Canadá e Brasil e de forma cautelosa e firme, o Papa Francisco, deu o braço torcer e se aproxima politicamente de Cuba.
 
Houve essa grande iniciativa destas duas nações que não só ficam por ai. O congresso americano tem a responsabilidade de depois de mais de 50 anos, acabar de vez o embargo econômico contra o iminente e  revolucionário povo cubano.
 
E agora? Falta a grande mídia tradicional, criar vergonha na cara e largar de perseguir Cuba e trabalhar agora em desenvolver harmonia e falar a verdade do país caribenho. 
 
A mídia ontem divulgou essa notícia boa, porém ainda só divulga o ganho americano com a importante liberdade de Alan Grossi e escamoteia o lado da alegria cubana.  
 
No entanto, como fazemos parte da mídia livre, o blog divulga uma postagem extraída do blog cubano Cuba Hora e foto do outro blog cubano La pupila insomne mostrando a alegria dos familiares, do governo e do povo cubano com a volta de seus combatentes revolucionários que estavam cerca de 15 anos presos no pais americano. Veja vídeo e matéria (traduzida pelo Google Tradutor) abaixo:


"Eles já estão em Cuba! Repito mais uma vez, para perceber certeza. Por mais de 15 anos que se agarram à esperança, e até mesmo quando não está cansado de lutar, sempre agachado em algum lugar na alma o temor de que o tempo foram letais.

Mas depois dessa ausência raiou. Raúl anunciou: "Como Fidel prometeu, em junho de 2001, quando ele disse," vai voltar, chegou em nosso país, Gerardo, Ramón e Antonio "... E uma manhã golpe especulação quando Alan Gross! tomou todas as manchetes, certamente virou. Então, todos nós choramos. E ficamos felizes por eles, para nós, mas especialmente para os nossos filhos.

Inesperadamente, nesta ilha amada eram os nossos heróis, aqueles enormes homens que se juntaram a nós em sua causa, o que nos fez pessoas melhores, eles nos ensinaram que o país está acima de qualquer coisa. E eu percebi que abraçou, eu imaginava seus rostos quando depois de muitas noites que eles se encontraram novamente em um avião de volta para casa para esta casa que agora está completa.

Por mais que eu repito, eu mal posso acreditar. Eu não posso acreditar que Adriana voltou a beijar Gerardo; Eu não posso acreditar Tony abraçou sua mãe e talvez mais lhe disse não temer a hora, porque ele está de volta; Eu não posso acreditar que o alívio para a saúde de Ramón veio com o amor de suas filhas e sua esposa; Eu não posso acreditar que eles são os cinco juntos novamente na ilha que os ensinou a ser heróis.

E congratulamo-nos com a rua. Parece que a vitória pertence a todos e tão triste. As pessoas assumem alegre, eufórico, como se cada família estava completa, como toda mãe havia retornado para dar o beijo na testa do filho que regressa como se cada mulher havia retornado para dizer eu te amo, como se cada criança tinha retomada mão do pai para saber mais seguro.

Enquanto alguns amargos de outros bancos como retorno, deste lado do mar, há uma cidade que faz festa, que prevê que leva para as ruas, pendurando bandeiras, dançando, chorando de felicidade que segue essas fitas amarelas, que dá graças a San Lazaro, Deus, Raul, Fidel ... porque a promessa de retorno foi cumprida."
 
 
 

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Dominação econômica global ou terceira guerra mundial?



Por LUÍS CARLOS ROMOLI DE OLIVEIRA

Os Estados Unidos da América estão, nestes últimos dias, jogando sua grande cartada: um tudo ou nada que só saberemos o que deu dentro de alguns meses, talvez uns 12 a 18 meses.

Junto com alguns [aliados] países fortes da OPEP, como a Arábia Saudita e alguns players europeus que não querem aparecer, conseguiram enlear algumas economias do mundo, como a Rússia, Brasil, Irã, Venezuela e vários outros com algo que poderá ser o maior blefe de toda a história. Ou quem sabe, se der certo o plano deles, conseguirão dar um golpe de misericórdia nessas nações para manterem e expandirem o seu status quo de hiperpotência mundial por mais algumas gerações.

Por conta de seu [subsidiado e] criticadíssimo projeto de extração de petróleo de xisto, algo calamitosamente agressivo à natureza, estão forçando uma baixa de quase 50% nos preços do petróleo tradicional em todas as bolsas do mundo. Dizem [e há quem acredite] que sua produção de óleo de xisto aumentou significativamente suas reservas estratégicas e que, por isso, podem baixar os preços em 50%, algo impensável há apenas poucos meses atrás.

Junto com essa massiva desvalorização, estão tentando desestabilizar as nações ricas em petróleo em seu próprio quintal, a Venezuela e o Brasil.

Na Venezuela, os ataques predadores na economia já fizeram com que a inflação chegasse na casa dos 50%, enquanto no Brasil existe um [conveniente e amplificado] ri-fi-fi de denúncias ainda não comprovadas de um grande desfalque nas contas da Petrobras, que poderá inviabilizar a empresa e causar sérios danos, como a queda do valor de face de suas ações para menos da metade do que valiam há apenas alguns meses atrás, além de grande desemprego e convulsão social. Tudo num plano de [planejado] sincronismo espetacular.

