quarta-feira, 27 de março de 2019

Por que devemos culpar Cuba pelos fracassos dos Estados Unidos? na Venezuela?

De Iroel Sánchez*
Durante a Guerra Fria, o governo dos EUA brandiu a ameaça soviética para justificar a sua intervenção na América Latina, e mesmo alguma lógica era que, embora as intervenções dos EUA ao sul de suas fronteiras são muito antes da existência da URSS. Em recursos energéticos, território, população e poder militar, a União Soviética era uma rival cujas magnitudes facilitavam a tarefa de transformá-la no "grande inimigo da democracia nas Américas".
Nos Estados Unidos, o mesmo pretexto servia para o mais feroz anti - comunismo, que atingiu as suas maiores probabilidades nos anos cinquenta do século XX, com a perseguição McCarthyist tão bem atestada pelo dramaturgo Lillian Hellman em seu livro Scoundrel Tempo .
A União Soviética desapareceu, e dos Estados Unidos para a história, o triunfo Longed do capitalismo tinha atingido proclamada. Na América Latina, foi anunciado que a Revolução Cubana tinha suas horas contadas, mas não o suficiente, teve que intensificar o bloqueio econômico, impôs novas sanções como as contidas nas leis Helms Burton e Torricelli e ainda não alcançar o seu colapso. Pior ainda, o novo século trouxe de volta a palavra socialismo em vários países da América Latina e uma aliança entre eles-ALBA cujo centro aprovada pelo petróleo venezuelano e saúde cubana e educação. Milhões de latino-americanos e caribenhos abandonado humilde analfabetismo, cegueira e energia insegurança por causa disso.
Desde que se tornou visível na orientação socialista do século XXI no início do governo bolivariano na Venezuela, tenta recuperar o controle de grandes recursos energéticos venezuelanos continuaram, tanto os EUA e da oligarquia local, que é subordinado. Em primeiro lugar, tentar derrubar o governo de Hugo Chávez, incluindo um golpe militar, e após sua morte, com o aumento da guerra econômica contra a continuação de seu projeto político encarnada por Nicolas Maduro e a união civil-militar Chávez construído. A união militar cívica venezuelana marca a diferença com o fracasso de outros processos em que golpes militares ou parlamentos incentivados de Washington tiveram bons resultados.
Pesquisar isolamento internacional da Venezuela com os governos latino-americanos e europeus seguidores Estados Unidos o reconhecimento de um "presidente interino" por Washington, não teve os resultados esperados, e tentativa de provocar uma insurreição a partir da introdução de um politizada " ajuda humanitária "e um media fronteira concerto, voltou-se contra os seus promotores para revelar aos hegemônicos mentiras imprensa capitalista que a acompanhavam.
O que eles deixaram em seu arsenal para aqueles dos Estados Unidos que insistem na derrubada do governo venezuelano? Seguindo a mesma rota usada com Cuba após o fracasso da invasão de Girón, aumentando a aberta sabotagem tem como aconteceu com o ciberataque ao sistema elétrico que não tinha água e eletricidade para mais de Venezuela por cinco dias, e propaganda de guerra que se transforma em causa do efeito das agressões econômicas norte-americanas na qualidade de vida da cidade norte-americana.
Nesta guerra de propaganda América precisa de um culpado para explicar para o mundo o fracasso de tantos e continuados esforços, embora começou em sua última fase, quando Barack Obama declarou Venezuela "ameaça incomum e extraordinária" a segurança nacional dos EUA, eles abandonaram todas as máscaras e tornaram-se absolutamente explícitas após a chegada de Donald Trump à Casa Branca. Aparentemente, os falcões da guerra fria como Elliot Abrams - a quem Washington invocou sua estratégia antivenezolana- não encontraram mais uma idéia original para ressuscitar a "interferência comunista" que alcançou mais de trinta anos atrás, para isolar a revolução Cuba e justificar o papel da CIA e do Departamento de Estadodepois das ditaduras militares e da onda de assassinos e torturadores que, treinados na tristemente lembrada Escola das Américas, devastaram a região. Assim, eles estão apoiando o discurso anti-socialista com Donald Trump -elogioso visitante ao Vietnã e parceiro amigável Kim Jong-Un tenta desacreditar a ascensão de políticos socialistas sucesso definidos no Congresso dos EUA, como Bernie Sanders e Alexandria Ocasio Cortéz.
É onde os peregrinos da "interferência cubana" na Venezuela, entram em ação, pois de acordo com a imprensa hegemônica é Cuba, não o dos Estados Unidos, que tem interesses econômicos por trás de sua posição no país sul-americano, são "mais de vinte mil agentes cubanos "que detêm Maduro, mas não foi capaz de mostrar uma única prova eo número corresponde ao número de trabalhadores de saúde que há mais de uma década tem melhorado a vida de milhões de venezuelanos, muitos dos quais um médico nunca tinha visto antes. A última contribuição dessa guerra de propaganda é a "investigação" sem evidência do The New York Times.De acordo com a qual os médicos cubanos na Venezuela estaria fazendo o que o "sargentos políticos" feito em Cuba que Washington apoiou antes de 1959: olhar para votos em troca de serviços de saúde, a prática banido para sempre pela Revolução e bem conhecido de muitos daqueles em Miami que tentaram derrubá-lo por sessenta anos.
Cuba não é a URSS, e nem militarmente nem economicamente pode significar qualquer ameaça para alguém. Nem o governo cubano como os Estados Unidos, que tem uma longa história de guerras baseadas em mentiras para aproveitar os recursos energéticos em todo o mundo, e muito menos as suas embaixadas, como acontece com os americanos-estar por trás de golpes em algum país da América Latina. Mas com esta estratégia mentiroso Washington fornece uma folha de figueira para aqueles que vivem atacantes igualando e atacou, bloqueou bloqueadores, vítimas e algozes ... ideal para falsa corajosa que lhes permite ficar de um lado ou outro, como se desenrolam os acontecimentos pretexto. De Talleyrand a Lenin (Gorbachov) Moreno aqueles que começam dizendo "nem com isto nem com aquilo", acabam alinhados e sabemos com quem,O New York Times representa tão bem: os poderosos que não têm interesse em ter médicos para os pobres ou dinheiro em outros bolsos além dos seus próprios.
*Iroel SánchezEngenheiro e jornalista cubano. Ele trabalha no Escritório de Informatização da Sociedade Cubana. Ele foi presidente do Instituto do Livro Cubano.

