sábado, 30 de agosto de 2025

Salário Mínimo em Alta: Brasil Retoma Poder de Compra Após Anos de Estagnação


O salário mínimo previsto para 2026 é de R$ 1.631,00, segundo o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA). Mais do que um número, esse valor representa uma virada na política de valorização do trabalho no Brasil, após anos de contenção fiscal e corrosão do poder de compra. 

Vejam abaixo, quadros comparativos dos governos de 2015 até a previsão de  2026:

Evolução Real do Salário Mínimo (2015–2026)

Ano

Salário Mínimo (R$)

Inflação (IPCA) (%)

Reajuste (%)

Ganho/Perca Real (%)

2015

788,00

6,41

8,84

+2,43

2016

880,00

10,67

11,68

+1,01

2017

937,00

6,29

6,48

+0,19

2018

954,00

2,95

1,81

–1,14

2019

998,00

3,75

4,61

+0,86

2020

1.045,00

4,31

4,71

+0,40

2021

1.100,00

4,52

5,26

+0,74

2022

1.212,00

10,06

10,18

+0,12

2023

1.320,00

5,79

8,90

+3,11

2024

1.412,00

4,62

6,97

+2,35

2025

1.518,00

4,51

7,51

+3,00

2026

1.631,00

4,33 (proj.)

7,44

+3,11



Salário Mínimo vs. Cesta Básica (2015–2026)

Presidente

Ano

Salário Mínimo (R$)

Cesta Básica (R$)

% Comprometido

Meses p/ 4 cestas

Dilma

2015

788,00

385,00

48,85%

1,96

Dilma

2016

880,00

410,00

46,59%

1,86

Temer

2017

937,00

435,00

46,42%

1,86

Temer

2018

954,00

460,00

48,22%

1,93

Bolsonaro

2019

998,00

495,00

49,60%

1,98

Bolsonaro

2020

1.045,00

540,00

51,67%

2,07

Bolsonaro

2021

1.100,00

580,00

52,73%

2,11

Bolsonaro

2022

1.212,00

700,00

57,75%

2,31

Lula

2023

1.320,00

760,00

57,58%

2,30

Lula

2024

1.412,00

772,00

54,68%

2,19

Lula

2025

1.518,00

785,00

51,70%

2,07


Os valores da cesta básica são médias nacionais estimadas com base nos dados do DIEESE. Em 2016, por exemplo, Porto Alegre registrou o maior custo (R$ 459,02), enquanto Recife teve o menor (R$ 347,96).

A queda no peso da cesta básica sobre o salário mínimo mostra uma melhora concreta: o trabalhador poderá comprar mais com menos esforço, algo que não se via desde antes da pandemia.

Comparativo por Governo

Governo

Mandato

Salário Inicial (R$)

Salário Final (R$)

Ganho Real (%)

Lula 1

2003 - 2006

200,00

350,00

+38,3%

Lula 2

2007 - 2010)

380,00

545,00

+17,4%

Dilma 1

2011 - 2014

545,00

724,00

+12,4%

Dilma 2

2015 - 2016

788,00

880,00

+5,5%

Temer

2016 - 2018

880,00

954,00

–0,2%

Bolsonaro

2019 - 2022

954,00

1.212,00

–1,2%

Lula 3

2023 - 2026*

1.302,00

1.631,00 (proj.)

+6,1% (até 2025)

 
*Projeção para 2026 com base no PLOA

A valorização do salário mínimo foi uma das marcas mais fortes dos governos Lula e Dilma, que enxergaram nele um motor de inclusão social, combate à pobreza e estímulo à economia. Os ganhos reais acumulados nesses períodos permitiram que milhões de brasileiros tivessem acesso a mais dignidade, consumo básico e mobilidade social.

Já os governos Temer e Bolsonaro seguiram uma agenda de austeridade que freou o crescimento do mínimo. Os reajustes ficaram abaixo ou no limite da inflação, resultando em perda de poder de compra e estagnação da renda dos trabalhadores, especialmente os mais vulneráveis.

Com a retomada da política de valorização no 3º mandato de Lula, o salário mínimo volta a crescer acima da inflação, sinalizando uma recuperação concreta para quem depende dele. Se essa trajetória for mantida, o Brasil poderá consolidar uma nova fase de fortalecimento da renda básica e do consumo popular, com impactos positivos na economia e na vida de milhões.

Esta matéria foi elaborada com base em dados públicos e projeções oficiais, utilizando as seguintes fontes:









quinta-feira, 28 de agosto de 2025

A Bolívia Querida pede socorro e a torcida precisa acordar

(Foto: O Imparcial)

Por quase duas décadas, Sérgio Frota esteve à frente do Sampaio Corrêa e, inegavelmente, foi responsável por recolocar o clube no cenário nacional. Sob sua gestão, vieram títulos importantes, acessos históricos e o resgate da autoestima da torcida boliviana. A Série D invicta de 2012, o vice da Série C em 2013, o título da Copa do Nordeste em 2018, tudo isso está na conta dos acertos. Mas com o tempo, o que começou como reconstrução virou concentração. 

