quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Sampaio Corrêa sob cerco: entrevista de Frota vira palco de desinformação e ataque à torcida

Momento da entrevista

Por Jorge Antonio Carvalho*

Nesta semana, o Movimento Sampaio é do Povo foi convocado para audiência na 6ª Promotoria de Justiça de São José de Ribamar, em meio às denúncias que envolvem a gestão do presidente Sérgio Frota. Incomodado com a mobilização crescente da torcida, Frota reagiu com uma entrevista de quase duas horas transmitida pela TV Sampaio, numa tentativa de conter a pressão popular, mas que acabou revelando ainda mais contradições e omissões.

A encenação da transparência

Na entrevista, Frota e seu vice tentaram abordar temas como a campanha de 2025, mudanças na CBF, expectativas para 2026, elenco renovado e a possível entrada de investidores via SAF. No entanto, o que se viu foi uma aula de desinformação: nenhuma explicação concreta sobre a venda do CT José Carlos Macieira, nenhum esclarecimento sobre os recursos recebidos nas competições nacionais, e um verdadeiro malabarismo sobre os termos da SAF. Pior: a torcida foi desqualificada, o movimento foi tratado como ameaça e chamado de "corja" e os questionamentos levados ao Ministério Público foram distorcidos.

Veja a entrevista completa no YouTub no link abaixo: 


Um clube sequestrado por um projeto pessoal

Como já denunciado no blog Conversa de Feira, o Sampaio Corrêa vive sob uma gestão personalista, marcada por reformas estatutárias que blindam o poder e excluem a torcida das decisões. O estatuto atual permite ao presidente controlar quem pode votar, aprovar chapas eleitorais e até reconsiderar seus próprios atos — um modelo que transforma o clube em feudo privado.

A venda nebulosa do CT

A venda do Centro de Treinamento José Carlos Macieira é o símbolo máximo da dilapidação patrimonial. Segundo o professor Raimundo Castro, há indícios de que Frota atuou como procurador de um particular na negociação do terreno, e não como defensor dos interesses do clube. O Sampaio ainda pagou R$ 200 mil em 2022 como “ressarcimento” por um bem que deveria ser seu. Até hoje, não há escritura pública, atas de assembleia, contrato formal ou prestação de contas sobre os mais de R$ 6 milhões arrecadados.

O povo exige justiça

O movimento já protocolou denúncia no Ministério Público sob o número SIMP nº 007169-509/2025, e não descarta ação popular com pedido de afastamento e intervenção judicial. Há precedentes: a Justiça maranhense já afastou a diretoria da Federação Maranhense de Futebol em agosto de 2025.

A torcida como protagonista

O Sampaio nasceu do povo e será devolvido ao povo. A arquibancada não é cenário decorativo é instância legítima de deliberação. O Movimento Sampaio é do Povo exige auditoria completa, reforma estatutária, eleições livres e transparência radical. Porque o que está em jogo não é apenas um mandato, mas o futuro de um clube centenário.

*Jorge Antonio Carvalho - Oficial do Blog Conversa de Feira

domingo, 14 de setembro de 2025

São Luís e o lixo urbano: quando a prefeitura insiste em enxugar gelo

UEB Darcy Ribeiro, foto de Juvencio Matos/TV Mirante em 2024,
situação ainda é a mesma hoje.

Por Jorge Antonio Carvalho*

Em São Luís, o problema da coleta de lixo deixou de ser apenas uma questão de limpeza urbana, tornou-se um reflexo da ausência de políticas públicas eficazes. Em diversos corredores da cidade, o lixo se acumula nos canteiros, é descartado fora dos dias de coleta e espalhado por animais e pessoas em busca de materiais reaproveitáveis. A prefeitura, sem planejamento e sem campanhas educativas, parece atuar como quem enxuga gelo: recolhe o lixo hoje, vê tudo voltar amanhã.

Corredores urbanos que viraram pontos de descarte

Três locais ilustram bem esse cenário:

Corredor da Avenida João Pessoa - Entrada do Bairro Filipinho:





Corredor da Avenida Africanos - do início das Franceses até semáforo das entradas do Coroado e Coroadinho.