terça-feira, 26 de março de 2019

Reflexões sobre as fake news

Por Ramon T. Piretti Brandão*
O advento das fake news – notícias falsas que circulam expressivamente na internet – é central no debate público contemporâneo. Um tema antigo, mas ainda pouco esclarecido e explorado. Sabemos, no entanto, que elas sempre existiram. Quando, em 20 de julho de 1969, Armstrong pisou na lua, houve uma forte onda de boatos (os boatos são os antepassados diretos das fake news) espalhando a “notícia” de que as imagens haviam sido forjadas em algum estúdio secreto localizado nos EUA.
No Brasil, a morte de Tancredo Neves (vítima de uma septicemia fruto de provável falha médica) também foi associada a algumas justificativas escusas – dentre as quais a que dizia que o mesmo havia sido vítima de um atentado. Durante o regime Vargas, Carlos Lacerda (jornalista e político ligado à direita) forjou um atentando contra si mesmo para poder acusar o então presidente de perseguição. Durante o regime militar, dois militares foram descobertos após tentarem explodir uma bomba em evento público para, depois, acusarem de terrorismo movimentos ligados à esquerda (evento que ficou conhecido como “Rio Centro”). Mesma esquerda que seria responsabilizada, em 1989, pelo sequestro do empresário Abílio Diniz (especialistas em processo eleitoral dizem que o fato foi estratégico para a derrota do então candidato Lula e consequente vitória do candidato Fernando Collornas eleições presidenciais) quando, na realidade, o atentado teria sido orquestrado por integrantes do PCC.
Poderíamos citar infinitos casos para concluir que, de um lado, historicamente, a manipulação da informação sempre foi usada para interesses políticos de viés eticamente desprezíveis. De outro lado, grande parte das pessoas têm vivido e explorado um conhecimento precário, incipiente, alimentado com preconceitos, crendices e superstições. É certo que o iluminismo ajudou a formar sujeitos que, sob influência de um certo racionalismo, tendem a se posicionar mais criteriosamente frente às informações disponíveis. No entanto, infelizmente, eles são uma minoria cada vez maior.
Dito isso, podemos afirmar com alguma razão que as fake news não são uma novidade histórica. O seu problema, tal como afirma Evgeny Morozov no livro Big Tech: a ascensão dos dados e a morte da política (publicado pela Editora Ubu), “é a velocidade e a facilidade de sua disseminação”. Basta um click. Segundo Morozov, “isso acontece principalmente porque o capitalismo digital de hoje faz com que seja altamente rentável produzir e compartilhar narrativas falsas que atraem cliques”. A novidade, portanto, não está nas fake news, mas na aparição desse instrumento que as reproduz e as dissemina com amplitude e velocidade jamais vistas.
Um segundo ponto que merece atenção é aquele que se refere ao próprio significado de fake news. Não é raro ver o termo sendo utilizado com efeitos retóricos, ou seja, para desqualificar um discurso que se coloque em oposição ao daquele que o emprega. Nesse sentido, o termo passa de simples informação mentirosa a tudo aquilo que desagrada – não apenas aos fatos que desagrada, mas também as interpretações das quais se discorda com veemência. Em outras palavras, o que é fake news para um fanático, é verdade absoluta e inquestionável para o fanático da vertente oposta.

