A possível participação dos homens mais ricos do país em uma manobra golpista foi alvo de denúncia, neste sábado, há apenas algumas horas das manifestações realizadas pelas forças de ultradireita, na tarde deste sábado (06/12), nas principais capitais do país, após convocação do senador tucano e candidato derrotado nas eleições presidenciais deste ano Aécio Neves. Os manifestantes pediam a volta da ditadura militar e a cassação do mandato da presidenta reeleita, Dilma Rousseff.
Na véspera, Neves divulgou um vídeo convocando seus eleitores para uma ‘manifestação’ contra o resultado das urnas e o sistema democrático brasileiro. A produção da peça publicitária coube à Fundação Estudar, proprietária da página na internet que sustenta o Movimento Vem Pra Rua, de tendência fascista, inscrita no organismo de cadastro da internet brasileira, o Registro.BR, sob o CNPJ 040.287.005/0001-61. A Fundação Estudar é de propriedade dos empresários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, donos das maiores fortunas do país, segundo levantamento do jornalista e blogueiro Gustavo Alves, de Brasília.
O responsável pela página eletrônica, que abriga o movimento golpista é Fabio Tran, que assina como Diretor Executivo da Fundação Estudar.
“Impressionante que o neto de Tancredo se preste à cumprir a função de marionete de luxo dos donos da Ambev, do Burguer King e outras franquias. Será que os revoltados manipulados por Aécio e sua trupe sabe que a cada queda da Bolsa ou das ações da Petrobras, eles enriquecem ainda mais esses três alegres senhores?”, questiona Alves.
E prossegue: “A tentativa desesperada de prolongar a guerra eleitoral depois do fechamento das urnas não é novidade. Aécio tenta desesperadamente se firmar como líder da oposição antes que seu arquirrival José Serra tome posse como senador e deixe-o em segundo plano”.
Vai apurar
Após a denúncia, Lemann negou a jornalistas o envolvimento dele e de seus sócios na trama contra o processo democrático brasileiro e tentou excluir a Fundação de propriedade deles do patrocínio à tentativa de golpe de Estado no país, apesar das evidências.
– (A participação da Fundação Educar no patrocínio a um movimento neonazista é) novidade total para mim. Eu não me meto em politica e a Fundação Estudar também tem que ser totalmente apolítica – diz Lemann.
Após admitir o vínculo trabalhista com o responsável pelo site do movimento golpista, Lemann prometeu que vai pedir uma apuração mais detalhada sobre o caso.
– Estou perguntando ao comitê executivo e ao Presidente do Conselho da Fundação, Marcelo Barbosa, o que se passa. Suspeito que eles não saibam de nada – disse.
A objetivo, na fachada da Fundação Estudar, “fundada em 1991 por 3 dos mais importantes empreendedores do mundo, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles”, segundo o site da instituição, “potencializar jovens talentos para que possam agir grande e transformar o Brasil”.
Derrotado
Após gravar o vídeo, no qual convoca a participação nas manifestações golpistas, Aécio Neves se vê diante de uma nova derrota. Em São Paulo, capital que reuniu o maior número de manifestantes, cerca de 600 pessoas carregavam cartazes contra a democracia e a pela derrubada da presidenta eleita. Nas demais capitais, esse número não passou de 100 manifestantes, em um novo fracasso da ultradireita, liderada por Neves que, segundo o cientista político Antonio Lassance, teme a ação da Polícia Federal na Operação Lava Jato. “Neves terá que engolir sua afirmação de que foi derrotado por uma organização criminosa. Grande parte dos políticos corruptos que receberam propina do esquema que saqueou a Petrobrás, citados por um dos delatores, apoiou sua campanha, desde o primeiro turno”, afirma Lassance.
“Ainda conforme os próprios delatores, o envolvimento de cada um deles com essa organização criminosa data do governo do presidente Fernando Henrique. Já basta desse lenga-lenga de Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Roberto Duque. Os brasileiros querem saber os nomes dos políticos que receberam dinheiro de propina do esquema que assaltou a Petrobrás”, acrescentou.
Segundo Lassance, “o que se espera agora é que as informações já vazadas sejam confirmadas no inquérito da Polícia Federal, se os delegados fizerem o trabalho de delegados e não de cabos eleitorais de distintivo.O que se quer é que todos sejam imediatamente julgados pelo STF ou fujam logo de seus mandatos para serem processados em primeira instância, como fizeram os acusados Eduardo Azeredo e Clésio Andrade, mensaleiros amigos de Aécio Neves”, conclui.
Fonte: Correio do Brasil
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