sábado, 31 de maio de 2025

"Colaborador ou Subordinado? A verdade por trás da retórica empresarial"

Foto: NEO Pessoas

Nos últimos anos, tornou-se comum a substituição de termos como "empregado" por "colaborador", além da adoção de expressões como "família corporativa" e "salário emocional". Embora possam parecer inofensivos ou até motivacionais, esses conceitos cumprem um papel estratégico: disfarçar relações de exploração e desestimular a organização dos trabalhadores em prol de melhores condições laborais.

O termo colaborador, por exemplo, sugere um envolvimento voluntário e participativo dentro da empresa, reduzindo a percepção da venda da força de trabalho em troca de um salário. Ao retirar a ideia de subordinação, empregadores buscam suavizar hierarquias sem oferecer, de fato, direitos adicionais. Da mesma forma, o conceito de família corporativa cria um vínculo emocional que pode resultar em jornadas excessivas e cobranças desproporcionais, mantendo o trabalhador mais dedicado sem necessariamente garantir segurança ou estabilidade no emprego.

Outro mecanismo comum é o salário emocional, onde as empresas promovem benefícios intangíveis, como um ambiente agradável e eventos internos, para mascarar remunerações insuficientes. Essa estratégia desvia o foco das reais reivindicações trabalhistas, levando o funcionário a se sentir privilegiado por fazer parte da organização sem perceber que, na prática, seus direitos essenciais continuam sendo negligenciados. Expressões como mindset de dono e empreendedor interno reforçam essa lógica, incentivando o trabalhador a assumir responsabilidades sem retorno proporcional.

As empresas frequentemente utilizam uma linguagem estratégica para suavizar ou mascarar relações de exploração no ambiente de trabalho. Aqui estão alguns termos comuns:

Colaborador – Em vez de "empregado", sugere uma relação mais participativa, mas sem necessariamente garantir direitos adicionais.

Família corporativa – Cria a sensação de pertencimento, mas pode ser usada para justificar dedicação extrema sem compensação justa.

Empreendedor interno – Incentiva o funcionário a agir como dono do negócio, sem os benefícios reais de ser um proprietário.

Flexibilidade – Pode significar jornadas imprevisíveis e falta de estabilidade no emprego.

Salário emocional – Destaca benefícios intangíveis, como ambiente agradável, para desviar o foco de remuneração inadequada.

Mindset de dono – Pressiona os funcionários a assumirem responsabilidades além do esperado, sem retorno proporcional.

Cultura de alta performance – Pode ser usada para justificar sobrecarga de trabalho e metas inalcançáveis.

Plano de carreira – Muitas vezes, é uma promessa vaga sem garantias reais de crescimento profissional.

Esses termos fazem parte de um vocabulário corporativo que pode ser usado para motivar, mas também para disfarçar condições de trabalho desafiadoras.

Ao adotar essa linguagem motivacional, as corporações reduzem a adesão a movimentos de luta, sindicatos e reivindicações por melhores salários. A ilusão de pertencimento pode diluir a consciência de classe, dificultando o enfrentamento da exploração estrutural presente no mercado de trabalho. Por isso, é essencial desmistificar esses discursos, fortalecer a organização coletiva e garantir que os trabalhadores tenham voz ativa na construção de condições dignas e justas.






sexta-feira, 30 de maio de 2025

Arborização Urbana em São Luís: Desafios e Caminhos para um Futuro Mais Verde

Avenida em São Luís (Foto:Blog do Ed Wilson)

A arborização urbana é essencial para o equilíbrio ambiental e a qualidade de vida nas cidades, influenciando o conforto térmico, a biodiversidade e a saúde pública.

No Brasil, segundo dados do Censo Demográfico 2022, divulgado pelo IBGE a distribuição de áreas verdes varia entre as capitais, refletindo diferentes níveis de planejamento urbano.

No Nordeste, segundo o IBGE, Fortaleza lidera a arborização, com 59,7% da população vivendo em ruas com árvores. No entanto, São Luís enfrenta uma realidade preocupante, com apenas 34,3% das vias arborizadas.

Avenida em Fortaleza (Foto: Diário do Nordeste)

Os desafios da capital maranhense são diversos. O crescimento urbano desordenado contribuiu para a baixa cobertura vegetal, sem uma política clara de preservação ambiental. O baixo investimento e lentidão na execução de políticas públicas impedem avanços concretos na arborização. A ausência de vegetação intensifica os impactos climáticos, causando ilhas de calor e aumentando o risco de enchentes. Além disso, a falta de conscientização e participação popular dificulta a adoção de práticas sustentáveis.

Ranking de arborização das capitais do Nordeste:

Posição

Capital

% da população vivendo em vias arborizadas

Fortaleza

59,7%

Teresina

57,7%

Natal

55,2%

João Pessoa

53,2%

Recife

51,1%

Maceió

46,2%

Aracaju

44,3%

São Luís

34,3%


Caminhos para um Futuro Mais Verde


Mesmo com diretrizes estabelecidas no Plano Diretor de São Luís e iniciativas de universidades e entidades ambientais, a cidade ainda carece de planejamento e fiscalização adequados. Para reverter esse quadro, é necessário aumentar os investimentos em infraestrutura verde, fortalecer o planejamento urbano e envolver a população no processo de conservação ambiental. A arborização não é apenas estética, mas uma estratégia essencial para tornar São Luís mais sustentável e resiliente diante das mudanças climáticas.





quarta-feira, 28 de maio de 2025

Retrato da Mão de obra desperdiçada


Foto: Blog Cidadania & Cultura

Do Blog Cidadania & Cultura

Com a taxa de desemprego de 7% no primeiro trimestre, a menor da história para o período, o chamado desperdício da mão de obra também está em seus menores níveis. A taxa de subutilização da força de trabalho foi de 15,9% no primeiro trimestre, a segunda menor da série da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2012. Só fica acima dos 15,6% de 2014, antes da recessão de 2015 e 2016.

A taxa indica a parcela de trabalhadores subutilizados frente à força de trabalho ampliada do país, que soma a força de trabalho (quem está trabalhando ou em busca de vaga) com a força de trabalho potencial. O grupo de trabalhadores subutilizados reúne desempregados, pessoas que trabalham menos horas do que gostariam e trabalhadores na força de trabalho potencial, que podem buscar posição e não estar disponíveis ou nem procuram por acreditar não ter chances de conseguir a vaga, por exemplo.

A taxa de subutilização é uma medida mais ampla e traz outras perspectivas sobre o que ocorre no mercado de trabalho. São pessoas que poderiam estar alocadas de maneira mais eficiente na economia.

O comportamento dessas medidas de subutilização acompanha o da taxa de desemprego. Com mercado aquecido, medidas de subutilização estão perto das mínimas. Mas ainda são pessoas que poderiam ser usadas de maneira mais produtiva para a atividade econômica, mas não estão por série de fatores.

Apesar do momento positivo do emprego, o economista da LCA 4Intelligence Bruno Imaizumi aponta que as outras faces do mercado de trabalho observadas nos dados sobre trabalhadores subutilizados permitem ver que há mais espaço para melhorias.

A taxa de subutilização inclui todos os trabalhadores desse grupo. Mas há também medidas intermediárias. No primeiro trimestre, o indicador que somava os desempregados e aqueles que trabalhavam menos horas do que gostariam estava em 11,1%, a menor para o período e pouco acima do piso de 10,6% da série histórica.

Há também um indicador que soma desempregados, quem trabalha menos horas que gostaria e aqueles em desalento – que desistiram da busca por uma vaga por não terem esperança de conseguir, seja porque não se acham qualificados, seja porque não veem chances de vagas no local onde vivem, por exemplo. Essa taxa estava em 13,9%, a segunda menor para um primeiro trimestre da série. Todas elas, no entanto, encontram- se em dois dígitos.