A questão é: podem as fake news colocar em risco a democracia ou a liberdade de expressão?

As ideias e ideologias formam um tecido contínuo, de modo que fica difícil estabelecer uma linha separadora entre o que se coloca como legítimo e o que se coloca como indevido, proibido de ser expressado. A livre manifestação e circulação dessas ideias permite à sociedade dispor de uma ampla gama de opções cuja utilização – as vezes seletiva, as vezes não – compõe a própria linha de evolução dos costumes e da história. Assim, o que hoje nos parece inaceitável, amanhã poderá se tornar status quo.
Ora, quanto mais vigorosa é a prática da liberdade de expressão, quanto mais densa e variada, mais livres e conscientes serão as decisões que a sociedade deverá tomar… em tese. Na prática, além da diversidade de ideias razoáveis, a internet e a suposta liberdade que traz consigo deu espaço (mais do que isso, deu visibilidade) para teorias conspiratórias, opiniões detestáveis, versões distorcidas e sentimentos odiosos. Por alguma razão, elas dão mais ibope. Assim, cabe a necessidade de tipificar o termo. Fake news deveria compreender toda informação que, comprovadamente falsa, prejudique terceiros, tendo sido forjada e/ou posta em circulação por má fé ou simplesmente por negligência.
Um último aspecto que merece nota. O monopólio que exerce a Google na internet não significa que ela seja – ou deva ser – a responsável pela delicada tarefa de selecionar e/ou censurar informações. Ela não tem qualquer interesse em fazê-lo. Ela sequer se interessa em sustentar a liberdade de expressão. Essa ideia de terceirizar a responsabilidade é bastante comum por aqui. A Google, o Facebook e seus anexos estão interessados em você por duas razões: primeiro como consumidor e, segundo, pela informação que você gera a partir de suas buscas pessoais que, por sua vez, geram os dados necessários para te transformar em consumidor, pouco importando quem você é ou o que você pensa. Seus anúncios estão tanto em páginas que disseminam fake news quanto em páginas que combatem as fake news. Elas buscam, mais do que qualquer outra coisa, os focos de audiência. Nada mais.
Diz Morozov: “as eleições brasileiras de 2018 mostraram o alto custo a ser cobrado de sociedades que, dependentes de plataformas digitais e pouco cientes do poder que elas exercem, relutam em pensar as redes como agentes políticos. O modelo de negócios da Big Tech funciona de tal maneira que deixa de ser relevante se as mensagens disseminadas são verdadeiras ou falsas. Tudo o que importa é se elas viralizam, uma vez que é pela análise de nossos cliques e curtidas, depurados em retratos sintéticos de nossa personalidade, que essas empresas produzem seus enormes lucros. Verdade [para elas] é o que gera mais visualizações. Sob a ótica das plataformas digitais, as fake news são apenas as notícias mais lucrativas”.
Mas isso traz consigo um preço:
Caso não encontremos formas de controlar essa infraestrutura, as democracias se afogarão em um tsunami de demagogia digital; esta, a fonte mais provável de conteúdos virais: o ódio, infelizmente, vende bem mais do que a solidariedade. É difícil, portanto, que exista uma tarefa mais urgente do que a de imaginar um mundo altamente tecnológico, mas, ao mesmo tempo, livre da influência perniciosa da Big Tech. Uma tarefa intimidadora que, se deixada de lado, ainda causará muitos danos à cultura democrática”.
O que fazer, portanto? Faria sentido exigir que os monopólios tecnológicos fossem compelidos a adotar uma política radical de transparência que permitisse, por sua vez, a absoluta supervisão sobre suas atividades – hoje totalmente inexistente? Faria sentido que a Justiça buscasse mecanismos que possibilitassem punir os responsáveis por divulgações mal-intencionadas, mesmo que para tanto houvesse monitoramento das atividades individuais? Em que medida nos seria garantido que tal monitoramento apenas não deslocaria o foco do problema – hoje na geração de dados para fins comerciais e, depois, nas mãos do Estado, como instrumento político?
Em última análise – e antes mesmo que possamos elaborar qualquer resposta aos questionamentos acima –, o mais eficiente instrumento contra as fake news, sua maior barreira, continua sendo a educação. Uma educação que esteja apta a estimular o discernimento nas escolhas, o questionamento permanente e o saudável ceticismo na forma de absorver informações. É o caminho mais longo, sem dúvidas, mas o único possível.
*Ramon T. Piretti Brandão é mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e colabora para Pragmatismo Político