Corredor da Avenida Vitorino Freire, lado do Bairro Madre Deus





Nesses pontos, comerciantes e moradores descartam lixo diariamente, ignorando os dias oficiais de coleta. A ausência de fiscalização e de ações educativas transforma esses espaços em pequenos lixões urbanos, com impacto direto na saúde pública e na imagem da cidade.

A prefeitura não dá conta e não articula

A justificativa da falta de pessoal para atuar casa a casa nesses entornos não pode ser desculpa para a inércia. A solução não está apenas em mais caminhões ou mais garis, mas em articulação. A prefeitura precisa buscar caminhos que envolvam a sociedade civil, instituições de ensino e órgãos ambientais.

Há alternativas viáveis e já testadas em outras cidades: envolver escolas públicas e privadas, universidades, agentes comunitários e até comerciantes locais em ações de educação ambiental. A juventude, por exemplo, pode ser mobilizada como força transformadora com oficinas, campanhas, sinalização e diálogo direto com a comunidade.

Segundo a Superintendência de Limpeza Pública (SULIP), a coleta domiciliar é realizada em dias alternados nos bairros e diariamente nas principais avenidas. A orientação é que o lixo seja acondicionado em sacos plásticos e colocado na porta cerca de duas horas antes da coleta. No entanto, a prática cotidiana em muitos desses pontos revela que essa programação não é respeitada e tampouco fiscalizada.

Além disso, a Patrulha Ambiental de São Luís, criada para fiscalizar o descarte irregular, atua com base no Decreto Municipal nº 58.614/2022, que regulamenta o Sistema de Limpeza Urbana e Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos. Ainda assim, segundo levantamento de entidades locais, a cidade possui cerca de 500 pontos de descarte irregular, evidenciando a insuficiência das ações de fiscalização.

Caminhos possíveis: educação e protagonismo comunitário

A solução para o problema não se resume à ampliação da coleta. É necessário investir em campanhas permanentes de educação ambiental, com envolvimento direto da comunidade. A articulação com escolas, universidades, comerciantes e agentes comunitários pode transformar a cultura do descarte e promover responsabilidade coletiva.

Experiências locais demonstram que o protagonismo juvenil, aliado à formação cidadã, pode ser um vetor de mudança. Oficinas, sinalização educativa, ações culturais e diálogo direto com moradores são estratégias viáveis e de baixo custo que podem ser incorporadas à política pública municipal.

Espaço aberto ao poder público e à sociedade

Este espaço permanece aberto à manifestação oficial da Prefeitura de São Luís, caso deseje esclarecer à população sobre medidas já adotadas ou em fase de implementação nos pontos citados. A transparência institucional é essencial para que a sociedade compreenda os desafios enfrentados e acompanhe os avanços propostos.

Da mesma forma, este artigo convida a comunidade moradores, comerciantes, educadores e estudantes a refletir e participar ativamente da construção de soluções sustentáveis. A transformação dos bairros começa com o engajamento coletivo e com o fortalecimento de práticas cidadãs que promovam saúde, respeito ao meio ambiente e qualidade de vida

A cidade precisa parar de apagar incêndios e começar a construir soluções. O lixo não é apenas um problema de coleta é um problema de cultura, de gestão e de prioridade.

*Jorge Antonio Carvalho - Oficial do blog


quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Gás do Povo: Perguntas e respostas sobre o programa

O programa assegura acesso digno e gratuito a
um insumo considerado essencial. Foto: Pexels

O Gás do Povo é a nova política pública criada para ampliar e fortalecer o acesso ao gás de cozinha no Brasil. Substitui o Auxílio Gás dos Brasileiros (Lei nº 14.237/2021), garantindo mais justiça social, saúde e dignidade às famílias de baixa renda. O programa vai oferecer gratuidade no botijão de gás de cozinha (GLP) para 15,5 milhões de famílias brasileiras, com benefício a cerca de 50 milhões de pessoas. O programa busca diminuir o efeito do preço do gás de cozinha para as famílias de baixa renda, inscritas no Cadastro Único, com renda per capita mensal menor ou igual a meio salário-mínimo, e prioriza beneficiários do Bolsa Família. O programa representa um avanço significativo na política de proteção social brasileira, ao assegurar o acesso digno e gratuito a um insumo essencial. É um investimento direto na qualidade de vida, na saúde e na segurança alimentar das famílias.

