quinta-feira, 19 de junho de 2025

Juros nas Alturas: O Brasil em 2º Lugar no Ranking Global e o Impacto Real na Vida dos Brasileiros

Foto: Blog do Eliomar

Na última reunião do Copom (18 de junho de 2025), o Banco Central elevou a taxa Selic para 15% ao ano, fazendo com que o Brasil ocupasse a 2ª posição no ranking global de juros reais, atrás apenas da Turquia. Essa decisão, vendida como técnica, tem consequências profundas e políticas na economia, na vida cotidiana e na capacidade do país de crescer com justiça social.

Enquanto boa parte do mundo inicia ciclos de redução de juros, o Brasil caminha na contramão, puxando o freio de mão da economia. O motivo alegado: controlar a inflação, projetada em 5,5%. Mas com juros reais de 9,53%, o remédio tem sido mais amargo que a doença.

Quem ganha e quem perde?

Com a Selic nesse patamar, investir em renda fixa ficou mais atrativo, mas apenas para quem já tem dinheiro. Veja os rendimentos anuais aproximados:

CDB (100% do CDI):12,7% bruto

Tesouro Selic:12,6% bruto

Poupança: 8,17%, abaixo da inflação

Inflação esperada: 5,5%

Para quem consegue aplicar R$ 10 mil, o retorno bruto pode ultrapassar R$ 1.100 em um ano. Já quem precisa parcelar a geladeira ou recorrer ao rotativo do cartão, pode enfrentar juros de até 430% ao ano. Um abismo social e financeiro que se aprofunda.

Setores da economia em alerta

Os impactos da alta dos juros não ficam apenas nos boletos das famílias. Afetam diretamente o pulmão produtivo do país:

Construção civil: financiamento proibitivo, empreendimentos parados e o sonho da casa própria adiado.

Varejo: com o consumo retraído, lojistas lutam para manter vendas e empregos.

Transporte e logística: margens apertadas e dívidas mais caras corroem a operação das empresas.

Agronegócio: crédito rural mais caro compromete desde o plantio até a exportação.

E não para por aí. O próprio governo federal, que busca ampliar investimentos públicos, políticas sociais e estímulo à renda, se vê limitado. Quase 47% da dívida pública está atrelada à Selic, e estima-se que R$ 1 trilhão sejam gastos só com juros em 2025. Recurso que poderia financiar saúde, educação, moradia e infraestrutura.

Uma política monetária neutra?

É nesse cenário que surge uma pergunta incômoda, mas necessária: pra quem serve essa política de juros altos? Aos investidores institucionais, parece servir muito bem. Aos brasileiros que vivem com o orçamento no limite, não.

O Banco Central é autônomo, mas deveria ser também socialmente consciente. Não se combate inflação ignorando a desigualdade. Não se constrói crescimento sufocando consumo e investimento produtivo.

O governo tem feito sua parte tentando manter o país em movimento. Mas enquanto as taxas forem usadas como ferramenta de restrição cega, o desenvolvimento sustentável seguirá engessado.

É hora de questionar. Discutir. E exigir que o debate sobre juros saia dos salões técnicos e chegue à vida real.

Fontes:

Banco Central do Brasil (copom.bcb.gov.br)
Relatório Focus (BCB)
Tesouro Nacional
MoneYou (Jason Vieira)
ABRAINC – Associação Brasileira de Incorporadoras
Estatísticas Monetárias e de Crédito – BCB

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Conteúdos de ódio contra alunos e escolas crescem 360% nas redes

Foto: reprodução/Canva

Casos de violência extrema em escolas brasileiras tiveram aumento significativo a partir de 2019. Ao mesmo tempo, apenas em 2025, foram contabilizados mais de 88 mil posts em redes sociais com conteúdo de ódio contra alunos, docentes, diretores e ameaças às escolas. Em quatro anos, conteúdos dessa natureza saltaram 360%.

As informações fazem parte da pesquisa “Aspectos da violência nas escolas analisados a partir do mundo digital”, feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em parceria com a Timelens, agência de análise de dados.

De acordo com o levantamento, divulgado nesta quarta-feira (11), até o último dia 21 de maio, mais de 88 mil posts de ameaças a escolas foram registrados, sendo possível projetar crescimento em relação ao ano passado, quando foram contabilizadas 105,1 mil menções.


Comentários que exaltam perpetradores de ataques saltaram de 0,2% em 2011, ano marcado pelo massacre de Realengo (RJ), para 21% em 2025. Neste ano, “os principais elogios recaem sobre jovens que, supostamente, reagiram com violência após sofrerem consequências psicológicas e emocionais decorrentes do bullying”, aponta o estudo.

Os elogios aos agressores voltam-se, sobretudo, para aspectos que os colocam numa situação “justa” de legítima defesa (35%), ou como heróis (23%). Na sequência, está o revide a agressões emocionais com agressão física (15%); a chamada “vingança justa” representa 12% e a reação efetiva para cessar o bullying responde por 5%. Outros elementos somam 10%.

Um caso recente que demonstra a gravidade desse quadro foi o de uma estudante de 14 anos morta por um colega de sala de aula em Minas Gerais, em 8 de maio. Ao todo, 27% das menções nas redes foram positivas ao agressor e o restante, negativas. Ainda que estas sejam maiores que aquelas, o percentual revela um grande apoio a atitudes de violência extrema entre os jovens.

Extremismo em alta

Olhando os dados, é possível perceber que essa situação de alta violência — que envolve especialmente uma população tão jovem e vulnerável e na qual vida real e virtual se misturam e se influenciam mutuamente — caminhou juntamente com a ascensão do discurso de ódio alimentado pela extrema direita.

Antes mesmo de 2019, mas em especial a partir deste ano — com a chegada de Jair Bolsonaro e seus apoiadores ao poder central do país e aos parlamentos e governos locais —, houve um processo de estímulo e naturalização aos ataques físicos e verbais, presenciais ou em redes sociais, especialmente contra populações minorizadas.

