Este ótimo texto -- sobre o mesmo tema do guest post publicado ontem -- chegou pra mim por email, sem autoria. Na hora de ilustrar, vi que é do jornalista e publicitário Lelê Teles.
Qual
não foi a minha surpresa: Fabíola é flagrada saindo do motel com o
amante. O marido leva um amigo para filmar o flagrante, já na intenção de "genizar" a esposa.
Ficamos sabendo que os cinco envolvidos são amigos. E que o amante também é casado. Até aí questões de foro íntimo.
Mas o
filme se desdobra numa narrativa estranha em que o discurso de ódio é
todo voltado à mulher: ela é a safada, o amante, não; ela é a vagabunda,
o amante, não; ela é a puta, o amante, não.
Nas
redes sociais era o que prevalecia, xingava-se Fabíola, e fazia-se graça
com o "Gordinho da Saveiro". O amante recebe um apelido no diminutivo,
carinhosamente.
Mas há
uma questão ainda mais intrigante. Como sabiam que contariam com a
infâmia de todos os misóginos do mundo, o marido e o amigo não tiveram
pudor em publicar o vídeo.
O lance é que, no vídeo, Fabíola não cometia um único crime. Já o marido e o amigo cometiam vários.
O mais grave: o traído arrancou a esposa pelos cabelos do automóvel do traidor e lhe deu umas bofetadas.
O cara filmou uma agressão a uma mulher e divulgou nas redes sociais na boa.
Ele
não só a apedrejou como exibiu a garota em praça pública para que ela
fosse virtualmente apedrejada por um milhão de marmanjos.
O
que bateu cometeu um crime e o que filmou a agressão e deu a ela
publicidade, ao invés de socorrer a mulher agredida, também criminou.
O "Gordinho da Saveiro" acovardou-se, não defendeu a si mesmo e não defendeu Fabíola, ali eram três contra uma.
O marido de Fabíola chega a dizer ao "gordinho": "Dessa aí eu esperava tudo, mas de você, cara?"
Perplexo,
ele afirmou que uma mulher sempre será uma puta e sempre estará
disposta a trair o seu parceiro, mas um amigo jamais deveria trair o
outro amigo. Coma a mulher de outro cara que você não conhece, mas não a
mulher do amigo.
É a regra de outro, não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem a ti mesmo.
Fabíola
deveria agora estar contando com o apoio das outras garotas. Fabíola
não deveria fazer o jogo dos rapazes, se esconder e se envergonhar.
Esses caras é que têm que sentir vergonha do papel ridículo que fizeram. Eles devem ser denunciados na delegacia.
Ninguém deve sentir vergonha por ter feito sexo consensual com quem quer que seja.
E
todos os que divulgam vídeo de sexo sem o consentimento de qualquer
garota devem ser denunciados à polícia. As garotas devem deixar claro
que quem cometeu erro foram eles e não elas, quem deve prestar contas à
polícia e à sociedade são eles e não elas.
Eu
tenho uma filha. Ela jamais irá baixar a guarda pra macho nenhum,
nenhum idiota vai conseguir humilhá-la por ela não ter feito nada de
errado, nenhum homem vai tripudiar da condição dela de mulher.
Fabíola, o jogo já virou.
Viralizou
a tag em que as garotas perderam a vergonha de falar sobre assédio.
Isso deve ser vergonhoso para os homens e não para as mulheres.
Viralizaram os vídeos das garotas, ainda adolescentes, enfrentando os marmanjos conhecidamente violentos da PM de Alckmin.
Foram as mulheres as protagonistas das maiores manifestações contra o até então todo poderoso Eduardo Cunha.
Enquanto toda a república se ajoelhava para as chantagens de Cunha, as mulheres foram à rua enfrentá-lo: Cunha sai, Pílula fica.
As
garotas da Globo, que foram ofendidas por racistas, foram às redes
sociais e os enfrentaram, mostraram que quem deveria sentir vergonha
eram eles.
O exemplo é esse, Fabíola.
Querem que você fique em casa chorando como uma mulherzinha, com vergonha de tudo e de todos.
Fabíola, erga a cabeça e lute como uma garota.
Palavra da salvação.
#Fabíola Lute Como Uma Garota (tudo junto).
Fonte: Reproduzido do blog Escreva Lola Escreva
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