O clube passou a funcionar como extensão de um projeto pessoal, onde o estatuto foi moldado para blindar o poder, e as decisões passaram a servir mais à manutenção da cadeira do presidente do que ao crescimento do Sampaio. 

As contratações se tornaram medíocres, de níveis baixíssimos para um clube gigante em história e torcida. 

A Bolívia Querida, que já foi símbolo de resistência e paixão, hoje se arrasta sem divisão nacional, sem transparência e sem perspectiva e a torcida precisa reagir.

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Um clube de dono, não de povo

O Sampaio virou refém de uma estrutura que gira em torno de uma única figura. O presidente acumula funções, centraliza decisões e transforma o clube em vitrine pessoal. O futebol virou negócio, e o torcedor, espectador passivo. Não há projeto de base, não há planejamento técnico, não há ambição esportiva. Há apenas a manutenção de um ciclo viciado, onde o clube serve ao comandante — e não o contrário.

Contratações que envergonham

A cada temporada, a esperança da torcida é esmagada por uma enxurrada de nomes desconhecidos, sem histórico, sem qualidade, sem identidade com o clube. Jogadores que não resistiriam a uma peneira séria são anunciados como reforços. O resultado é previsível: campanhas pífias, eliminações precoces e um futebol que não representa a camisa que carrega. O Sampaio não pode se contentar com o mínimo. Não pode aceitar ser coadjuvante em campeonatos que já venceu. Não pode se acostumar com a mediocridade.

A torcida precisa acordar

O Sampaio é do povo. É da arquibancada. É da história. E essa história não pode ser apagada por um projeto de poder que se sustenta na apatia. A torcida precisa se levantar, cobrar, exigir. O clube precisa de renovação, de ideias novas, de gente que ame o Sampaio mais do que ama o cargo. O momento é de ruptura. De reconstrução verdadeira. De devolver o clube à sua essência: paixão, luta e orgulho.

“CT vendido, estatuto engessado, torcida calada. Até quando?”

Maior operação contra crime organizado no País atinge Faria Lima e setor de combustíveis

Avenida Faria Lima (foto: Ilustração)

A
Avenida Faria Lima, principal centro financeiro do País, amanhece nesta quinta-feira, dia 28, com equipes da Polícia Federal, Polícia Militar, Promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) além de agentes e fiscais das Receitas Estadual e Federal. Trata-se da Operação Carbono Oculto, a maior feita até hoje para combater a infiltração do crime organizado na economia formal do País.

Ao todo 1.400 agentes estão cumprindo 200 mandados de busca e apreensão contra 350 alvos em dez Estados contra envolvidos no domínio de toda a cadeia produtiva da área de combustíveis, parte da qual foi capturada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Só a Faria Lima concentra 42 dos alvos – empresas, corretoras e fundos de investimentos – em cinco endereços, incluíndo alguns edifícios icônicos da região.

De acordo com as autoridades, a principal instituição de pagamentos investigada, a BK Bank, registrou R$ 17,7 bilhões em movimentações financeiras suspeitas. A Receita Federal estima que o esquema criminoso tenha sonegado R$ 1,4 bilhão em tributos federais. O Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (CIRA/SP) pediu à Justiça o bloqueio de bens para recuperar os tributos estaduais sonegados, que somam R$ 7.672.938.883,21.

As investigações apontam para uma dezena de práticas criminosas, desde crimes contra a ordem econômica, passando por adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro — inclusive do tráfico de drogas —, além de fraude fiscal e estelionato.

Os acusados teriam obtido parte do domínio da cadeia produtiva do etanol, da gasolina e do diesel por meio da associação de dois grupos econômicos e por suas ligações e com operadores suspeitos de lavar dinheiro para o líder do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. Além da lavagem de dinheiro do PCC, os promotores do Gaeco afirmam que a organização investigada manteria um esquema gigantesco de ocultação de posições societárias, de rendas e de patrimônio.

A Justiça decretou a indisponibilidade de quatro usinas de álcool no Estado, cinco administradoras de fundos de investimentos, cinco redes de postos de gasolina com mais de 300 endereços para venda de combustíveis no País. Ao todo são investigadas 17 distribuidoras de combustível, quatro transportadoras de cargas, dois terminais de portos, duas instituições de pagamentos, seis refinadoras e formuladoras de combustível, além dos bens de 21 pessoas físicas e até uma rede de padarias.

Outro ponto importante da ação do grupo estaria na importação irregular de metanol por meio do Porto de Paranaguá (PR). O produto não seria entregue aos destinatários finais das notas fiscais. Em vez disso, era desviado e transportado clandestinamente por uma frota de caminhões própria da organização a fim de ser entregue em postos e distribuidoras para adulterar a gasolina, gerando “lucros bilionários à organização”.

