quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Transporte Público: São Luís precisa romper com esse modelo falido


Foto: Redes Sociais

Greves, subsídios milionários e silêncio sobre licitação mostram que o sistema atual não funciona. A hora é de discutir seriamente a municipalização.

O problema não é novo

Há mais de uma década denunciamos aqui no Conversa de Feira que o transporte público de São Luís estava em colapso. Empresários pressionavam por aumentos de tarifa, recebiam subsídios e isenções, mas entregavam ônibus sucateados e serviços precários.

Hoje, em 2025, a situação não apenas continua, ela se agravou. Greves sucessivas, atrasos salariais e paralisações prolongadas escancaram um sistema que não consegue se sustentar sem dinheiro público.

Subsídios sem transparência

A Prefeitura transfere mensalmente milhões em subsídios para manter o sistema funcionando. Os empresários alegam que só conseguem pagar salários e manter a frota rodando com esse repasse.

Mas a pergunta que não quer calar: se o sistema só existe graças ao dinheiro público, por que continuar entregando sua gestão a empresas privadas?

O silêncio da gestão

Enquanto a população sofre nos pontos de ônibus, a Prefeitura se cala sobre a licitação das linhas. A Câmara convoca audiências públicas, mas não apresenta soluções concretas.

O resultado é um círculo vicioso: crise → greve → subsídio → silêncio → nova crise.

Municipalização: solução ou utopia?

O arquiteto e urbanista Ronei Costa Martins Silva defende que a saída é clara: municipalizar o transporte público.

Se o sistema já depende de recursos públicos, por que não assumir de vez sua gestão como empresa municipal? Assim, o dinheiro do erário seria aplicado diretamente na melhoria do serviço, em vez de sustentar lucros privados.

É claro que há riscos: corrupção, aparelhamento político, má gestão. Mas esses problemas também existem na iniciativa privada. A diferença é que, com uma empresa pública, a sociedade teria mais instrumentos de controle e transparência.

O que está em jogo

Não estamos falando apenas de ônibus. Estamos falando de direito à cidade.

Sem transporte público eficiente, trabalhadores não chegam ao emprego, estudantes não chegam à escola, pacientes não chegam ao hospital.

A crise do transporte é uma crise de cidadania.

São Luís precisa decidir: Continuar alimentando um modelo privado falido, dependente de subsídios milionários.

Ou dar um passo ousado e discutir seriamente a municipalização do transporte público

Perguntas para estimular o debate

Se o transporte público de São Luís já depende de subsídios milionários, faz sentido continuar nas mãos de empresários privados?

A municipalização seria uma solução real ou apenas mais uma promessa difícil de cumprir?

Você acredita que uma empresa pública conseguiria administrar melhor o sistema ou cairíamos nos mesmos problemas de corrupção e má gestão?

Quem deve ter prioridade: o lucro dos empresários ou o direito da população a um transporte digno?

O que seria mais transparente: repassar milhões mensalmente a empresas privadas ou investir diretamente em uma frota pública administrada pela Prefeitura?

Como garantir que, em caso de municipalização, o sistema não vire cabide de empregos políticos?

O transporte alternativo (vans, moto táxis) deve ser integrado ao sistema oficial ou continuar funcionando de forma paralela?

O debate está aberto. E talvez seja hora de a população exigir que o dinheiro público deixe de ser repasse automático para empresários e passe a ser investimento direto em um sistema que funcione para quem mais precisa dele: o povo.

Fontes:


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