O grande jogo que [os EUA] jogam hoje é desestruturar tanto a Venezuela como o Brasil e a Rússia e, quem sabe, também a China, e apossarem-se "financeiramente" de suas reservas petrolíferas, talvez comprando-as por qualquer ninharia na bacia das almas nessas horas de vacas magérrimas, quando o valor das ações dessas empresas já valem metade do que valiam ontem.


Tão logo essa conquista "via mercado financeiro" se confirme, vão anunciar que o projeto do xisto não deu certo, mas que, nesse ínterim, compraram os poços da Venezuela, da Russia e do Brasil. E pronto! Deu-se o golpe que estão ensaiando já há vários anos, sem disparar um único tiro. Terá bastado somente uma sequência de protoataques como vimos na última década: contra a tal da praga da ameaça bolivariana; com o câncer em cinco chefes de governo na América Latina num mesmo momento; com o [violento] "não vai ter Copa" no Brasil; com a "opção-legal" de Joaquim Barbosa e o Mensalão; com a opção desesperada Marina Silva, que também não vingou, e agora com um "terceiro turno" das eleições democráticas do mês passado e mais o megaescândalo que ainda nem é um processo judicial, mas já xacoalhou toda a estrutura do novo governo brasileiro... Tudo isso, junto com a benesse momentânea e surpreendente do discutidíssimo óleo de xisto, estão colocando de joelhos a maior e mais dinâmica empresa brasileira, que tinha entre suas principais metas promover o maior resgate histórico da educação e da saúde neste país em seus 500 anos de vida, com os royalties do pré-sal.

No entanto, o que vemos neste momento é que a Petrobras está sendo colocada sobre terrível stress que poderá romper não só nosso sistema financeiro e político como nossos planos de resgaste de nossa soberania através da educação e da saúde do povo.

Junto, tentarão rolar a Rússia e talvez a China no mesmo imbróglio; mas há muitos que apostam que o projeto do óleo de xisto irá dar com us burros n'água muito antes dos 12 meses que os teóricos preconizam, que, se realmente acontecer, deveremos ver o feitiço virar contra o feiticeiro e derrubar definitivamente a maior economia do planeta desde o interregno das duas grandes guerras mundiais.

O projeto óleo de xisto e a crise dos 'subprimes' (derivativos) de 2008-2009 terão sido grandes demais para o mundo do século XXI engolir... Se o blefe se confirmar, deveremos ver o império americano e seus parceiros da UE serem corroídos velozmente de dentro para fora numa alusão à dilapidação dos afrescos dos palazzos romanos quando da queda do império peninsular a partir dos anos 400 de nossa era.

Essa é a maior briga de cachorro grande que temos notícia na história recente do mundo. Nem mesmo as guerras mundiais trouxeram tantas mudanças como as mudanças que iremos ver caso a aposta no blefe seja realmente o que os EUA estão fazendo neste momento.

E se eles perderem, sai de baixo. Será a terceira guerra mundial e os vencedores serão... os chineses!

Vou apostar no Brasil e na Petrobras mais brasileira ainda: Vou comprar ações em baixa de 50% da Petrobras ainda amanhã e quem sabe ficarei rico em menos de 12 meses.

Quem viver, verá".


Fonte: Democracia & Política

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Lançado o 4º Prêmio "Cara de Pau" ano 2014!

O nosso blog está lançando mais uma versão da enquete com a pergunta "Qual o maior cara de pau do ano?". Será o 4º prêmio do nosso estado, do ano de 2014. O  prêmio será varias e tradicionais mudas de pé de peroba para o ganhador cultivar e extrair o óleo para passar na sua cara de pau durante muito tempo.

Usando o mesmo método das versões anteriores, o nosso blog fez consulta há vários especialistas (o povo) em identificar legítimos(as) “caras de pau". Nessa difícil escolha, definimos os 04 mais citados para concorrer esse 4º troféu.


Abaixo algumas pérolas e fotos dos concorrentes em matérias de nossos amigos blogueiros, para ajudar o internauta escolherem melhor o maior "cara de pau" de 2014:
 
1 - Roseana Sarney Murad: INÉDITO: VEJA ROSEANA SARNEY SEM MÁSCARA do Blog do Edgar Ribeiro. 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 - José Sarney: "MPF investiga aposentadoria de Sarney no Tribunal de Justiça do Maranhão" do Blog Marrapá.



 


 
 
 
 
 
 

3 - Ricardo Murad: JUSTIÇA MANDA RICARDO MURAD ABRIR A CAIXA-PRETA do blog Josué Moura

 
 
 
 
 
 


4 - Edison Lobão Filho: DA FOLHA DE S. PAULO: Governo do MA aluga imóvel 'encalhado' de candidato aliado de Sarney do Blog do Gilberto Lima



 








Já é a quarta versão desse prêmio, nas três anteriores 2011, 2012 e 2013, os campeões foram os seguintes:

2011 - João Castelo

2012 - João castelo

2013 - Roseana Sarney

Você pode dar seu voto na enquete logo acima ao lado desse post. O prazo dessa sondagem se estenderá até o dia 15 de janeiro de 2015.