domingo, 24 de março de 2019

Saiba como é morar em Cuba e o custo de vida de lá

Esse é certamente um dos países que mais desperta a curiosidade dos estrangeiros. No entanto, apesar do acesso gratuito à educação e saúde de qualidade aos seus mais 11 milhões de habitantes serem diferenciais, o fato de o país ainda contar com poucos recursos tecnológicos e financeiros faz com que muitos apenas pensem em visitar e não morar em Cuba. Afinal, são mais de 200 baías e 280 praias a serem aproveitadas ao longo de seus 5,7 mil quilômetros de extensão.
Desde 2016,  as relações com Estados Unidos vêm se estreitando, indicando possíveis parcerias e melhorias em seus serviços. Inclusive, a embaixada norte-americana foi reaberta no país. Cuba também está investindo mais na distribuição da internet para a população. Há cerca de três anos, foram instalados os primeiros pontos de Wi-Fi públicos na cidade de Santiago de Cuba, por exemplo.
Apesar de ser pago, US$ 1 por hora ou US$ 10 por um cartão com direito a 5 horas de navegação, o acesso à internet fora dos terrenos de universidades e hotéis demonstra um avanço para quem achava que não existia distribuição nenhuma de informação no país.
Atualmente, a ilha é muito procurada por estudantes interessados em estudar espanhol e em conseguir um diploma de medicina. Muitos pesquisadores e educadores também acabam passando longas estadias no país a estudo.

Como morar em Cuba

Em Cuba, salvo raríssimos casos, não existe processo de naturalização: apenas quem nasceu no país tem a cidadania cubana. Parentes de cubanos podem solicitar o visto A-2, também conhecido como visto familiar.
No entanto, quem deseja morar no país pode pedir um visto de residência ao governo. De acordo com o site das Representações Diplomáticas de Cuba no Exterior, é preciso comparecer em uma das representações cubanas no Brasil e apresentar os seguintes documentos:
  • Resultados de exames de radiografia de tórax, sangue e teste da AIDS (os exames não podem ter sido feitos há mais de seis meses e podem ser feitos em Cuba);
  • Certificação de antecedentes criminais do Brasil;
  • Carta explicando os motivos pelo qual o estrangeiro deseja morar em Cuba;
  • Duas fotos 3×4;
  • Cópia do passaporte e passaporte original;
  • Certidão de casamento, nascimento dos filhos ou outra prova que fundamente a solicitação de acordo com as leis cubanas;
  • Comprovante de pagamento da taxa consular paga em dinheiro, cheque ou transferência bancária.Os documentos requeridos precisam estar traduzidos e devidamente legalizados pelo consulado.
Quem vai para lá apenas para conhecer ou visitar um familiar pode tirar a Tarjeta de Turista, válida por 30 dias e com opção de extensão para mais 30 dias. O visto é concedido na hora durante uma visita consular. Para essa permissão basta levar o passaporte, cópia do bilhete aéreo, formulário de pedido de visto preenchido, e pagamento da taxa de cerca de R$57. O pedido também pode ser feito por correio.
Também é possível tirar um visto especial para jornalistas (D-6) e para quem vai a negócios ou para vender produtos. No primeiro caso, uma solicitação deve ser enviada primeiro para o e-mail imprensacuba@uol.com.br antes de ir ao consulado. Para a permissão de negócios, o pedido deve ser feito ao Gabinete Econômico e Comercial da Embaixada de Cuba. Independentemente do tipo de visto, a regra do governo determina que os estrangeiros que entram no país precisam ter um seguro saúde.
 
