Na quarta-feira do dia 19 de novembro de 2012, completou-se uma
semana desde que o líder palestino Ahmed Al-Jaabari foi assassinado pelo
exército de Israel, dando início ao atual conflito e às atuais
agressões à Faixa de Gaza, que já levaram à morte quase duzentos
palestinos, sendo a metade civis, segundo o Hamas, que governo a Faixa
de Gaza. Desde o dia 14 e até este dia 22 o Jornal Nacional veiculou
nove matérias sobre o desenrolar dos acontecimentos, oscilando entre
reportagens equilibradas e outras que pouco mais fizeram do que
reproduzir o discurso e os estigmas construídos pelo governo israelense.
Se desde o
dia 19 as cinco matérias veiculadas pelo JN foram razoavelmente
equilibradas, até o dia 17 não foi bem assim (dia 18 foi um domingo,
portanto sem edição desse telejornal). No dia 14, pintou o líder
palestino assassinado como um perigoso terrorista, a única imagem que
mostrou de Al-Jaabari foi portando uma arma. Nenhuma referência ao fato
de que ele foi assassinado justamente quando atuava procurando um
caminho para a paz na região.
Exército de Israel assasina crianças e a Globo omite |
Já a
reportagem do dia 15 mostrou “os dois lados do conflito”, mas
apresentando os civis palestinos como violentos, vingativos, exaltados,
enquanto os civis israelenses foram apresentados como assustados e
acuados. No dia seguinte o foco da matéria é mostrar Israel sob ataque,
novamente com os civis assustados com os “terroristas” palestinos. É
também o que a reportagem do dia 17 mostra: desespero de civis em Israel
e entrevista com três deles, sendo dois turistas.
Todas as
nove matérias – assinadas por Carlos de Lannoy – e todas as “cabeças”
lidas pelos apresentadores do Jornal Nacional, do dia 14 ao dia 22, são
pontuadas por expressões e construções discursivas desfavoráveis aos
palestinos. Estes são apresentados como violentos terroristas, enquanto
as entrevistas são quase todas com civis israelenses. Quando é Israel
quem ataca, são “ações militares” ou “ofensivas”, mas se é a Palestina o
atacante são “atentados”. O Hamas é tratado sempre como “o grupo
radical islâmico” ou “o grupo radical palestino” que “controla a Faixa
de Gaza”, ignorando que o Hamas também é um partido político que governa
Gaza. Para falar do outro lado, o JN usa “o governo de Israel”. Quer
dizer, reconhece o Estado de Israel, mas não a Palestina e a soberania
do povo palestino.
Fonte: Adaptado do Blog Jornalismo B
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