Comece a votar logo no início da coluna ao lado!
 
 


segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

EXCLUSIVO: Flávio Dino: Sem diálogo PT-PSDB, Brasil pode ter seu Berlusconi

Dino, eleito com ampla aliança
Em entrevista exclusiva concedida ao jornalista Luiz Carlos Azenha , oficial do Blog Viomundo, o governador eleito Flavio Dino (PCdoB), discorre sua opinião sobre a conjuntura política atual que o nosso país passa.
 
Esta entrevista foi gravada através de vídeo com vários temas explorados que você pode constatar nos links abaixo. Veja o comentário do jornalista e os vídeos a sua escolha logo em seguida:
 
Para o governador eleito do Maranhão, diálogo necessário
 
por Luiz Carlos Azenha
 
O Brasil ficará sujeito ao aparecimento de algum Silvio Berlusconi se PT e PSDB não travarem diálogo em torno da reforma política, opina o governador eleito do Maranhão, Flávio Dino.
 
Em primeiro de janeiro ele se tornará o primeiro governador em exercício do Partido Comunista do Brasil e promete varrer do mapa os privilégios que sustentam a oligarquia dos Sarney no Maranhão.
 
Ex-juiz federal e ex-deputado, Dino acredita que dois fatos políticos colocarão em cheque o sistema político brasileiro: a proibição do financiamento empresarial de campanhas pelo Supremo Tribunal Federal e a Operação Lava Jato, que implicará na abertura de dezenas de processos contra parlamentares.
 
O comunista lamenta que por conta das disputas eleitorais petistas e tucanos tenham se esquecido das conquistas em comum que tiveram no passado.
 
Diz que a guinada para a direita do PSDB é hoje um dos obstáculos ao diálogo.
Embora defenda o entendimento para se fazer a reforma política, Dino critica a “geleia geral” da política brasileira.
 
Inclui nela a esquerda institucional, do Partido dos Trabalhadores, que por falta de definição ideológica estaria a caminho da “peemedebização”.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Palha não entra: o seleto (e secreto) clube dos cannabiers ou maconheliers

 
cannabier
(Foto: coletivo Prensa420)


Toda vez que perguntam ao presidente do Uruguai, Pepe Mujica, o porquê de sua defesa da legalização da maconha, ele dá duas razões principais: o combate à violência resultante do narcotráfico e a necessidade de garantir ao usuário segurança sobre a erva que irá fumar. No Brasil, a realidade dos fumadores de maconha é se submeter ao risco de adquirir o produto das mãos de um traficante sem saber exatamente o que está comprando ou… burlar a lei e plantar alguns pés de maconha em casa para consumo próprio.
 
Embora proibido, o autocultivo  tem não só encontrado cada vez mais adeptos entre nós como começam a surgir verdadeiros connoisseurs da planta, capazes de identificar a qualidade ou não de um baseado apenas pela aparência da erva. Depois dos baristas (especialistas em café), sommeliers (vinho ou cerveja) e chocolatiers, eis que surgem os cannabiers ou maconheliers: os especialistas em maconha, uma elite de usuários preocupada com o sabor, o cheiro e o tipo de “onda” que a maconha vai dar.
 
O termo cannabier já foi utilizado em um artigo científico pelo antropólogo Marcos Verissimo, que apresentou, em 2013, sua tese de doutorado em Cultura Canábica na UFF (Universidade Federal Fluminense). O neologismo, escreveu Verissimo, “foi cunhado em função da aproximação significativa entre os círculos de apreciadores de cannabis oriundas de autocultivo domésticos e os círculos de apreciadores de vinhos (sommeliers). Quando as flores da maconha atingem o ponto de maturação, as plantas são cortadas, tratadas (processo denominado manicura), passando então à fase do secado (que pode durar algumas semanas). Portanto, da semeadura à degustação do resultado, o importante é ter sabedoria e paciência para se saber admirar o processo, como ocorre no caso dos vinhos mais consagrados”.
 
Assim como os vinhos, as floradas também ganham nomes –Moby Dick, Critical Mass, Destroyer, Blueberry– e são resultado da assemblage, digamos assim, entre plantas famosas no desconhecido mundo dos plantadores de maconha. Os cultivadores assinam suas criações sob pseudônimo e compartilham experiências pela internet, sobretudo através do site Growroom.
 