Custo de vida
O custo de vida em Cuba é um tanto complicado de se mensurar, apesar de começarem a circular mais informações sobre valores nos últimos anos. De acordo com o Numbeo, por exemplo, viver em São Paulo custa quase duas vezes mais do que em Havana.  É preciso considerar ainda que alguns itens necessários para se viver durante o mês no país são concedidos pelo governo – como a cesta básica, a educação (da básica até a universitária) e a saúde. Também não há cobrança de impostos sobre a remuneração como acontece em outros países.
De acordo com Oficina Nacional de Estadística e Información, o salário médio nacional é de 767 CUP, cerca de US$ 30,68.
A ilha possui dois tipos de moeda: o peso cubano comum (CUP) e o peso conversível (CUC) – para evitar que outras moedas circulem no país. O CUC equivale a US$1 dólar e é a moeda utilizada pelos visitantes. Com cerca de US$60, um turista consegue se alimentar bem, usar táxi e ainda fazer passeios.
A hospedagem pode ser a maior despesa da viagem, tudo depende das escolhas do viajante. As opções vão desde hostels e casas de habitantes locais que custam a partir de US$ 10 por noite até hotéis de 5 estrelas, onde a diária pode facilmente chegar a US$ 300.
Em Cuba existe racionamento há mais de 50 anos para certos serviços e artigos, como o papel higiênico, dificilmente encontrado em banheiros públicos de museus, restaurantes e bares. Nos hotéis o item é oferecido normalmente. Para os próximos anos, espera-se que a política vá aos poucos ficando mais flexível para os habitantes locais.
E, se for para destacar os serviços mais caros do país, é preciso sempre voltar as atenções para a internet. Os pacotes para ter acesso em casa vão de US$ 65 a US$ 180, sendo que o preço médio é de US$ 98, uma bela despesa no fim do mês. Sendo assim, vale mais investir em uma ida ao cinema, onde o valor máximo do bilhete é de US$ 1.

Trabalhar em Cuba

Em Cuba, a maioria dos habitantes são funcionários do governo. Para os que vão desenvolver atividades em sucursais de agências de viagem ou de companhias aéreas é possível solicitar uma autorização de trabalho ao Ministério do Trabalho e de Segurança Social de Cuba.
Para outros casos, o estrangeiro também deve procurar o ministério para obter permissão, que deverá ser compatível com a categoria migratória do residente.
Estudar em Cuba
Cuba é considerada pela World Bank (instituição financeira internacional) como o país com a melhor educação da América Latina e Caribe. Ali o analfabetismo praticamente não existe e 70% da população possui ensino superior, com destaque para áreas como medicina, artes, esportes e agroindústria.
Isso porque seu sistema educacional é 100% subsidiado pelo governo desde 1961, quando as instituições de ensino privadas também passaram a ser públicas. São 60 opções de universidades totalmente gratuitasespalhadas pela ilha, com cursos em níveis de bacharelado, mestrado e doutorado.
Então, além dos cursos de intercâmbio para aprender o espanhol, o país é procurado por muitos estrangeiros que querem se formar em medicina. Para se ter uma ideia, Cuba é o lar de 22,5 mil estudantes internacionais. Uma parceria com o Brasil ainda ajuda alunos de baixa renda a conseguir a tão sonhada formação.
É o caso da Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM), que forma estrangeiros de baixa renda e de tribos indígenas para que eles atendam às suas comunidades quando voltarem ao país de origem. Atualmente, a escola recebe alunos de 120 países e já formou mais de 27.800 mil médicos desde sua fundação, em 1998.
Para estudar nessa instituição é preciso ter no máximo 25 anos e passar por um processo seletivo. Os candidatos brasileiros podem concorrer a bolsas de estudo na instituição, sendo indicados por movimentos sociais ou partidos políticos. Depois, uma entrevista deve ser feita na Embaixada de Cuba, onde é feito um teste psicotécnico e uma redação deve ser escrita. Depois de aprovado, o aluno ganha bolsa integral para estudar, incluindo alimentação, hospedagem, e 30% do valor de um salário mínimo na cidade. Quem não fala espanhol pode ter aulas do idioma para acompanhar os estudos. É importante lembrar que no Brasil o diploma de médico adquirido no exterior deve ser revalidado.
Mesmo sendo um país com boas relações diplomáticas no Brasil, é preciso solicitar um visto para entrar como estudante em Cuba, e isso só é possível depois que a universidade o aceitar. Para conseguir essa permissão é preciso ir até a embaixada cubana e os documentos normalmente pedidos são:
  • Passaporte original com validade mínima de seis meses
  • Formulário de pedido de visto preenchido e assinado
  • Reserva da passagem aérea
  • Carta de aceitação da universidade convidando o aluno ao país

