sábado, 21 de junho de 2014

"Direita Militante" irá radicalizar eleição, diz Gilberto Carvalho




Os xingamentos contra Dilma Rousseff na abertura da Copa do Mundo são ilustrativos de um fenômeno que o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, acredita ter se alastrado pelo Brasil. Uma parcela expressiva da sociedade, diz ele, está tomada por ódio.
Pessoas que, pelas redes sociais e por alguns meios de comunicação, propagam intolerância em relação ao governo petista, às ações federais dirigidas às camadas populares e à relativa ascensão social dos mais pobres. É uma atitude que o ministro entende estar estimulando um racha social no País, e que marcará a iminente campanha presidencial, a mais dura para o PT desde a chegada do partido ao poder em 2003, na opinião dele.
Um dia antes dos xingamentos, Carvalho recebeu CartaCapitalpara uma entrevista sobre um tema que gerou enorme polêmica justamente por conta daquilo que o ministro identifica como produto de ódio e elitismo. Um decreto presidencial assinado no fim de maio determina que os órgãos federais devem ter como regra ouvir a sociedade na elaboração, execução e supervisão de políticas públicas.
Em outras palavras, que de fato levem em conta o que é proposto em conselhos, comissões e conferências criados e reconhecidos pelo Estado, assim como também levem a sério o que é dito em audiências públicas e em futuros fóruns constituídos na internet exclusivamente com esta finalidade.
O que o governo chama de avanço da democracia, via ampliação da participação social na vida nacional, foi encarado de forma radicalmente oposta por grupos que Carvalho classifica de “direita militante”. Para esses brasileiros, o decreto é um atentado à democracia, a usurpar atribuições do Congresso e a dar poder a pessoas – os integrantes de conselhos, comissões, conferências – sem voto, isto é, sem legitimidade.
Trata-se, sustentam tais críticos, de um decreto “bolivariano”, evocação do governo socialista da Venezuela, visto pela “direita militante” como antidemocrático, em que pese ser este o país que provavelmente mais realizou eleições e plebiscitos no século XXI. “Nos acusam de ser um risco para a democracia, quando é o contrário”, afirma Carvalho. “Nos acusam de dividir a sociedade, mas quem planta essa divisão é quem prega o ódio.”
Líderes de partidos de oposição, um ministro e um ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, juristas e colunistas políticos de tradicionais veículos de comunicação estão entre os responsáveis pelos mais duros ataques ao decreto. Em geral simpatizantes dos principais presidenciáveis da oposição, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), tais críticos, diz Carvalho, parecem ignorar que, juntos, os estados hoje governados por afilhados de ambos, Minas e Pernambuco, têm juntos mais conselhos de representantes da sociedade do que o Planalto.
O bombardeio ao decreto e a disseminação da ideia de que os parlamentares levaram o presidente do Congresso, Renan Calheiros, fiel aliado de Dilma, a cobrar da presidenta que desista da ideia e discuta a proposta na forma de uma lei a ser votada por deputados e senadores. Recuo que Dilma não está disposta a fazer, segundo Carvalho, o idelizador do decreto.
A seguir, a íntegra da entrevista concedida pelo ministro, cujos principais trechos foram publicados na edição 804 de CartaCapital.
Clique no link abaixo para lê a estrevista completa:

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