Lembrando: o Boticário fez vários anúncios para o Dia dos Namorados, com as mais diversas duplas de pessoas namorando: homem com mulher, ambos jovens; homem mais velho com mulher mais jovem, mulher mais velha com homem mais jovem, homem com homem, mulher com mulher (este colunista gostou da ideia e dos anúncios, embora isso não tenha a menor importância no caso: acha que os anúncios retrataram uma realidade contemporânea – aliás, nem tão contemporânea assim, considerando-se que Lotta Macedo Soares e Elizabeth Bishop formaram um casal há mais de 50 anos, e que Sócrates – o filósofo que jogava na Seleção grega – formou um aplaudido casal com o mais brilhante general ateniense, Alcebíades).
Mas o que rendeu mais visibilidade à campanha do Boticário não foram os anúncios, aliás muito bons: foram os protestos de quem não admite que o amor entre seres humanos pode manifestar-se de diversas maneira. Nem que o Boticário usasse uma verba dez vezes maior conseguiria a mesma repercussão causada pelos protestos.
É o efeito-bumerangue: muitas vezes, o exagero nas reclamações serve apenas para dar maior visibilidade àquilo que se combate. O marketing do Boticário deveria dar prêmios aos que protestaram com mais veemência.
E os meios de comunicação, que registraram a guerra de tweets nas redes sociais, bem poderiam ter discutido um pouco o tema da liberdade de expressão. Criticar aquilo de que não se gosta, vá lá; mas tentar retirar os anúncios do ar já é um pouco demais. Jornalista de verdade não aceita censura e briga contra todos os que tentam implantá-la.
Fonte: Observatório da Imprensa
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