A Faria Lima e as usinas sucroalcooleiras

Após dominar parte do setor – segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) o setor representa 10% do PIB nacional, gera 1,6 milhão de empregos diretos e indiretos, fatura anualmente R$ 420 bilhões e recolhe cerca de R$ 130 bilhões em impostos – os bandidos procuravam blindar seu patrimônio contra investigações e aumentar seus lucros no mercado financeiro. É aí que a Faria Lima entrou no roteiro da operação.

Só na região da Avenida que corta o coração da região que concentra a nata do mercado financeiro brasileiro, federais, promotores e fiscais estão vasculhando os escritórios onde funcionam 14 fundos imobiliários e 15 fundos de investimentos administrados por cinco empresas. Além dos alvos na avenida, a força-tarefa da operação foi atrás de outros 22 na região. Ao todo, 21 endereços estão sendo varridos na capital, além de 32 em outras 18 cidades do interior.

São cinco os núcleos da organização criminosa que estão sendo investigados. O principal é formado pelos empresários Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Loco, e Mohamad Hussein Mourad, do antigo grupo Aster/Copape. Eles teriam se associado ao Grupo Refit (ex-Manguinhos), do empresário Ricardo Magro, que foi advogado do ex-deputado federal Eduardo Cunha.


Os acusados, segundo as investigações da PF e o Gaeco, expandiram suas atividades empresariais sobre toda a cadeia de produção e venda de combustíveis do País financiados pelo dinheiro ilícito, que lhes permitiu aumentar de forma exponencial seu poder econômico e político, financiando lobistas poderosos em Brasília. O Estadão não conseguiu ainda contato coma defesa dos investigados.

No papel, Beto Louco e Mourad são donos de poucas empresas. Uma delas é a TTI Bless Trading Comercio de Derivados de Petróleo. Outra é a G8Log Transportes, com sede em Guarulhos, que gerencia uma frota de caminhões registrada em nome de outra empresa que transporta combustível para usinas de álcool do interior. Foi por meio delas que os promotores chegaram, à nova fase do grupo: a compra de usinas sucroalcooleiras no interior de São Paulo.

As ligações com Manguinhos

Depois de serem alvos da Operação Cassiopeia, em 2024, Mourad e Beto Loco teriam se movimentado para blindar o patrimônio bilionário da dupla. Na época, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) cassou as licenças das duas principais empresas do grupo: a distribuidora Aster e a formuladora Copape. Mesmo assim, de acordo com os promotores, os acusados continuaram a atuar em toda cadeia produtiva do setor.

Exemplo disso seria o fato de suas distribuidoras de combustíveis fornecerem óleo para o maquinário agrícola de usinas sucroalcooleiras ao mesmo tempo em que estas distribuem etanol para a rede de postos do grupo, bem como a gasolina produzida por meio das formuladoras de combustível dos acusados, antes ligadas à Copape e atualmente absorvidas pelo Grupo Manguinhos.

Ainda segundo os investigadores, a carioca Rodopetro teria assumido as posições que antes eram ocupadas pela Aster, a distribuidora de Mourad e de Beto Loco, criando “camadas de ocultação” do patrimônio. Essa absorção pelo Grupo Manguinhos teria acontecido no segundo semestre de 2024. De acordo com os investigadores, no mesmo período, Mourad criou a Arka Distribuidora de Combustíveis e a TLOG Terminais Ltda em Duque de Caxias, no Rio, para operar em conjunto com Manguinhos.

Seis outras distribuidoras de combustível seriam usadas para conectar os dois grupos. Elas seriam vinculadas a Mourad indicando, segundo os investigadores, uma atuação concertada de empresas com sedes em Jardinópolis, Iguatemi e Guarulhos, em São Paulo, e em Senador Canedo, em Goiás. Em Jardinópolis, por exemplo, os agentes dizem que Mourad se associou a outro empresário para adquirir a Rede Sol Fuel, cuja sede fica perto da Usina Carolo, em Pontal (SP), assim como das outras usinas da região de Catanduva (SP) compradas pelo grupo.

As instalações da Rede Sol Fuel são compartilhadas, segundo os promotores, com a real substituta da Aster: a Duvale Distribuidora de Petróleo e Álcool. De acordo com os investigadores, a integração da Duvale ao grupo de Mourad revelaria uma relação perigosa. Isso porque a empresa teria emitido procuração para o empresário Daniel Dias Lopes, condenado a 9 anos de prisão por tráfico internacional de drogas. Lopes seria ainda vinculado à distribuidora Arka. Eles ainda manteriam contatos com os grupos Boxter e com acusados investigados durante a Operação Rei do Crime, da PF, sobre a lavagem de dinheiro de Marcola.

Segundo os promotores e os federais, as distribuidoras de combustível ligadas ao grupo de Mourad têm as mesmas características: capital social idêntico e constituído em períodos próximos. A análise financeira e fiscal de seus sócios e diretores mostraria incongruências que seriam aptas a qualifica-las como “interpostas pessoas”, quando não ligadas “ao crime organizado”. Por fim, elas formariam um cartel em razão das relações com as usinas do grupo, tanto no fornecimento de diesel, quanto na distribuição do etanol.