segunda-feira, 31 de março de 2025

Em Gaza, 15 médicos e enfermeiros são executados a sangue frio por tropa de Israel

Corpos dos médicos e enfermeiros só foram localizados uma semana depois de desaparecidos (Foto:The New Arab)

O Crescente Vermelho Palestino informa que foram localizados os corpos de 14 dos funcionários de saúde seus e da Defesa Civil palestina que foram executados por tropa de Israel que cercou as suas ambulâncias que buscavam feridos na região bombardeada de Rafah. O 15º dos desaparecidos ainda não foi localizado.

A denúncia palestina é de que oito médicos e seis enfermeiros foram mortos com tiro na testa. Triste destino similar deve ter tido o 15º cujo corpo ainda não foi localizado.

A organização palestina de socorro médico havia relatado que, no dia 22 de março, tropas israelenses cercaram diversas de suas ambulâncias que atuavam no bairro Tel Sultan, em Rafah, ao sul da Faixa de Gaza, logo após a região ter sofrido ataque por mísseis do agressor.

Após ser notificado de que funcionários de saúde haviam se ferido, o Crescente Vermelho perdeu contado com a equipe cercada e a entrada na área foi bloqueada, inclusive para ambulâncias.

Desde o corte no contato com seu pessoal, o Crescente Vermelho passou a informar amplamente do cerco e passou a responsabilizar Israel pelos danos a seu pessoal médico. Fez apelos a entidades internacionais para que pressionassem Israel no intuito de permitir o acesso de suas equipes a Tel Sultan, mas foi tudo em vão, as organizações informavam que não conseguiam acesso ao local cercado.

Somente na quinta-feira, dia 27 de março, um grupo coordenado pela Cruz Vermelha conseguiu chegar ao local para descobrir que as tropas israelenses haviam executado os profissionais de saúde e os enterrado próximo às tendas militares dos invasores. A Cruz Vermelha verificou que todas as ambulâncias do Crescente Vermelho e da Defesa Civil, que haviam sido cercadas no dia 22, estavam destruídas.

As vítimas do Crescente Vermelho são Ezz Al-Din Shaath, Mustafa Khafaja, Saleh Ma’mar, Mohammed Bahloul, Ashraf Abu Labda, Mohammed Al-Hayla, Rifat Radwan, Asaad Al-Nasasra e Raed Al-Sharif

As vítimas da Defesa Civil são Fouad Al-Jamal, Youssef Khalifa, Anwar Al-Attar, Zuhair Al-Farra, Sameer Al-Bahabsa e Ibrahim Al-Maghari.

A descoberta do assassinato de médicos e enfermeiros só aconteceu, portanto, nove dias depois de Israel haver rompido o cessar-fogo em Gaza, com os primeiros ataques na noite do dia 18 de março. Naquela primeira noite de bombardeio foram mortos 400 palestinos, sendo 200 crianças e 1.900 ficaram feridos. Desde então o cessar-fogo foi suspenso, o morticínio voltou a ser diário e a troca de prisioneiros israelenses e palestinos, que estava acontecendo desde janeiro, está suspensa.

Mais de 400 profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros motoristas de ambulâncias e professores, foram assassinados desde o 7 de outurbro de 2023, diz informe da Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, emitido esta semana. Os mortos incluem 289 integrantes de equipes da ONU, 34 do Crescente Vermelho Palestino e ainda 76 de outras organizações humanitárias.


sexta-feira, 14 de março de 2025

Confira os 26 deputados bolsonaristas que são contra baratear alimentos

Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O nível de irracionalidade e ódio da extrema direita brasileira chegou a tal ponto que até mesmo uma medida óbvia e que jamais geraria críticas em qualquer oposição, como a de zerar impostos que incidem sobre alimentos, passou a ser atacada de forma feroz pela matilha bolsonarista da Câmara dos Deputados.

Para piorar ainda mais a insanidade, os ataques à decisão de baratear os alimentos consumidos pelos brasileiros foi alvo agora de um requerimento que busca votar uma moção de repúdio contra o governo Lula (PT) por sua tentativa de abaixar o preço desses itens de primeira necessidade.

Quem puxa a tropa de celerados que exige que os preços sigam altos é o líder da oposição na Casa, o deputado Tenente-Coronel Zucco (PL-RS). Buscando explicar o posicionamento indefensável, o extremista faz mil rodeios e lança pérolas para justificar a própria insensatez.

“Os produtores rurais continuam sujeitos a uma elevada carga tributária, com custo de produção dolarizado e a um ambiente regulatório hostil, enquanto os produtos importados passam a concorrer com isenções de imposto, reduzindo a competitividade do setor no cenário global. Essa estratégia enfraquece a economia nacional, reduz a geração de empregos e aumenta a dependência do Brasil de fornecedores externos”, diz Zucco no documento protocolado na Câmara, sem, no entanto, explicar o que uma coisa tem a ver com a outra, afinal, se os produtos ficarem mais baratos, serão mais vendidos, o que é benéfico para os produtores nacionais.

A bobajada ultrarreacionária não para por aí. Num outro trecho, os bolsonaristas falam de “livre mercado” e de um governo que supostamente “interfere na economia”. O que é mais estranho é que é justamente a extrema direita que advoga o tempo todo em defesa da retirada de impostos de tudo, usando o bordão pueril de que “imposto é roubo”. Quando os impostos foram retirados, eles passaram a reclamar que agora querem os impostos.

“O governo federal opta por mais uma intervenção econômica no mercado, interferindo no equilíbrio natural de preços de acordo com a demanda e oferta, sem garantir maior incentivo para a produção nacional na redução do custo de produção, sem ouvir toda a cadeia produtiva, encurralando o produtor rural e o consumidor”, alegam os extremistas da bancada bolsonarista.