Confira abaixo, as principais perguntas e respostas sobre o programa.

Caso queira conferir todas as perguntas e respostas sobre o programa, acesse aqui 

Por que o novo formato foi criado?

O Gás do Povo surgiu para aperfeiçoar e ampliar os resultados da política anterior, o Auxílio Gás, aumentando muito seu alcance e promovendo alívio financeiro no custo do botijão de GLP para as famílias beneficiadas. O Auxílio Gás contempla 5,13 milhões de famílias. O Gás do Povo vai triplicar esse alcance, beneficiando 15,5 milhões de famílias.

No modelo anterior, o benefício era pago em dinheiro. Agora, será oferecida a gratuidade na compra do botijão. Assim, o Governo Federal assegura que a política cumpra efetivamente a missão de proteger as famílias mais vulneráveis, garantir a redução da exposição à fumaça da lenha e a proteção da saúde das famílias.

Cabe destacar que as mulheres são chefes de família em cerca de 90% dos lares beneficiados pelo Auxílio Gás (dados de abril de 2025), e são justamente elas que mais sofrem os efeitos da pobreza energética: são as principais responsáveis pela cocção dos alimentos, as que mais se expõem à poluição intradomiciliar e as que mais comprometem tempo e saúde na coleta de lenha (OMS, 2024).

Qual o desafio enfrentado pelas famílias brasileiras?

Para milhões de famílias brasileiras, o ato simples de cozinhar se transforma em um desafio diário, carregado de riscos e dificuldades. O alto custo do botijão de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) e a complexidade de sua distribuição em áreas mais afastadas impedem que muitas casas tenham acesso à energia limpa e segura. A realidade é o uso de alternativas precárias como lenha, carvão e querosene, que expõem mulheres e crianças a ambientes insalubres, marcados por fumaça tóxica, doenças respiratórias crônicas e o perigo constante de queimaduras.

Quando o benefício começará a valer?

O programa passará por uma transição gradativa entre a modalidade atual e o novo formato. A previsão é que os primeiros botijões comecem a ser entregues ainda em novembro deste ano. Em março de 2026, o novo formato deve alcançar todas as 15,5 milhões de famílias.

Quem terá direito ao benefício?

Famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico), com renda per capita de até meio salário mínimo (R$ 759), com prioridade para aquelas que recebem Bolsa Família (renda per capita de até R$ 218).

Recebo o Bolsa Família, posso receber o Programa Gás do Povo?

Sim. O pagamento do programa poderá ser acumulado com outros benefícios, auxílios e o Programa Bolsa Família.

Inconsistências cadastrais no CadÚnico resultam em exclusão automática do Programa?

Sim. É de responsabilidade do beneficiário manter seus dados atualizados no Cadastro Único e, sem inconsistências de informações, para manutenção do benefício.

Lembramos a importância de manter seus dados atualizados e corretos em outras bases do Governo Federal, como Receita Federal, Justiça Eleitoral, entre outras.

Haverá revisão cadastral e de elegibilidade para as famílias do programa?

Informamos que regularmente o Governo Federal realiza análise e revisão do cadastro dos beneficiários do Programa Gás do Povo. Famílias que não atenderem aos critérios de elegibilidade poderão ser excluídas do programa.

Meu CPF está irregular e minha família está impedida de ingressar?

Sim, o CPF do responsável da família estiver irregular, isso pode impedir o ingresso ou a continuidade no programa. A regularização do CPF é essencial.

Qual a quantidade de botijões de gás que minha família poderá receber com o desconto em um ano?

