Da Opera Mundi
O governo da Somália afirmou que pelo menos 110 pessoas morreram de fome na região de Bay, ao sul do país, nos últimos dias em decorrência da seca que atinge milhões de somalis. O balanço de mortos foi anunciado no último sábado pelo primeiro-ministro Hassan Ali Khaire durante uma reunião do Comitê Nacional da Seca.
“Presidi uma reunião muito produtiva e informativa com o Comitê Nacional da Seca. Respostas urgentes são fundamentais para salvar vidas”, declarou o premiê no Twitter.
O presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Mohamed, declarou o estado de “desastre nacional” na última terça-feira (28/02) devido à situação humanitária provocada pela grave seca que grande parte do país está sofrendo. “A seca é um desastre nacional e precisa de ajuda internacional de emergência”, escreveu o presidente. Ele também pediu que a comunidade empresarial do país e a população somali no exílio participem das operações de recuperação nas zonas afetadas.
De acordo com as Nações Unidas, cerca de cinco milhões de pessoas necessitam de socorro por conta da seca no país. Segundo a ONU, a seca já deslocou mais de 135 mil pessoas no país desde novembro, conforme dados recolhidos pela Acnur (Agência da ONU para Refugiados) e pelo NRC (Conselho Norueguês para Refugiados). Organismos internacionais temem que esta grave situação desencadeie uma crise de fome no país como a de 2011, quando 250 mil pessoas morreram, sendo mais da metade delas crianças com menos de cinco anos.
Mais de 360 mil crianças com desnutrição aguda “necessitam tratamento urgente e apoio internacional, incluindo 71 mil que sofrem de desnutrição grave”, segundo a Agência de Sistemas de Alerta Precoce contra a Fome, da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional. A capital da Somália, Mogadício, tem recebido milhares de pessoas nos últimos dias em busca de socorro alimentar, sobrecarregando agências de ajuda locais e internacionais.
Os países da região também advertiram que uma nova crise de fome poderia piorar a questão da segurança em um lugar onde a ameaça jihadista e os enfrentamentos entre etnias pelos recursos causam vários conflitos. Segundo o governo do país, a fome generalizada “torna as pessoas vulneráveis à exploração, aos abusos dos direitos humanos e a redes criminosas e terroristas”. Além disso, a falta de água limpa em muitas áreas agrava a ameaça adicional de cólera e outras doenças, dizem especialistas da ONU.
A Somália é uma das quatro regiões selecionadas pelo secretário-geral da ONU no mês passado ao pedir uma ajuda de US$ 4,4 bilhões para evitar uma situação catastrófica de fome. As outras são o nordeste da Nigéria, o Sudão do Sul e o Iêmen. Em comum, todos esses locais enfrentam conflitos violentos, afirmou o chefe da ONU. O apelo humanitário da ONU para 2017 para a Somália é de US$ 864 milhões para prestar assistência a 3,9 milhões de pessoas. No entanto, o Programa Mundial de Alimentos da ONU recentemente solicitou um plano adicional de US$ 26 milhões para responder à seca.
FONTE: Sul 21
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