Confira a lista de 26 deputados que lutam para manter os impostos nos alimentos para que brasileiros paguem mais caro para comer:

1 - Zucco (PL-RS)

2 - Coronel Assis (União-MT)

3 - Zé Trovão (PL-SC)

4 - Junio Amaral (PL-MG)

5 - Sargento Fahur (PSD-PR)

6 - Coronel Chrisóstomo (PL-RO)

7 - Gustavo Gayer (PL-GO)

8 - Osmar Terra (MDB-RS)

9 - Capitão Alden (PL-BA)

10 - Silvia Waiãpi (PL-AP)

11 - Delegado Ramagem (PL-RJ)

12 - Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP)

13 - Delegado Caveira (PL-PA)

14 - Carlos Jordy (PL-RJ)

15 - Evair Vieira de Melo (PP-ES)

16 - Pezenti (MDB-SC)

17 - Rodolfo Nogueira (PL-MS)

18 - Cabo Gilberto Silva (PL-PB)

19 - Rosangela Moro (União-SP)

20 - Mario Frias (PL-SP)

21 - Daniel Agrobom (PL-GO)

22 - Bia Kicis (PL-DF)

23 - Mauricio do Vôlei (PL-MG)

24 - Messias Donato (Republicanos-ES)

25 - Sanderson (PL-RS)

26 - Julia Zanatta (PL-SC)

quarta-feira, 12 de março de 2025

Governo cria o Crédito do Trabalhador, linha com juros mais baixos

Seleção e controle dos empréstimos do Crédito do Trabalhador será pela Carteira de Trabalho Digital

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina nesta quarta-feira, 12 de março, Medida Provisória que cria a linha do consignado “Crédito do Trabalhador”. Com ele, profissionais do setor privado poderão usar a Carteira de Trabalho Digital para ter acesso a empréstimos mais baratos com garantia do FGTS. O evento será no Palácio do Planalto, a partir das 11h. A medida mira públicos como o dos empregados domésticos e trabalhadores rurais com carteira assinada, além de assalariados de MEIs.

Por meio do aplicativo da Carteira de Trabalho Digital (CTPS Digital), o trabalhador terá a opção de requerer proposta de crédito diretamente com instituições financeiras habilitadas pelo Governo Federal. Para isso, o profissional autoriza o acesso a dados como nome, CPF, margem do salário disponível para consignação e tempo de empresa, em respeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A partir daí, o trabalhador recebe ofertas em até 24h, analisa a melhor opção e faz a contratação no canal do banco.

O desconto das parcelas será na folha de salários, mensalmente pelo eSocial, o que permite que as taxas de juros sejam inferiores às praticadas atualmente no consignado por convênio. Após a contratação, o trabalhador acompanha mês a mês as atualizações do pagamento das parcelas.

CRÉDITO - O país tem hoje 47 milhões de trabalhadores formais, incluindo 2.2 milhões de domésticos, quatro milhões de trabalhadores rurais, além de empregados de MEls, que hoje estão excluídos da consignação privada. Segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a estimativa é que, em até quatro anos, cerca de 19 milhões de celetistas optem pela consignação dos salários, o que pode representar mais de R$ 120 bilhões em empréstimos contratados. Pelo sistema, o trabalhador pode usar como garantia até 10% do saldo no FGTS e 100% da multa rescisória em caso de demissão.

MIGRAÇÃO - O Crédito do Trabalhador pretende reduzir o superendividamento, ao oferecer uma linha de crédito mais atraente também para migrar dívidas com maior custo. Atualmente, o consignado do setor privado, segundo dados da Febraban, conta com cerca de 4,4 milhões de operações contratadas, somando mais de R$ 40,4 bilhões em recursos.

CRONOLOGIA - Com a publicação da MP, o sistema entrará em operação pelos bancos oficiais e privados a partir de 21 de março. Quem já tem o consignado ativo pode fazer a migração para a nova linha a partir de 25 de abril de 2025. A portabilidade entre os bancos poderá ser realizada a partir de 6 de junho.

INTEGRAÇÃO – A Dataprev, empresa pública de tecnologia do Governo Federal, desenvolveu para o Ministério do Trabalho o sistema do Crédito do Trabalhador, que integra à Carteira de Trabalho Digital, o FGTS Digital e o eSocial.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

COMO VAI FUNCIONAR?
Por meio do app da Carteira de Trabalho Digital (CTPS Digital), o trabalhador tem a opção de requerer a proposta de crédito. Para isso, seguindo as regras da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), autoriza as instituições financeiras habilitadas pelo Ministério do Trabalho a acessar dados como nome, CPF, margem do salário disponível para consignação e tempo de empresa.

QUANTO TEMPO PARA RECEBER AS OFERTAS?
A partir da autorização de uso dos dados, o trabalhador recebe as ofertas em até 24h, analisa a melhor opção e faz a contratação no canal eletrônico do banco.

COMO SERÁ FEITO O DESCONTO DAS PARCELAS?
As parcelas do empréstimo serão descontadas na folha do trabalhador mensalmente, por meio do eSocial, observada a margem consignável de 35% do salário. Após a contratação, o trabalhador acompanha mês a mês as atualizações do pagamento. A partir de 25 de abril, o trabalhador também poderá fazer contratações pelos canais eletrônicos dos bancos.

QUEM TEM DIREITO?
O trabalhador com carteira assinada, inclusive rurais e domésticos, além de MEIs.

QUANDO O CRÉDITO DO TRABALHADOR ESTARÁ DISPONÍVEL?
A partir de 21 de março de 2025.

SE EU JÁ TIVER UM CONSIGNADO, POSSO MIGRAR?
Os trabalhadores que já tem empréstimos com desconto em folha podem migrar o contrato existente para o novo modelo a partir de 25 de abril deste ano.

EM CASO DE DEMISSÃO, COMO FICAM AS PARCELAS DEVIDAS?
No caso de desligamento, o desconto será aplicado sobre as verbas rescisórias, observado o limite legal.

O QUE PODE SER DADO COMO GARANTIA DE PAGAMENTO DO EMPRÉSTIMO?
O trabalhador pode usar até 10% do saldo no FGTS para garantias e ainda 100% da multa rescisória em caso de demissão.