O caldo gerado a partir desse tipo de discurso serviu de fio condutor para viabilizar todo tipo de violência, especialmente na população mais jovem, a mais exposta às ideias promovidas via redes sociais. Se foi fácil chegar a esse quadro, sua reversão, no entanto se revela um complexo desafio.

De acordo com a pesquisa, entre 2001 e 2018, houve dez ataques às escolas brasileiras. “Nesse intervalo, nunca houve mais do que dois casos em um mesmo ano. Adicionalmente, na maioria desses anos não houve episódios de violência extrema registrados, como nos períodos 2004-2007, 2009-2010 e 2013-2016”, explica o estudo.


Já a partir de 2019, “observamos um aumento significativo nesses episódios de violência extrema”, afirma. Naquele ano, foram ao menos dois ataques; em 2020, veio a pandemia e o fechamento de boa parte das escolas. No ano seguinte, houve novamente ao menos dois ataques; em 2022, dez e em 2023, 15 ataques, que resultaram na morte de nove pessoas e em 29 feridos.

Segundo a pesquisa, há um paralelo entre a intensificação de conteúdo violento nas redes sociais a partir de 2021 — com mais menções positivas a autores de violência em contexto escolar como reações legítimas a situações de bullying — e o crescimento no número de registros de ataques de violência extrema em escolas, que apresentaram aumento significativo entre 2022 e 2023.

O estudo aponta como as principais causas para esse cenário o aumento do extremismo e sua disseminação por meios digitais; a falta de controle e criminalização de discursos e práticas de ódio; a promoção da cultura armamentista e a glorificação da violência; a prevalência de bullying, preconceitos e discriminações no ambiente escolar e a insuficiente formação profissional para lidar com questões como mediação de conflitos e convivência escolar.

Lógica das redes valoriza violência

Ao tratar de como a lógica das redes sociais — cujos algoritmos valorizam conteúdos de maior engajamento — colabora diretamente para esse resultado, a pesquisa mostra que conteúdos voltados ao ódio contra outros grupos geram 67% mais tempo de tela, cliques e comentários.

A pesquisa alerta para o fato de que “se o ataque acontece no colégio, a radicalização começa no quarto, no celular, nas redes sociais e nos fóruns, que os adultos não veem – e não entendem”. E o que estamos vendo, completa, é que isso “não começa aos 15, mas aos cinco, seis anos – com celulares nas mãos e tablets no colo”.

De acordo com a pesquisa, em 2024, 35% das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos estavam liberados pelos pais para usar em ambiente privado, totalmente sozinhos. A faixa de até seis anos respondia por 23%.

Mais de 97% das crianças e adolescentes acessam a internet pelo celular, um dispositivo individual e difícil de ser monitorado. Entre os 9 e os 17 anos, 81% possuem seu próprio dispositivo, diz o levantamento, tendo por base dados da pesquisa Tic Kids Online, 2025.

Outra dado revelado pela pesquisa é que aquilo que antes figurava principalmente na deep web, hoje já trafega mais facilmente na internet acessível a todos os usuários.

Conforme a pesquisa, 90% dos conteúdos com discurso de ódio em 2023 estavam restritos àquele tipo de rede que não aparece em buscas comuns. Em 2025, a exposição desse tipo de conteúdo na deep web caiu para 78%, “sinalizando que as mensagens violentas e ameaçadoras que antes circulavam por esse ambiente fechado agora aparecem livremente, sem qualquer tipo de filtro, na web tradicional”.


O estudo se debruça, ainda, sobre o cyberbullyng — forma de agressão que se utiliza de mecanismos tecnológicos para humilhar e intimidar pessoas —, mostrando que o mesmo atinge igualmente meninos e meninas, 12% cada. No entanto, são os meninos que mais praticam ofensas, 17%, contra 12% das meninas.

“Diferentemente das gerações anteriores, não há separação entre o mundo online e o offline — é uma vida só, híbrida. E, se não compreendermos bem essa experiência, não vamos conseguir criar respostas eficazes para protegê-las”, explica Manoela Miklos, pesquisadora sênior do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Para ela, enfrentar esse cenário exige responsabilidade compartilhada entre Estado, escolas, famílias e sociedade.

Reversão de tendência

Apesar do cenário sombrio, a pesquisa destaca que, desde 2024, houve uma reversão de tendência, com poucos registros de violência nas escolas.

“Neste sentido, é possível constatar que os esforços coordenados entre os atores públicos da rede de proteção, liderados pelo MEC (Ministério da Educação), no âmbito do Escola que Protege, têm conseguido evitar uma tendência de crescimento no número de casos consumados a partir de 2024, apesar de um ambiente digital em processo de acentuação de sua radicalização”, argumenta a pesquisa.

O programa foi criado em 2023 e lançado no ano passado. Segundo a pasta, o objetivo é fortalecer a capacidade das redes de ensino para prevenir e enfrentar a violência nas escolas. 
 Para tanto, aposta na promoção da formação continuada de profissionais da educação; no fomento à construção de planos de enfrentamento à violência e respostas a emergências, além do assessoramento das redes de ensino em casos de ataques de violência extrema. Ainda conforme o MEC, a previsão de investimentos é de R$ 24 milhões até 2027, com o impacto pretendido de 28 milhões de alunos.

FONTE: O Vermelho

sábado, 31 de maio de 2025

"Colaborador ou Subordinado? A verdade por trás da retórica empresarial"

Foto: NEO Pessoas

Nos últimos anos, tornou-se comum a substituição de termos como "empregado" por "colaborador", além da adoção de expressões como "família corporativa" e "salário emocional". Embora possam parecer inofensivos ou até motivacionais, esses conceitos cumprem um papel estratégico: disfarçar relações de exploração e desestimular a organização dos trabalhadores em prol de melhores condições laborais.

O termo colaborador, por exemplo, sugere um envolvimento voluntário e participativo dentro da empresa, reduzindo a percepção da venda da força de trabalho em troca de um salário. Ao retirar a ideia de subordinação, empregadores buscam suavizar hierarquias sem oferecer, de fato, direitos adicionais. Da mesma forma, o conceito de família corporativa cria um vínculo emocional que pode resultar em jornadas excessivas e cobranças desproporcionais, mantendo o trabalhador mais dedicado sem necessariamente garantir segurança ou estabilidade no emprego.

Outro mecanismo comum é o salário emocional, onde as empresas promovem benefícios intangíveis, como um ambiente agradável e eventos internos, para mascarar remunerações insuficientes. Essa estratégia desvia o foco das reais reivindicações trabalhistas, levando o funcionário a se sentir privilegiado por fazer parte da organização sem perceber que, na prática, seus direitos essenciais continuam sendo negligenciados. Expressões como mindset de dono e empreendedor interno reforçam essa lógica, incentivando o trabalhador a assumir responsabilidades sem retorno proporcional.

As empresas frequentemente utilizam uma linguagem estratégica para suavizar ou mascarar relações de exploração no ambiente de trabalho. Aqui estão alguns termos comuns:

Colaborador – Em vez de "empregado", sugere uma relação mais participativa, mas sem necessariamente garantir direitos adicionais.

Família corporativa – Cria a sensação de pertencimento, mas pode ser usada para justificar dedicação extrema sem compensação justa.

Empreendedor interno – Incentiva o funcionário a agir como dono do negócio, sem os benefícios reais de ser um proprietário.

Flexibilidade – Pode significar jornadas imprevisíveis e falta de estabilidade no emprego.

Salário emocional – Destaca benefícios intangíveis, como ambiente agradável, para desviar o foco de remuneração inadequada.

Mindset de dono – Pressiona os funcionários a assumirem responsabilidades além do esperado, sem retorno proporcional.

Cultura de alta performance – Pode ser usada para justificar sobrecarga de trabalho e metas inalcançáveis.

Plano de carreira – Muitas vezes, é uma promessa vaga sem garantias reais de crescimento profissional.

Esses termos fazem parte de um vocabulário corporativo que pode ser usado para motivar, mas também para disfarçar condições de trabalho desafiadoras.

Ao adotar essa linguagem motivacional, as corporações reduzem a adesão a movimentos de luta, sindicatos e reivindicações por melhores salários. A ilusão de pertencimento pode diluir a consciência de classe, dificultando o enfrentamento da exploração estrutural presente no mercado de trabalho. Por isso, é essencial desmistificar esses discursos, fortalecer a organização coletiva e garantir que os trabalhadores tenham voz ativa na construção de condições dignas e justas.






sexta-feira, 30 de maio de 2025

Arborização Urbana em São Luís: Desafios e Caminhos para um Futuro Mais Verde

Avenida em São Luís (Foto:Blog do Ed Wilson)

A arborização urbana é essencial para o equilíbrio ambiental e a qualidade de vida nas cidades, influenciando o conforto térmico, a biodiversidade e a saúde pública.

No Brasil, segundo dados do Censo Demográfico 2022, divulgado pelo IBGE a distribuição de áreas verdes varia entre as capitais, refletindo diferentes níveis de planejamento urbano.

No Nordeste, segundo o IBGE, Fortaleza lidera a arborização, com 59,7% da população vivendo em ruas com árvores. No entanto, São Luís enfrenta uma realidade preocupante, com apenas 34,3% das vias arborizadas.

Avenida em Fortaleza (Foto: Diário do Nordeste)

Os desafios da capital maranhense são diversos. O crescimento urbano desordenado contribuiu para a baixa cobertura vegetal, sem uma política clara de preservação ambiental. O baixo investimento e lentidão na execução de políticas públicas impedem avanços concretos na arborização. A ausência de vegetação intensifica os impactos climáticos, causando ilhas de calor e aumentando o risco de enchentes. Além disso, a falta de conscientização e participação popular dificulta a adoção de práticas sustentáveis.

Ranking de arborização das capitais do Nordeste:

Posição

Capital

% da população vivendo em vias arborizadas

Fortaleza

59,7%

Teresina

57,7%

Natal

55,2%

João Pessoa

53,2%

Recife

51,1%

Maceió

46,2%

Aracaju

44,3%

São Luís

34,3%


Caminhos para um Futuro Mais Verde


Mesmo com diretrizes estabelecidas no Plano Diretor de São Luís e iniciativas de universidades e entidades ambientais, a cidade ainda carece de planejamento e fiscalização adequados. Para reverter esse quadro, é necessário aumentar os investimentos em infraestrutura verde, fortalecer o planejamento urbano e envolver a população no processo de conservação ambiental. A arborização não é apenas estética, mas uma estratégia essencial para tornar São Luís mais sustentável e resiliente diante das mudanças climáticas.





quarta-feira, 28 de maio de 2025

Retrato da Mão de obra desperdiçada


Foto: Blog Cidadania & Cultura

Do Blog Cidadania & Cultura

Com a taxa de desemprego de 7% no primeiro trimestre, a menor da história para o período, o chamado desperdício da mão de obra também está em seus menores níveis. A taxa de subutilização da força de trabalho foi de 15,9% no primeiro trimestre, a segunda menor da série da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2012. Só fica acima dos 15,6% de 2014, antes da recessão de 2015 e 2016.

A taxa indica a parcela de trabalhadores subutilizados frente à força de trabalho ampliada do país, que soma a força de trabalho (quem está trabalhando ou em busca de vaga) com a força de trabalho potencial. O grupo de trabalhadores subutilizados reúne desempregados, pessoas que trabalham menos horas do que gostariam e trabalhadores na força de trabalho potencial, que podem buscar posição e não estar disponíveis ou nem procuram por acreditar não ter chances de conseguir a vaga, por exemplo.

A taxa de subutilização é uma medida mais ampla e traz outras perspectivas sobre o que ocorre no mercado de trabalho. São pessoas que poderiam estar alocadas de maneira mais eficiente na economia.

O comportamento dessas medidas de subutilização acompanha o da taxa de desemprego. Com mercado aquecido, medidas de subutilização estão perto das mínimas. Mas ainda são pessoas que poderiam ser usadas de maneira mais produtiva para a atividade econômica, mas não estão por série de fatores.

Apesar do momento positivo do emprego, o economista da LCA 4Intelligence Bruno Imaizumi aponta que as outras faces do mercado de trabalho observadas nos dados sobre trabalhadores subutilizados permitem ver que há mais espaço para melhorias.

A taxa de subutilização inclui todos os trabalhadores desse grupo. Mas há também medidas intermediárias. No primeiro trimestre, o indicador que somava os desempregados e aqueles que trabalhavam menos horas do que gostariam estava em 11,1%, a menor para o período e pouco acima do piso de 10,6% da série histórica.

Há também um indicador que soma desempregados, quem trabalha menos horas que gostaria e aqueles em desalento – que desistiram da busca por uma vaga por não terem esperança de conseguir, seja porque não se acham qualificados, seja porque não veem chances de vagas no local onde vivem, por exemplo. Essa taxa estava em 13,9%, a segunda menor para um primeiro trimestre da série. Todas elas, no entanto, encontram- se em dois dígitos.

“O desemprego está caindo e as taxas alternativas [de subutilização] também recuam, mas apontam um nível elevado na comparação com a taxa de desocupação. É uma mão de obra que podia estar contribuindo para o mercado”, diz Imaizumi.

Em números absolutos, o grupo de trabalhadores subutilizados somava 18,463 milhões de pessoas – frente a uma população ocupada de 102,5 milhões. Desse total de 18,463 milhões, 7,714 milhões eram pessoas que estavam ativamente em busca de trabalho. Os restantes 10,749 milhões eram trabalhadores que estavam ocupados, mas por menos horas do que gostariam (4,552 milhões), ou estavam na força de trabalho potencial (6,197 milhões).

A força potencial reúne os chamados desalentados (3,228 milhões) – que desistiram de buscar trabalho por acreditarem que não têm chances de conseguir – e trabalhadores que não procuram de forma ativa, mas estariam disponíveis ou procuram, mas não estariam aptos a trabalhar naquele momento (2,969 milhões).

Na avaliação de Bruno Imaizumi, iniciativas fora da esfera macroeconômica poderiam ajudar a reduzir essa mão de obra desperdiçada. Parte desse grupo é formada por pessoas, especialmente mulheres, que estão dedicadas a cuidados com a casa ou com família – crianças ou idosos.

“Creches e locais de apoio para idosos poderiam liberar o tempo dessas pessoas, que dessa forma teriam como se inserir no mercado de trabalho”, nota.

Entre os indicadores de subutilização da força de trabalho, o único que não está nos menores níveis é o que considera o desalento individualmente. No primeiro trimestre de 2025, 2,8% das pessoas na força de trabalho estavam em situação de desalento, quase o dobro da menor taxa para um primeiro trimestre, que foi de 1,5% em 2014.

Neste caso, apontam os economistas, o movimento é influenciado pelas mudanças nas relações de trabalho trazidas pelo covid-19. “O desalento caiu consideravelmente desde a pandemia [quando se aproximou dos 6%], mas a queda não se dá na mesma velocidade que as outras taxas. É possível fazer um paralelo com a taxa de participação, que em vários países não recuperou o nível pré-pandemia”, diz Valério.

Permanência fora do mercado de trabalho daqueles perto da idade da aposentadoria, percepção de que a economia se encontra pior do que a realidade e expansão dos programas sociais do governo são algumas das hipóteses citadas para explicar essa situação.

“Houve mudança estrutural no mercado no pós-pandemia, uma transformação das relações de trabalho, e parte dos trabalhadores não deve mais voltar”, afirma o economista da LCA 4Intelligence.

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Proinfra/Uema realiza Primeiro Simpósio de Gestão Resíduos Sólidos

Mesa-redonda: Boas Práticas de Gestão de Resíduos Sólidos
das Instituições de Ensino Superior do Maranhão (Foto:UEMA)

Aconteceu nos dias 22 e 23 de maio, na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), o Simpósio de Gestão de Resíduos Sólidos, promovido pela Coordenação de Gestão de Resíduos Sólidos da Pró-Reitoria de Infraestrutura (PROINFRA). Com o tema “Reaproveitar, Reciclar e Reimaginar o Futuro dos Resíduos Sólidos”, o evento reuniu diversos especialistas, pesquisadores e gestores públicos em uma programação híbrida que se seguiu até o final da tarde de hoje, 23 de maio, com o objetivo de fomentar o debate e apresentar soluções práticas para os desafios da sustentabilidade.

A palestra de abertura, intitulada “Ações e Políticas Associadas à Redução, Reutilização e Reciclagem de Resíduos Sólidos”, foi ministrada por Cássio Giovanni, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). O palestrante abordou políticas públicas e ações práticas voltadas à sustentabilidade e à mitigação dos impactos ambientais, destacando a importância da articulação entre os diversos setores da sociedade.

Gestores da Área de Sustentabilidade das Universidade:
UEMA, UFMA, IFMA e UEMASUL (Foto: UEMA)

No período da tarde do dia 22 de maio, no auditório da UEMANET, o evento contou com uma série de mesas-redondas, que discutiram a atuação das instituições na gestão de resíduos sólidos. Estiveram presentes o Prof. Dr. Antônio Jacob Junior, Luane Lemos (representante da EMAP), Raimundo Nonato (representando a SEMOSP), Laiana Linhares (representando a SEMA), além da Prof.ª Dra. Andrea do Carmo Araújo, da Prof.ª Dra. Georgiana Marques (IFMA), da Prof.ª Dra. Ivoneide Nascimento (UEMASUL), da Coordenadora da Gestão de Resíduos Sólidos da PROINFRA, Luciana Barros Oliveira e do administrador, Jorge Antonio Carvalho da Divisão de Conservação e Meio Ambiente da UFMA. 

Os debates mostraram de que forma cada instituição, por meio de seus representantes, tem atuado na construção de estratégias eficientes para a gestão dos resíduos sólidos, com foco na preservação do planeta.

O evento finalizou com a apresentação dos trabalhos acadêmicos submetidos, promovendo a valorização da pesquisa e do conhecimento científico como pilares fundamentais para a inovação e sustentabilidade ambiental.

Vc pode assistir os debates das mesas redondas no link abaixo:



quarta-feira, 7 de maio de 2025

Indústria investe no fortalecimento de cooperativas de coleta seletiva


A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) lançou, nesta terça-feira (6), o programa Coopera+ com investimento de R$ 16,9 milhões para o fortalecimento da cadeia produtiva de materiais recicláveis.

Os recursos foram destinados à aquisição de veículos, equipamentos, capacitação e consultoria para a industrialização do setor.

De acordo com o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, esse investimento beneficiará 1,1 mil catadores do Distrito Federal, integrantes de 35 cooperativas.

"Essa é a indústria que transforma, é a indústria que trabalha com a sustentabilidade, com esses desafios climáticos que a gente tem, porque reaproveita a matéria-prima”, destacou.

Durante a cerimônia, foram repassadas a três redes de cooperativas 23 caminhões, 2 compactadores,12 contêineres, sistema de pesagem, empilhadeiras, prensas, esteiras e outros equipamentos.

De acordo com a ABDI, os equipamentos somados à capacitação visam um aumento de até 30% na produtividade da cadeia, que inclui coleta seletiva, triagem e tratamento de resíduos recicláveis. Também é esperado um crescimento de 20% na renda dos catadores.

“Todo mundo sabe como é difícil estruturar a reciclagem no Brasil. E aí vem uma agência voltada para a indústria e investe quase R$ 17 milhões nas cooperativas. A indústria está investindo no segmento certo. Reciclagem não é barata, ela precisa ser viabilizada”, reforçou a diretora da Central das Cooperativas de Materiais Recicláveis do DF (Centcoop), Aline Sousa.

De acordo com a agência, o programa foi pensado em um modelo que possa ser replicado em todo o país e converge com os objetivos da Nova Indústria Brasil, política pública lançada pelo governo federal em janeiro de 2024.

“Essa é a nova indústria, tirar menos do planeta, evitar que o lixo vá para os rios e fazer disso o ganha pão das nossas famílias”, destacou a diretora de sustentabilidade da ABDI, Perpétua Almeida.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, destacou a importância do cooperativismo para o fortalecimento do setor.

“Tudo isso vai trazer melhor renda para as catadoras e catadores, vai agregar mais valor, vai fortalecer as cooperativas, vai entregar direto na indústria e vai ser um benefício extremamente importante”

Durante a cerimônia, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo, convidou a agência da indústria a integrar o Comitê Interministerial para Inclusão Socioeconômica de Catadoras e Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis (CIISC) e também a participar do programa Pró-Catadores.

“É importante que ABDI participe para nos ajudar nessa jornada de fortalecer a cadeia produtiva dos catadores e catadores”, explicou.

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Anistiados do Governo Collor: Entre a Lei e o Assédio Institucional

Anistiados aguardam por anistia plena (Foto: Ilustração)

Por Jorge Antonio Carvalho*

Norma do Governo Passado Impõe Barreiras e Gera Polêmica Entre Anistiados da Lei 8.878/94

Criada em 1994, a Lei nº 8.878 foi concebida para corrigir injustiças, garantindo a anistia e reintegração de servidores públicos e empregados exonerados entre 1990 e 1992, um período marcado por polêmicas administrativas e políticas no governo Collor. No entanto, trinta anos após sua promulgação, a situação dos anistiados volta ao centro do debate, agora em razão de medidas administrativas recentes.

A Instrução Normativa (IN) nº 22/2022, editada no governo Bolsonaro, trouxe restrições que, segundo especialistas e anistiados, representam um retrocesso nos direitos conquistados. Somando-se a essa controvérsia está a Nota Técnica nº 563/2010, que embora não tenha força normativa, é apontada como instrumento que fundamenta interpretações prejudiciais aos trabalhadores anistiados.

Medidas Restritivas e Limitações

Entre os pontos mais críticos da IN nº 22/2022 estão os artigos que limitam o acesso dos anistiados ao desenvolvimento profissional e à ascensão na administração pública. O artigo 23, por exemplo, impede empregados anistiados de realizar cursos de longa duração, como mestrados e doutorados, restringindo sua participação a formações de curta aplicação. Para muitos, isso é visto como um bloqueio ao avanço acadêmico e profissional.

Além disso, o artigo 37 proíbe que empregados públicos anistiados ocupem cargos de chefia ou funções gratificadas, mesmo que sejam plenamente qualificados para isso. Curiosamente, conforme o artigo 34 da mesma instrução, esses mesmos trabalhadores podem substituir chefes licenciados, mas sem receber o reconhecimento formal ou benefícios das funções assumidas. Essa contradição tem gerado indignação e acusações de assédio moral e institucional.

A Tabela Salarial: Limitações e Impactos

Outro ponto de crítica dos anistiados é a limitação salarial imposta pelo decreto nº 6.657 de 2008. A norma estabelece que o posicionamento na tabela salarial dos anistiados é baseado no tempo de serviço acumulado até o momento de sua demissão. Isso significa que um trabalhador que era de nível médio e posteriormente se graduou em um curso universitário não consegue ascender na tabela, mesmo após adquirir maior qualificação.

