quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Adultização Infantil na Internet: A Nova Face da Exploração Digital

Foto:Blog Construindo Resistencia

A infância brasileira está sob ataque e o inimigo não se esconde mais. Ele dança, viraliza, monetiza e se disfarça de entretenimento. A recente denúncia feita pelo influenciador Felca, que expôs uma rede de perfis infantis com conteúdo de conotação sexual nas redes sociais, escancarou uma realidade que há tempos se desenha nos bastidores da internet: a adultização infantil como prática sistemática e lucrativa.

Com mais de 35 milhões de visualizações, o vídeo de Felca não apenas gerou indignação, mas também mobilizou o Ministério Público da Paraíba, que abriu investigação contra influenciadores como Hytalo Santos. O conteúdo, que envolvia crianças em situações de exposição indevida, foi removido, mas a pergunta que ficou foi: como chegamos até aqui?

Quando a infância vira algoritmo

A lógica das redes sociais é simples: o que engaja, permanece. E o que permanece, lucra. Crianças são colocadas diante das câmeras em vídeos com danças sensuais, falas adultizadas e comportamentos que imitam influenciadores adultos. O público? Milhões de seguidores, muitos deles adultos. O objetivo? Monetização.

Segundo o pesquisador Lucas Ruiz Balconi, em artigo publicado no jornal O Tempo, “a erotização precoce é impulsionada por algoritmos que recompensam conteúdos com alto engajamento, mesmo que envolvam crianças em situações inadequadas”.

Essa dinâmica revela uma falha estrutural: plataformas que se beneficiam da viralização de conteúdos sem filtros eficazes de proteção infantil. A autodeclaração de idade, por exemplo, permite que qualquer criança crie um perfil e acesse conteúdos impróprios. E pior: permite que adultos explorem essas crianças sob o disfarce de “gestão de carreira digital”.

Reação política: entre a urgência e a omissão

A repercussão do caso gerou uma onda legislativa. Mais de 30 projetos de lei foram apresentados na Câmara dos Deputados, propondo desde a criminalização da exploração digital infantil até multas milionárias para plataformas que não bloquearem conteúdos nocivos.

Na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a chamada “Lei Felca” propõe medidas como a exigência de documentos oficiais para criação de perfis infantis e a proibição da autodeclaração etária. Segundo reportagem de O Globo, o projeto “visa coibir a exposição de crianças em conteúdos que incentivem a sexualização precoce”.

Frentes parlamentares foram lançadas em diversas cidades, como Fortaleza, e a mobilização política parece finalmente reconhecer a gravidade do problema.

O silêncio das plataformas e o papel da sociedade

Enquanto o Estado se movimenta, as plataformas seguem em silêncio. Não há posicionamento oficial do TikTok, Instagram ou YouTube sobre os casos denunciados. A ausência de mecanismos eficazes de verificação de idade e de moderação de conteúdo infantil revela uma negligência que beira a cumplicidade.

A sociedade também precisa se olhar no espelho. A romantização da fama precoce, a busca por likes e a normalização da exposição infantil são sintomas de uma cultura que perdeu o senso de limite. Como aponta o portal Unolife, “a adultização infantil não é apenas uma questão digital, mas um reflexo de valores distorcidos que se perpetuam na vida real”.

Da denúncia à transformação

A denúncia de Felca foi um grito mas não pode ser o único. A adultização infantil na internet é um fenômeno que exige resposta coletiva, legislação firme e plataformas que assumam seu papel. Mais do que proteger a infância, é preciso resgatar o que ela significa: tempo de crescer sem pressa, sem palco, sem likes.

terça-feira, 12 de agosto de 2025

Lixões no Maranhão: a política do descaso institucionalizado

Foto: Carlos Arte

Enquanto o mundo discute sustentabilidade, economia circular e justiça climática, 77 gestores municipais do Maranhão parecem viver em um universo paralelo, onde lixo não fede, não contamina e não mata. Ignoraram solenemente o chamado do Tribunal de Contas do Estado para prestar contas sobre suas políticas de resíduos sólidos. E não foi por falta de aviso: o prazo já havia sido prorrogado, a FAMEM pediu tempo, e mesmo assim, mais da metade dos municípios simplesmente não quis saber.

A pergunta que não cala: é ignorância, incompetência ou desdém? Porque o resultado é o mesmo, lixões a céu aberto, contaminando solo, água e ar, e transformando o Maranhão num retrato cruel da negligência ambiental.

Segundo o IBGE, o estado tem o pior índice de coleta de lixo do país, com apenas 69,8% de cobertura. Isso significa que milhões de maranhenses convivem com o lixo como parte do cotidiano, como se fosse normal viver cercado por vetores de doenças, fumaça tóxica e degradação ambiental.

E não é só o meio ambiente que sofre. A saúde pública está em colapso silencioso. Estudos mostram que a queima de resíduos libera gases tóxicos, aumentando casos de doenças respiratórias. A contaminação do solo e das águas subterrâneas ameaça diretamente o abastecimento de comunidades inteiras. Em Imperatriz, Pinheiro e Zé Doca, por exemplo, os lixões já provocaram perda de biodiversidade, erosão e riscos graves aos catadores que sobrevivem nesses locais.

A Lei nº 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, não é uma sugestão, é uma obrigação. E os gestores que ignoram essa legislação não estão apenas cometendo uma infração administrativa. Estão violando direitos humanos básicos, como o direito ao meio ambiente equilibrado e à saúde.

O que falta? Fiscalização mais dura? Multas exemplares? Ou será que falta vergonha na cara de quem deveria liderar a mudança?

