quinta-feira, 10 de abril de 2025

Anistiados do Governo Collor: Entre a Lei e o Assédio Institucional

Anistiados aguardam por anistia plena (Foto: Ilustração)

Por Jorge Antonio Carvalho*

Norma do Governo Passado Impõe Barreiras e Gera Polêmica Entre Anistiados da Lei 8.878/94

Criada em 1994, a Lei nº 8.878 foi concebida para corrigir injustiças, garantindo a anistia e reintegração de servidores públicos e empregados exonerados entre 1990 e 1992, um período marcado por polêmicas administrativas e políticas no governo Collor. No entanto, trinta anos após sua promulgação, a situação dos anistiados volta ao centro do debate, agora em razão de medidas administrativas recentes.

A Instrução Normativa (IN) nº 22/2022, editada no governo Bolsonaro, trouxe restrições que, segundo especialistas e anistiados, representam um retrocesso nos direitos conquistados. Somando-se a essa controvérsia está a Nota Técnica nº 563/2010, que embora não tenha força normativa, é apontada como instrumento que fundamenta interpretações prejudiciais aos trabalhadores anistiados.

Medidas Restritivas e Limitações

Entre os pontos mais críticos da IN nº 22/2022 estão os artigos que limitam o acesso dos anistiados ao desenvolvimento profissional e à ascensão na administração pública. O artigo 23, por exemplo, impede empregados anistiados de realizar cursos de longa duração, como mestrados e doutorados, restringindo sua participação a formações de curta aplicação. Para muitos, isso é visto como um bloqueio ao avanço acadêmico e profissional.

Além disso, o artigo 37 proíbe que empregados públicos anistiados ocupem cargos de chefia ou funções gratificadas, mesmo que sejam plenamente qualificados para isso. Curiosamente, conforme o artigo 34 da mesma instrução, esses mesmos trabalhadores podem substituir chefes licenciados, mas sem receber o reconhecimento formal ou benefícios das funções assumidas. Essa contradição tem gerado indignação e acusações de assédio moral e institucional.

A Tabela Salarial: Limitações e Impactos

Outro ponto de crítica dos anistiados é a limitação salarial imposta pelo decreto nº 6.657 de 2008. A norma estabelece que o posicionamento na tabela salarial dos anistiados é baseado no tempo de serviço acumulado até o momento de sua demissão. Isso significa que um trabalhador que era de nível médio e posteriormente se graduou em um curso universitário não consegue ascender na tabela, mesmo após adquirir maior qualificação.

A situação se agravou ao longo dos anos devido à falta de reajustes salariais, congelados por um longo período. Apenas no governo atual, após muitos anos de espera, os valores começaram a ser corrigidos, trazendo alívio parcial, mas sem resolver as restrições estruturais impostas pela tabela.

O Papel da Nota Técnica nº 563/2010

Embora com valor jurídico limitado, a Nota Técnica nº 563/2010 do Ministério do Planejamento continua a influenciar decisões e políticas administrativas relativas aos anistiados. Esses documentos, elaborados por especialistas, visam fornecer suporte técnico, mas também podem ser usados para justificar interpretações que restringem direitos. Para muitos, a utilização dessas notas como base para medidas limitantes reforça um ambiente de incerteza e instabilidade.

Impactos na Vida dos Anistiados

Para os trabalhadores beneficiados pela Lei 8.878/94, as restrições impostas pela IN nº 22/2022 e pelo decreto nº 6.657 de 2008 representam um ciclo contínuo de exclusões. "O que deveria ser um resgate de dignidade está se tornando uma nova forma de exclusão", declarou um anistiado que preferiu não se identificar.

A discussão sobre o futuro dos anistiados ainda está longe de terminar. Especialistas defendem que medidas como essas precisam ser revistas para garantir que os direitos conquistados não sejam esvaziados por decisões administrativas.


Jorge Antonio Carvalho* - Oficial do Blog Conversa de Feira

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Lula anuncia Minha Casa, Minha Vida para classe média

(Foto: Ricardo Stuckert/PR)

A ampliação do Minha Casa, Minha Vida vai atender famílias com renda de até R$ 12 mil, com financiamentos em até 420 meses, taxa de juros competitiva e voltada para imóveis de até R$ 500 mil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um breve balanço dos dois anos de governo e anunciou novas ações durante o evento “O Brasil Dando a Volta por Cima”, nesta quinta-feira (3), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

Foram dois decretos assinados regulamentando o repasse de R$ 18 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal para o programa Minha Casa, Minha Vida e outro antecipando o pagamento do 13º salário para aposentados e pensionistas (abril e maio).

A ampliação do Minha Casa, Minha Vida vai atender famílias com renda de até R$ 12 mil, com financiamentos em até 420 meses, taxa de juros competitiva e voltada para imóveis de até R$ 500 mil.


Já a antecipação do calendário do 13º prevê repasses R$ 73 bilhões na economia e beneficia mais de 34,2 milhões de pessoas.

Além disso, o presidente anunciou a implantação da TV 3.0, que prevê a transição para o sistema de transmissão digital de última geração. E o lançamento de uma campanha publicitária com o mote “O Brasil é dos Brasileiros”.

No balanço, o presidente diz que recebeu um País em ruínas pelo governo anterior. “O Brasil é um país que volta a sonhar e ter esperança. Um Brasil que dá a volta por cima e deixa de ser o eterno país do futuro para construir hoje o seu futuro com mais desenvolvimento e inclusão social, mais tecnologia e mais humanismo”, disse.

Na prestação de contas, o governo inovou com depoimentos de beneficiados e a exibição de vários filmes que demonstraram como os recursos chegavam na ponta. É o caso da média de 60 mil pessoas por dia que deixa o mapa da fome (suficiente para encher um estádio de futebol).

Na área econômica, o governo destacou que o país voltou ao top 10 da economia mundial; o crescimento do PIB foi de 3,2% em 2023 e de 3,4% em 2024; o País registrou em 2024 a menor taxa de desemprego dos últimos 12 anos; desde 2023, mais de 3,2 milhões de empregos formais foram gerados; e o salário mínimo voltou a ter crescimento acima da inflação.

Destacam-se investimentos no Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) para este ano de R$ 14,7 bilhões e no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), voltado para promoção do acesso à alimentação e, ao mesmo tempo, incentivo à agricultura familiar.

Frisou-se ainda que o país voltou ao protagonismo internacional com a abertura de 340 mercados após reuniões com líderes de 67 países. Acordos foram fechados com China, União Europeia e Oriente Médio. Em 2025, o país sediou a Cúpula do BRICS, a COP30 e assumiu a presidência do Mercosul.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Margem Equatorial: Saiba quais cidades que ficarão ricas com a exploração de petróleo na região

Foto: Reprodução Portos e Navios

Por Paulo Nogueira*

A Margem Equatorial desponta como a grande aposta para o futuro da produção de petróleo no Brasil. Localizada ao longo do litoral do Norte e Nordeste, essa região abriga cinco importantes bacias sedimentares que vão do Amapá até o Rio Grande do Norte. Com isso, a expectativa é que, à medida que a exploração avance, diversas cidades litorâneas recebam investimentos, infraestrutura e milhares de empregos, elevando-se ao status de novos polos de riqueza — assim como ocorreu com Macaé (RJ) no auge do pré-sal.

A promessa da Margem Equatorial: nova potência energética do país

A chamada Margem Equatorial brasileira reúne cinco bacias estratégicas para a Petrobras e outras empresas do setor:

Foz do Amazonas
Pará-Maranhão
Barreirinhas
Ceará
Potiguar

Essas áreas apresentam condições geológicas muito semelhantes às das regiões marítimas da Guiana e do Suriname, onde recentemente surgiram descobertas expressivas de petróleo. Por isso, a Petrobras enxerga um potencial imenso na Margem Equatorial, capaz de garantir a segurança energética do país por várias décadas. Além disso, o interesse de gigantes internacionais também reforça essa projeção otimista.

Cidades que podem enriquecer com o petróleo da Margem Equatorial

Com as novas operações, poços e bases de apoio previstas, várias cidades próximas às bacias devem se beneficiar diretamente. Veja a seguir quais municípios têm potencial para enriquecer com essa nova fase da economia do petróleo:

📍 Oiapoque (AP)
Localizada na fronteira com a Guiana Francesa, Oiapoque está estrategicamente posicionada diante da Bacia da Foz do Amazonas. A cidade pode atrair investimentos logísticos, infraestrutura e empregos, servindo como porta de entrada para as operações mais ao norte.

📍 Macapá (AP)
Macapá está próxima da Bacia da Foz do Amazonas, a mais debatida do país devido às suas questões ambientais. Entretanto, se a liberação para exploração ocorrer, a cidade pode virar o principal ponto logístico de apoio no extremo norte do Brasil.

📍 Belém (PA)
Belém já possui um porto estruturado e posição estratégica. Dessa forma, pode fornecer suporte à Bacia do Pará-Maranhão, movimentando embarcações, suprimentos, empresas de apoio e técnicos especializados.

📍 São Luís (MA)
A capital maranhense está posicionada para liderar o suporte à Bacia de Barreirinhas. Além disso, o Porto do Itaqui fortalece o seu papel como base logística essencial, podendo atrair investimentos nacionais e internacionais.

📍 Parnaíba (PI)
Embora Parnaíba seja uma cidade de menor porte, ela pode ganhar relevância regional ao servir de apoio à Bacia do Ceará. Assim, empresas de logística, hotelaria e transporte podem se multiplicar rapidamente na região.

📍 Fortaleza (CE)
Com economia forte e infraestrutura consolidada, Fortaleza já desponta como o principal centro de suporte à Bacia do Ceará. Dessa forma, a geração de empregos diretos e indiretos tende a se intensificar com o avanço da exploração.

📍 Mossoró (RN) e Natal (RN)
Essas duas cidades têm tradição na produção terrestre de petróleo. Por isso, elas estão bem preparadas para apoiar as atividades na Bacia Potiguar offshore, aproveitando a experiência acumulada e a base de fornecedores já existente.

Veja também:


Mapa das cidades, estados e Bacias que serão impactadas pela exploração
da Margem Equatorial do Brasil. Fonte: Petrobras

Petrobras lidera os investimentos e aposta na Margem Equatorial

A Petrobras está à frente dos projetos de exploração da Margem Equatorial. A estatal já anunciou investimentos superiores a R$ 24 bilhões entre 2024 e 2028. Esse valor será direcionado para campanhas sísmicas, perfuração de poços e construção de infraestrutura. Portanto, a movimentação de recursos promete aquecer a economia dos estados envolvidos.

Apesar disso, o processo esbarra em licenças ambientais. Em 2023, o Ibama negou a autorização para a perfuração de um poço na Bacia da Foz do Amazonas, sob a justificativa de risco à biodiversidade marinha. Mesmo assim, a Petrobras segue firme nos estudos complementares e promete respeitar todos os requisitos ambientais exigidos.

Se os investimentos planejados saírem do papel, os efeitos serão imediatos. A exploração de petróleo na Margem Equatorial pode:

Gerar milhares de empregos em diversas frentes
Aumentar a arrecadação dos municípios com royalties
Impulsionar cursos técnicos e centros de capacitação
Fortalecer o comércio, os serviços e o transporte local

Além disso, empresas de pequeno e médio porte devem surgir em resposta à demanda por logística, alimentação, hospedagem, transporte marítimo e manutenção industrial. Com isso, o ciclo de desenvolvimento regional tende a ser contínuo e duradouro.

Oportunidade de ouro para o Norte e o Nordeste

A Margem Equatorial representa uma chance concreta de descentralizar o crescimento gerado pelo petróleo no Brasil. Ao contrário do modelo concentrado no Sudeste, essa nova fronteira pode beneficiar amplamente o Norte e o Nordeste. Assim, o país avança em direção à equidade regional, com mais empregos, mais receita pública e maior protagonismo para estados antes esquecidos.

Contudo, essa transformação depende de decisões técnicas, jurídicas e políticas. Afinal, o Brasil terá que equilibrar o desenvolvimento econômico com a proteção ambiental. Ainda assim, é possível avançar com responsabilidade e garantir um futuro promissor para milhares de brasileiros.

Você acha que cidades como Macapá, São Luís e Mossoró estão prontas para viver um novo ciclo de prosperidade com a exploração de petróleo na Margem Equatorial? Ou será que os obstáculos ambientais e políticos ainda vão atrasar essa revolução?

*Paulo Nogueira - 
Eletrotécnico formado em umas das instituições de ensino técnico do país, o Instituto Federal Fluminense - IFF ( Antigo CEFET)