Vale a pena ir para Cuba?

Apesar do clima tropical e do idioma latino (o espanhol), Cuba é um país difícil para um estrangeiro brasileiro se adaptar. O acesso a meios de comunicação e à internet são mais limitados e têm um alto custo se comparados ao de outros países, chegando a custar uma boa parte do salário de um cubano para uma utilização limitada.
Então, se morar ali vale a pena ou não depende muito do objetivo de quem vai: se for a estudo, as bolsas oferecidas em universidades muito boas compensam. Se for a trabalho, talvez seja preciso avaliar com as empresas que possuem sucursais instaladas ali e se a permissão de trabalho é viável.
Quem pretende passar uma boa temporada no país deve abrir mão do consumo e das redes de fast-food, pois trata-se de um país cujo governo é socialista.

Curiosidades

A área de biotecnologia em Cuba é uma das mais avançadas do mundo, com mais de 600 patentes para drogas, vacinas e sistemas de diagnóstico. Tanto é que a vacina contra a hepatite B, vendida em mais de 30 países, foi criada ali.
A saúde é um aspecto que chama a atenção: a qualidade da água de Cuba é uma das melhores do mundo, muitas doenças como tétano, hepatite, coqueluche, poliomielite, sarampo e difteria foram praticamente extintas da ilha. 
A expectativa de vida no país é uma das maiores, de 78 anos.
O esporte nacional da ilha é o beisebol. Boxe, vôlei e atletismo também são populares – o número de medalhas de ouros conquistadas por atletas cubanos em Olimpíadas fala por si só.
Cuba Libre, a famosa bebida que remete ao país, é feita com Rum, outra iguaria típica produzida a partir do melaço de cana de açúcar. A cozinha cubana combina tradições indígenas, africanas e espanholas.

terça-feira, 19 de março de 2019

A contribuição financeira também faz parte da militância

Angelita da Rosa (de casaco creme)
Por Angelita Rosa*

“Como seria a condição humana se não houvesse militantes?

Não porque os militantes sejam perfeitos, porque tenham sempre a razão, porque sejam super-homens e não se equivoquem. Não é isso.
É que os militantes não vem para buscar o seu, vem entregar a alma por um punhado de sonhos.
Ao fim e ao cabo, o progresso da condição humana depende fundamentalmente de que exista gente que se sinta feliz em gastar sua vida a serviço do progresso humano.”
Pepe Mujica
A partir dessa afirmação de um dos militantes mais altruístas que o mundo já viu, somos provocados a refletir sobre o nosso papel enquanto militantes.
A doação de um militante transcende a luta cotidiana pelos ideais imprescindíveis à evolução da condição humana, ultrapassa a indignação frente às injustiças sociais.  Deve necessariamente avançar para a concreção de ações para que as ideias e posições sejam refirmadas, difundidas e constituídas numa sociedade.
Para isso, a doação financeira de um militante é fundamental!
Nós, militantes, temos que ter a consciência que é a contribuição financeira que viabiliza, de fato, a militância e suas causas.
Infelizmente, os movimentos e entidades responsáveis por constituir e dar consistência às causas apoiadas por nós, militantes, não conseguem se estabelecer e seguir em frente, tão-só, por nossos engajamentos e sonhos.
É preciso mais!
É preciso contribuição financeira!
É inconteste que tenhamos a convicção de que precisamos contribuir financeiramente para as lutas militantes de forma espontânea.
A melhor militância assim é feita. De forma voluntária, a partir das nossas visões de mundo e na luta por mais equidade para a coletividade.
Dessa forma, temos a certeza de que contribuir financeiramente para que os movimentos e entidades cumpram o papel de combater as nossas mazelas é fundamental.
Os militantes citados pelo valoroso ex-presidente Mujica são, antes de mais nada, abnegados e devem ter convicção sobre a importância de doação financeira para as causas em que militam justamente em função da solidariedade que demonstram ao se engajar à tarefa militante com empatia e ideais.
Desde a sua fundação, há um ano, a ABJD — Associação de Juristas pela Democracia — já fez muitas ações concretas e está em plena construção.
Por isso, convidamos os juristas comprometidos com a defesa do Estado Democrático de Direito delineado na Constituição da República de 1.988 a se associarem à ABJD. Também a empenharem tempo, produção intelectual e literária.
A anuidade é uma contribuição financeira para manter as atividades e fortalecer a ABJD, que tem como finalidade precípua a defesa da Democracia Brasileira.
Sigamos… temos muitas tarefas militantes para cumprir e para isso precisamos da contribuição financeira de todos e todas nós!
*Angelita da Rosa é advogada, membro da Direção Executiva Provisória da ABJD – Núcleo do Rio Grande do Sul, Procuradora Geral do Município de São Leopoldo.
FONTE: Viomundo

