terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Candidata que fez campanha sob proteção é assassinada.


Leila Arruda (Reprodução/Facebook)

Candidata pelo PT à Prefeitura de Curralinho, interior do Pará, a pedagoga Leila Arruda, 49, andou dezenas de comunidades ribeirinhas em busca de apoio para as causas que defendia durante os 45 dias de campanha. O que os eleitores e demais apoiadores não imaginavam é que a candidata percorria os rios em estado de alerta, com uma medida protetiva que a deveria manter a salvo do ex-marido, Boaventura Dias.

Ele não aceitava o fim da relação. E, por isso, ao longo de um mês e meio, a pedagoga buscou não andar sozinha em nenhum momento. Apesar de o ex-marido não morar em Curralinho, era um sinal de prevenção.

Leila ficou em terceiro lugar na disputa pelo comando da cidade, com pouco mais de 3.000 votos. Cleber Edson dos Santos Rodrigues (PSD), 67, venceu com 7.236. Quatro dias depois do resultado, Leila foi assassinada em Belém.

De acordo com a família, Leila e Boaventura terminaram o casamento em 2017, depois de 26 anos de união. Eles moravam em Belém, mas se conheceram ainda jovens em Curralinho, pequena cidade de 26 mil habitantes do Arquipélago de Marajó, no Pará.

Ribeirinha, Leila queria usar política para ajudar mulheres

Leila era filha de uma professora com um agricultor de Curralinho. Ela nasceu às margens do rio Paramirim e se criou à beira do Mutuacá. De acordo com o irmão, a vítima saiu aos 10 anos da região para morar sozinha com a irmã mais velha, em Belém, em busca de estudos, depois de ser alfabetizada em casa pela mãe.

“Nossa mãe era professora da comunidade, e sempre trabalhamos com a agricultura, principalmente com a produção de farinha de mandioca”, lembra o irmão.

Arruda conta que Leila estudou em conventos até o fim da adolescência. Aos 20, ingressou no PT e se formou em pedagogia na Universidade Federal do Pará (UFPA), se especializando em educação de crianças especiais.
Antes de morrer, a vítima trabalhava no Hospital de Clínicas Gaspar Viana, na capital paraense, e coordenava o Movimento de Mulheres Empreendedoras da Amazônia (Moema). A intenção de Leila, frisa o irmão, era tornar as mulheres independentes financeiramente dos maridos.

“Ela veio para Belém buscar uma vida melhor para si e para os filhos. Com isso, se envolveu em movimentos sociais e fundou a Moema, que ajudava as mulheres a terem renda própria. Ela conseguiu isso através de outras amigas e da nossa irmã mais velha”, ressalta.

De acordo com Arruda, uma das bandeiras de Leila durante a campanha era proporcionar mais políticas públicas às mulheres de Curralinho, município que tem 5.503 famílias cadastradas no Bolsa Família, sendo que desses, 94,3% dos responsáveis familiares são do sexo feminino.

“Depois que graduou os filhos, um em engenharia elétrica e outro em engenharia mecânica, estava animada com a campanha para vereadora, mas o partido acabou decidindo pelo nome dela para prefeita. Isso a fez percorrer o município todo defendo as suas bandeiras, que era a melhoria da saúde, educação inclusiva, ampliação do serviço social, agricultura familiar como geradora de renda e criação de programas específicos de políticas para as mulheres”, diz o irmão.

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Fonte: Pragmatismo Político

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