segunda-feira, 16 de julho de 2018

Espancado por ser gay, jovem desabafa: "Até quando vão nos matar?"



"Quantas vezes mais vou apanhar por conta de uma escolha que eu não fiz?" Chutes no estômago, na cabeça, socos na cara e muita crueldade e covardia. Estudante gay é espancado por um grupo de seis homens.

Para “parar de ser veado (sic)”, um estudante homossexual foi espancado por um grupo de seis homens na orla de Santos (SP) na última sexta-feira (6).
Com hematomas pelo corpo, Lucas Acacio de Souza, de 23 anos, publicou um desabafo em uma rede social, que acabou viralizando nas últimas horas. A Polícia Civil investiga o caso.
Lucas e uma amiga, moradores da cidade de São Paulo, estavam no litoral para passar o fim de semana, mas tiveram os planos interrompidos depois de serem surpreendidos pelos agressores, ainda não identificados.
“Tínhamos acabado de sair do mar e fomos ao chuveiro que fica no calçadão, para sair da praia e assistir ao jogo do Brasil. Eu fui pedir um isqueiro para dois caras que estavam sentados próximos, e ali começou tudo: fui xingado e, logo em seguida, mais quatro caras apareceram para me bater”, conta Lucas.
“A minha amiga que viu tudo e me ajuda a lembrar. Eles gritaram para mim: ‘vai ter que apanhar para deixar de ser veadinho’. Foi quando ela foi tirar satisfação, e os seis começaram a me bater”, disse o jovem.
O universitário recebeu socos na cara e no estômago, cotoveladas, joelhadas, além de chutes e tapas. “Eu meio que desmaiei, e foi quando eles fugiram. Teve uma senhora que chamou a polícia, mas nós corremos até a avenida e pegamos um ônibus. E só descemos bem longe dali, com medo e muito assustados”.

Denúncia

A princípio, Lucas estava com medo e queria que o episódio fosse esquecido. No entanto, foi encorajado a denunciar a barbárie tanto na internet como na delegacia de polícia. “Realmente não dá para ficar calado numa situação como essa. Eu fiquei muito machucado, cheio de hematomas. Então, resolvi escrever e fazer um boletim de ocorrência, para que a polícia possa encontrar e punir aqueles caras”.
O texto que ele compartilhou nas redes sociais viralizou e teve milhares de curtidas. Confira trechos:
No que você está pensando, Lucas? Estou pensando quantas vezes mais eu vou apanhar ou sofrer qualquer tipo de agressão por uma escolha que não fiz […] Eu tenho trejeitos, e aquele grupo logo percebeu. Só não posso concordar que minorias tenham que sofrer repressão da suposta maioria. Tenho família e amigos, e todos ficaram muito preocupados. Essa exposição me deixa com mais medo, mas acho importante, para que crimes como esse não sejam cometidos novamente
A polícia informou que, como Lucas não consegue identificar os agressores, imagens de câmeras da orla vão ajudar no caso.

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