O PROCESSO É SÓ PELA CARTEIRA DIGITAL OU POSSO IR AOS BANCOS?
Inicialmente, somente na CTPS Digital. A partir de 25 de abril, o trabalhador poderá também iniciar contratações pelos canais eletrônicos dos bancos. Pela CTPS Digital, o trabalhador tem a possibilidade de receber propostas de todos os bancos interessados, o que permite comparação e a escolha mais vantajosa.

AS OPERAÇÕES SERÃO SÓ POR BANCOS HABILITADOS?
Sim. A estimativa é que mais de 80 instituições financeiras estejam habilitadas. O início da habilitação se dará a partir da publicação da Medida Provisória.

OS BANCOS TERÃO ACESSO A TODOS OS DADOS DO TRABALHADOR?
Apenas os dados necessários para que as instituições façam propostas de crédito: nome, CPF, margem do salário disponível para consignação e tempo de empresa.

SERÁ AUTOMÁTICA A MIGRAÇÃO DO CRÉDITO DIRETO AO CONSUMIDOR (CDC) PARA O CRÉDITO DO TRABALHADOR?
O trabalhador que tiver CDC deve procurar uma instituição financeira habilitada, caso queira fazer a migração para o Crédito Trabalhador.

DEPOIS DE REALIZAR O CRÉDITO DO TRABALHADOR, O TRABALHADOR PODE FAZER A PORTABILIDADE PARA UM BANCO COM TAXAS MELHORES?
Sim. A portabilidade estará disponível a partir de junho de 2025.

O CRÉDITO DO TRABALHADOR SUBSTITUI O SAQUE-ANIVERSÁRIO?
Não, o Saque-Aniversário continuará em vigor.

terça-feira, 11 de março de 2025

Governo Lula: Professores da rede pública ganham 15% de desconto em hotéis pelo Brasil

Nova parceria garante 15% de desconto em hospedagens para docentes da rede pública.
(Foto: SDI Productions/Getty Images Signature)

Agora em março,
professores da rede pública de educação básica poderão contar com um benefício especial: descontos de até 15% em mais de 40 mil hotéis no Brasil.

A iniciativa, fruto de uma parceria entre o Ministério da Educação (MEC), o Ministério do Turismo (MTur) e a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional), busca valorizar a categoria e incentivar experiências culturais.

O desconto estará disponível entre 1º de março de 2025 e 31 de março de 2026. No entanto, para garantir a tarifa especial, as reservas devem ser feitas até 31 de dezembro de 2025.

O benefício se estende a feriados e grandes eventos, garantindo mais opções para os docentes planejarem suas viagens.

Como funciona o desconto?

O abatimento de 15% será aplicado tanto em tarifas reservadas eletronicamente quanto na central de reservas de hotéis vinculados à ABIH Nacional. Durante períodos de alta temporada, o desconto será calculado sobre os valores vigentes no período.

Para usufruir do benefício, o professor deverá apresentar um comprovante de atuação profissional no momento da reserva, como carteira de identificação funcional ou cabeçalho do contracheque.

Mais vantagens para os professores

Além do desconto em hospedagens, o governo anunciou outros benefícios para os docentes.

O programa Mais Professores para o Brasil, que integra essa iniciativa, prevê vantagens como um cartão de crédito sem anuidade e condições especiais para a compra de produtos e equipamentos educacionais.

Atualmente, o programa prevê o atendimento de 2,3 milhões de professores da rede pública, impactando cerca de 47,3 milhões de estudantes.

Somado a isso, foi anunciado recentemente um reajuste no piso salarial da categoria, fixando o valor mínimo em R$ 4,8 mil.

Saiba o que considerar antes de escolher um hotel

Para aproveitar ao máximo o desconto, é importante escolher um hotel que atenda às suas necessidades. A localização é um dos principais fatores a serem avaliados. Um hotel próximo aos principais pontos turísticos ou com fácil acesso ao transporte público pode tornar a viagem mais prática e agradável.

Outro ponto essencial é verificar as comodidades oferecidas. Wi-Fi gratuito, café da manhã incluso e boas avaliações de limpeza e conforto podem fazer toda a diferença na experiência. Ler comentários de outros hóspedes em plataformas de reserva ajuda a evitar surpresas desagradáveis e garante uma estadia mais tranquila.

Por fim, é fundamental conferir as políticas de cancelamento e formas de pagamento. Imprevistos acontecem, e ter flexibilidade na reserva pode evitar prejuízos. Com um bom planejamento, os professores podem transformar esse benefício em momentos inesquecíveis, seja para descansar ou enriquecer suas experiências culturais.

FONTE: Capitalist

segunda-feira, 10 de março de 2025

Rua Grande: Retrato do abandono de uma cidade histórica

Foto: Mobilize Brasil

A Rua Grande é a maior expressão do comércio varejista em São Luís e possui uma importância histórica significativa para a cidade. Desde o período colonial, esta rua tem desempenhado diversas funções urbanas, servindo como eixo de ligação entre o centro urbano e o interior da Ilha do Maranhão, e hoje, como um próspero centro comercial.

Foto:  Jorge Carvalho/BCF


No ano de 2019, a revitalização da Rua Grande foi realizada pela Prefeitura de São Luís em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O projeto incluiu a instalação de peças de mobiliário urbano, como bancos e lixeiras, além de postes de iluminação com fiação subterrânea.

Atualmente, a Rua Grande enfrenta problemas de manutenção. Principalmente as peças de mobiliário urbano, como bancos e lixeiras, estão praticamente destruídas devido ao descaso e abandono por parte do poder público municipal.

Foto: Jorge Carvalho/BCF



Foto:  Jorge Carvalho/BCF


A preocupação com a segurança tem se intensificado entre comerciantes, vendedores ambulantes e consumidores do Centro de São Luís. Diariamente, especialmente à noite, muitos relatam uma crescente sensação de insegurança, que se agrava com a diminuição do movimento nas ruas. No último fim de semana, foram registrados dois arrombamentos em lojas de departamentos, aumentando ainda mais a apreensão entre os comerciantes locais. Veja matéria do G1 Maranhão aqui.

