Um professor de sociologia morador de Igarapé Açu, no interior do Pará, estava determinado a fiscalizar a administração do prefeito da cidade, o ex-delegado de polícia Ronaldo Lopes Oliveira.
Integrante do Conselho Municipal de Saúde, não tinha conseguido tomar posse por conta da ação do prefeito, no início deste mês.
A tensão ficou clara nas postagens do Facebook de Paulo Henrique Souza Silva, o PH.
Numa delas, ilustrada com foto do prefeito ao lado de Wladimir Costa, o deputado federal que tatuou Temer no peito, do qual o alcaide é correligionário, o professor escreveu que “na democracia os votos não protegem ilegalidades e ninguém está acima da Lei por ter sido votado!”
Em outra, reproduziu trecho de vídeo de um discurso do prefeito, a quem criticou por não entender conceitos básicos da democracia: “Violência contra o enunciado de Abraham Lincoln e uma inspiração em Joseph Goebbels”.
Mais recentemente, fez referência oblíqua a tentativas de censura: “O neodespotismo esclarecido e o autoritarismo camuflado de democracia desejam a crucificação da liberdade de pensamento e de expressão exercida pelo sujeitos nas redes virtuais!”
Finalmente, escreveu sobre ameaças: “Assim é a liberdade! Ela Brota entre prisões e repressões, entre algemas e cadeados, entre ameaças e intimidações. Absolutamente nada lhe conterá!”, escreveu, junto a uma imagem de um broto que surge no vão de uma fechadura enferrujada.
Neste domingo, PH morreu depois de levar quatro tiros diante de sua casa.
Parentes sugerem que foi resultado da disputa com o prefeito, embora a polícia mal tenha iniciado o trabalho de investigação.
Antes de se eleger, o delegado Ronaldo Oliveira havia sido alvo do Ministério Público estadual, acusado de abuso de autoridade: depois de uma ação local contra narcotraficantes, deixou de encaminhar os inquéritos à Justiça, resultando na anulação do trabalho.
Segundo o MP, o delegado “agiu de maneira dolosa, praticando conduta típica culpável e punível, uma vez que deixou de encaminhar os inquéritos policiais devidamente concluídos – no prazo legal – ou mesmo solicitar prorrogação de prazo para conclusão, bem como deixou de cumprir diligências requeridas pelo Ministério Público”.
O comportamento do prefeito Ronaldo no início de agosto foi igualmente autoritário, conforme registrou o Diário Online:
Prefeito é acusado de barrar posse de conselheiros em Igarapé-Açu
O prefeito Municipal de Igarapé-Açu, Ronaldo Lopes Oliveira, nomeou, por meio do Decreto 134/2017, de 29 de junho, o novo Conselho Municipal de Saúde.
Com isso, os conselheiros de Saúde nomeados foram convocados para tomarem posse anteontem, para o mandato que vai deste ano a 2019.
Ocorre que, ao chegarem para tomar posse, eles foram surpreendidos, ao encontrar a porta do Plenário do Conselho Municipal de Saúde trancada, impedindo a entrada dos nomeados no local e, consequentemente, que eles fossem empossados.
Em cumprimento ao decreto que ordena a posse dos conselheiros, foi realizada, em frente à Secretária Municipal de Saúde, a posse dos novos conselheiros, apreciação de emenda regimental e a eleição da mesa diretora do Conselho Municipal.
Após a conclusão dos trabalhos, os integrantes do conselho foram informados de que o prefeito Ronaldo Oliveira havia baixado um decreto suspendendo a posse do conselho eleito e nomeado.
FISCALIZAÇÃO —
Segundo o secretário da mesa diretora do novo Conselho de Saúde, Paulo Henrique Silva, ao tentar impedir a posse, o prefeito teria alegado ausência de documentação dos novos conselheiros.
No entanto, o real motivo seria a tentativa de evitar a fiscalização, por parte dos novos conselheiros, dos recursos do Fundo Municipal de Saúde.
“O prefeito não tem prestado conta desses recursos nem das ações de saúde que, pela lei, devem ser acompanhadas e fiscalizadas pelo Conselho de Saúde”, acusa Paulo Henrique.
FONTE: Viomundo
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