Quem é o cannabier? Em geral é jovem, profissional liberal e homem. Como me disse um deles, “um bando de machões que cultivam flores”. Há garotas, claro, que desfrutam dos blends especiais fornecidos por esta galera, mas as cultivadoras ainda são minoria. São os meninos que mais mergulham a fundo nas técnicas e macetes para produzir plantas dignas de campeonato. Verdadeiros nerds da maconha, os caras sabem absolutamente tudo sobre o assunto. Como seus congêneres especializados em cafés, chocolates, cervejas ou vinhos, é uma atividade que envolve muito orgulho e vaidade. Se chegarmos algum dia à legalização do uso e plantio, seguramente figurarão, ao lado dos enochatos, os maconhochatos.
 
tricomas
(A flor da maconha com os tricomas. Foto: coletivo Prensa420)
 
Alberto* é advogado e cultiva meia dúzia de pés de maconha em um quarto, em sua casa, no Rio, sob luz artificial. Sua produção costuma causar sensação entre os amigos. O segredo, conta, é “frustrar sexualmente” a planta. Como a maconha que dá barato é apenas a planta fêmea, cultivadores experientes como ele sabem que, quanto mais a planta estiver pronta para a polinização e ela for impedida de acontecer, mais produzirá tricomas (os “cristais”, parte da planta rica em canabinoides). Ou seja, ficará mais potente. Daí a expressão “sin semilla” (sem semente) para designar a erva que é um must entre os maconhólatras. Para maximizar a produção de tricomas pela planta, são usadas técnicas como pequenas “massagens” para quebrar os galhos, e a água e a luz é milimetricamente controlada –na última semana antes da colheita, água e luz são cortadas, potencializando ainda mais a maconha.
 
“Meu carma no reino vegetal está péssimo”, brinca Alberto. Além de garantir a frustração sexual da pobre plantinha para seu prazer, o advogado diz que também é fundamental oxidar a flor após a colheita, fechando-a em um recipiente hermético por semanas ou meses. Qual a diferença de uma maconha para outra? “Na verdade, tem um tipo de maconha para cada pessoa ou momento. Se a pessoa quer relaxar, pode fumar uma Indica. Se prefere algo mais estimulante, uma Sativa. Se fosse permitido o autocultivo, o ideal era ter pelo menos três tipos de planta em casa: uma Indica, uma híbrida e uma Sativa”. Em uma festa recente de cultivadores, ele conta, chegaram a aparecer 37 tipos de flores diferentes.
 
Se os vinhos possuem os taninos, a maconha possui terpenos, moléculas responsáveis pelo odor da planta. Os terpenos vão influenciar no cheiro e no sabor da erva ao ser fumada. Falam-me de “notas” de manga, madeira, limão… “Fumamos um beck que deixava retrogosto de queijo”, me garante o antropólogo Paulo. No quintal de sua casa em Brasília, meio oculto entre três pés de mandioca para confundir eventuais helicópteros, uma nova planta de maconha começa a florescer. Ele pratica o autocultivo há dez anos. Um único pé é o suficiente para o consumo dele e de sua mulher, Marina, e ainda sobra para apresentar aos amigos. Como o ciclo da planta pode chegar a um ano, enquanto a outra cresce, eles fumam a que colheram.
 
Paulo é um cultivador orgulhoso de sua produção, mas aponta o que vê como exageros de alguns colegas com suas plantinhas de estimação. “Tenho um amigo que comprou até uma máquina de moer coco para fazer uma palha que ele usa como terra. Outro, italiano, controlava pelo celular a milimetragem da água e os nutrientes da planta que estava cultivando lá em Roma”, ri. “O que eu faço é basicamente mijar na planta, que é um NPK (fertilizante) natural. Coloco uns nutrientes na terra, mas não muitos porque acho que interfere no gosto”.
 
blasézismo de seu comentário contrasta com o ar triunfal que exibe ao mostrar, dentro de um vidro, os “camarôes” ou berlotas (flores já secas) da última safra, em que chegou a um resultado “excepcional” –diz isso como se estivesse falando de grãos de café ou das uvas de um hipotético vinhedo. “Consegui produzir uma cannabis com resina leitosa, que dá uma onda mais excitante, criativa. A resina marrom é down, baqueia. Não serve para fumar e trabalhar, deixa a pessoa sem energia, largadona no sofá”, explana.
 
budtender
(Budtender em ação no Colorado)
 
No Colorado, nos Estados Unidos, onde o uso recreativo da maconha, além do medicinal, foi liberado, há inclusive uma profissão em alta, a de “budtender” (trocadilho com bartender, sendo que “bud” é “camarão”). Trata-se do cara ou da mina que atende os clientes das lojas de maconha, exatamente como os vendedores das cervejas artesanais agora em moda no Brasil –ou como os funcionários dos coffee shops holandeses que sempre fascinaram os brasileiros. Capazes de indicar qual o tipo de maconha que você “precisa”, os budtenders possuem formação profissional, fornecida por cursos especializados. O cannabusiness anda tão turbinado por lá que não estranhem se surgir um MBA em Maconha nos próximos anos.
 
“Que tipo de sensação você quer ter?”, “você é usuário frequente ou vai experimentar pela primeira vez?”, “quer maconha para trabalhar ou para jogar videogame e depois chapar?” pergunta o budtender ao freguês. A depender da resposta, o vendedor irá indicar que tipo de maconha é a ideal para o usuário. Apenas no primeiro mês de legalização para uso recreativo, estima-se que a economia da cannabis movimentou cerca de 14 milhões de dólares no Colorado, e ser budtender virou uma possibilidade de emprego atraente para os jovens –a mais “hot” delas, segundo alguns (leia mais aqui).
 