No Conversa de Feira, não vamos normalizar o absurdo. Vamos cobrar, denunciar e expor. Porque lixo não é invisível e o descaso também não deveria ser.

Lista dos municípios que ainda não enviaram informações:

Ainda não responderam ao questionário: Afonso Cunha, Água Doce do Maranhão, Alto Alegre do Maranhão, Amarante do Maranhão, Araguanã, Arari, Bacabeira, Bacurituba, Benedito Leite, Bom Jesus das Selvas, Bom Lugar, Cachoeira Grande, Cedral, Central do Maranhão, Centro do Guilherme, Centro Novo do Maranhão, Chapadinha, Cidelândia, Codó, Conceição do Lago-Açu, Coroatá, Cururupu, Davinópolis, Esperantinópolis, Fortaleza dos Nogueiras, Fortuna, Governador Luiz Rocha, Governador Newton Bello, Governador Nunes Freire, Graça Aranha, Guimarães, Igarapé do Meio, Itaipava do Grajaú, Itapecuru Mirim, Junco do Maranhão, Lago do Junco, Lajeado Novo, Luís Domingues, Maracaçumé, Marajá do Sena, Mata Roma, Matões do Norte, Nova Iorque, Olinda Nova do Maranhão, Parnarama, Paulino Neves, Paulo Ramos, Penalva, Peri Mirim, Pindaré-Mirim, Pirapemas, Presidente Dutra, Presidente Juscelino, Ribamar Fiquene, Santa Rita, Santana do Maranhão, Santo Amaro do Maranhão, Senador Alexandre Costa, Senador La Rocque, Sítio Novo, Tasso Fragoso, Turiaçu, Turilândia, Vitória do Mearim e Zé Doca.

FONTE: TCE MA

domingo, 20 de julho de 2025

Trump, GPS e a nova guerra tecnológica: o que está em jogo?

Sistemas de Conectividades. Foto: Site Sysguru

A recente escalada diplomática entre os Estados Unidos e o Brasil reacendeu um alerta global sobre a dependência tecnológica de sistemas controlados por potências estrangeiras. O presidente norte-americano Donald Trump, em resposta às decisões do Supremo Tribunal Federal contra Jair Bolsonaro, anunciou uma série de sanções que vão além do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros. Entre elas, uma das mais polêmicas: o bloqueio do sinal de GPS no território brasileiro.

Essa medida, se concretizada, teria impactos imediatos e profundos em setores como aviação, logística, agricultura de precisão, telecomunicações e segurança pública. Embora especialistas apontem que o bloqueio total do GPS é tecnicamente difícil devido à desativação da função Selective Availability desde 2000, a ameaça em si já provoca movimentações estratégicas em diversos países.

Como as nações podem reagir?

Diante da possibilidade de sanções tecnológicas, países afetados — como o Brasil — devem considerar ações como:

  • Migração para sistemas alternativos de navegação por satélite, como GLONASS (Rússia), Galileo (UE) e BeiDou (China).
  • Fortalecimento de acordos bilaterais com potências que oferecem esses sistemas.
  • Investimentos em infraestrutura GNSS nacional, como estações de correção e receptores multissistema.
  • Diversificação tecnológica, reduzindo a dependência de serviços controlados por uma única nação.

Qual a diferença entre GPS, GLONASS, Galileo e BeiDou?

Em tempos de tensão geopolítica e ameaças tecnológicas, como o possível bloqueio do GPS pelos EUA, entender os sistemas de navegação por satélite se tornou mais do que uma curiosidade é uma questão estratégica. Afinal, o mundo não depende apenas do GPS. Existem alternativas robustas como o GLONASS, Galileo e BeiDou, cada uma com suas particularidades.

O que é GNSS?

GNSS é a sigla para Global Navigation Satellite System, ou Sistema Global de Navegação por Satélite. É a categoria que engloba todos os sistemas que usam constelações de satélites para fornecer posicionamento, navegação e cronometragem em tempo real.

O que significa cada serviço?

Sistema

Origem

Nome completo

Finalidade inicial

Finalidade atual

GPS

Estados Unidos

Global Positioning System

Militar

Civil e militar

GLONASS

Rússia

Globalnaya Navigatsionnaya Sputnikovaya Sistema

Militar

Civil e militar

Galileo

União Europeia

Homenagem a Galileu Galilei

Civil

Civil

BeiDou

China

BeiDou Navigation Satellite System

Militar

Civil e militar

 

Comparativo técnico

Sistema

Satélites operacionais

Precisão civil média

Cobertura global desde

Altitude dos satélites

GPS

24 (de 32)

30 cm a 0,5 m

1995

~20.200 km

GLONASS

24 (de 26)

2,8 m a 7,8 m

2011

~19.100 km

Galileo

24 (de 30)

até 20 cm

2023

~23.200 km

BeiDou

24 (de 35)

até 10 cm

2020

~21.150 km

É possível escolher qual sistema usar?

Na maioria dos dispositivos modernos como smartphones, relógios inteligentes e drones não é necessário escolher manualmente. Eles já vêm com receptores compatíveis com múltiplos sistemas GNSS, e fazem a triangulação automaticamente com os satélites disponíveis na região.

No entanto, em equipamentos profissionais (como os da Garmin), é possível configurar o uso exclusivo ou combinado de sistemas como GPS + GLONASS ou GPS + Galileo. Essa combinação pode aumentar a precisão em até 20%, especialmente em áreas urbanas ou com obstáculos naturais.

Por que isso importa?