A situação se agravou ao longo dos anos devido à falta de reajustes salariais, congelados por um longo período. Apenas no governo atual, após muitos anos de espera, os valores começaram a ser corrigidos, trazendo alívio parcial, mas sem resolver as restrições estruturais impostas pela tabela.

O Papel da Nota Técnica nº 563/2010

Embora com valor jurídico limitado, a Nota Técnica nº 563/2010 do Ministério do Planejamento continua a influenciar decisões e políticas administrativas relativas aos anistiados. Esses documentos, elaborados por especialistas, visam fornecer suporte técnico, mas também podem ser usados para justificar interpretações que restringem direitos. Para muitos, a utilização dessas notas como base para medidas limitantes reforça um ambiente de incerteza e instabilidade.

Impactos na Vida dos Anistiados

Para os trabalhadores beneficiados pela Lei 8.878/94, as restrições impostas pela IN nº 22/2022 e pelo decreto nº 6.657 de 2008 representam um ciclo contínuo de exclusões. "O que deveria ser um resgate de dignidade está se tornando uma nova forma de exclusão", declarou um anistiado que preferiu não se identificar.

A discussão sobre o futuro dos anistiados ainda está longe de terminar. Especialistas defendem que medidas como essas precisam ser revistas para garantir que os direitos conquistados não sejam esvaziados por decisões administrativas.


Jorge Antonio Carvalho* - Oficial do Blog Conversa de Feira

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Lula anuncia Minha Casa, Minha Vida para classe média

(Foto: Ricardo Stuckert/PR)

A ampliação do Minha Casa, Minha Vida vai atender famílias com renda de até R$ 12 mil, com financiamentos em até 420 meses, taxa de juros competitiva e voltada para imóveis de até R$ 500 mil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um breve balanço dos dois anos de governo e anunciou novas ações durante o evento “O Brasil Dando a Volta por Cima”, nesta quinta-feira (3), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

Foram dois decretos assinados regulamentando o repasse de R$ 18 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal para o programa Minha Casa, Minha Vida e outro antecipando o pagamento do 13º salário para aposentados e pensionistas (abril e maio).

A ampliação do Minha Casa, Minha Vida vai atender famílias com renda de até R$ 12 mil, com financiamentos em até 420 meses, taxa de juros competitiva e voltada para imóveis de até R$ 500 mil.


Já a antecipação do calendário do 13º prevê repasses R$ 73 bilhões na economia e beneficia mais de 34,2 milhões de pessoas.

Além disso, o presidente anunciou a implantação da TV 3.0, que prevê a transição para o sistema de transmissão digital de última geração. E o lançamento de uma campanha publicitária com o mote “O Brasil é dos Brasileiros”.

No balanço, o presidente diz que recebeu um País em ruínas pelo governo anterior. “O Brasil é um país que volta a sonhar e ter esperança. Um Brasil que dá a volta por cima e deixa de ser o eterno país do futuro para construir hoje o seu futuro com mais desenvolvimento e inclusão social, mais tecnologia e mais humanismo”, disse.

Na prestação de contas, o governo inovou com depoimentos de beneficiados e a exibição de vários filmes que demonstraram como os recursos chegavam na ponta. É o caso da média de 60 mil pessoas por dia que deixa o mapa da fome (suficiente para encher um estádio de futebol).

Na área econômica, o governo destacou que o país voltou ao top 10 da economia mundial; o crescimento do PIB foi de 3,2% em 2023 e de 3,4% em 2024; o País registrou em 2024 a menor taxa de desemprego dos últimos 12 anos; desde 2023, mais de 3,2 milhões de empregos formais foram gerados; e o salário mínimo voltou a ter crescimento acima da inflação.

Destacam-se investimentos no Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) para este ano de R$ 14,7 bilhões e no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), voltado para promoção do acesso à alimentação e, ao mesmo tempo, incentivo à agricultura familiar.

Frisou-se ainda que o país voltou ao protagonismo internacional com a abertura de 340 mercados após reuniões com líderes de 67 países. Acordos foram fechados com China, União Europeia e Oriente Médio. Em 2025, o país sediou a Cúpula do BRICS, a COP30 e assumiu a presidência do Mercosul.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Margem Equatorial: Saiba quais cidades que ficarão ricas com a exploração de petróleo na região

Foto: Reprodução Portos e Navios

Por Paulo Nogueira*

A Margem Equatorial desponta como a grande aposta para o futuro da produção de petróleo no Brasil. Localizada ao longo do litoral do Norte e Nordeste, essa região abriga cinco importantes bacias sedimentares que vão do Amapá até o Rio Grande do Norte. Com isso, a expectativa é que, à medida que a exploração avance, diversas cidades litorâneas recebam investimentos, infraestrutura e milhares de empregos, elevando-se ao status de novos polos de riqueza — assim como ocorreu com Macaé (RJ) no auge do pré-sal.

A promessa da Margem Equatorial: nova potência energética do país

A chamada Margem Equatorial brasileira reúne cinco bacias estratégicas para a Petrobras e outras empresas do setor:

Foz do Amazonas
Pará-Maranhão
Barreirinhas
Ceará
Potiguar

Essas áreas apresentam condições geológicas muito semelhantes às das regiões marítimas da Guiana e do Suriname, onde recentemente surgiram descobertas expressivas de petróleo. Por isso, a Petrobras enxerga um potencial imenso na Margem Equatorial, capaz de garantir a segurança energética do país por várias décadas. Além disso, o interesse de gigantes internacionais também reforça essa projeção otimista.

Cidades que podem enriquecer com o petróleo da Margem Equatorial

Com as novas operações, poços e bases de apoio previstas, várias cidades próximas às bacias devem se beneficiar diretamente. Veja a seguir quais municípios têm potencial para enriquecer com essa nova fase da economia do petróleo:

📍 Oiapoque (AP)
Localizada na fronteira com a Guiana Francesa, Oiapoque está estrategicamente posicionada diante da Bacia da Foz do Amazonas. A cidade pode atrair investimentos logísticos, infraestrutura e empregos, servindo como porta de entrada para as operações mais ao norte.

📍 Macapá (AP)
Macapá está próxima da Bacia da Foz do Amazonas, a mais debatida do país devido às suas questões ambientais. Entretanto, se a liberação para exploração ocorrer, a cidade pode virar o principal ponto logístico de apoio no extremo norte do Brasil.

📍 Belém (PA)
Belém já possui um porto estruturado e posição estratégica. Dessa forma, pode fornecer suporte à Bacia do Pará-Maranhão, movimentando embarcações, suprimentos, empresas de apoio e técnicos especializados.

📍 São Luís (MA)
A capital maranhense está posicionada para liderar o suporte à Bacia de Barreirinhas. Além disso, o Porto do Itaqui fortalece o seu papel como base logística essencial, podendo atrair investimentos nacionais e internacionais.

📍 Parnaíba (PI)
Embora Parnaíba seja uma cidade de menor porte, ela pode ganhar relevância regional ao servir de apoio à Bacia do Ceará. Assim, empresas de logística, hotelaria e transporte podem se multiplicar rapidamente na região.

📍 Fortaleza (CE)
Com economia forte e infraestrutura consolidada, Fortaleza já desponta como o principal centro de suporte à Bacia do Ceará. Dessa forma, a geração de empregos diretos e indiretos tende a se intensificar com o avanço da exploração.

📍 Mossoró (RN) e Natal (RN)
Essas duas cidades têm tradição na produção terrestre de petróleo. Por isso, elas estão bem preparadas para apoiar as atividades na Bacia Potiguar offshore, aproveitando a experiência acumulada e a base de fornecedores já existente.

Veja também:


Mapa das cidades, estados e Bacias que serão impactadas pela exploração
da Margem Equatorial do Brasil. Fonte: Petrobras

Petrobras lidera os investimentos e aposta na Margem Equatorial

A Petrobras está à frente dos projetos de exploração da Margem Equatorial. A estatal já anunciou investimentos superiores a R$ 24 bilhões entre 2024 e 2028. Esse valor será direcionado para campanhas sísmicas, perfuração de poços e construção de infraestrutura. Portanto, a movimentação de recursos promete aquecer a economia dos estados envolvidos.

Apesar disso, o processo esbarra em licenças ambientais. Em 2023, o Ibama negou a autorização para a perfuração de um poço na Bacia da Foz do Amazonas, sob a justificativa de risco à biodiversidade marinha. Mesmo assim, a Petrobras segue firme nos estudos complementares e promete respeitar todos os requisitos ambientais exigidos.

Se os investimentos planejados saírem do papel, os efeitos serão imediatos. A exploração de petróleo na Margem Equatorial pode:

Gerar milhares de empregos em diversas frentes
Aumentar a arrecadação dos municípios com royalties
Impulsionar cursos técnicos e centros de capacitação
Fortalecer o comércio, os serviços e o transporte local

Além disso, empresas de pequeno e médio porte devem surgir em resposta à demanda por logística, alimentação, hospedagem, transporte marítimo e manutenção industrial. Com isso, o ciclo de desenvolvimento regional tende a ser contínuo e duradouro.

Oportunidade de ouro para o Norte e o Nordeste

A Margem Equatorial representa uma chance concreta de descentralizar o crescimento gerado pelo petróleo no Brasil. Ao contrário do modelo concentrado no Sudeste, essa nova fronteira pode beneficiar amplamente o Norte e o Nordeste. Assim, o país avança em direção à equidade regional, com mais empregos, mais receita pública e maior protagonismo para estados antes esquecidos.

Contudo, essa transformação depende de decisões técnicas, jurídicas e políticas. Afinal, o Brasil terá que equilibrar o desenvolvimento econômico com a proteção ambiental. Ainda assim, é possível avançar com responsabilidade e garantir um futuro promissor para milhares de brasileiros.

Você acha que cidades como Macapá, São Luís e Mossoró estão prontas para viver um novo ciclo de prosperidade com a exploração de petróleo na Margem Equatorial? Ou será que os obstáculos ambientais e políticos ainda vão atrasar essa revolução?

*Paulo Nogueira - 
Eletrotécnico formado em umas das instituições de ensino técnico do país, o Instituto Federal Fluminense - IFF ( Antigo CEFET)




segunda-feira, 31 de março de 2025

Em Gaza, 15 médicos e enfermeiros são executados a sangue frio por tropa de Israel

Corpos dos médicos e enfermeiros só foram localizados uma semana depois de desaparecidos (Foto:The New Arab)

O Crescente Vermelho Palestino informa que foram localizados os corpos de 14 dos funcionários de saúde seus e da Defesa Civil palestina que foram executados por tropa de Israel que cercou as suas ambulâncias que buscavam feridos na região bombardeada de Rafah. O 15º dos desaparecidos ainda não foi localizado.

A denúncia palestina é de que oito médicos e seis enfermeiros foram mortos com tiro na testa. Triste destino similar deve ter tido o 15º cujo corpo ainda não foi localizado.

A organização palestina de socorro médico havia relatado que, no dia 22 de março, tropas israelenses cercaram diversas de suas ambulâncias que atuavam no bairro Tel Sultan, em Rafah, ao sul da Faixa de Gaza, logo após a região ter sofrido ataque por mísseis do agressor.

Após ser notificado de que funcionários de saúde haviam se ferido, o Crescente Vermelho perdeu contado com a equipe cercada e a entrada na área foi bloqueada, inclusive para ambulâncias.

