sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Prefeitura, sindicato e povo expostos; empresários escondidos


Foto: Nice Ribeiro/TV Mirante

Por Jorge Antonio Carvalho*

O sistema de transporte público de São Luís vive mais uma crise, desta vez protagonizada pela empresa 1001, que deixou de cumprir acordos firmados com a Prefeitura, o SET e o Sindicato dos Trabalhadores. A greve já se arrasta por dias e mantém 162 ônibus parados, afetando diretamente milhares de usuários que dependem do serviço para trabalhar, estudar e se deslocar pela cidade. Mais uma vez, quem paga a conta é a população, enquanto os verdadeiros donos do negócio permanecem invisíveis.

É sempre o mesmo roteiro: Prefeitura exposta em coletivas e entrevistas, Sindicato dos Rodoviários à frente das mobilizações, motoristas e cobradores dando voz às suas dificuldades, e a população sofrendo nos pontos de ônibus. O SET aparece como representante patronal, mas os empresários que lucram com o sistema nunca se mostram. Quem são essas pessoas? Onde vivem? Qual sua classe social? Por que não se expõem ao debate público? Essas perguntas ecoam sem resposta.

A invisibilidade dos empresários é conveniente. Enquanto trabalhadores enfrentam atrasos salariais e a população amarga filas e atrasos, os donos das empresas se escondem atrás da sigla do sindicato patronal. São eles que recebem subsídios milionários da Prefeitura, mas nunca aparecem para explicar o destino desses recursos ou justificar a precariedade da frota. Essa ausência de transparência é um problema estrutural que mina a credibilidade do sistema e perpetua a desigualdade de responsabilidades.

O debate sobre municipalização do transporte público deve ganhar força justamente nesse contexto. Se o sistema só funciona graças ao dinheiro público, por que continuar nas mãos de empresários privados que não se mostram e não prestam contas? A gestão pública poderia trazer maior transparência e controle social, ainda que enfrente desafios de eficiência. Mas antes de qualquer mudança estrutural, a população merece uma resposta simples: 

Quem são os donos do transporte em São Luís?

A crise atual é mais do que uma paralisação de ônibus. É um retrato da falta de transparência e da desigualdade de responsabilidades. Enquanto trabalhadores e usuários se expõem, os empresários se escondem. É hora de cobrar nomes, rostos e responsabilidades. O transporte público não é apenas um negócio: é um direito de cidadania, e a população tem o direito de saber quem lucra com sua precariedade.

*Jorge Antonio Carvalho - Oficial do Blog Conversa de Feira

Nenhum comentário:

Postar um comentário