Arrombamento no Centro de São Luís — Foto: Divulgação/ PC-MA

A preservação da Rua Grande é essencial para a valorização do patrimônio histórico e cultural de São Luís. É fundamental que as autoridades locais tomem medidas efetivas para garantir a manutenção adequada da infraestrutura, proporcionando um ambiente seguro e agradável para comerciantes, moradores e visitantes.


 

quinta-feira, 6 de março de 2025

Postos de combustíveis inventaram nova trapaça

Foto: Thiago Neme/Gazeta de S.Paulo


Por Karoline Calumbi*

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e a Polícia Civil identificaram novos esquemas fraudulentos que prejudicam motoristas em diferentes regiões do país.

A ANP intensificou suas fiscalizações e autuou diversos estabelecimentos por irregularidades. Em Vila Velha, Espírito Santo, um posto foi flagrado vendendo gasolina comum como se fosse aditivada, prática que engana os consumidores e pode comprometer o desempenho dos veículos.

Já em Queimados, na Baixada Fluminense, a Polícia Civil encontrou um esquema sofisticado de adulteração de bombas, no qual motoristas pagavam por mais combustível do que realmente recebiam.

Além disso, a perícia revelou que os valores exibidos nas bombas não correspondiam ao volume real de combustível entregue. A investigação apura se a fraude envolvia um sistema de controle remoto, tornando o golpe ainda mais difícil de detectar.

Fiscalização Rigorosa em postos de combustíveis

Diante da crescente sofisticação dessas fraudes, os órgãos fiscalizadores reforçaram suas ações. A ANP verifica a qualidade dos combustíveis, a adequação dos equipamentos e a correta entrega do volume pago pelos consumidores. As multas aplicadas aos postos infratores variam de R$ 5 mil a R$ 5 milhões, dependendo da gravidade da infração.

É importante mencionar que a lei assegura aos motoristas alguns direitos, como a possibilidade de solicitar testes de qualidade nos postos e exigir o fornecimento correto do combustível. Vale mencionar que denúncias podem ser feitas à Ouvidoria da ANP de forma anônima.

Outro detalhe importante é que os consumidores devem adotar precauções para evitar prejuízos. Entre as medidas recomendadas estão:Dar preferência a postos conhecidos e fiscalizados regularmente;
Verificar possíveis inconsistências nas bombas de abastecimento;
Guardar comprovantes de pagamento para futuras reclamações.

Dessa forma, a intensificação das fiscalizações e a conscientização dos consumidores são fundamentais para combater essas fraudes e garantir um mercado de combustíveis mais transparente e seguro para todos.

*Karoline Calumbi

Jornalista pela UFRRJ, universidade da baixada do Rio de Janeiro. Apaixonada pela profissão e dedicada em diariamente informar e entreter os leitores.


terça-feira, 4 de março de 2025

Marambaia 2025: A Gloriosa Ala do Haroldão Celebra 42 Anos de História!





Desde 1983, quando um grupo de apoio à Escola de Samba Marambaia nasceu, o ilustre e saudoso Haroldão tomou a dianteira, reunindo camaradas de seu partido de esquerda, o PCdoB, para formar uma ala que transcenderia o desfile de carnaval. Com a proposta de conectar os militantes do partido à cultura popular e ao vibrante povo lutador do Bairro de Fátima de São Luís do Maranhão, a "Ala do Haroldão" surgiu como um símbolo de resistência e união.

Haroldão vislumbrou que, além de ser um grupo de resistência, sua ala pudesse ser um local de confraternização e alegria, onde amigos, familiares e militantes do partido pudessem celebrar juntos após um ano de trabalho árduo.

Em 2017, Haroldão nos deixou, mas seu legado perdura. Ele sempre demonstrou um amor inabalável pela Marambaia, chegando a ocupar o cargo de vice-presidente da escola. Embora não tenha vivido para ver sua querida escola sagrar-se campeã em 2018, quando foi homenageado, seu espírito permanece presente em cada desfile da ala que leva seu nome.

A Ala do Haroldão segue desfilando com cerca de 70 componentes, composta na sua maioria por militantes do PCdoB, amigos da família e do bairro. São 42 anos de tradição, contribuindo para que a Marambaia brilhe intensamente e honrando a memória de seu fundador.

Neste ano de 2025 na passarela, celebraremos a força da resistência e a paixão pela cultura popular, perpetuando o legado de Haroldão na Marambaia e nas lutas do povo, representando os romeiros de Aparecida, com o enredo Aparecida, Padroeira do Brasil. Senhora da Fé e da Alegria. 
  
Escute nesse link abaixo, o samba e a ficha técnica: 

domingo, 2 de março de 2025

Carnaval de Passarela de São Luís 2025: Desafios e Dilemas

Marambaia do Samba, campeã do Carnaval de São Luís 2024.
(Foto: Divulgação)

O carnaval de passarela de São Luís, tradicionalmente um dos eventos mais aguardados da cidade, será realizado nos dias 07, 08 e 09 de março de 2025, após as datas oficiais do carnaval. No entanto, este ano, as escolas de samba enfrentam grandes desafios devido ao atraso nos recursos financeiros previstos no orçamento da prefeitura. Esse problema afeta não apenas as escolas de samba, mas também outras modalidades carnavalescas, que ainda não receberam os fundos necessários para suas apresentações.

A maioria das escolas de samba está pleiteando o adiamento do evento para os dias 14, 15 e 16 de março, argumentando que assim teriam mais tempo para se organizarem e se prepararem melhor para os desfiles na passarela do Anel Viário. No entanto, essa solicitação encontra resistência devido a fatores externos.

A prefeitura, sob a liderança do prefeito Eduardo Braide, priorizou o carnaval de banda de palco, investindo pesadamente em bandas de fora do Maranhão. Essas bandas, muitas vezes, exigem pagamentos antecipados para se apresentarem, e esses altos investimentos resultaram na alocação de recursos para além das manifestações culturais locais. Como resultado, blocos Alternativos, blocos organizados, blocos tradicionais, blocos afros, blocos de tribos de índios e as escolas de samba ficam à mercê das decisões políticas e orçamentárias do município.