Desde o corte no contato com seu pessoal, o Crescente Vermelho passou a informar amplamente do cerco e passou a responsabilizar Israel pelos danos a seu pessoal médico. Fez apelos a entidades internacionais para que pressionassem Israel no intuito de permitir o acesso de suas equipes a Tel Sultan, mas foi tudo em vão, as organizações informavam que não conseguiam acesso ao local cercado.

Somente na quinta-feira, dia 27 de março, um grupo coordenado pela Cruz Vermelha conseguiu chegar ao local para descobrir que as tropas israelenses haviam executado os profissionais de saúde e os enterrado próximo às tendas militares dos invasores. A Cruz Vermelha verificou que todas as ambulâncias do Crescente Vermelho e da Defesa Civil, que haviam sido cercadas no dia 22, estavam destruídas.

As vítimas do Crescente Vermelho são Ezz Al-Din Shaath, Mustafa Khafaja, Saleh Ma’mar, Mohammed Bahloul, Ashraf Abu Labda, Mohammed Al-Hayla, Rifat Radwan, Asaad Al-Nasasra e Raed Al-Sharif

As vítimas da Defesa Civil são Fouad Al-Jamal, Youssef Khalifa, Anwar Al-Attar, Zuhair Al-Farra, Sameer Al-Bahabsa e Ibrahim Al-Maghari.

A descoberta do assassinato de médicos e enfermeiros só aconteceu, portanto, nove dias depois de Israel haver rompido o cessar-fogo em Gaza, com os primeiros ataques na noite do dia 18 de março. Naquela primeira noite de bombardeio foram mortos 400 palestinos, sendo 200 crianças e 1.900 ficaram feridos. Desde então o cessar-fogo foi suspenso, o morticínio voltou a ser diário e a troca de prisioneiros israelenses e palestinos, que estava acontecendo desde janeiro, está suspensa.

Mais de 400 profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros motoristas de ambulâncias e professores, foram assassinados desde o 7 de outurbro de 2023, diz informe da Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, emitido esta semana. Os mortos incluem 289 integrantes de equipes da ONU, 34 do Crescente Vermelho Palestino e ainda 76 de outras organizações humanitárias.


sexta-feira, 14 de março de 2025

Confira os 26 deputados bolsonaristas que são contra baratear alimentos

Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O nível de irracionalidade e ódio da extrema direita brasileira chegou a tal ponto que até mesmo uma medida óbvia e que jamais geraria críticas em qualquer oposição, como a de zerar impostos que incidem sobre alimentos, passou a ser atacada de forma feroz pela matilha bolsonarista da Câmara dos Deputados.

Para piorar ainda mais a insanidade, os ataques à decisão de baratear os alimentos consumidos pelos brasileiros foi alvo agora de um requerimento que busca votar uma moção de repúdio contra o governo Lula (PT) por sua tentativa de abaixar o preço desses itens de primeira necessidade.

Quem puxa a tropa de celerados que exige que os preços sigam altos é o líder da oposição na Casa, o deputado Tenente-Coronel Zucco (PL-RS). Buscando explicar o posicionamento indefensável, o extremista faz mil rodeios e lança pérolas para justificar a própria insensatez.

“Os produtores rurais continuam sujeitos a uma elevada carga tributária, com custo de produção dolarizado e a um ambiente regulatório hostil, enquanto os produtos importados passam a concorrer com isenções de imposto, reduzindo a competitividade do setor no cenário global. Essa estratégia enfraquece a economia nacional, reduz a geração de empregos e aumenta a dependência do Brasil de fornecedores externos”, diz Zucco no documento protocolado na Câmara, sem, no entanto, explicar o que uma coisa tem a ver com a outra, afinal, se os produtos ficarem mais baratos, serão mais vendidos, o que é benéfico para os produtores nacionais.

A bobajada ultrarreacionária não para por aí. Num outro trecho, os bolsonaristas falam de “livre mercado” e de um governo que supostamente “interfere na economia”. O que é mais estranho é que é justamente a extrema direita que advoga o tempo todo em defesa da retirada de impostos de tudo, usando o bordão pueril de que “imposto é roubo”. Quando os impostos foram retirados, eles passaram a reclamar que agora querem os impostos.

“O governo federal opta por mais uma intervenção econômica no mercado, interferindo no equilíbrio natural de preços de acordo com a demanda e oferta, sem garantir maior incentivo para a produção nacional na redução do custo de produção, sem ouvir toda a cadeia produtiva, encurralando o produtor rural e o consumidor”, alegam os extremistas da bancada bolsonarista.

Confira a lista de 26 deputados que lutam para manter os impostos nos alimentos para que brasileiros paguem mais caro para comer:

1 - Zucco (PL-RS)

2 - Coronel Assis (União-MT)

3 - Zé Trovão (PL-SC)

4 - Junio Amaral (PL-MG)

5 - Sargento Fahur (PSD-PR)

6 - Coronel Chrisóstomo (PL-RO)

7 - Gustavo Gayer (PL-GO)

8 - Osmar Terra (MDB-RS)

9 - Capitão Alden (PL-BA)

10 - Silvia Waiãpi (PL-AP)

11 - Delegado Ramagem (PL-RJ)

12 - Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP)

13 - Delegado Caveira (PL-PA)

14 - Carlos Jordy (PL-RJ)

15 - Evair Vieira de Melo (PP-ES)

16 - Pezenti (MDB-SC)

17 - Rodolfo Nogueira (PL-MS)

18 - Cabo Gilberto Silva (PL-PB)

19 - Rosangela Moro (União-SP)

20 - Mario Frias (PL-SP)

21 - Daniel Agrobom (PL-GO)

22 - Bia Kicis (PL-DF)

23 - Mauricio do Vôlei (PL-MG)

24 - Messias Donato (Republicanos-ES)

25 - Sanderson (PL-RS)

26 - Julia Zanatta (PL-SC)