No Brasil, até outro dia, o máximo que se distinguia sobre os tipos de maconha era entre a maconha “solta”, produzida no Nordeste, ou a “prensada”, que vem do Paraguai. Algumas maconhas nacionais chegaram a alcançar fama, como a mítica “manga rosa”, de Pernambuco, ou a “cabeça-de-nego”, da Bahia. Reza a lenda que algumas maconhas campeãs mundo afora vieram delas. Houve um verão, em 1987, em que milhares de latas de maconha chegaram à costa brasileira, atiradas ao mar pela tripulação de um navio australiano interceptado pela Marinha, e, a partir daí, baseados potentes passaram a ser chamados de “da lata”. O curioso e hilário episódio virou um documentário dirigido por Tocha Alves e Haná Vaisman em 2012.
 
 

Mas sofisticação como se tem agora, nunca se viu. No site especializado Leafly, é possível descobrir que variedade de maconha “combina” mais com o temperamento ou necessidade do usuário, através de um teste online: se pretende ficar falante, relaxado, feliz, eufórico, sonolento… Ou por razões medicinais: as mais indicadas para insônia, fadiga, náusea (um efeito colateral comum a quem se submete à quimioterapia), pressão ocular, stress…
 
É tanto conhecimento que já começa a irritar. “Tem muita gente cuspindo no prato paraguaio que comeu”, provoca o psicanalista Pierre, de São Paulo. “Chegou-se a um nível de refinamento que outro dia fui numa festa e, quando souberam que o baseado que eu estava oferecendo era paraguaio disseram: ‘ah, não quero, não’. Que é isso? O fumo paraguaio tem seu valor, porque está sempre aí, nunca negou fogo. Qualquer dia acabará virando cult.”
 
O psicanalista admite, porém, que é muito difícil voltar para a maconha paraguaia, ou seja, para a erva vendida pelo narcotráfico, depois que se experimenta um baseado feito com cannabis autocultivada. “Quando se planta, além de fugir das redes de violência, se garante que a maconha não terá aditivos, porque o fumo paraguaio ninguém sabe o que contém. O nosso, não, é tóxico sem agrotóxico”, diz. Outra diferença é que, como em qualquer plantio em pequena escala, artesanal, todas as etapas são acompanhadas de perto pelo cultivador para que resulte numa erva “gourmet”, ao contrário do que ocorre com o narcotráfico, que utiliza grandes plantações e aproveita tudo da planta: galhos, folhas e até sementes. “O autocultivador, não, só aproveita as flores.”
 
Pierre cultivava um pezinho em casa, ao qual apelidara carinhosamente de “meu pé de maconha-lima”, e ter que causar a tal frustração sexual da planta lhe trouxe dilemas éticos. “Deixar a plantinha sem água na última semana mexia comigo, mas pensei em algo que me pacificou: adoro foie gras e não estou nem aí para o que fazem com o ganso. Então foda-se se a planta é torturada.” Acabou parando de plantar por achar trabalhoso demais e hoje fuma no “se-me-dão”, isto é, pede aos amigos maconheliers.
 
Rara mulher entre os cultivadores, a produtora musical Carla prefere não recorrer às “torturas”, fertilizantes e nutrientes em sua pequena plantação indoor em São Paulo. Sua maconha é inteiramente orgânica. Ela usa uma calda de fumo para combater os pulgões, estrume de composteira, casca de ovo, pó de café e… menstruação. Produz pouco, mas sua erva, diz, é perfumada e seu sabor pode ser frutado ou mais ácido. “Planto na lua nova e colho na lua cheia, e vou conversando com elas enquanto crescem.”
 
Ao contrário dos rapazes, Carla não usa seu talento como jardineira apenas para produzir maconha. Planta ainda maracujá, acerola e banana no quintal. Pergunto por que há mais meninos e meninas no clube dos cannabiers. “Acho que pela mesma razão pela qual há mais meninos na física e na matemática e mais meninas na pedagogia: o mundo é assim”, diz. “Mas eu vejo diferenças. Fui convidada para uma Cannabis Cup e me senti lisonjeada, mas percebi que era uma coisa de meninos, de competição. Acho que a gente vê diferente. Para mim plantar é uma forma de não depender dos homens para comprar ou fumar meu baseado.”
 
Se as plantas fêmeas cultivadas não germinam, onde essa turma consegue sementes? Trocando entre eles ou comprando pela internet em sites estrangeiros –o que, em tese, também é proibido por lei, mas decisões judiciais recentes têm dado certa segurança aos cultivadores. Em setembro, o juiz Fernando Américo de Souza, de São Paulo, livrou da cadeia um usuário que havia comprado, pela internet, 12 sementes de maconha na Bélgica e foi denunciado por “contrabando”. “O usuário que produz a própria droga deixa de financiar o tráfico, contribuindo para a diminuição da criminalidade”, disse o juiz (confira aqui).
 
Para os cultivadores, a prática da troca de sementes e da própria maconha para degustação entre os amigos é uma prova de que a idéia dos clubes de cannabis, como existem na Espanha e que estão previstos na lei uruguaia, pode ser a melhor saída para o problema, porque rompe o vínculo com o crime e tira do usuário a carga de “alimentar” o narcotráfico.
 