Esse cenário destaca a necessidade de um equilíbrio maior na distribuição de recursos, para que todas as formas de manifestações culturais do carnaval de São Luís possam ser devidamente valorizadas e apoiadas. O carnaval é uma expressão vibrante da cultura e identidade da cidade, e todos os participantes merecem reconhecimento e apoio para manter essa tradição viva e próspera.

Denúncia

Nosso blog recebeu uma denúncia divulgada no site da câmara dos vereadores, onde o parlamentar do Coletivo Nós, Jhonatan Soares, na tribuna, apresentou números referentes aos valores pagos pela Prefeitura de São Luís para os artistas que se apresentarão na ilha neste Carnaval.

“O cachê da artista Michele Andrade foi de R$ 195 mil em diferentes municípios brasileiros. A prefeitura de São Luís contratou essa artista por R$ 480 mil. A Turma do Pagode recebeu por sua apresentação em diversas cidades brasileiras na ordem de R$ 200 mil. São Luís pagou 550 mil. Klessinha recebeu de cachê R$ 90 mil em outras cidades. São Luís pagou 180 mil. Iguinho e Lulinha receberam em outras localidades entre R$ 250 mil e R$ 300 mil. Em São Luís, eles receberam R$ 480 mil. O DJ Pedro Sampaio recebeu, em São Luís, R$ 150 mil a mais que em outras cidades,” contabilizou o parlamentar.

Jhonatan Soares afirmou ainda que a Prefeitura de São Luís realizou pagamento, no dia 27 de janeiro, das atrações Raça Negra, Ara Ketu, Netinho, Tony Sales, Xande de Pilares, Zé Neto e Cristiano, configurando pagamento antecipado fora da previsão da lei, indício de preço acima do valor de mercado e utilização do orçamento do ano passado para pagar despesas que seriam realizadas no exercício seguinte.

“O prefeito de São Luís pedalou, infringiu a lei, cometeu crime de responsabilidade fiscal. Ele não divulgou o valor dessas atrações, pagou esses artistas antecipadamente quando o orçamento ainda não estava aprovado,” disse Jhonatan Soares.

sábado, 1 de março de 2025

Veto do Ibama à Petrobrás será antinacional e sem sustentação técnica, afirma Capelli

Ricardo Capelli, presidente da ABDI. Foto: João Miguel/ABDI
“As empresas norte-americanas Chevron e Exxon podem explorar petróleo na Margem Equatorial na Guiana. A empresa francesa Total pode explorar no Suriname. E o Brasil não pode? Absurdo. Posição ideológica, antinacional e desprovida de sustentação técnica”, denuncia presidente da ABDI

O cabo de guerra entre Petrobrás e Ibama para permitir a exploração de petróleo na região da Margem Equatorial perdura desde 2023, quando a agência ambiental negou um pedido de licença para a perfuração de um poço na região que compreende o litoral dos estados do Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte.

Hoje o debate é figurinha carimbada nos noticiários e escancara contradições típicas do nosso tempo, localizadas na interação entre preservação ambiental e política econômica que moldam a construção da soberania nacional.

Na última terça-feira (27), o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Capelli, disparou nas redes sociais contra o Ibama: “Só o Brasil não pode? As empresas norte-americanas Chevron e Exxon podem explorar petróleo na Margem Equatorial na Guiana. A empresa francesa Total pode explorar no Suriname. E o Brasil não pode? Absurdo. Posição ideológica, antinacional e desprovida de sustentação técnica.”

Capelli não é uma voz isolada pró-Petrobrás, o próprio presidente Lula já manifestou publicamente sua opinião e gerou muitos burburinhos por isso. Lula apoia a exploração da região e está incomodado com o “lenga-lenga” que virou este cabo de guerra entre as agências governamentais.

A centralidade da pauta ambiental e a necessidade de pavimentar os trilhos da transição energética são condições incontornáveis do nosso tempo, assim como o é a construção de uma nação economicamente soberana. Dentre as contradições dessa situação, devemos nos perguntar, ao menos, por que cabe exclusivamente aos países periféricos o fardo da crise climática, enquanto as potências centrais, responsáveis pela devastação ambiental, continuam explorando nossas riquezas naturais?

Evidentemente, o mundo caminha para a superação do uso dos combustíveis fósseis. No entanto, a ciência ainda não encontrou um substituto seguro e economicamente viável para substituir o petróleo. Sendo assim, o Brasil não pode agir de forma irresponsável na questão da segurança energética. Deixar de explorar petróleo, além de não ser uma solução viável, acabará obrigando o Brasil a importar o produto. Aliás já há avisos sistemáticos de que isso ocorrerá em breve caso o Ibama não mude de posição.

Países que fizeram isso, ou seja, que se precipitaram na restrição açodada do uso de petróleo, como a Alemanha, por exemplo, estão em grave crise e regredindo economicamente. Ironicamente, esse país está sendo obrigado a aumentar o uso de gás importado (caro) dos EUA e até de carvão e lenha. Esta posição de abandonar precipitadamente o uso de combustíveis fósseis é, no fundo, a posição do Ibama ao teimar em impedir a Petrobrás, uma das empresas mais seguras do mundo, de explorar o petróleo da Margem Equatorial.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Bolsonarismo: Prefeito critica desfile da Boa Vista e diz que não fará mais repasses à escola

Foto: Leone Iglesias/AT


O prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), afirmou, na manhã desta quarta-feira (26), que não realizará mais repasses para a escola de samba Independente de Boa Vista.

De acordo com o político, a decisão foi tomada após a agremiação realizar "homenagens a movimentos criminosos" no desfile do Carnaval de Vitória, realizado no último sábado (22). Na ocasião, a Boa Vista apresentou uma ala representando o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

"A partir deste ano, não faremos mas qualquer repasse a escola. Não compactuo com homenagens a movimentos criminosos, que espalham o terror e a tristeza no campo. Quando nos apresentaram o projeto, a escola nos informou que tara uma homenagem ao fotografo Sebastião Salgado, Em nenhum momento nos informou que levaria para a avenida uma ala do MST", afirmou Euclério em uma nota de repúdio publicada nas redes sociais.

