Por Jorge Antonio Carvalho*
Em São Luís, o problema da coleta de lixo deixou de ser apenas uma questão de limpeza urbana, tornou-se um reflexo da ausência de políticas públicas eficazes. Em diversos corredores da cidade, o lixo se acumula nos canteiros, é descartado fora dos dias de coleta e espalhado por animais e pessoas em busca de materiais reaproveitáveis. A prefeitura, sem planejamento e sem campanhas educativas, parece atuar como quem enxuga gelo: recolhe o lixo hoje, vê tudo voltar amanhã.
Corredores urbanos que viraram pontos de descarte
Três locais ilustram bem esse cenário:
Corredor da Avenida João Pessoa - Entrada do Bairro Filipinho:

Corredor da Avenida Africanos - do início das Franceses até semáforo das entradas do Coroado e Coroadinho.

Corredor da Avenida Vitorino Freire, lado do Bairro Madre Deus

Nesses pontos, comerciantes e moradores descartam lixo diariamente, ignorando os dias oficiais de coleta. A ausência de fiscalização e de ações educativas transforma esses espaços em pequenos lixões urbanos, com impacto direto na saúde pública e na imagem da cidade.
A prefeitura não dá conta e não articula
A justificativa da falta de pessoal para atuar casa a casa nesses entornos não pode ser desculpa para a inércia. A solução não está apenas em mais caminhões ou mais garis, mas em articulação. A prefeitura precisa buscar caminhos que envolvam a sociedade civil, instituições de ensino e órgãos ambientais.
Há alternativas viáveis e já testadas em outras cidades: envolver escolas públicas e privadas, universidades, agentes comunitários e até comerciantes locais em ações de educação ambiental. A juventude, por exemplo, pode ser mobilizada como força transformadora com oficinas, campanhas, sinalização e diálogo direto com a comunidade.
Segundo a Superintendência de Limpeza Pública (SULIP), a coleta domiciliar é realizada em dias alternados nos bairros e diariamente nas principais avenidas. A orientação é que o lixo seja acondicionado em sacos plásticos e colocado na porta cerca de duas horas antes da coleta. No entanto, a prática cotidiana em muitos desses pontos revela que essa programação não é respeitada e tampouco fiscalizada.
Além disso, a Patrulha Ambiental de São Luís, criada para fiscalizar o descarte irregular, atua com base no Decreto Municipal nº 58.614/2022, que regulamenta o Sistema de Limpeza Urbana e Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos. Ainda assim, segundo levantamento de entidades locais, a cidade possui cerca de 500 pontos de descarte irregular, evidenciando a insuficiência das ações de fiscalização.
Caminhos possíveis: educação e protagonismo comunitário
A solução para o problema não se resume à ampliação da coleta. É necessário investir em campanhas permanentes de educação ambiental, com envolvimento direto da comunidade. A articulação com escolas, universidades, comerciantes e agentes comunitários pode transformar a cultura do descarte e promover responsabilidade coletiva.
Experiências locais demonstram que o protagonismo juvenil, aliado à formação cidadã, pode ser um vetor de mudança. Oficinas, sinalização educativa, ações culturais e diálogo direto com moradores são estratégias viáveis e de baixo custo que podem ser incorporadas à política pública municipal.
Espaço aberto ao poder público e à sociedade
Este espaço permanece aberto à manifestação oficial da Prefeitura de São Luís, caso deseje esclarecer à população sobre medidas já adotadas ou em fase de implementação nos pontos citados. A transparência institucional é essencial para que a sociedade compreenda os desafios enfrentados e acompanhe os avanços propostos.
Da mesma forma, este artigo convida a comunidade moradores, comerciantes, educadores e estudantes a refletir e participar ativamente da construção de soluções sustentáveis. A transformação dos bairros começa com o engajamento coletivo e com o fortalecimento de práticas cidadãs que promovam saúde, respeito ao meio ambiente e qualidade de vida
A cidade precisa parar de apagar incêndios e começar a construir soluções. O lixo não é apenas um problema de coleta é um problema de cultura, de gestão e de prioridade.
*Jorge Antonio Carvalho - Oficial do blog
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