Enquanto isso não ocorre, a “elite” degusta iguarias e a enorme maioria dos usuários (estima-se que existam 1,5 milhão no Brasil) continua a consumir maconha malhada, palha e mofada. Será que até nisso quem nasceu para Sangue de Boi nunca chegará a Romanée Conti?
 
*Os nomes dos personagens desta reportagem foram trocados.
 
UPDATE: saiu no New York Times um perfil do primeiro crítico de maconha dos Estados Unidos (leia aqui). Profissão dos sonhos para muita gente…
 
UPDATE2: tenho que acrescentar ao post este vídeo sobre “os esnobes da maconha”. Hilário.

Fonte: Reproduzido do Blog Socialista Morena

Apollo Natali* – Os EUA de hoje são o pesadelo de Luther King

Como seria a cara de Luther King se recebesse notícias dos EUA de hoje.
No dia 5 de dezembro de 1955, o menino negro Emmett Till, de 14 anos, foi assassinado por dois brancos, acusado de ter se insinuado a uma mulher branca. Foi surrado, levou um tiro de pistola .45, teve um olho arrancado e o pescoço amarrado com arame farpado a um peso para que afundasse no rio Tallahatchie. O assassinato aconteceu em Money, no Mississippi, onde mais de 500 casos de inchamento de negros haviam sido documentados desde 1882.
 
Naquele mesmo 5 de dezembro, Martin Lugher King foi eleito presidente da Associação pelo Progresso de Montgomery, uma pequena semente do movimento por direitos civis que varreria os Estados Unidos e teria Luther King como a principal liderança até o seu assassinato em Memphis, no ano de 1968.
 
Rosa Louise Parks fez a introdução ao discurso de Luther King como presidente da instituição. Antes, a atitude de Rose Parks, de não ceder seu lugar a brancos no ônibus, havia sido a semente de movimentos por direitos civis por todo o país. Morreu no furacão Catrina.
 
Em 3 de maio de 1963, 6 mil crianças marcharam pela cidade de Birmingham, em lugar de milhares de manifestantes que haviam sido presos. A resposta da polícia veio com cassetetes, jatos de água e cachorros ferozes contra a turba infantil.
 
Em agosto desse ano mais de 200 mil pessoas se reuniram em frente ao Memorial Lincoln, em homenagem a Abraham Lincoln, o indeciso presidente norte-americano que, enfim, um dia levou à frente a causa da abolição. Luther King disse então: Eu tenho um sonho. Eu tenho um sonho de que um dia esta nação experimentará o verdadeiro significado de sua crença, de que todos os homens são criados iguais.
 
Em 22 de setembro de 1862, Abraham Lincoln assinou a lei que vigoraria a partir de 1º de janeiro de 1863, intitulada Proclamação da Emancipação, que libertou o negro do cativeiro da escravidão física.
 
Cem anos depois, no entanto, o negro nos Estados Unidos da América ainda não é livre, vive isolado numa ilha de pobreza em meio a um vasto oceano de prosperidade material, abandonado nos recantos da sociedade na América, exilado em sua própria terra.
“E vocês sabem, meus amigos, que chega a hora em que as pessoas se cansam de ser pisoteadas pelo pé de ferro da opressão. Chega a hora, meus amigos, em que as pessoas se cansam de ser lançadas no abismo da humilhação, onde vivenciam a desolação de um pungente desespero. Chega a hora em que as pessoas se cansam de ser alijadas do brilhante e vívido sol de julho e abandonadas ao frio cortante de um novembro alpino”.
“Proclamamos com orgulho que ¾ da população mundial são formados por pessoas de cor. Nosso objetivo não deve ser derrotar ou humilhar o branco. Não devemos nos tornar vítimas de uma filosofia da supremacia negra. Deus não está interessado em libertar apenas o negro, o pardo e o amarelo, pois Deus está interessado em libertar toda a raça humana”.
“Devemos agir de maneira tal a tornar possível a união de brancos e negros num alicerce de verdadeira harmonia de interesses e compreensão. Devemos buscar a integração com base no respeito mútuo. À medida que lutamos por justiça e liberdade temos a companhia cósmica. Cada homem, do negro mais grave ao branco mais agudo, é importante no teclado do Senhor”.
“Atentado a bomba cometido pela Klux Klu Klan à igreja Batista em Birmingham, em 1954, matou quatro meninas negras durante um culto – Addie Mãe Collins, Carol Denise McNair , Cyntia Diane Wesley e Carole Robertson. A morte dessas meninas possivelmente conduzirá todo o nosso Sul da mais baixa estrada da desumanidade do homem à mais elevada estrada de paz e da fraternidade. Estas mortes trágicas possivelmente conduzirão a nossa nação de uma aristocracia da cor a uma aristocracia do caráter”.
“Não devemos perder a fé em nossos irmãos brancos. De algum modo, precisamos acreditar que os mais desnorteados dentre eles podem aprender a respeitar a dignidade e o valor de cada personalidade humana. Cheguei à conclusão de que esta premiação, o Prêmio Nobel, que recebo em nome desse movimento, representa um profundo reconhecimento de que a não-violência é a resposta à crucial questão política e moral de nosso tempo – a necessidade de o homem transcender a opressão e a violência sem recorrer à violência e à opressão”. Assinado, Martin Luther King.
Em 7 de março de 1965, seiscentos negros foram brutalmente atacados na cidade de Selma. A polícia estadual avançou sobre os manifestantes, espancou-os com chicotes e pisoteou-os com cavalos. Foi o chamado Domingo Sangrento. No dia seguinte, Luther King fez apelo a lideres religiosos de toda a nação para que percorressem o mesmo caminho do Domingo Sangrento. Mais de mil padres, rabinos, freiras e pastores atenderam a seu apelo.
 
