João Plenário |
Lelê Teles*
Esse lentíssimo senhor juiz, Gilmar Mendes, aquele que é a cara do deputado d'A Praça é Nossa, tomou uma surra hoje no STF, 8x3.
E está proibido, para desespero da plutocracia e dos paus-mandados
do Congresso, o investimento empresarial em campanhas políticas.
Há uma ano e meio, percebendo que seria derrotado na ação impetrada
pela OAB que julga inconstitucional o financiamento empresarial para
partido e políticos, Gilmar pediu vistas.
Mau perdedor, sentou em cima do processo e nele peidou por ano e
meio; fez como aqueles molecotes que, contrariados durante uma pelada,
colocam a bola da pelada debaixo do braço e vão embora.
Demorou uma eternidade para devolver o processo e demorou uma
eternidade para ler o seu voto, que a rigor todos já sabiam qual era,
mas aproveitou para destilar sua indelicadeza, sua insolente
beligerância e seu destempero.
No seu voto não faltaram slogans e achincalhes ao PT, parecia que era candidato a eleição em algum grêmio livre de escola.
Acusou a OAB de apresentar a ação sob orientação do PT, num delírio desprovido de qualquer sustentação factual.
Indicação de Fernando Henrique Cardoso, Mendes se prestou a papéis
patéticos na corte, bateu boca com colegas, acusou Lewandowski de
chicaneiro e tomou umas chineladas de Joaquim Barbosa, que engrossou com
ele: "Vossa Excelência me respeita. Vossa Excelência não está falando
com um dos seus capangas do Mato Grosso".
Midiático, acostumou-se a dar palpites e pitacos fora dos autos,
sempre em ataque furioso, quase patológico, contra o PT, jogando para a
grande mídia, que sempre lhe esticava os microfones.
Lembremos mais uma vez Barbosa quando lhe apontou o dedo: "Vossa Excelência está na mídia destruindo a imagem do judiciário".
Gilmar é chegado a processar jornalistas. como todo histérico de
direita, ele não aceita opiniões divergentes da sua, não tolera o
contraditório e parte para a ameaça e a intimidação dos tribunais.
Acima de todos, imperial, jactancioso e aécico, já chegou a dizer que não votava pensando no Zé Mané da esquina.
Ontem, ao ouvir o ministro acusar cretinamente a OAB, um advogado
da Ordem pediu para se defender; Gilmar, contrariado, contrariou as
regras da magistratura, julgou-se acima dos demais colegas, inventando
pra si uma hierarquia fantasiosa e delirante, levantou-se e deu as
costas ao advogado, não se antes desdenhar deste.
A OAB soltou nota de repúdio e hoje Gilmar conta com a antipatia de todos os advogados do país.
Algum jornalista há de lhe emprestar um lenço.
Perdeu, Gilmar. agora é abraçar Aécio e chorar.
Palavra da salvação.
*Lelê Teles
Jornalista e publicitário. Roteirista do programa Estação Periferia (TV
Brasil), apresentador do programa Coisa de Negro (Aperipê FM) e editor
do blog FALA QUE EU DISCUTO
Fonte: Brasil 24/7
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