Por Roberto César Cunha* e Carlos José Espíndola*
A inserção do meio ambiente na
economia tem sua origem nos anos de 1970 devido à três fatores básicos: aumento
da poluição em países desenvolvidos, principalmente, nos Estados Unidos da
América e Japão; associação ao aumento no valor do petróleo entre os anos
1973 a 1979, o que instigou um debate sobre a viabilidade permanente dos
recursos naturais não renováveis; e o relatório denominado “Os Limites do
Crescimento”, que enfatizava se o crescimento da população e da economia se mantivessem,
o meio ecológico não teria condições de continuar a suprir tamanha demanda de
produção e consumo.
Esses
três fatos contribuíram para que o sistema econômico começasse a levar em
consideração a relação econômica com natureza. Com isso, surgiram conceitos
como: economia ecológica e economia ambiental. Muitos anos mais tarde, destacou-se
também, a economia verde. No entanto, alguns questionamentos permeiam estes
conceitos: o que é economia ecológica, ambiental e verde? Quais as suas principais
características? Existem diferenças entre elas? Quais são as diferenças? Há semelhanças?
Quais? Que contribuição cada um destes conceitos pode trazer para o meio
ambiente?
Dessa forma, em condensação, economia ecológica: tem suas
motivações advindas da década de 1960, que por sua vez, foi a época em que a
problemática ambiental começou a ganhar notoriedade no mundo. Compreende que a
economia é apenas um subsistema dentro de outro sistema maior, que é a natureza,
em palavras mais claras, determinismo ambiental com características indutivista.
Uma linhagem teórica malthusiana, com perspectiva naturalista, santuarista e
conservacionista. O progresso técnico é o responsável pelo desequilíbrio
ambiental, especialmente, a grande indústria e a maquinaria, uma vez que, são
os motores da degradação. Com isso, o aumento da produtividade geral dos fatores
provoca desastres ambientais. Como saída, somente pelo decrescimento econômico
e economia estacionária.
A Economia ambiental, surgida nos anos de 1970, se
caracteriza, de modo geral, apenas pela ótica monetária. Vendo a economia um
sistema superior, ou seja, possui forte inclinação a um determinismo econômico,
com método dedutivo arcabouçado por modelagem matemática com objetivo de
atribuir valores monetários aos recursos naturais. É embasada em teorias de
economistas neoclássicos, tendo prisma naturalista, porém, preservacionista. O
desenvolvimento tecnológico é um agente passivo na degradação da natureza,
contudo, só é possível ter crescimento econômico e economia dinâmica através a
valoração e preservação dos ativos ambientais.
Como visto, esses três conceitos, são passíveis de
críticas, entre elas: mantém a natureza como base da sociedade e assim
apresenta um determinismo ambiental; estabelecem a superioridade da sociedade, o que isso reduz ao
reducionismo ambiental; e/ou uma visão paroquial, escala “glocal”, ou
seja, sem noção de conjunto e perda da escala nacional.
Diante disso, uma abordagem nova na qual, de forma
propedêutica, chama-se de "Geoeconomia Verde", se forja em aproximações
sucessivas por meio de mais de trinta anos de estudos geoeconômicos. E três
fatores, dentre outros, são fundamentais para atender as transformações
econômicas, sociais, geopolíticas e ambientais do mundo na alvorada do século
XXI: o desenvolvimento tecnológico - que por sua natureza e ritmo gera; o resgate central da Geografia como necessidade para entender: as relações (sociais e institucionais) multifacetadas dos sistemas
produtivos.
Desta forma, o desenvolvimento tecnológico, com seus
paradigmas e trajetórias, uma vez que, trazem uma relação de incerteza, leva,
sobretudo, o conhecimento impreterível dos territórios. E em virtude disso, os
sistemas produtivos se forjam com produtividades altíssimas, porém não
similares. E esses três fatores permitem um outro não menos importante:
informacionalidade das coisas / comunicabilidade das coisas.
Contudo, a perspectiva maior nessa abordagem é entender as
peculiaridades do ser humano a partir de suas atividades produtivas e do seu
modo de fruição. Assim, sem a fé filosófica no poder que os conceitos
têm de criar e destruir o mundo, ao aniquilar conceitos, aniquila-se a “cisão
da vida”, acredita-se que só é possível ser conquistada uma geoeconomia verde
através do mundo real, pelo emprego de meios reais. Ela não será um ato do
pensamento e sim um fato histórico, condicionado por condições históricas,
pelas condições da indústria, da agricultura, do comércio e serviços.
FONTE: Geógrafo Roberto César Cunha
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