O presidente Jair Bolsonaro (Adriano Machado/Reuters) |
Durante café da manhã com jornalistas estrangeiros nesta sexta-feira (19), uma declaração em ‘off’ do presidente Jair Bolsonaro (PSL) demonstrou que as populações dos estados do Maranhão e da Paraíba têm muito a se preocupar com o atual governo federal.
Sem saber que o seu áudio estava aberto, Bolsonaro conversava com o ministro Onyx Lorenzoni (DEM) e disparou a seguinte frase: “O governador da Paraíba é pior que esse do Maranhão. Não tem que ter nada com esse cara”.
No Brasil, as relações de estados e municípios com o governo federal é fundamental para o desenvolvimento regional. A fala de Bolsonaro, portanto, é grave porque sugere que Paraíba e Maranhão serão punidos de alguma forma — seja com diminuição de recursos, cortes em investimentos ou interrupção de parcerias.
Os dois gestores citados por Bolsonaro são João Azevêdo (PSB-PB) e Flávio Dino (PCdoB-MA). Eles estão entre os governadores mais bem avaliados do Brasil.
Flávio Dino foi reeleito em primeiro turno como governador do Maranhão em 2018 e sua aprovação ultrapassa os 50%. Sob sua administração, o estado alcançou os melhores níveis socioeconômicos já vistos na região e é lá que os professores ganham os melhores salários do Brasil. Sites especializados elegeram Dino, recentemente, como o melhor governador do País.
Dino usou as redes sociais para repudiar o áudio vazado. “Independentemente de suas opiniões pessoais, o presidente da República não pode determinar perseguição contra um ente da Federação. Seja o Maranhão ou a Paraíba ou qualquer outro Estado. ‘Não tem que ter nada para esse cara’ é uma orientação administrativa gravemente ilegal”, observou o governador do Maranhão.
João Azevêdo, por sua vez, está no primeiro mandato como governador da Paraíba, foi eleito em primeiro turno e tem altos índices de aprovação. Em abril, ao completar os cem primeiros dias de governo, pesquisa de opinião apontou que seu governo é considerado ótimo e bom por 46,6% da população, enquanto apenas 13,3% o consideram ruim ou péssimo.
É possível ouvir o áudio a partir dos 12 segundos do vídeo a seguir:
O fato de João Azevêdo e Flávio Dino não terem a simpatia de Jair Bolsonaro e não integrarem partidos aliados do presidente não pode servir de pretexto para que seus respectivos estados sejam perseguidos pela União.
Para ficar em um exemplo recente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumentou os recursos federais e os investimentos destinados para a própria Paraíba a partir de 2003. Na época, o estado era governado por Cássio Cunha Lima, do PSDB — principal partido de oposição ao governo Lula.
No entanto, apesar de estarem em campos político-partidário opostos, o ex-presidente manteve boa relação administrativa e institucional com o tucano.
FONTE: Pragmatismo Político
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