segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Fabíola, lute como uma garota!

Este ótimo texto -- sobre o mesmo tema do guest post publicado ontem -- chegou pra mim por email, sem autoria. Na hora de ilustrar, vi que é do jornalista e publicitário Lelê Teles.

Qual não foi a minha surpresa: Fabíola é flagrada saindo do motel com o amante. O marido leva um amigo para filmar o flagrante, já na intenção de "genizar" a esposa.
Ficamos sabendo que os cinco envolvidos são amigos. E que o amante também é casado. Até aí questões de foro íntimo.
Mas o filme se desdobra numa narrativa estranha em que o discurso de ódio é todo voltado à mulher: ela é a safada, o amante, não; ela é a vagabunda, o amante, não; ela é a puta, o amante, não.
Ela é a Geni.
Nas redes sociais era o que prevalecia, xingava-se Fabíola, e fazia-se graça com o "Gordinho da Saveiro". O amante recebe um apelido no diminutivo, carinhosamente.
Mas há uma questão ainda mais intrigante. Como sabiam que contariam com a infâmia de todos os misóginos do mundo, o marido e o amigo não tiveram pudor em publicar o vídeo.
O lance é que, no vídeo, Fabíola não cometia um único crime. Já o marido e o amigo cometiam vários.
O mais grave: o traído arrancou a esposa pelos cabelos do automóvel do traidor e lhe deu umas bofetadas.
O cara filmou uma agressão a uma mulher e divulgou nas redes sociais na boa.
Ele não só a apedrejou como exibiu a garota em praça pública para que ela fosse virtualmente apedrejada por um milhão de marmanjos.
O que bateu cometeu um crime e o que filmou a agressão e deu a ela publicidade, ao invés de socorrer a mulher agredida, também criminou.
O "Gordinho da Saveiro" acovardou-se, não defendeu a si mesmo e não defendeu Fabíola, ali eram três contra uma.
O marido de Fabíola chega a dizer ao "gordinho": "Dessa aí eu esperava tudo, mas de você, cara?"
Perplexo, ele afirmou que uma mulher sempre será uma puta e sempre estará disposta a trair o seu parceiro, mas um amigo jamais deveria trair o outro amigo. Coma a mulher de outro cara que você não conhece, mas não a mulher do amigo.
É a regra de outro, não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem a ti mesmo.
Fabíola deveria agora estar contando com o apoio das outras garotas. Fabíola não deveria fazer o jogo dos rapazes, se esconder e se envergonhar.
Esses caras é que têm que sentir vergonha do papel ridículo que fizeram. Eles devem ser denunciados na delegacia.
Fabíola deve dizer que estava em um motel, portas fechadas, fazendo o que deus lhe permitiu fazer.
Ninguém deve sentir vergonha por ter feito sexo consensual com quem quer que seja.
E todos os que divulgam vídeo de sexo sem o consentimento de qualquer garota devem ser denunciados à polícia. As garotas devem deixar claro que quem cometeu erro foram eles e não elas, quem deve prestar contas à polícia e à sociedade são eles e não elas.
Eu tenho uma filha. Ela jamais irá baixar a guarda pra macho nenhum, nenhum idiota vai conseguir humilhá-la por ela não ter feito nada de errado, nenhum homem vai tripudiar da condição dela de mulher.
Fabíola, o jogo já virou.
Viralizou a tag em que as garotas perderam a vergonha de falar sobre assédio. Isso deve ser vergonhoso para os homens e não para as mulheres.
Viralizaram os vídeos das garotas, ainda adolescentes, enfrentando os marmanjos conhecidamente violentos da PM de Alckmin.
Foram as mulheres as protagonistas das maiores manifestações contra o até então todo poderoso Eduardo Cunha.
Enquanto toda a república se ajoelhava para as chantagens de Cunha, as mulheres foram à rua enfrentá-lo: Cunha sai, Pílula fica.
As garotas da Globo, que foram ofendidas por racistas, foram às redes sociais e os enfrentaram, mostraram que quem deveria sentir vergonha eram eles.
O exemplo é esse, Fabíola.
Querem que você fique em casa chorando como uma mulherzinha, com vergonha de tudo e de todos.
Isso está errado.
Fabíola, erga a cabeça e lute como uma garota.
Palavra da salvação.
#Fabíola Lute Como Uma Garota (tudo junto).
 
 
 
Fonte: Reproduzido do blog Escreva Lola Escreva

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Aedes aegypti: conheça a história do mosquito no Brasil e suas características

O Aedes aegypti – mosquito transmissor de doenças como a dengue, a febre amarela, a febre chikungunya e o vírus Zika – é originário do Egito, na África, e vem se espalhando pelas regiões tropicais e subtropicais do planeta desde o século 16. No Brasil, segundo pesquisadores, o vetor chegou ainda no período colonial. “O mosquito veio nos navios com os escravos", explica a pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Margareth Capurro. 
De acordo com o Instituto Oswaldo Cruz, o Aedes aegypti foi descrito cientificamente pela primeira vez em 1762, quando foi denominado Culex aegypti. O nome definitivo veio em 1818, após a descrição do gênero Aedes. Em território nacional, desde o início do século 20, o mosquito já era considerado um problema. À época, no entanto, a principal preocupação era a transmissão da febre amarela. “Na campanha contra a febre, o Aedes aegypti foi erradicado do Brasil usando inseticida químico", lembra a pesquisadora.
Aedes Aegypti
Aedes Aegypti
Porém, não demorou muito para o mosquito voltar e se espalhar pelo extenso território brasileiro. Em meados dos anos de 1980, o Aedes aegypti foi reintroduzido no país, por meio de espécies que vieram principalmente de Cingapura. Hoje, conforme estudiosos, falar em erradicação é algo improvável. “O fato de usarmos muitos inseticidas químicos fez com que sejam selecionados os mosquitos mais resistentes. A resistência atual desses vetores é muito grande. Justamente por isso, tende-se a diminuir ao máximo o uso de inseticida químico”, esclarece Capurro.
Segundo o Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) – que se baseia em dados dos meses de outubro e novembro de 2015 e acumula informações de 1.792 cidades –, um total de 199 municípios brasileiros estão em situação de risco de surto de dengue, chikungunya e vírus Zika devido à presença significativa do Aedes aegypti. A classificação, feita com base em dados reunidos pelo Ministério da Saúde, leva em conta o fato de que em mais de 4% das casas visitadas nesses locais foram encontradas larvas do mosquito.
Confira a situação do seu município:
Em situação um pouco menos crítica – com 1% a 3,9% dos imóveis com foco do mosquito –, o ministério identificou um total de 665 municípios brasileiros em alerta. Outros 928 foram considerados com índices satisfatórios – já que nessas localidades menos de 1% das residências apresentaram larvas do mosquito.
O levantamento identificou ainda a presença do mosquito Aedes albopictus em 261 municípios. Esse vetor também pode transmitir a chikungunya e o vírus Zika. "O Zika acabou se afinando muito bem aos dois tipos de aedes", explica Caio Freiro, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
Entre as 18 capitais que o Ministério da Saúde recebeu informações sobre a presença do Aedes aegypti, apenas Rio Branco (AC) está em situação de risco. Outras sete são classificadas como “em alerta” e dez com “índices satisfatórios”.