quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A volta dos que não foram


 
Você aguenta mais um post sobre política partidária? Ainda estou no clima.
O choro dos maus perdedores continua forte. Semana passada o PSDB entrou com pedido de recontagem dos votos, baseando-se em boatos da internet (sabe, os mesmos que juraram que Dilma havia derrubado o avião de Eduardo Campos no dia 13 de agosto). 
Amanhã, Aécio volta ao senado, "evento" que vem sendo saudado pelos reaças como discurso do grande líder da oposição no Brasil (pelo jeito, o fato do senador Aécio comparecer ao Senado -- ele foi um dos mais faltosos -- é por si só um grande evento).
No sábado, eleitores inconformados de Aécio foram às ruas pedir um terceiro turno. A maior manifestação, como não poderia deixar de ser, foi na Av. Paulista, em SP. Reuniu cerca de 2.5 mil pessoas, segundo a PM, e 40 mil, segundo os organizadores, que não existem, já que o "movimento" insiste em se dizer "apartidário" e "espontâneo". Não sei se o PSDB já entrou com pedido de recontagem de quantas pessoas estavam na manifestação. 
Alguns gritos de ordem na protesto foram "Um dois três, Lula no xadrez", "Vai pra Cuba! Vai pra Cuba!", e "Fora PT". Os cartazes falavam em fraudes nas urnas, exigiam o impeachment de Dilma, chamavam o PT de corruPTo, clamavam por liberdade (porque parece que realmente estamos vivendo numa ditadura comunista/gayzista/feminazi em que a imprensa não tem nem mais o direito de apoiar seu candidato). 
Em cima do carro de som, que também deve ter aparecido lá espontaneamente (tava passando, alguém chamou, e ele foi parar bem ali, em frente ao Masp), Lobão -- aquele que voltou atrás e não se mudou pra Miami -- discursava que o Brasil não é Venezuela, Argentina (outra ditadura, segundo a direita), ou, sempre ela, Cuba.  
Alguns cartazes pediam também "intervenção militar", tucanês pro velho golpe de estado. Os jornais que cobriram as manifestações repararam nesse "detalhe", que, óbvio, está longe de ser um detalhe. 
É só acompanhar alguns reaças nas redes sociais que palavras-chave como intervenção sempre aparecem, disputando lugar de igual pra igual com impeachment e Bolsa Esmola (como eles odeiam os beneficiários do Bolsa Família!). 
Porém, o PSDB, ao ver esses cartazes golpistas, que desprezam a democracia, que têm nostalgia por um período da nossa história que nunca deveria voltar, fez o de sempre: culpou os outros. O senador Álvaro Dias afirmou que as faixas pedindo golpe militar haviam sido "plantadas" pelo governo pra tumultuar. 
Petistas infiltrados seguram faixa
Eram petistas infiltrados, assim como o eram todos aqueles reaças no Twitter que xingaram nordestinos desde o primeiro turno. Em vez do PSDB dar uma dura em seus eleitores, inventou que aqueles perfis eram de militantes petistas fingindo ser tucanos preconceituosos. 
O Secretariado Nacional da Mulher do PSDB lançou uma nota oficial repudiando não exatamente o pedido de intervenção militar, mas que a imprensa tenha destacado um único cartaz, "caso isolado", para resumir o movimento (ironicamente, a nota nunca explica que movimento é esse: movimento pelo quê? Contra quem? De quem?). Ahn, quantos cartazes o PSDB precisa ver para se convencer de que não se trata de um caso isolado?
O caso isolado da manifestação em
Balneário Camboriú
Rodrigo Constrangido (colunista da Veja, apelidado de "Constrangido" após pedir perdão -- sério! -- ao Beto Carrero World, que ele comparou com a Disney, ironizando o parque brasileiro; ele se desculpou ao ser comunicado que o prefeito de Penha, cidade que hospeda o parque, é do PSDB) se posicionou contra os pedidos de "SOS Forças Armadas". 


Pedido de SOS também a Casa Branca
Porém, emendou que, se o impeachment de Dilma não for aprovado, ele será o primeiro a pedir intervenção militar. Por enquanto, segundo ele, é muito cedo. Só por enquanto.
 
Fora isso, eleitores indignados continuaram dando exemplos de como respeitam a democracia:


Porteiros não votaram no meu candidato, vou me vingar
 

A empregada pagou o pato

Comentário hoje num blog de direita
Eu ia escrever sobre os presidenciáveis para 2018, mas este post já está longo e eu preciso correr pra faculdade. Você vai precisar aturar mais um post sobre política partidária.
 
 
 
Em Vitória, protesto reuniu cerca de 50 pessoas. Mais que as Marchas com Deus 
pela Liberdade, em março
 
Fonte: Reproduzido do Blog Escreva Lola Escreva

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