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| Foto: Redes Sociais |
Greves, subsídios milionários e silêncio sobre licitação mostram que o sistema atual não funciona. A hora é de discutir seriamente a municipalização.
O problema não é novo
Há mais de uma década denunciamos aqui no Conversa de Feira que o transporte público de São Luís estava em colapso. Empresários pressionavam por aumentos de tarifa, recebiam subsídios e isenções, mas entregavam ônibus sucateados e serviços precários.
Hoje, em 2025, a situação não apenas continua, ela se agravou. Greves sucessivas, atrasos salariais e paralisações prolongadas escancaram um sistema que não consegue se sustentar sem dinheiro público.
Subsídios sem transparência
A Prefeitura transfere mensalmente milhões em subsídios para manter o sistema funcionando. Os empresários alegam que só conseguem pagar salários e manter a frota rodando com esse repasse.
Mas a pergunta que não quer calar: se o sistema só existe graças ao dinheiro público, por que continuar entregando sua gestão a empresas privadas?
O silêncio da gestão
Enquanto a população sofre nos pontos de ônibus, a Prefeitura se cala sobre a licitação das linhas. A Câmara convoca audiências públicas, mas não apresenta soluções concretas.
O resultado é um círculo vicioso: crise → greve → subsídio → silêncio → nova crise.
Municipalização: solução ou utopia?
O arquiteto e urbanista Ronei Costa Martins Silva defende que a saída é clara: municipalizar o transporte público.
Se o sistema já depende de recursos públicos, por que não assumir de vez sua gestão como empresa municipal? Assim, o dinheiro do erário seria aplicado diretamente na melhoria do serviço, em vez de sustentar lucros privados.
É claro que há riscos: corrupção, aparelhamento político, má gestão. Mas esses problemas também existem na iniciativa privada. A diferença é que, com uma empresa pública, a sociedade teria mais instrumentos de controle e transparência.
O que está em jogo
Não estamos falando apenas de ônibus. Estamos falando de direito à cidade.
Sem transporte público eficiente, trabalhadores não chegam ao emprego, estudantes não chegam à escola, pacientes não chegam ao hospital.
A crise do transporte é uma crise de cidadania.
São Luís precisa decidir: Continuar alimentando um modelo privado falido, dependente de subsídios milionários.
Ou dar um passo ousado e discutir seriamente a municipalização do transporte público
Perguntas para estimular o debate
Se o transporte público de São Luís já depende de subsídios milionários, faz sentido continuar nas mãos de empresários privados?
A municipalização seria uma solução real ou apenas mais uma promessa difícil de cumprir?
Você acredita que uma empresa pública conseguiria administrar melhor o sistema ou cairíamos nos mesmos problemas de corrupção e má gestão?
Quem deve ter prioridade: o lucro dos empresários ou o direito da população a um transporte digno?
O que seria mais transparente: repassar milhões mensalmente a empresas privadas ou investir diretamente em uma frota pública administrada pela Prefeitura?
Como garantir que, em caso de municipalização, o sistema não vire cabide de empregos políticos?
O transporte alternativo (vans, moto táxis) deve ser integrado ao sistema oficial ou continuar funcionando de forma paralela?
O debate está aberto. E talvez seja hora de a população exigir que o dinheiro público deixe de ser repasse automático para empresários e passe a ser investimento direto em um sistema que funcione para quem mais precisa dele: o povo.
Fontes:
- Conversa de Feira: Algumas linhas sobre trânsito e transporte (2011)
- Conversa de Feira: Empresários dos transportes e subsídios (2013)
- Ronei Costa Martins Silva: A municipalização do transporte público (2025)

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