Com a ameaça de bloqueio do GPS por parte dos EUA, países como Brasil podem acelerar a migração para sistemas alternativos. O BeiDou, por exemplo, já é integrado a tecnologias chinesas como o 5G e pode ser uma opção estratégica. O Galileo, por ser civil e europeu, oferece segurança jurídica e técnica. E o GLONASS já tem estações de medição no Brasil, o que melhora a precisão local.

Fontes:

 

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Estadão: Até quando a direita brasileira permitirá ser escrava de um desqualificado como Bolsonaro?

Foto: Antropofagista

Fiéis à desonestidade intelectual do padrinho, governadores bolsonaristas que aspiram à Presidência culpam
Lula pela ameaça de tarifaço de Trump. A direita pode ser muito melhor que isso

Por razões óbvias, Bolsonaro não virá a público condenar o teor da famigerada carta de Trump a Lula. Isso mostra, como se ainda houvesse dúvidas, até onde Bolsonaro é capaz de ir – causar danos econômicos não triviais ao País – na vã tentativa de salvar a própria pele, imaginando que os arreganhos de Trump tenham o condão, ora vejam, de subjugar o Supremo Tribunal Federal e, assim, alterar os rumos de seu destino penal.

Nesse sentido, é ultrajante a complacência de governadores como Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG) e Ronaldo Caiado (GO) diante dos ataques promovidos pelo presidente dos EUA ao Brasil. As reações públicas dos três serviram para expor a miséria moral e intelectual de uma parcela da direita que se diz moderna, mas que continua a gravitar em torno de um ideário retrógrado, personalista, francamente antinacional e falido como é o bolsonarismo.

Tarcísio, Zema e Caiado, todos aspirantes ao cargo de presidente da República, usaram suas redes sociais para tentar impingir a Lula, cada um a seu modo, a responsabilidade pelo “tarifaço” de Trump contra as exportações brasileiras. Nenhum deles se constrangeu por tergiversar em nome de uma “estratégia eleitoral”, vamos chamar assim, que nem de longe parece lhes ser benéfica – haja vista a razia que a associação ao trumpismo provocou em candidaturas mundo afora.A direita brasileira que se pretende moderna e democrática, se quiser construir um legítimo projeto de oposição ao governo Lula da Silva, precisa romper definitivamente com Jair Bolsonaro e tudo o que esse senhor representa de atraso para o Brasil. Não se trata aqui de um imperativo puramente ideológico, e sim de uma exigência mínima de civilidade, decência e compromisso com os interesses nacionais.

O recente ataque do presidente americano, Donald Trump, às instituições brasileiras, supostamente em defesa de Bolsonaro, é só uma gota no oceano de males que o bolsonarismo causa e ainda pode causar aos brasileiros. A vida pública de Bolsonaro prova que o ex-presidente é um inimigo do Brasil que sempre colocou seus interesses particulares acima dos do País. A essa altura, portanto, já deveria estar claro para os que pretendem herdar os votos antipetistas que se associar a Bolsonaro, não importa se por crença ou pragmatismo eleitoral, significa trair os ideais da República e arriscar o progresso da Nação.

Tarcísio afirmou que “Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado”, atribuindo ao petista a imposição de tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras aos EUA – muitas das quais saem justamente do Estado que ele governa. Classificando, na prática, a responsabilidade de Bolsonaro como uma fabricação, o governador paulista concluiu que “narrativas não resolverão o problema”, como se ele mesmo não estivesse amplificando uma narrativa sem pé nem cabeça.

Caiado, por sua vez, fez longa peroração, com direito a citação do falecido caudilho venezuelano Hugo Chávez, antes de dizer que, “com as medidas tomadas pelo governo americano, Lula e sua entourage tentam vender a tese da invasão da soberania do Brasil”. Por fim, coube a Zema encontrar uma forma de inserir até a primeira-dama Rosângela da Silva no script para exonerar Bolsonaro de qualquer ônus político pelo prejuízo a ser causado pelo “tarifaço” americano se, de fato, a medida se concretizar.

O Brasil não merece lideranças que relativizam os próprios interesses nacionais em nome da lealdade a um projeto autoritário, retrógrado e personalista. Até quando a direita brasileira permitirá ser escrava de um desqualificado como Bolsonaro? Não é essa a direita de um país decente. Não é possível defender o Estado Democrático de Direito e, ao mesmo tempo, louvar e defender um ex-presidente que incitou ataques às urnas eletrônicas, ameaçou as instituições republicanas, sabotou políticas de saúde pública e usou a máquina do Estado em benefício próprio e de sua família ao longo de uma vida inteira.

O Brasil precisa, sim, de uma direita responsável, madura e comprometida com o futuro – não de marionetes de um golpista contumaz.

terça-feira, 8 de julho de 2025

Lula vence todos os adversários em 2026 revela pesquisa

Foto: Blog Construir Resistência
Por Guilherme Levorato – Brasil 247

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera com margem confortável os cenários de primeiro turno e vence todos os possíveis adversários em simulações de segundo turno para as eleições presidenciais de 2026, segundo a pesquisa Latin America Pulse – Junho 2025, realizada pelo instituto AtlasIntel em parceria com a Bloomberg Línea.

O levantamento foi feito entre os dias 27 e 30 de junho, com 2.621 entrevistados em todas as regiões do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais. Os números indicam ampla vantagem de Lula frente a nomes da direita como Tarcísio de Freitas (Republicanos), Michelle Bolsonaro, Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União), Ratinho Jr. (PSD) e Eduardo Leite (PSDB).

Lula lidera no 1º turno em todos os cenários

– Nos três cenários principais simulados para o primeiro turno, Lula aparece como o candidato mais votado em dois:

Cenário 1: Lula lidera com 44,6%, seguido por Tarcísio de Freitas (34%). Os demais nomes ficam abaixo de 5%, incluindo Romeu Zema (4,4%), Pablo Marçal (3,7%) e Ciro Gomes (3,5%).

Cenário 2: O presidente chega a 45%, enquanto Michelle Bolsonaro soma 30,4%. Zema (7,2%), Ratinho Jr. (4,8%) e Caiado (4%) aparecem em seguida.

Cenário 3: Sem Lula, Fernando Haddad surge como candidato do campo progressista com 33,3%, praticamente empatado com Tarcísio, que tem 34%. Ciro Gomes (8,3%) é o terceiro colocado.

Lula vence com vantagem no 2º turno – A pesquisa também simulou cenários de segundo turno, sempre com Lula como candidato do campo progressista. Em todos eles, o presidente sairia vitorioso:

Contra Tarcísio de Freitas: 47,6% x 46,9% (diferença de 0,7 ponto)

Contra Michelle Bolsonaro: 48% x 47,5% (diferença de 0,5 ponto)

Contra Romeu Zema: 48% x 38,6% (diferença de 9,4 pontos)

Contra Ronaldo Caiado: 47,8% x 35,3% (diferença de 12,5 pontos)

Contra Ratinho Jr.: 47,3% x 39% (diferença de 8,3 pontos)

Contra Eduardo Leite: 47% x 23,9% (diferença de 23,1 pontos

Mesmo nos cenários mais apertados — contra Tarcísio e Michelle — Lula aparece na frente. A vantagem cresce de forma expressiva diante de nomes menos consolidados no cenário nacional, como Eduardo Leite, Ronaldo Caiado e Ratinho Jr.

Bolsonaro fora da disputa – Embora o nome de Jair Bolsonaro ainda apareça em alguns recortes da pesquisa, o ex-presidente deve ser desconsiderado como candidato viável em 2026. Ele foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030 e está prestes a ser preso por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado.

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Meia-entrada sem Acessibilidade: quando o descaso transforma direito em constrangimento

Guichê para idosos fechado

Sou torcedor, sou maranhense, sou cidadão e tenho 61 anos. No dia 15 de março de 2025, fui ao Castelão acompanhar a partida entre MAC e Sampaio Corrêa pelo Campeonato Maranhense. Queria ver futebol. Saí de lá indignado.

Guichês abertos

Não estou aqui apenas como testemunha. Fui vítima direta da desorganização: apesar da promessa de guichês exclusivos para idosos e estudantes, eles estavam fechados. O que restou foi uma fila única, longa e desrespeitosa, sem nenhum atendimento prioritário, como manda a lei.

Aos 61 anos, tenho direito, garantido pelo artigo 26 do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003), ao atendimento preferencial. Mas naquela tarde, minha idade foi ignorada pela estrutura do evento. E o mais grave: essa falha pode se repetir.

No próximo sábado, 28 de junho, o MAC volta a ser mandante em outro confronto com o Sampaio Corrêa, desta vez pela Série D do Campeonato Brasileiro. Ou seja, a organização da bilheteria estará, mais uma vez, sob responsabilidade do clube que falhou anteriormente. Estaremos atentos.

Não basta oferecer meia-entrada se o acesso a ela é minado por obstáculos desnecessários. Direito só é direito quando pode ser exercido com dignidade. E a estrutura oferecida pelo MAC, naquele jogo, falhou com a lei, com o torcedor e com os valores do esporte.

O futebol é coletivo, é inclusão, é respeito. Espero e vou observar que neste sábado os erros não se repitam. Porque se nada mudar, a negligência deixará de ser episódio isolado e passará a ser política recorrente. Aí, meu amigo, o jogo muda de figura.

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Juros nas Alturas: O Brasil em 2º Lugar no Ranking Global e o Impacto Real na Vida dos Brasileiros

Foto: Blog do Eliomar

Na última reunião do Copom (18 de junho de 2025), o Banco Central elevou a taxa Selic para 15% ao ano, fazendo com que o Brasil ocupasse a 2ª posição no ranking global de juros reais, atrás apenas da Turquia. Essa decisão, vendida como técnica, tem consequências profundas e políticas na economia, na vida cotidiana e na capacidade do país de crescer com justiça social.

Enquanto boa parte do mundo inicia ciclos de redução de juros, o Brasil caminha na contramão, puxando o freio de mão da economia. O motivo alegado: controlar a inflação, projetada em 5,5%. Mas com juros reais de 9,53%, o remédio tem sido mais amargo que a doença.

Quem ganha e quem perde?

Com a Selic nesse patamar, investir em renda fixa ficou mais atrativo, mas apenas para quem já tem dinheiro. Veja os rendimentos anuais aproximados:

CDB (100% do CDI):12,7% bruto

Tesouro Selic:12,6% bruto

Poupança: 8,17%, abaixo da inflação

Inflação esperada: 5,5%

Para quem consegue aplicar R$ 10 mil, o retorno bruto pode ultrapassar R$ 1.100 em um ano. Já quem precisa parcelar a geladeira ou recorrer ao rotativo do cartão, pode enfrentar juros de até 430% ao ano. Um abismo social e financeiro que se aprofunda.

Setores da economia em alerta

Os impactos da alta dos juros não ficam apenas nos boletos das famílias. Afetam diretamente o pulmão produtivo do país:

Construção civil: financiamento proibitivo, empreendimentos parados e o sonho da casa própria adiado.

Varejo: com o consumo retraído, lojistas lutam para manter vendas e empregos.

Transporte e logística: margens apertadas e dívidas mais caras corroem a operação das empresas.