O Programa Gás do Povo foi meticulosamente planejado para atender às necessidades reais das famílias, garantindo maior equidade:

» Famílias com 2 integrantes: Receberão até 3 botijões por ano. Validade de 4 meses, cada vale.
» Famílias com 3 integrantes: Receberão até 4 botijões por ano. Validade de 3 meses, cada vale.
» Famílias com 4 ou mais integrantes: Receberão até 6 botijões por ano. Validade de 4 meses, cada vale.

Como o beneficiário vai acessar o benefício?

O beneficiário vai retirar os botijões diretamente nas revendas credenciadas mais próximas de sua moradia, sem intermediários.

A autorização para a retirada se dará com quatro possibilidades ainda em fase final de detalhamento: aplicativo (VALE DIGITAL), cartão específico para o programa, QR Code (VIA CARTÃO DO BOLSA FAMÍLIA OU AGÊNCIAS DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL) e cartão do Bolsa Família, conforme o caso.

A gratuidade será concedida no momento da compra, mediante validação eletrônica na revenda habilitada.

Não haverá, portanto, qualquer pagamento em dinheiro no ato da retirada. O beneficiário disporá de um vale digital, cujo nome ainda está em definição e deverá evitar expressões que não sejam corriqueiras para a população. Importante ressaltar que o preço de referência não leva em conta o valor do frete, e o beneficiário terá que arcar com esse custo, caso queira receber o botijão em casa.

Todo o processo de acesso ao benefício será gerido pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS).

Quantas famílias serão beneficiadas em cada estado do Brasil?

Estimativa de famílias beneficiárias por estado

Em nome de quem será realizado o pagamento ou a utilização do benefício?

O vale eletrônico para desconto no botijão será emitido em nome do responsável familiar registrado no CadÚnico.

Meu benefício pode ser bloqueado caso eu não consiga emitir o vale eletrônico?

Não haverá bloqueio do benefício, pois o desconto é repassado diretamente ao revendedor credenciado.

Caso não tenha acesso ao aplicativo do programa para emissão do vale desconto, você poderá utilizar o Cartão do Bolsa Família diretamente na revendedora de gás de cozinha credenciada no Programa Gás do Povo.

A exclusão do benefício acontecerá se a família beneficiária do programa não atender mais aos critérios de elegibilidade.

Como o beneficiário pode tirar dúvidas sobre o programa?

A qualquer momento do dia e da semana, o cidadão pode ligar no telefone 121 e tirar todas as dúvidas. O serviço ficará disponível 24h, sete dias por semana. Também será possível entrar em contato pelo canal FalaBR, do Governo Federal.

E se o valor do botijão for menor que o preço de referência?

Se o preço praticado pela revenda for menor, não há geração de crédito ou troco, nem acúmulo para o próximo benefício.

Importante: a revenda que quiser participar do programa deve entregar o botijão ao beneficiário e será ressarcido pela Caixa pelo valor do preço de referência do GLP do estado de domicílio da família.

Portanto, podemos dizer que o botijão será gratuito para todos os beneficiários.

Como será realizado o cadastramento das revendas?

As revendas que quiserem participar do programa deverão se credenciar voluntariamente junto à Caixa Econômica Federal e cumprir requisitos de identidade visual padronizada, além de estarem aptas para operar com o vale eletrônico.

Como identificar uma revenda que participa do programa?

O programa Gás do Povo prevê que a revenda que desejar participar do programa deverá obedecer a regras de identidade visual, como em:

» Portarias de revendas
» Botijões de GLP
» Veículos de transporte
» Materiais de comunicação

Além disso, o aplicativo do beneficiário mostrará a lista atualizada das revendas credenciadas.

E se no município não houver revendas credenciadas?

Distribuidores de GLP com participação igual ou superior a 10% no estado devem garantir a oferta do benefício em municípios sem revendas credenciadas, conforme regulamentação. Importante: caso não haja revendas no município (cadastradas ou não no programa), o beneficiário deverá ir até o município mais próximo, onde haja revenda credenciada.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

"Entre o Céu e a Terra: a Travessia de Pinto Martins e a Paixão de um Povo"

Foto: Fornecida pelo autor

Por Raimundo Castro*

Em 1922, quando o Brasil celebrava seu Centenário da Independência, os céus ainda eram território de poucos. Voar era arriscar a vida, apostar contra a gravidade, desafiar os limites do impossível. Foi nesse cenário que um cearense de Camocim, Euclides Pinto Martins, ousou inscrever seu nome na história.

Engenheiro, mecânico, aviador — homem de coragem e de técnica — Pinto Martins uniu-se ao piloto norte-americano Walter Hinton para dar vida a uma travessia épica: ligar Nova Iorque ao Rio de Janeiro, costurando continentes e mares a bordo de um hidroavião batizado com um nome que atravessaria os séculos: Sampaio Corrêa II.

A cada pouso forçado em águas turbulentas, a cada reparo feito com as próprias mãos, Martins não apenas consertava máquinas — ele reafirmava a esperança de que a ciência e a ousadia poderiam unir povos e nações. Quando, em dezembro de 1922, o hidroavião pousou triunfante na Baía de Guanabara, o Brasil inteiro compreendeu que um novo tempo havia começado: tempo em que a independência também se faria pelos ares.

Mas a epopeia não terminou no Rio. Daquele voo nasceu um símbolo. Quando, no ano seguinte, um grupo de maranhenses apaixonados pelo futebol decidiu fundar um clube, escolheram homenagear o feito que incendiava a imaginação nacional. Assim nasceu o Sampaio Corrêa Futebol Clube, carregando no nome a marca da ousadia e da coragem. Desde então, o “Tubarão” não é apenas um time: é herança de um gesto de grandeza, memória de que o povo também pode voar.

O destino, no entanto, foi cruel com Pinto Martins. Dois anos depois, em 1924, morreu em Nova Iorque em circunstâncias trágicas. Partiu jovem, sem ver plenamente reconhecida a dimensão de sua façanha. Mas se a vida se apagou cedo, sua chama permanece acesa — no aeroporto de Fortaleza que leva seu nome, na história da aviação brasileira e, sobretudo, na identidade de um clube que nasceu para ser do povo.

Hoje, quando o Movimento “Sampaio Corrêa é do Povo” reivindica democracia, transparência e participação, há um elo invisível que o conecta àquela travessia de 1922. Se Pinto Martins atravessou mares e tempestades para aproximar continentes, cabe agora aos torcedores atravessar as nuvens da opacidade e da má gestão para reconquistar o clube que sempre lhes pertenceu.

A memória do Sampaio Corrêa II não é apenas um capítulo esquecido da aviação: é metáfora viva de resistência. Lembra-nos que nenhuma tempestade é capaz de deter um povo que decide voar. E que, como naquele hidroavião singrando os céus, o Sampaio Corrêa Futebol Clube só cumprirá seu destino se for conduzido pelas mãos firmes e pelos sonhos coletivos de quem realmente lhe dá sentido: a sua torcida, o seu povo, o seu universo tricolor.

*Raimundo Castro - Mestre em Educação pela Universidade Federal do Maranhão. Professor Titular do Departamento de Matemática do IFMA, Campus São Luís-Monte Castelo. Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Profissional e Tecnológica, Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica. Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino, Doutorando em Ensino, da Rede Nordeste de Ensino - RENOEN, Instituição Associada Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) Torcedor do Sampaio Corrêa Futebol Clube 

sábado, 30 de agosto de 2025

Salário Mínimo em Alta: Brasil Retoma Poder de Compra Após Anos de Estagnação


O salário mínimo previsto para 2026 é de R$ 1.631,00, segundo o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA). Mais do que um número, esse valor representa uma virada na política de valorização do trabalho no Brasil, após anos de contenção fiscal e corrosão do poder de compra. 