Escola se manifesta

Após a nota do prefeito, a Independente de Boa Vista se manifestou sobre o caso. Nas redes sociais, a escola afirmou que gostaria de "aproveitar esta oportunidade para esclarecer alguns pontos importantes a respeito do enredo e da proposta artística apresentada pela escola".

A agremiação declarou, ainda, que a ala do MST foi parte da homenagem ao fotógrafo Sebastião Salgado — que dedicou parte da sua carreira a acompanhar e registrar a luta do movimento. Até o momento, Euclério Sampaio não se manifestou sobre a resposta da escola.

Confira a nota na íntegra:

"A Escola de Samba Independentes de Boa Vista informa que recebeu com atenção a Nota de Repúdio emitida pelo Prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio, em relação ao desfile da escola de samba que aconteceu neste último final de semana. Gostaríamos de aproveitar esta oportunidade para esclarecer alguns pontos importantes a respeito do enredo e da proposta artística apresentada pela escola.

O desfile deste ano teve como tema a vida e a obra do renomado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, reconhecido mundialmente por sua sensível e profunda documentação das questões sociais e ambientais. Salgado, que viveu parte de sua juventude no Espírito Santo, é um dos maiores expoentes da fotografia contemporânea e foi homenageado pela Boa Vista em razão da relevância de sua trajetória e contribuição cultural. Importante ressaltar que Sebastião Salgado passou três anos de sua vida junto ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), realizando o trabalho fotográfico retratado em sua obra, que aborda com sensibilidade as lutas e desafios dos trabalhadores rurais brasileiros.

Uma das alas do desfile, intitulada “Terra”, faz referência a um dos livros mais emblemáticos de Sebastião Salgado. Esta obra retrata as lutas, os desafios e a dignidade dos trabalhadores rurais brasileiros em sua busca pela reforma agrária. Assim, a representação apresentada no desfile visou unicamente destacar esse aspecto importante da obra do fotógrafo, evidenciando a realidade de milhares de brasileiros e promovendo uma reflexão sobre o tema, sem qualquer conotação partidária ou política.

A Independente de Boa Vista tem como propósito principal o fomento à cultura e ao desenvolvimento social em nossa comunidade. Além de sua atuação no Carnaval, a escola promove diversos projetos sociais, culturais e educativos que fortalecem os laços comunitários e geram oportunidades para crianças, jovens e adultos ao longo do ano. A Boa Vista também é responsável por gerar emprego e renda, movimentando a economia local e proporcionando oportunidades para muitos trabalhadores que atuam na confecção de fantasias, alegorias e em outras áreas relacionadas ao desfile.

É com tristeza que a escola de samba Independente de Boa Vista, juntamente com seus componentes, desfilantes, torcedores, amantes do Carnaval e da cultura do nosso estado, recebeu a Nota de Repúdio. Sabemos do coração bom de Euclério, por isso, ficamos na expectativa de uma reversão desse posicionamento. A Boa Vista é um dos maiores expoentes da cultura do Espírito Santo, levando o nome de Cariacica para o Brasil e para o mundo.

Reiteramos o respeito pela opinião do prefeito e reforçamos que o desfile buscou enaltecer a arte, a cultura e a história de um brasileiro que tanto orgulha o nosso país."

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

‘Nikolas Ferreira fez um post sobre mim. Agora não posso mais sair de casa’

Emy participou de atividade na escola vestida de Barbie,
com uma peruca rosa, saia e bota de cano alto (Foto: Divulgação)

Emy Mateus Santos, 25 anos, professora de teatro na rede municipal de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, nunca imaginou que uma atividade pedagógica — fantasiar-se para receber alunos no primeiro dia de um ano letivo — a colocaria no alvo de uma onda de ódio.

Formada em teatro e dança, Emy, que se identifica como travesti, foi integrada à rede de educação pública em fevereiro de 2024, após ser aprovada em concurso público. No início de 2025, foi transferida para a Escola Municipal Irmã Irma Zorzi.

Depois de uma semana de planejamento pedagógico, a coordenação da escola propôs que Emy e outras professoras se fantasiassem para receber os alunos para o primeiro dia de aula de 2025. O propósito era simples: acolher crianças de 6 e 7 anos de forma criativa.

A atividade, inclusive, teve o aval da Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande, que afirmou em nota enviada ao portal G1 que “o uso de fantasias e caracterizações é um recurso pedagógico adotado por professores” de estudantes que estão matriculados no ensino básico na capital do Mato Grosso do Sul. O Intercept entrou em contato com a secretaria pedindo mais informações sobre o caso, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.

Emy, então, foi vestida de Barbie, com uma peruca rosa, uma saia e uma bota de cano alto. Outras professoras e até a coordenadora da escola escolheram as suas próprias fantasias, baseadas em personagens infantis. “Tinha gente de fada, de princesa, de cozinheira”, diz.

Segundo Emy, sua fantasia inspirou reações animadas e lúdicas das crianças. Por isso, na noite de segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025, ela publicou um vídeo em suas redes sociais mostrando a rotina do dia, desde a preparação da fantasia até interações com os alunos.

Mas a cena, que pretendia celebrar a conexão com as crianças, foi deturpada em pouquíssimas horas. No dia seguinte, uma parte do vídeo, editada para remover o contexto pedagógico, viralizou em grupos conservadores da cidade.

Até que, na quarta-feira, 12, entrou em cena o deputado federal Nikolas Ferreira, do PL de Minas Gerais.

Com apenas um story publicado em sua conta no Instagram, Nikolas usou o registro da atividade escolar compartilhado por Emy e escreveu a seguinte legenda.. “Porque [sic] nunca em asilos? Ou para doentes? Ou sem teto? Porque é sempre para crianças?”, escreveu.

Postagem de Nikolas Ferreira amplificou onda de ódio e
transfobia contra Emy(Foto: Reprodução)



A postagem foi o estopim para o caso, que até então estava restrito a Campo Grande, se espalhar pelo país. Além da viralização nas redes sociais, veículos como R7 e Metrópoles repercutiram o vídeo de Emy – mas sem explicar que o episódio não era um ato isolado, que outras professores também se fantasiaram e que a iniciativa havia sido validada pela própria Secretaria Municipal de Educação.

Com a repercussão, Emy virou alvo de uma enxurrada de ameaças. Parlamentares de extrema direita de Campo Grande, como o vereador André Salineiro e o deputado estadual João Henrique Catan, ambos do PL, atacaram a professora até mesmo nos plenários da Câmara Municipal e da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, referindo-se a Emy no masculino e acusando-a de “violar a inocência infantil”.

Além disso, pais de alguns dos estudantes foram à escola exigir explicações, e Emy precisou se afastar da escola por segurança. “Não posso mais sair de casa sem medo”, desabafa. Apesar de a professora ter registrado boletim de ocorrência na polícia e de a Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande ter defendido publicamente o uso de fantasias como recurso pedagógico, a narrativa transfóbica se sobrepôs e reforçou a vulnerabilidade de profissionais trans em ambientes educacionais.

Em entrevista ao Intercept Brasil, Emy ainda contou que, antes mesmo da polêmica, já havia enfrentado transfobia institucional na escola onde trabalhou no ano anterior: foi orientada usar um banheiro isolado, teve seu nome social desrespeitado e presenciou colegas usando a Bíblia para condenar sua identidade.

Leia a entrevista completa no link abaixo:


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Câmara define pena para criação de imagens falsas de nudez com IA

Projeto foi relatado pela deputada Yandra Moura (UNIÃO-SE).
Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Projeto prevê até seis anos de prisão para a criação e propagação de "deepnudes". A pena aumenta para oito anos se for em contexto eleitoral.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (19) o Projeto de Lei 3821/2024, que criminaliza a produção, manipulação e divulgação de imagens de nudez ou atos sexuais falsos gerados por inteligência artificial. O texto, que segue agora para o Senado, prevê penas de reclusão e multa para os responsáveis.

A proposta é de autoria da deputada Amanda Gentil (PP-MA) e foi relatada por Yandra Moura (União-SE), que também incluiu a tipificação do crime no Código Eleitoral. No Código Penal, a punição prevista é de dois a seis anos de reclusão, além de multa. A pena pode ser aumentada em um terço até a metade caso a vítima seja mulher, criança, idoso ou pessoa com deficiência.

No contexto eleitoral, a proposta estabelece uma pena mais severa, variando de dois a oito anos de reclusão para casos envolvendo candidatos. Além disso, se o crime for cometido por um postulante a cargo eletivo, poderá haver cassação do registro de candidatura ou do diploma.

Durante a discussão da matéria, a relatora reforçou que o objetivo do projeto não é restringir a liberdade de expressão, mas punir o uso indevido da tecnologia para a violação da dignidade das pessoas. "A inviolabilidade da imagem não se limita aos meios físicos de violação. Não podemos nos esquivar de regulamentar o uso das tecnologias referentes à inteligência artificial e aos limites de seu uso", afirmou Yandra Moura.

Apesar de questionamentos sobre possíveis impactos na liberdade de expressão, o projeto recebeu apoio unânime na votação simbólica, com parecer favorável de todos os partidos.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

A agressividade dos senhores da terra contra Lula


Por Osvaldo Bertolino – Portal Vermelho, 9/7/2003

Se dividirmos o Estado do Rio Grande do Sul no sentido horizontal, teremos água e vinho, literalmente. A metade norte do Estado, colonizada por italianos e alemães, foi estruturada em minifúndios — assim como a maioria dos outros dois Estados da região sul, Paraná e Santa Catarina. Já a metade sul do Rio Grande do Sul foi estruturada em grandes concentrações de terra — assim como a maioria do Brasil. Enquanto o norte comemora a fartura com vinho — como a famosa festa da uva, em Caxias do Sul —, o Sul faz água com suas enormes estâncias cercadas de populações empobrecidas. Esse quadro sulista é a um só tempo uma fotografia do que o Brasil tem sido e do que poderia ser. As regiões das Missões, do Alto Uruguai e da Serra, ao norte, assim como as regiões Norte, Noroeste e Oeste do Paraná, correspondem à ideia que o resto do Brasil faz do sul: lavouras verdejantes, comércio forte, cidades em progresso. São lugares onde a fome, o analfabetismo e a mortalidade infantil não são tão escandalosos como em outras regiões do Brasil. Já as regiões da Campanha e das fronteiras Sul e Oeste do Rio Grande do Sul não guardam muita distância do que ocorre nos sertões do resto do país.

Essa fotografia social pode ser explicada pelo modo como aconteceu a colonização no Brasil. Enquanto os Estados Unidos atraíam imigrantes distribuindo a eles lotes de terra para que produzissem de modo autônomo, a elite brasileira decidiu resolver o problema da falta de trabalhadores promovendo uma imigração forçada de escravos como mão-de-obra barata para os fazendeiros. Somente alguns trabalhadores puderam ter a própria terra, mas bem longe de onde o país estava estabelecido — primeiro no Rio Grande do Sul e Santa Catarina e depois desbravando matas no Norte, Noroeste e Oeste do Paraná. A abolição da escravatura não eliminou a estrutura oligárquica: antes o dono da terra tinha escravos, agora tinha vassalos. Tampouco a Revolução de 1930 e a industrialização do país mudaram essa ordem que, de certa forma, também se estabeleceu nos minifúndios do sul. A condição de senhor da terra não se alterou e segue solidamente instalada no campo como ideologia dominante. Os coronéis estão representados em todas as esferas da política nacional e seus jagunços continuam atirando a esmo em trabalhadores que lutam por um pedaço de chão.

