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Sistemas de Conectividades. Foto: Site Sysguru |
A recente escalada diplomática entre os Estados Unidos e o Brasil reacendeu um alerta global sobre a dependência tecnológica de sistemas controlados por potências estrangeiras. O presidente norte-americano Donald Trump, em resposta às decisões do Supremo Tribunal Federal contra Jair Bolsonaro, anunciou uma série de sanções que vão além do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros. Entre elas, uma das mais polêmicas: o bloqueio do sinal de GPS no território brasileiro.
Essa medida, se concretizada, teria impactos imediatos e
profundos em setores como aviação, logística, agricultura de precisão,
telecomunicações e segurança pública. Embora especialistas apontem que o
bloqueio total do GPS é tecnicamente difícil devido à desativação da função Selective
Availability desde 2000, a ameaça em si já provoca movimentações
estratégicas em diversos países.
Como as nações podem reagir?
Diante da possibilidade de sanções tecnológicas, países
afetados — como o Brasil — devem considerar ações como:
- Migração
para sistemas alternativos de navegação por satélite, como GLONASS
(Rússia), Galileo (UE) e BeiDou (China).
- Fortalecimento
de acordos bilaterais com potências que oferecem esses sistemas.
- Investimentos
em infraestrutura GNSS nacional, como estações de correção e
receptores multissistema.
- Diversificação
tecnológica, reduzindo a dependência de serviços controlados por uma
única nação.
Qual a diferença entre GPS, GLONASS, Galileo e BeiDou?
Em tempos de tensão geopolítica e ameaças tecnológicas, como
o possível bloqueio do GPS pelos EUA, entender os sistemas de navegação por
satélite se tornou mais do que uma curiosidade é uma questão estratégica.
Afinal, o mundo não depende apenas do GPS. Existem alternativas robustas como o
GLONASS, Galileo e BeiDou, cada uma com suas particularidades.
O que é GNSS?
GNSS é a sigla para Global Navigation Satellite System,
ou Sistema Global de Navegação por Satélite. É a categoria que engloba todos os
sistemas que usam constelações de satélites para fornecer posicionamento,
navegação e cronometragem em tempo real.
O que significa cada serviço?
Sistema |
Origem |
Nome completo |
Finalidade inicial |
Finalidade atual |
GPS |
Estados Unidos |
Global Positioning System |
Militar |
Civil e militar |
GLONASS |
Rússia |
Globalnaya Navigatsionnaya Sputnikovaya Sistema |
Militar |
Civil e militar |
Galileo |
União Europeia |
Homenagem a Galileu Galilei |
Civil |
Civil |
BeiDou |
China |
BeiDou Navigation Satellite System |
Militar |
Civil e militar |
Comparativo técnico
Sistema |
Satélites operacionais |
Precisão civil média |
Cobertura global desde |
Altitude dos satélites |
GPS |
24 (de 32) |
30 cm a 0,5 m |
1995 |
~20.200 km |
GLONASS |
24 (de 26) |
2,8 m a 7,8 m |
2011 |
~19.100 km |
Galileo |
24 (de 30) |
até 20 cm |
2023 |
~23.200 km |
BeiDou |
24 (de 35) |
até 10 cm |
2020 |
~21.150 km |
É possível escolher qual sistema usar?
Na maioria dos dispositivos modernos como smartphones,
relógios inteligentes e drones não é necessário escolher manualmente.
Eles já vêm com receptores compatíveis com múltiplos sistemas GNSS, e fazem a
triangulação automaticamente com os satélites disponíveis na região.
No entanto, em equipamentos profissionais (como os da
Garmin), é possível configurar o uso exclusivo ou combinado de sistemas como
GPS + GLONASS ou GPS + Galileo. Essa combinação pode aumentar a precisão em
até 20%, especialmente em áreas urbanas ou com obstáculos naturais.
Por que isso importa?
Com a ameaça de bloqueio do GPS por parte dos EUA, países
como Brasil podem acelerar a migração para sistemas alternativos. O BeiDou, por
exemplo, já é integrado a tecnologias chinesas como o 5G e pode ser uma opção
estratégica. O Galileo, por ser civil e europeu, oferece segurança jurídica e
técnica. E o GLONASS já tem estações de medição no Brasil, o que melhora a
precisão local.
Fontes:
- Visão
Notícias – Trump ameaça bloquear GPS no Brasil
- CNN
Brasil – Sanções tecnológicas e diplomáticas em estudo
- Plox
– Retaliação diplomática e impacto no GPS