sexta-feira, 15 de março de 2019

Memórias da Imprensa Alternativa no Brasil: lembrar é um ato político


A série de reportagens Memórias da Imprensa Alternativa no Brasil surgiu da vontade de trazer à tona as muitas histórias dos jornais e dos jornalistas que lutaram pela democracia durante os anos em que o Brasil viveu sob ditadura civil-militar (1964 a 1989).
Em matérias especiais, registramos em texto e vídeo as alegrias e dificuldades, a coragem e a angústia, as reuniões de pauta e o trabalho de reportagem de 14 jornais alternativos que circularam durante o período de exceção democrática no país.
Os personagens ouvidos por Opera Mundi trazem por meio de suas memórias uma história marcada pela resistência contra o autoritarismo que se instaurou no Brasil. Conversamos com grandes nomes do jornalismo brasileiro como Audálio Dantas, Raimundo Pereira, Elifas Andreato, Carlos Azevedo, Amelinha Teles, Neusa Maria Pereira e muitos outros personagens que participaram da construção desses periódicos.
A série buscou contar a história de publicações que alcançaram grande sucesso editorial à época, e de outros efêmeros que, em alguns casos, tiveram apenas uma edição. Periódicos como Amanhã, criado e dirigido por membros do movimento estudantil no período que antecedeu o AI-5, demonstravam a intenção dos estudantes de resistir ao golpe civil-militar de 1964 e dialogar com a classe trabalhadora.
Parte da equipe que fundou o jornal Amanhã iria trabalhar mais tarde na consolidação de dois dos maiores periódicos da imprensa alternativa, Opinião e MovimentoOpinião, que nasceu em uma tentativa de oposição dentro da legalidade contra a ditadura, e Movimento, que cobriu de perto o fim da censura e a campanha pelas diretas, viriam a se tornar duas grandes referências de bom jornalismo feito pela imprensa alternativa.
Episódio cruel na história do Brasil, o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, preso no DOI-Codi e morto durante sessões de tortura, se mostrou decisivo para enfraquecer a ditadura e dar estímulo para os movimentos de resistência. Ninguém melhor do que Audálio Dantas, presidente do sindicato dos jornalistas e diretor do jornal Unidade à época, para contar essa história.
Publicações como Brasil MulherVersusÁrvore das Palavras Abertura traziam as questões identitárias e culturais para a agenda de reivindicações. Dissidente do Movimento, o jornal Em Tempo entraria para história por conta da publicação da lista dos torturadores que atuavam nos porões da ditadura. Os Cadernos do Terceiro Mundo buscavam unificar o pensamento da esquerda ao redor do mundo e, ao mesmo tempo, mostrar o que acontecia no Brasil. Libertaçãotrabalhava na clandestinidade e servia como órgão de informação da Ação Popular. O TrabalhoABCD e Oboré deram voz aos trabalhadores do movimento operário e serviram como catalisador da resistência em um momento de dispersão do movimento contra a ditadura.
Essas histórias estarão para sempre gravadas, seja na memória de seus atores principais, seja nas páginas desses jornais. Opera Mundi buscou reunir parte dessas histórias que devem ser contadas por muitos anos, pois no embate da memória, lembrar se torna um ato político. A memória nos previne e deve ser preservada e celebrada junto com a democracia.
Abaixo, clique nos links para ler todas as reportagens da série:
FONTE: Opera Mundi

quinta-feira, 14 de março de 2019

Atiradores de Suzano viram heróis em fórum brasileiro de extremistas


Os atiradores Luiz Henrique de Castro, de 25 anos e Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos ganharam status de heróis nos fóruns brasileiros disseminadores de ódio. Os chamados ‘Chans’.

Nesta quarta-feira (13), os dois mataram 7 pessoas na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP). Um comerciante que trabalhava perto do local e era tio de um dos atiradores também foi assassinado. Luiz e Guilherme eram ex-alunos da escola.
Reportagem do portal R7 informou que Luiz Henrique e Guilherme integravam o Dogolachan, fórum que só é acessível na darknet. A matéria revela que os jovens recorreram ao fórum para pedir dicas de como executar o atentado na escola.
No dia 7 de março, um dos atiradores teria publicado um agradecimento ao administrador do fórum, conhecido como DPR. “Muito obrigado pelos conselhos e orientações, DPR. Esperamos do fundo dos nossos corações não cometer esse ato em vão”, diz trecho da mensagem.

Luiz Henrique era conhecido no fórum como “luhkrcher666” e Guilherme como “1guY-55chaN”. Todas as conversas entre os atiradores foram deletadas previamente ao atentado.
O fórum 55chan também celebrou o massacre em Suzano (SP). Assim como o Dogolachan, o espaço costuma criar conteúdo de ódio contra mulheres, negros, pobres e homossexuais.
Alguns membros dos chans chegaram a lamentar o fato de Luiz Henrique e Guilherme não terem conseguido assassinar mais pessoas que o autor do Massacre de Realengo, em 2011. Na época, Wellington Menezes de Oliveira matou 12 crianças e depois cometeu suicídio.

Operação da Polícia Federal

Em maio de 2018, a Operação Bravata da Polícia Federal tentou desmantelar o Dogolachan. Na ocasião, os policiais prenderam Marcelo Valle Silveira Mello, apontado como fundador do Chan (relembre aqui).
Em dezembro de 2018, Marcelo foi condenado a 41 anos de prisão. O analista de sistemas pregava há vários anos a morte de mulheres, negros, gays e comunistas. Além disso, o extremista defendia abertamente a pedofilia e chegou a gerenciar páginas que traziam manuais sobre como “aplicar estupros corretivos em lésbicas” e violentar menores de idade.
Na ocasião, a professora universitária e militante feminista Lola Aranovich, uma das principais vítimas de Marcelo, comemorou a decisão: “Vitória e grande alívio! Marcelo Valle Silveira Mello, líder de quadrilha neonazista e misógina que me atacou durante 7 anos, foi condenado a 41 anos de prisão! Estou muito feliz”.
A prisão de Marcelo só foi possível porque Lola Aranovich passou quase uma década denunciando todas as ações de ódio e ameaças cometidas pelos membros dos fóruns contra ela.
Foi do Dogolachan que partiram algumas das ameaças de morte que motivaram o ex-deputado Jean Wyllys (PSOL) a desistir do mandato de parlamentar e sair do Brasil. Membros do Chan são denunciados no Pragmatismo Político desde 2012.

1 ano e meio

Um policial que investiga o atentado afirmou no início da noite desta quarta-feira que o atentado contra a escola em Suzano foi planejado durante 1 ano e meio. Segundo o policial, os atiradores conversaram sobre o ataque por meio de mensagens de texto. O teor das conversas não foi informado.
Uma das linhas de investigação da Polícia Civil é a de que o tio de Guilherme tenha descoberto o plano da dupla e, por isso, os criminosos teriam feito uma “queima de arquivo”.
O carro usado pela dupla, um Onyx branco, foi alugado por Luiz Henrique, segundo nota da Localiza, em 21 de fevereiro, com devolução para o dia 15 deste mês. A polícia apreendeu dois cadernos escolares encontrados no carro, nos quais há desenhos. O material será analisado por investigadores.