É fundamental que o Brasil democrático chegue aos latifúndios

Nos anos 1970 e 1980, a ditadura militar empurrou muitas vítimas da concentração de terra para a Amazônia. Junto com elas foram muitos aventureiros que viram nesse gesto dos governos militares a oportunidade de expandir suas fronteiras latifundiárias para o Norte do país — cortando árvores e destruindo ecossistemas mais antigos do que a própria humanidade para plantar soja e criar gado. Muitos dos que foram para lá atrás de terra acabaram constatando logo que aquele solo não se presta à agricultura e sobrevivem do extrativismo predatório da floresta, derrubando árvores milenares para garantir pequenas plantações ou ganhando uma mixaria para jogar mercúrio no rio atrás de minerais preciosos. Esse quadro camponês paupérrimo, enfim, poderia ser radicalmente alterado ao custo de umas poucas leis e diretrizes administrativas. Não faz sentido um país com a extensão do Brasil ostentar um cenário de Idade Média em pleno século XXI. Evidentemente, para essa alteração seria necessário que o governo promovesse uma inflexão no campo.

É fundamental que o Brasil democrático vá até os latifúndios e troque de lugar com os muitos fora-da-lei que hoje dominam vastas regiões improdutivas. Aos aventureiros sem escrúpulos, que se estabeleceram em terras devolutas e se sentem na casa da mãe Joana, caberia aplicar uma receita básica: rua, lei e cadeia. Mas nada se fará enquanto essa idéia não for um posicionamento nacional claro e indiscutível. Esse é o problema. Para essa questão, é necessário considerar que tão importante quanto a vontade política do governo para alterar esse cenário — que indiscutivelmente existe — é a visão dominante que o Brasil tem sobre o campo. A ideologia escravista sobre a nossa estrutura fundiária vê atitudes como as do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) como crimes. Para ela, uma organização que abarca um grande número de pessoas com um enorme potencial de luta num ponto neurálgico da vida nacional é uma inconveniência intolerável. A história brasileira é pródiga em exemplos de repressão às organizações que tentaram mudar as regras desse jogo.

Radicalismo é contraponto ao autoritarismo da oligarquia

Ainda é recente o caso da histeria causada pelo decreto do presidente João Goulart que declarou de interesse social para fins de desapropriação algumas áreas inexploradas. A reação a essa medida, cujo ponto alto foi a tristemente famosa “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” realizada dia 19 de março de 1964 pedindo aos militares que expressavam opiniões reacionárias que derrubassem o governo, teve na Sociedade Rural Brasileira — velha entidades de fazendeiros paulistas — um de seus principais organizadores. Por trás da vã invocação de Deus e da liberdade estavam os interesses terrenos e oligárquicos dos latifundiários — muitos deles grileiros. Os recentes episódios de luta no campo demonstram quão enraizada na elite brasileira está essa ideologia. Do ponto de vista político, essa herança escravista apresenta-se em uma dicotomia clara: de um lado há uns poucos que lutam para manter privilégios com rancor e nenhum bom senso e de outro uma imensa massa sem cidadania que vê no governo Lula uma boa oportunidade para a conquista de um pedaço de terra.

Se há algum radicalismo nas ações dos trabalhadores ele é mero contraponto ao autoritarismo histórico dessa oligarquia. Por nunca ter em seu projeto o conceito de nação, a elite brasileira abriu espaço, com sua conduta de exploração e acúmulo, para ações radicalizadas. Os governos passados, tradicionalmente vinculados ao poder econômico, não funcionavam como elemento de equilíbrio nessa dicotomia e contribuíam para o acirramento das posturas. No governo Lula, o que se espera é uma atitude que traga para o debate nacional a necessidade de se equalizar essa dicotomia. O desafio é gigante. Afinal, num dos pratos da balança estão os proprietários — e seus apoios ideológicos — de algo próximo a 150 milhões de hectares de terras improdutivas, um oceano de solos inúteis ao país que equivale a dois Chiles ou a quinze Coréias, dispostos a defender seus feudos com balas e chantagens — inclusive no Congresso Nacional, ameaçando votações de interesse do governo. No outro prato estão aqueles que viram na eleição de Lula a esperança de termos no país um desenvolvimento nacional integrado, no qual ninguém será esquecido.

Histeria feudal deve soar como sinal de alerta para todos nós

O ponto aqui é encontrar o norte do debate: a ideia de nação. A reflexão sobre algumas propostas do governo para o campo oferece uma visão clara da disposição das peças no tabuleiro do Brasil de hoje. Na reunião realizada dia dois de julho passado entre o governo e o MST, Lula anunciou medidas como a desapropriação de áreas que não cumprem função social e um programa massivo de educação no campo (a íntegra das propostas está na edição do Vermelho do dia três de julho). A rigor, por trás da histeria desatada supostamente pelo gesto de Lula de vestir o boné do movimento está o fato de a elite brasileira não aceitar do povão outra postura que não seja a reverência. Para ela, é um disparate o governo planejar ações do Estado com gente considerada a ralé da sociedade. Essa elite não simpatiza com a ideia de democratizar o debate nacional porque ela sempre viveu sob o domo do Estado, de modo fisiológico e clientelista. Seus expoentes querem forjar uma situação no país que permita a manutenção do status quo, com o governo lhes fazendo favores, lhes protegendo as fontes de lucro e lhes pagando as contas.

Segundo dados do Incra, 94% dos proprietários rurais com latifúndios entre 50 mil e 500 mil hectares sonegam o imposto territorial. Dados da Central Única dos Trabalhadores (CUT) mostram que 3.500 latifundiários foram perdoados de uma dívida de 7 bilhões de reais junto ao Banco do Brasil. No âmbito das empresas, também é possível reconhecer esses traços feudais — uma simbiose de um setor do capitalismo brasileiro com os senhores de terra. Não é novidade que o Estado protege certos monopólios em detrimento de uma economia com profusões de iniciativas. Ainda é a hegemonia do sobrenome, da família e dos círculos a que se pertence que domina o cenário econômico e, em certa medida, político brasileiro. A reação às ações do MST, portanto, é o ideário oligárquico lutando para conservar a riqueza e as oportunidades do mesmo lado da cerca — um comportamento baseado em nossa história de rasgada distância entre classes sociais e fundado na ideologia dominante de que existimos como senhor escravista e escravo, corte e plebe. Mudar esse quadro requer muito mais do que um governo democrático. Esse é um desafio que depende da tomada de consciência dos trabalhadores. A histeria escravista, portanto, soa como sinal de alerta para todos nós.