“O desemprego está caindo e as taxas alternativas [de subutilização] também recuam, mas apontam um nível elevado na comparação com a taxa de desocupação. É uma mão de obra que podia estar contribuindo para o mercado”, diz Imaizumi.

Em números absolutos, o grupo de trabalhadores subutilizados somava 18,463 milhões de pessoas – frente a uma população ocupada de 102,5 milhões. Desse total de 18,463 milhões, 7,714 milhões eram pessoas que estavam ativamente em busca de trabalho. Os restantes 10,749 milhões eram trabalhadores que estavam ocupados, mas por menos horas do que gostariam (4,552 milhões), ou estavam na força de trabalho potencial (6,197 milhões).

A força potencial reúne os chamados desalentados (3,228 milhões) – que desistiram de buscar trabalho por acreditarem que não têm chances de conseguir – e trabalhadores que não procuram de forma ativa, mas estariam disponíveis ou procuram, mas não estariam aptos a trabalhar naquele momento (2,969 milhões).

Na avaliação de Bruno Imaizumi, iniciativas fora da esfera macroeconômica poderiam ajudar a reduzir essa mão de obra desperdiçada. Parte desse grupo é formada por pessoas, especialmente mulheres, que estão dedicadas a cuidados com a casa ou com família – crianças ou idosos.

“Creches e locais de apoio para idosos poderiam liberar o tempo dessas pessoas, que dessa forma teriam como se inserir no mercado de trabalho”, nota.

Entre os indicadores de subutilização da força de trabalho, o único que não está nos menores níveis é o que considera o desalento individualmente. No primeiro trimestre de 2025, 2,8% das pessoas na força de trabalho estavam em situação de desalento, quase o dobro da menor taxa para um primeiro trimestre, que foi de 1,5% em 2014.

Neste caso, apontam os economistas, o movimento é influenciado pelas mudanças nas relações de trabalho trazidas pelo covid-19. “O desalento caiu consideravelmente desde a pandemia [quando se aproximou dos 6%], mas a queda não se dá na mesma velocidade que as outras taxas. É possível fazer um paralelo com a taxa de participação, que em vários países não recuperou o nível pré-pandemia”, diz Valério.

Permanência fora do mercado de trabalho daqueles perto da idade da aposentadoria, percepção de que a economia se encontra pior do que a realidade e expansão dos programas sociais do governo são algumas das hipóteses citadas para explicar essa situação.

“Houve mudança estrutural no mercado no pós-pandemia, uma transformação das relações de trabalho, e parte dos trabalhadores não deve mais voltar”, afirma o economista da LCA 4Intelligence.

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Proinfra/Uema realiza Primeiro Simpósio de Gestão Resíduos Sólidos

Mesa-redonda: Boas Práticas de Gestão de Resíduos Sólidos
das Instituições de Ensino Superior do Maranhão (Foto:UEMA)

Aconteceu nos dias 22 e 23 de maio, na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), o Simpósio de Gestão de Resíduos Sólidos, promovido pela Coordenação de Gestão de Resíduos Sólidos da Pró-Reitoria de Infraestrutura (PROINFRA). Com o tema “Reaproveitar, Reciclar e Reimaginar o Futuro dos Resíduos Sólidos”, o evento reuniu diversos especialistas, pesquisadores e gestores públicos em uma programação híbrida que se seguiu até o final da tarde de hoje, 23 de maio, com o objetivo de fomentar o debate e apresentar soluções práticas para os desafios da sustentabilidade.

A palestra de abertura, intitulada “Ações e Políticas Associadas à Redução, Reutilização e Reciclagem de Resíduos Sólidos”, foi ministrada por Cássio Giovanni, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). O palestrante abordou políticas públicas e ações práticas voltadas à sustentabilidade e à mitigação dos impactos ambientais, destacando a importância da articulação entre os diversos setores da sociedade.

Gestores da Área de Sustentabilidade das Universidade:
UEMA, UFMA, IFMA e UEMASUL (Foto: UEMA)

No período da tarde do dia 22 de maio, no auditório da UEMANET, o evento contou com uma série de mesas-redondas, que discutiram a atuação das instituições na gestão de resíduos sólidos. Estiveram presentes o Prof. Dr. Antônio Jacob Junior, Luane Lemos (representante da EMAP), Raimundo Nonato (representando a SEMOSP), Laiana Linhares (representando a SEMA), além da Prof.ª Dra. Andrea do Carmo Araújo, da Prof.ª Dra. Georgiana Marques (IFMA), da Prof.ª Dra. Ivoneide Nascimento (UEMASUL), da Coordenadora da Gestão de Resíduos Sólidos da PROINFRA, Luciana Barros Oliveira e do administrador, Jorge Antonio Carvalho da Divisão de Conservação e Meio Ambiente da UFMA. 

Os debates mostraram de que forma cada instituição, por meio de seus representantes, tem atuado na construção de estratégias eficientes para a gestão dos resíduos sólidos, com foco na preservação do planeta.

O evento finalizou com a apresentação dos trabalhos acadêmicos submetidos, promovendo a valorização da pesquisa e do conhecimento científico como pilares fundamentais para a inovação e sustentabilidade ambiental.

Vc pode assistir os debates das mesas redondas no link abaixo:



quarta-feira, 7 de maio de 2025

Indústria investe no fortalecimento de cooperativas de coleta seletiva


A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) lançou, nesta terça-feira (6), o programa Coopera+ com investimento de R$ 16,9 milhões para o fortalecimento da cadeia produtiva de materiais recicláveis.

Os recursos foram destinados à aquisição de veículos, equipamentos, capacitação e consultoria para a industrialização do setor.

De acordo com o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, esse investimento beneficiará 1,1 mil catadores do Distrito Federal, integrantes de 35 cooperativas.

"Essa é a indústria que transforma, é a indústria que trabalha com a sustentabilidade, com esses desafios climáticos que a gente tem, porque reaproveita a matéria-prima”, destacou.

Durante a cerimônia, foram repassadas a três redes de cooperativas 23 caminhões, 2 compactadores,12 contêineres, sistema de pesagem, empilhadeiras, prensas, esteiras e outros equipamentos.

De acordo com a ABDI, os equipamentos somados à capacitação visam um aumento de até 30% na produtividade da cadeia, que inclui coleta seletiva, triagem e tratamento de resíduos recicláveis. Também é esperado um crescimento de 20% na renda dos catadores.

“Todo mundo sabe como é difícil estruturar a reciclagem no Brasil. E aí vem uma agência voltada para a indústria e investe quase R$ 17 milhões nas cooperativas. A indústria está investindo no segmento certo. Reciclagem não é barata, ela precisa ser viabilizada”, reforçou a diretora da Central das Cooperativas de Materiais Recicláveis do DF (Centcoop), Aline Sousa.

De acordo com a agência, o programa foi pensado em um modelo que possa ser replicado em todo o país e converge com os objetivos da Nova Indústria Brasil, política pública lançada pelo governo federal em janeiro de 2024.

“Essa é a nova indústria, tirar menos do planeta, evitar que o lixo vá para os rios e fazer disso o ganha pão das nossas famílias”, destacou a diretora de sustentabilidade da ABDI, Perpétua Almeida.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, destacou a importância do cooperativismo para o fortalecimento do setor.

“Tudo isso vai trazer melhor renda para as catadoras e catadores, vai agregar mais valor, vai fortalecer as cooperativas, vai entregar direto na indústria e vai ser um benefício extremamente importante”

Durante a cerimônia, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo, convidou a agência da indústria a integrar o Comitê Interministerial para Inclusão Socioeconômica de Catadoras e Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis (CIISC) e também a participar do programa Pró-Catadores.

“É importante que ABDI participe para nos ajudar nessa jornada de fortalecer a cadeia produtiva dos catadores e catadores”, explicou.