A chuva nos deixou encharcados. Nossos corpos estão fatigados, nossos pés, doloridos. Nossos pés estão cansados, mas nossas almas, não – disse Luther King em seu discurso – nunca houve um momento na história americana mais digno e mais inspirador do que a peregrinação de religiosos e leigos de todas as raças e de todas as crenças que afluíram a Selma para enfrentar o perigo ao lado dos negros oprimidos.
 
A segregação entre raças foi uma estratégia dos emergentes conservadores sulistas para dividir as massas e baratear a mão-de-obra. Era simples manter as massas de brancos pobres trabalhando por um salário de fome nos anos que se seguiram à Guerra Civil, pois, se os humildes trabalhadores rurais brancos ficassem insatisfeitos com os seus baixos salários, os poderosos fazendeiros simplesmente ameaçavam demiti-los e contratar, por um salário ainda menor, um ex-escravo.
“Segregaram o dinheiro sulista dos brancos pobres, segregaram os costumes sulistas dos brancos ricos, segregaram as igrejas sulistas do cristianismo, segregaram as mentes sulistas do senso de justiça, segregaram o negro de tudo o mais”. Assinado, historiador C. Vann Woodward.
O assassinato impune de Eric Garner
Perguntou Martin Luther King: “por quanto tempo mais o preconceito cegará a visão do homem, escurecerá o seu entendimento, afastará a iluminada sabedoria do seu trono sagrado? Quando a justiça ferida, prostrada nas ruas de Selma, de Birmingham e de todas as comunidades do Sul, levantar-se-á da poeira da vergonha para reinar suprema entre os filhos dos homens? Quando a radiante estrela da esperança será arremessada contra o escuro seio dessa noite solitária, extraída das almas fatigadas pelos grilhões do medo e pelas algemas da morte? Por quanto tempo mais será a justiça sacrificada diante da tolerância da verdade?”
“Sim, quando? O cenário nos Estados Unidos atual ainda são os velhos protestos de negros por todo o país e a repressão dos brancos contra eles, como nos velhos tempos de Luther King. Ainda agora, nos meses finais de 2014, Michael Brown, 18 anos, foi morto a tiros pela polícia em Ferguson; Akair Gurley, 28 anos, a polícia o matou com um tiro no peito na descida de uma escada em Brooklin; Eric Garner, 43 anos, asmático, obeso, desarmado, foi esganado por um policial em Nova Iorque. Este episódio, o mundo inteiro, pateticamente entristecido, assistiu pela televisão e redes sociais e viu que o ódio pelo negro na terra do Tio Sam ainda está vivo”.
“Quanto à enorme quantidade de negros que os Estados Unidos enviaram para a morte no Vietnã, é uma das nossas maiores vergonhas”. Assinado, Martin Luther King.
“Grande parte da abrangente e poderosa mensagem de Luther King corre o risco de ser abandonada à medida que novas gerações entram em contato com ele apenas por meio da história e o vêem mais como um mito do que como um homem. A vida e a obra de Luther King ainda são relevantes para compreender a complexa realidade dos problemas atuais e se permitirmos que a riqueza de seu exemplo se apague, perderemos a oportunidade de continuar aprendendo com ele”. Assinado, Edward Kennedy.
=> todas as citações de Luther King foram extraídas do livro Um apelo à consciência – Os melhores discursos de Martin Luther King (Jorge Zahar Editor, 2006, 184 p.)
 
*Apollo Natali é jornalista, formado aos 71 anos, depois de 4 décadas atuando na imprensa. É colaborador do “Quem tem medo da democracia?”, onde mantém a coluna Desabafos de um ancião”.
 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Livro retrata a Guerrilha do Araguaia e seus desdobramentos na Região do Bico do Papagaio

Com lançamento agendado para o dia 12 de dezembro, às 19h30, na Academia Imperatrizense de Letras (AIL), o livro GUERRILHA NO ARAGUAIA-TOCANTINS, do historiador João Paulo Maciel, trata de um dos momentos históricos mais significativos da região, ocorrido no auge da Ditadura Militar no Brasil.

Com o objetivo de contribuir com os estudos sobre o conflito, sucedido no início da década de 1970 e considerado o movimento rural armado de maior relevância contra o regime militar, o livro utiliza as mais importantes fontes documentais já disponibilizadas e bibliográficas sobre a temática, assim como relatos de testemunhas da época.