Agronegócio: crédito rural mais caro compromete desde o plantio até a exportação.

E não para por aí. O próprio governo federal, que busca ampliar investimentos públicos, políticas sociais e estímulo à renda, se vê limitado. Quase 47% da dívida pública está atrelada à Selic, e estima-se que R$ 1 trilhão sejam gastos só com juros em 2025. Recurso que poderia financiar saúde, educação, moradia e infraestrutura.

Uma política monetária neutra?

É nesse cenário que surge uma pergunta incômoda, mas necessária: pra quem serve essa política de juros altos? Aos investidores institucionais, parece servir muito bem. Aos brasileiros que vivem com o orçamento no limite, não.

O Banco Central é autônomo, mas deveria ser também socialmente consciente. Não se combate inflação ignorando a desigualdade. Não se constrói crescimento sufocando consumo e investimento produtivo.

O governo tem feito sua parte tentando manter o país em movimento. Mas enquanto as taxas forem usadas como ferramenta de restrição cega, o desenvolvimento sustentável seguirá engessado.

É hora de questionar. Discutir. E exigir que o debate sobre juros saia dos salões técnicos e chegue à vida real.

Fontes:

Banco Central do Brasil (copom.bcb.gov.br)
Relatório Focus (BCB)
Tesouro Nacional
MoneYou (Jason Vieira)
ABRAINC – Associação Brasileira de Incorporadoras
Estatísticas Monetárias e de Crédito – BCB

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Conteúdos de ódio contra alunos e escolas crescem 360% nas redes

Foto: reprodução/Canva

Casos de violência extrema em escolas brasileiras tiveram aumento significativo a partir de 2019. Ao mesmo tempo, apenas em 2025, foram contabilizados mais de 88 mil posts em redes sociais com conteúdo de ódio contra alunos, docentes, diretores e ameaças às escolas. Em quatro anos, conteúdos dessa natureza saltaram 360%.

As informações fazem parte da pesquisa “Aspectos da violência nas escolas analisados a partir do mundo digital”, feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em parceria com a Timelens, agência de análise de dados.

De acordo com o levantamento, divulgado nesta quarta-feira (11), até o último dia 21 de maio, mais de 88 mil posts de ameaças a escolas foram registrados, sendo possível projetar crescimento em relação ao ano passado, quando foram contabilizadas 105,1 mil menções.


Comentários que exaltam perpetradores de ataques saltaram de 0,2% em 2011, ano marcado pelo massacre de Realengo (RJ), para 21% em 2025. Neste ano, “os principais elogios recaem sobre jovens que, supostamente, reagiram com violência após sofrerem consequências psicológicas e emocionais decorrentes do bullying”, aponta o estudo.

Os elogios aos agressores voltam-se, sobretudo, para aspectos que os colocam numa situação “justa” de legítima defesa (35%), ou como heróis (23%). Na sequência, está o revide a agressões emocionais com agressão física (15%); a chamada “vingança justa” representa 12% e a reação efetiva para cessar o bullying responde por 5%. Outros elementos somam 10%.

Um caso recente que demonstra a gravidade desse quadro foi o de uma estudante de 14 anos morta por um colega de sala de aula em Minas Gerais, em 8 de maio. Ao todo, 27% das menções nas redes foram positivas ao agressor e o restante, negativas. Ainda que estas sejam maiores que aquelas, o percentual revela um grande apoio a atitudes de violência extrema entre os jovens.

Extremismo em alta

Olhando os dados, é possível perceber que essa situação de alta violência — que envolve especialmente uma população tão jovem e vulnerável e na qual vida real e virtual se misturam e se influenciam mutuamente — caminhou juntamente com a ascensão do discurso de ódio alimentado pela extrema direita.

Antes mesmo de 2019, mas em especial a partir deste ano — com a chegada de Jair Bolsonaro e seus apoiadores ao poder central do país e aos parlamentos e governos locais —, houve um processo de estímulo e naturalização aos ataques físicos e verbais, presenciais ou em redes sociais, especialmente contra populações minorizadas.

O caldo gerado a partir desse tipo de discurso serviu de fio condutor para viabilizar todo tipo de violência, especialmente na população mais jovem, a mais exposta às ideias promovidas via redes sociais. Se foi fácil chegar a esse quadro, sua reversão, no entanto se revela um complexo desafio.

De acordo com a pesquisa, entre 2001 e 2018, houve dez ataques às escolas brasileiras. “Nesse intervalo, nunca houve mais do que dois casos em um mesmo ano. Adicionalmente, na maioria desses anos não houve episódios de violência extrema registrados, como nos períodos 2004-2007, 2009-2010 e 2013-2016”, explica o estudo.


Já a partir de 2019, “observamos um aumento significativo nesses episódios de violência extrema”, afirma. Naquele ano, foram ao menos dois ataques; em 2020, veio a pandemia e o fechamento de boa parte das escolas. No ano seguinte, houve novamente ao menos dois ataques; em 2022, dez e em 2023, 15 ataques, que resultaram na morte de nove pessoas e em 29 feridos.

Segundo a pesquisa, há um paralelo entre a intensificação de conteúdo violento nas redes sociais a partir de 2021 — com mais menções positivas a autores de violência em contexto escolar como reações legítimas a situações de bullying — e o crescimento no número de registros de ataques de violência extrema em escolas, que apresentaram aumento significativo entre 2022 e 2023.

O estudo aponta como as principais causas para esse cenário o aumento do extremismo e sua disseminação por meios digitais; a falta de controle e criminalização de discursos e práticas de ódio; a promoção da cultura armamentista e a glorificação da violência; a prevalência de bullying, preconceitos e discriminações no ambiente escolar e a insuficiente formação profissional para lidar com questões como mediação de conflitos e convivência escolar.

Lógica das redes valoriza violência

Ao tratar de como a lógica das redes sociais — cujos algoritmos valorizam conteúdos de maior engajamento — colabora diretamente para esse resultado, a pesquisa mostra que conteúdos voltados ao ódio contra outros grupos geram 67% mais tempo de tela, cliques e comentários.

A pesquisa alerta para o fato de que “se o ataque acontece no colégio, a radicalização começa no quarto, no celular, nas redes sociais e nos fóruns, que os adultos não veem – e não entendem”. E o que estamos vendo, completa, é que isso “não começa aos 15, mas aos cinco, seis anos – com celulares nas mãos e tablets no colo”.

De acordo com a pesquisa, em 2024, 35% das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos estavam liberados pelos pais para usar em ambiente privado, totalmente sozinhos. A faixa de até seis anos respondia por 23%.

Mais de 97% das crianças e adolescentes acessam a internet pelo celular, um dispositivo individual e difícil de ser monitorado. Entre os 9 e os 17 anos, 81% possuem seu próprio dispositivo, diz o levantamento, tendo por base dados da pesquisa Tic Kids Online, 2025.

Outra dado revelado pela pesquisa é que aquilo que antes figurava principalmente na deep web, hoje já trafega mais facilmente na internet acessível a todos os usuários.

Conforme a pesquisa, 90% dos conteúdos com discurso de ódio em 2023 estavam restritos àquele tipo de rede que não aparece em buscas comuns. Em 2025, a exposição desse tipo de conteúdo na deep web caiu para 78%, “sinalizando que as mensagens violentas e ameaçadoras que antes circulavam por esse ambiente fechado agora aparecem livremente, sem qualquer tipo de filtro, na web tradicional”.


O estudo se debruça, ainda, sobre o cyberbullyng — forma de agressão que se utiliza de mecanismos tecnológicos para humilhar e intimidar pessoas —, mostrando que o mesmo atinge igualmente meninos e meninas, 12% cada. No entanto, são os meninos que mais praticam ofensas, 17%, contra 12% das meninas.

“Diferentemente das gerações anteriores, não há separação entre o mundo online e o offline — é uma vida só, híbrida. E, se não compreendermos bem essa experiência, não vamos conseguir criar respostas eficazes para protegê-las”, explica Manoela Miklos, pesquisadora sênior do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Para ela, enfrentar esse cenário exige responsabilidade compartilhada entre Estado, escolas, famílias e sociedade.

Reversão de tendência

Apesar do cenário sombrio, a pesquisa destaca que, desde 2024, houve uma reversão de tendência, com poucos registros de violência nas escolas.

“Neste sentido, é possível constatar que os esforços coordenados entre os atores públicos da rede de proteção, liderados pelo MEC (Ministério da Educação), no âmbito do Escola que Protege, têm conseguido evitar uma tendência de crescimento no número de casos consumados a partir de 2024, apesar de um ambiente digital em processo de acentuação de sua radicalização”, argumenta a pesquisa.

O programa foi criado em 2023 e lançado no ano passado. Segundo a pasta, o objetivo é fortalecer a capacidade das redes de ensino para prevenir e enfrentar a violência nas escolas. 
 Para tanto, aposta na promoção da formação continuada de profissionais da educação; no fomento à construção de planos de enfrentamento à violência e respostas a emergências, além do assessoramento das redes de ensino em casos de ataques de violência extrema. Ainda conforme o MEC, a previsão de investimentos é de R$ 24 milhões até 2027, com o impacto pretendido de 28 milhões de alunos.

FONTE: O Vermelho

sábado, 31 de maio de 2025

"Colaborador ou Subordinado? A verdade por trás da retórica empresarial"

Foto: NEO Pessoas

Nos últimos anos, tornou-se comum a substituição de termos como "empregado" por "colaborador", além da adoção de expressões como "família corporativa" e "salário emocional". Embora possam parecer inofensivos ou até motivacionais, esses conceitos cumprem um papel estratégico: disfarçar relações de exploração e desestimular a organização dos trabalhadores em prol de melhores condições laborais.

O termo colaborador, por exemplo, sugere um envolvimento voluntário e participativo dentro da empresa, reduzindo a percepção da venda da força de trabalho em troca de um salário. Ao retirar a ideia de subordinação, empregadores buscam suavizar hierarquias sem oferecer, de fato, direitos adicionais. Da mesma forma, o conceito de família corporativa cria um vínculo emocional que pode resultar em jornadas excessivas e cobranças desproporcionais, mantendo o trabalhador mais dedicado sem necessariamente garantir segurança ou estabilidade no emprego.

Outro mecanismo comum é o salário emocional, onde as empresas promovem benefícios intangíveis, como um ambiente agradável e eventos internos, para mascarar remunerações insuficientes. Essa estratégia desvia o foco das reais reivindicações trabalhistas, levando o funcionário a se sentir privilegiado por fazer parte da organização sem perceber que, na prática, seus direitos essenciais continuam sendo negligenciados. Expressões como mindset de dono e empreendedor interno reforçam essa lógica, incentivando o trabalhador a assumir responsabilidades sem retorno proporcional.

As empresas frequentemente utilizam uma linguagem estratégica para suavizar ou mascarar relações de exploração no ambiente de trabalho. Aqui estão alguns termos comuns:

Colaborador – Em vez de "empregado", sugere uma relação mais participativa, mas sem necessariamente garantir direitos adicionais.

Família corporativa – Cria a sensação de pertencimento, mas pode ser usada para justificar dedicação extrema sem compensação justa.

Empreendedor interno – Incentiva o funcionário a agir como dono do negócio, sem os benefícios reais de ser um proprietário.

Flexibilidade – Pode significar jornadas imprevisíveis e falta de estabilidade no emprego.

Salário emocional – Destaca benefícios intangíveis, como ambiente agradável, para desviar o foco de remuneração inadequada.

Mindset de dono – Pressiona os funcionários a assumirem responsabilidades além do esperado, sem retorno proporcional.

Cultura de alta performance – Pode ser usada para justificar sobrecarga de trabalho e metas inalcançáveis.

Plano de carreira – Muitas vezes, é uma promessa vaga sem garantias reais de crescimento profissional.

Esses termos fazem parte de um vocabulário corporativo que pode ser usado para motivar, mas também para disfarçar condições de trabalho desafiadoras.

Ao adotar essa linguagem motivacional, as corporações reduzem a adesão a movimentos de luta, sindicatos e reivindicações por melhores salários. A ilusão de pertencimento pode diluir a consciência de classe, dificultando o enfrentamento da exploração estrutural presente no mercado de trabalho. Por isso, é essencial desmistificar esses discursos, fortalecer a organização coletiva e garantir que os trabalhadores tenham voz ativa na construção de condições dignas e justas.






sexta-feira, 30 de maio de 2025

Arborização Urbana em São Luís: Desafios e Caminhos para um Futuro Mais Verde

Avenida em São Luís (Foto:Blog do Ed Wilson)

A arborização urbana é essencial para o equilíbrio ambiental e a qualidade de vida nas cidades, influenciando o conforto térmico, a biodiversidade e a saúde pública.

No Brasil, segundo dados do Censo Demográfico 2022, divulgado pelo IBGE a distribuição de áreas verdes varia entre as capitais, refletindo diferentes níveis de planejamento urbano.

No Nordeste, segundo o IBGE, Fortaleza lidera a arborização, com 59,7% da população vivendo em ruas com árvores. No entanto, São Luís enfrenta uma realidade preocupante, com apenas 34,3% das vias arborizadas.

Avenida em Fortaleza (Foto: Diário do Nordeste)

Os desafios da capital maranhense são diversos. O crescimento urbano desordenado contribuiu para a baixa cobertura vegetal, sem uma política clara de preservação ambiental. O baixo investimento e lentidão na execução de políticas públicas impedem avanços concretos na arborização. A ausência de vegetação intensifica os impactos climáticos, causando ilhas de calor e aumentando o risco de enchentes. Além disso, a falta de conscientização e participação popular dificulta a adoção de práticas sustentáveis.

Ranking de arborização das capitais do Nordeste:

Posição

Capital

% da população vivendo em vias arborizadas

Fortaleza

59,7%

Teresina

57,7%

Natal

55,2%

João Pessoa

53,2%

Recife

51,1%

Maceió

46,2%

Aracaju

44,3%

São Luís

34,3%


Caminhos para um Futuro Mais Verde


Mesmo com diretrizes estabelecidas no Plano Diretor de São Luís e iniciativas de universidades e entidades ambientais, a cidade ainda carece de planejamento e fiscalização adequados. Para reverter esse quadro, é necessário aumentar os investimentos em infraestrutura verde, fortalecer o planejamento urbano e envolver a população no processo de conservação ambiental. A arborização não é apenas estética, mas uma estratégia essencial para tornar São Luís mais sustentável e resiliente diante das mudanças climáticas.





quarta-feira, 28 de maio de 2025

Retrato da Mão de obra desperdiçada


Foto: Blog Cidadania & Cultura

Do Blog Cidadania & Cultura

Com a taxa de desemprego de 7% no primeiro trimestre, a menor da história para o período, o chamado desperdício da mão de obra também está em seus menores níveis. A taxa de subutilização da força de trabalho foi de 15,9% no primeiro trimestre, a segunda menor da série da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2012. Só fica acima dos 15,6% de 2014, antes da recessão de 2015 e 2016.

A taxa indica a parcela de trabalhadores subutilizados frente à força de trabalho ampliada do país, que soma a força de trabalho (quem está trabalhando ou em busca de vaga) com a força de trabalho potencial. O grupo de trabalhadores subutilizados reúne desempregados, pessoas que trabalham menos horas do que gostariam e trabalhadores na força de trabalho potencial, que podem buscar posição e não estar disponíveis ou nem procuram por acreditar não ter chances de conseguir a vaga, por exemplo.

A taxa de subutilização é uma medida mais ampla e traz outras perspectivas sobre o que ocorre no mercado de trabalho. São pessoas que poderiam estar alocadas de maneira mais eficiente na economia.

O comportamento dessas medidas de subutilização acompanha o da taxa de desemprego. Com mercado aquecido, medidas de subutilização estão perto das mínimas. Mas ainda são pessoas que poderiam ser usadas de maneira mais produtiva para a atividade econômica, mas não estão por série de fatores.

Apesar do momento positivo do emprego, o economista da LCA 4Intelligence Bruno Imaizumi aponta que as outras faces do mercado de trabalho observadas nos dados sobre trabalhadores subutilizados permitem ver que há mais espaço para melhorias.

A taxa de subutilização inclui todos os trabalhadores desse grupo. Mas há também medidas intermediárias. No primeiro trimestre, o indicador que somava os desempregados e aqueles que trabalhavam menos horas do que gostariam estava em 11,1%, a menor para o período e pouco acima do piso de 10,6% da série histórica.

Há também um indicador que soma desempregados, quem trabalha menos horas que gostaria e aqueles em desalento – que desistiram da busca por uma vaga por não terem esperança de conseguir, seja porque não se acham qualificados, seja porque não veem chances de vagas no local onde vivem, por exemplo. Essa taxa estava em 13,9%, a segunda menor para um primeiro trimestre da série. Todas elas, no entanto, encontram- se em dois dígitos.

“O desemprego está caindo e as taxas alternativas [de subutilização] também recuam, mas apontam um nível elevado na comparação com a taxa de desocupação. É uma mão de obra que podia estar contribuindo para o mercado”, diz Imaizumi.

Em números absolutos, o grupo de trabalhadores subutilizados somava 18,463 milhões de pessoas – frente a uma população ocupada de 102,5 milhões. Desse total de 18,463 milhões, 7,714 milhões eram pessoas que estavam ativamente em busca de trabalho. Os restantes 10,749 milhões eram trabalhadores que estavam ocupados, mas por menos horas do que gostariam (4,552 milhões), ou estavam na força de trabalho potencial (6,197 milhões).

A força potencial reúne os chamados desalentados (3,228 milhões) – que desistiram de buscar trabalho por acreditarem que não têm chances de conseguir – e trabalhadores que não procuram de forma ativa, mas estariam disponíveis ou procuram, mas não estariam aptos a trabalhar naquele momento (2,969 milhões).

Na avaliação de Bruno Imaizumi, iniciativas fora da esfera macroeconômica poderiam ajudar a reduzir essa mão de obra desperdiçada. Parte desse grupo é formada por pessoas, especialmente mulheres, que estão dedicadas a cuidados com a casa ou com família – crianças ou idosos.

“Creches e locais de apoio para idosos poderiam liberar o tempo dessas pessoas, que dessa forma teriam como se inserir no mercado de trabalho”, nota.

Entre os indicadores de subutilização da força de trabalho, o único que não está nos menores níveis é o que considera o desalento individualmente. No primeiro trimestre de 2025, 2,8% das pessoas na força de trabalho estavam em situação de desalento, quase o dobro da menor taxa para um primeiro trimestre, que foi de 1,5% em 2014.

Neste caso, apontam os economistas, o movimento é influenciado pelas mudanças nas relações de trabalho trazidas pelo covid-19. “O desalento caiu consideravelmente desde a pandemia [quando se aproximou dos 6%], mas a queda não se dá na mesma velocidade que as outras taxas. É possível fazer um paralelo com a taxa de participação, que em vários países não recuperou o nível pré-pandemia”, diz Valério.

Permanência fora do mercado de trabalho daqueles perto da idade da aposentadoria, percepção de que a economia se encontra pior do que a realidade e expansão dos programas sociais do governo são algumas das hipóteses citadas para explicar essa situação.

“Houve mudança estrutural no mercado no pós-pandemia, uma transformação das relações de trabalho, e parte dos trabalhadores não deve mais voltar”, afirma o economista da LCA 4Intelligence.

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Proinfra/Uema realiza Primeiro Simpósio de Gestão Resíduos Sólidos

Mesa-redonda: Boas Práticas de Gestão de Resíduos Sólidos
das Instituições de Ensino Superior do Maranhão (Foto:UEMA)

Aconteceu nos dias 22 e 23 de maio, na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), o Simpósio de Gestão de Resíduos Sólidos, promovido pela Coordenação de Gestão de Resíduos Sólidos da Pró-Reitoria de Infraestrutura (PROINFRA). Com o tema “Reaproveitar, Reciclar e Reimaginar o Futuro dos Resíduos Sólidos”, o evento reuniu diversos especialistas, pesquisadores e gestores públicos em uma programação híbrida que se seguiu até o final da tarde de hoje, 23 de maio, com o objetivo de fomentar o debate e apresentar soluções práticas para os desafios da sustentabilidade.

A palestra de abertura, intitulada “Ações e Políticas Associadas à Redução, Reutilização e Reciclagem de Resíduos Sólidos”, foi ministrada por Cássio Giovanni, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). O palestrante abordou políticas públicas e ações práticas voltadas à sustentabilidade e à mitigação dos impactos ambientais, destacando a importância da articulação entre os diversos setores da sociedade.

Gestores da Área de Sustentabilidade das Universidade:
UEMA, UFMA, IFMA e UEMASUL (Foto: UEMA)

No período da tarde do dia 22 de maio, no auditório da UEMANET, o evento contou com uma série de mesas-redondas, que discutiram a atuação das instituições na gestão de resíduos sólidos. Estiveram presentes o Prof. Dr. Antônio Jacob Junior, Luane Lemos (representante da EMAP), Raimundo Nonato (representando a SEMOSP), Laiana Linhares (representando a SEMA), além da Prof.ª Dra. Andrea do Carmo Araújo, da Prof.ª Dra. Georgiana Marques (IFMA), da Prof.ª Dra. Ivoneide Nascimento (UEMASUL), da Coordenadora da Gestão de Resíduos Sólidos da PROINFRA, Luciana Barros Oliveira e do administrador, Jorge Antonio Carvalho da Divisão de Conservação e Meio Ambiente da UFMA. 

Os debates mostraram de que forma cada instituição, por meio de seus representantes, tem atuado na construção de estratégias eficientes para a gestão dos resíduos sólidos, com foco na preservação do planeta.

O evento finalizou com a apresentação dos trabalhos acadêmicos submetidos, promovendo a valorização da pesquisa e do conhecimento científico como pilares fundamentais para a inovação e sustentabilidade ambiental.

Vc pode assistir os debates das mesas redondas no link abaixo: