terça-feira, 31 de outubro de 2017

"É a primeira vez que sou impedido de cantar desde a ditadura", diz Caetano


Caetano Veloso foi à ocupação em São Bernardo (dir),
mas não contou. Imagem mostra vista aérea do local (esq)

O prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), embargou o show do cantor Caetano Veloso no acampamento Povo Sem Medo, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), marcado para as 19 horas desta segunda-feira, 30. Trata-se da maior ocupação popular da América Latina.
A juíza Ida Inês Del Cid, da 2ª Vara da Fazenda Pública de São Bernardo, definiu uma multa de R$ 500 mil caso o show fosse realizado, sendo “deferida ordem policial, caso necessário” (veja a decisão aqui).
A menos de três horas da hora marcada para a apresentação de Caetano, policiais e guardas civis impediram a entrada de equipamentos de som na Ocupação Povo Sem Medo.
A denúncia foi feita em rede social pelo coordenador do MTST, Guilherme Boulos. “A PM e a GCM acham que a vontade do prefeito Orlando Morando vale mais do que a Constituição”, afirmou o ativista (vídeo abaixo).
Segundo Boulos, a decisão rasgou a Constituição e a prefeitura, o Ministério Público e a Justiça agiram juntos para proibir o show.
“Esse prefeito deve estar morrendo de dor de cotovelo. Esses artistas todos reunidos aqui conosco é a melhor resposta. Foi dito, inclusive, que não podia-se permitir o show porque se tratava de uma ocupação ilegal. Na verdade, ilegal é esse terreno ter ficado 40 anos abandonado e dever R$ 500 mil de IPTU.”, afirmou.
Caetano foi à ocupação, mas obedeceu a decisão judicial e não cantou. O cantor ficou boa parte do tempo em uma tenda no local.
“Viemos aqui para cantar em ação de solidariedade ao movimento que vocês levam […] evitaram que isso acontecesse. Mas nós estamos juntos”, disse o cantor.
Em uma coletiva improvisada no local, Caetano disse que, entre as músicas que planejava cantar, estava “Gente”
Caetano ainda comparou a proibição de hoje aos tempos em que sofria censura na ditadura. “É preciso cantar porque há muitas dificuldades. Não sei se foi censura, não sou um técnico em questões legais, mas é a primeira vez que me impedem de cantar desde a redemocratização. A impressão é de que não se trata de um ambiente propriamente democrático. Acho que é má vontade deles (prefeitura e judiciário)”, afirmou.
VÍDEO:

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