“A obra evidencia a região palco da Guerrilha do Araguaia – o Bico do Papagaio, Norte do estado do Tocantins, Sul do Pará e divisa com o Maranhão – analisando os critérios usados pelos guerrilheiros na escolha deste local para preparação, treinamentos e efetivação da chamada ‘guerra popular’”, explica João Paulo Maciel.
O autor apresenta ainda, estudos sobre o contexto histórico do período, indicando as motivações que levaram os militantes políticos a assumirem a luta armada como caminho para livrar o país dos militares.
 
Guerrilha do Araguaia
 
Com início em abril de 1972, a Guerrilha do Araguaia foi articulada por membros do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), como forma de resistência ao regime militar instaurado no país a partir do golpe de 1964. O movimento começou a ser organizado seis anos antes do confronto, em 1966, com a chegada dos militantes do PCdoB ao Bico do Papagaio, às margens do Rio Araguaia.
 
O conflito durou apenas três anos, devido à desvantagem enfrentada pelos revolucionários, tanto em número de combatentes quanto em armamento: eram aproximadamente 100 pessoas (entre militantes políticos e moradores da região que aderiram à luta), contra cerca de 10 mil soldados do exército mobilizados para o ataque, o maior número desde a II Guerra Mundial.
 
A Guerrilha do Araguaia resultou em aproximadamente 70 desaparecidos políticos.
 
Sobre o autor
 
João Paulo Maciel é maranhense, filho de família lavradora, sertanejo de origem e por convicção, nasceu na década de 1970, durante o ápice do Regime Militar. Mora em Imperatriz/MA, onde tem efetiva inserção nas lutas sociais regionais, experiências que foram lhe forjando uma personalidade de militante. É licenciado em História pela Universidade Estadual do Maranhão onde iniciou o estudo sobre a Guerrilha do Araguaia, por ocasião da pesquisa monográfica.
 
Atualmente atua como professor na rede pública.
 

Comissão da Verdade aponta 224 mortes durante a ditadura

Depois de dois anos e sete meses de trabalho, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) confirmou, em seu relatório final, 434 mortes e desaparecimentos de vítimas da ditadura militar no país. Entre essas pessoas, 210 são desaparecidas.

No documento entregue ontem (10) à presidenta Dilma Rousseff, com o relato das atividades e a conclusão dos trabalhos realizados, a CNV traz a comprovação da ocorrência de graves violações de direitos humanos. “Essa comprovação decorreu da apuração dos fatos que se encontram detalhadamente descritos no relatório, nos quais está perfeitamente configurada a prática sistemática de detenções ilegais e arbitrárias e de tortura, assim como o cometimento de execuções, desaparecimentos forçados e ocultação de cadáveres por agentes do Estado brasileiro” diz o texto.
 
Mais de 300 pessoas, entre militares, agentes do Estado e até mesmo ex-presidentes da República, foram responsabilizadas por essas ações ocorridas no período que compreendeu a investigação. O documento diz ainda que as violações registradas e comprovadas pela CNV foram resultantes “de ação generalizada e sistemática do Estado brasileiro” e que a repressão ocorrida durante a ditadura foi usada como política de Estado “concebida e implementada a partir de decisões emanadas da Presidência da República e dos ministérios militares”.
 
Outro ponto de destaque das conclusões do relatório é que muitas das violações comprovadas durante o período de investigação ainda ocorrem nos dias atuais, apesar da existência de um contexto político diferente. Segundo o texto, “a prática de detenções ilegais e arbitrárias, tortura, execuções, desaparecimentos forçados e mesmo de ocultação de cadáveres não é estranha à realidade brasileira contemporânea” e crescem os números de denúncias de casos de tortura.
 
Diante dessas conclusões, o relatório final da CNV traz 29 recomendações, divididas em três grupos: medidas institucionais, iniciativas de reformulação normativa e de seguimento das ações e recomendações dadas pela comissão.
Entre as recomendações estão, por exemplo, questões como a determinação da responsabilidade jurídica dos agentes públicos envolvidos nessas ações, afastando a aplicação da Lei da Anistia (Lei 6.683/1979) por considerar que essa atitude “seria incompatível com o direito brasileiro e a ordem jurídica internacional, pois tais ilícitos, dadas a escala e a sistematicidade com que foram cometidos, constituem crimes contra a humanidade, imprescritíveis e não passíveis de anistia”.
 
A CNV recomenda também, entre outros pontos, a desvinculação dos institutos médico-legais e órgãos de perícia criminal das secretarias de Segurança Pública e das polícias civis, a eliminação do auto de resistência à prisão e o estabelecimento de um órgão permanente para dar seguimento às ações e recomendações feitas pela CNV.
 
Em suas mais de 3 mil páginas, o documento traz ainda informações sobre os órgãos e procedimentos de repressão política, além de conexões internacionais, como a Operação Condor e casos considerados emblemáticos como a Guerrilha do Araguaia e o assassinato da estilista Zuzu Angel, entre outros. O volume 2 do documento traz informações sobre violações cometidas contra camponeses e indígenas durante a ditadura.
 
A Comissão Nacional da Verdade foi instalada em 2012. Criada pela Lei 12.528/2011, a CNV será extinta no dia 16 de dezembro.
 
 
 
 
 
Foto: Ilustrativa do Google