Vejam abaixo, quadros comparativos dos governos de 2015 até a previsão de  2026:

Evolução Real do Salário Mínimo (2015–2026)

Ano

Salário Mínimo (R$)

Inflação (IPCA) (%)

Reajuste (%)

Ganho/Perca Real (%)

2015

788,00

6,41

8,84

+2,43

2016

880,00

10,67

11,68

+1,01

2017

937,00

6,29

6,48

+0,19

2018

954,00

2,95

1,81

–1,14

2019

998,00

3,75

4,61

+0,86

2020

1.045,00

4,31

4,71

+0,40

2021

1.100,00

4,52

5,26

+0,74

2022

1.212,00

10,06

10,18

+0,12

2023

1.320,00

5,79

8,90

+3,11

2024

1.412,00

4,62

6,97

+2,35

2025

1.518,00

4,51

7,51

+3,00

2026

1.631,00

4,33 (proj.)

7,44

+3,11



Salário Mínimo vs. Cesta Básica (2015–2026)

Presidente

Ano

Salário Mínimo (R$)

Cesta Básica (R$)

% Comprometido

Meses p/ 4 cestas

Dilma

2015

788,00

385,00

48,85%

1,96

Dilma

2016

880,00

410,00

46,59%

1,86

Temer

2017

937,00

435,00

46,42%

1,86

Temer

2018

954,00

460,00

48,22%

1,93

Bolsonaro

2019

998,00

495,00

49,60%

1,98

Bolsonaro

2020

1.045,00

540,00

51,67%

2,07

Bolsonaro

2021

1.100,00

580,00

52,73%

2,11

Bolsonaro

2022

1.212,00

700,00

57,75%

2,31

Lula

2023

1.320,00

760,00

57,58%

2,30

Lula

2024

1.412,00

772,00

54,68%

2,19

Lula

2025

1.518,00

785,00

51,70%

2,07


Os valores da cesta básica são médias nacionais estimadas com base nos dados do DIEESE. Em 2016, por exemplo, Porto Alegre registrou o maior custo (R$ 459,02), enquanto Recife teve o menor (R$ 347,96).

A queda no peso da cesta básica sobre o salário mínimo mostra uma melhora concreta: o trabalhador poderá comprar mais com menos esforço, algo que não se via desde antes da pandemia.

Comparativo por Governo

Governo

Mandato

Salário Inicial (R$)

Salário Final (R$)

Ganho Real (%)

Lula 1

2003 - 2006

200,00

350,00

+38,3%

Lula 2

2007 - 2010)

380,00

545,00

+17,4%

Dilma 1

2011 - 2014

545,00

724,00

+12,4%

Dilma 2

2015 - 2016

788,00

880,00

+5,5%

Temer

2016 - 2018

880,00

954,00

–0,2%

Bolsonaro

2019 - 2022

954,00

1.212,00

–1,2%

Lula 3

2023 - 2026*

1.302,00

1.631,00 (proj.)

+6,1% (até 2025)

 
*Projeção para 2026 com base no PLOA

A valorização do salário mínimo foi uma das marcas mais fortes dos governos Lula e Dilma, que enxergaram nele um motor de inclusão social, combate à pobreza e estímulo à economia. Os ganhos reais acumulados nesses períodos permitiram que milhões de brasileiros tivessem acesso a mais dignidade, consumo básico e mobilidade social.

Já os governos Temer e Bolsonaro seguiram uma agenda de austeridade que freou o crescimento do mínimo. Os reajustes ficaram abaixo ou no limite da inflação, resultando em perda de poder de compra e estagnação da renda dos trabalhadores, especialmente os mais vulneráveis.

Com a retomada da política de valorização no 3º mandato de Lula, o salário mínimo volta a crescer acima da inflação, sinalizando uma recuperação concreta para quem depende dele. Se essa trajetória for mantida, o Brasil poderá consolidar uma nova fase de fortalecimento da renda básica e do consumo popular, com impactos positivos na economia e na vida de milhões.

Esta matéria foi elaborada com base em dados públicos e projeções oficiais, utilizando as seguintes fontes: