sábado, 1 de dezembro de 2012

Jornal Nacional adota discurso antipalestino em reportagens sobre conflito em Gaza


Na quarta-feira do dia 19 de novembro de 2012, completou-se uma semana desde que o líder palestino Ahmed Al-Jaabari foi assassinado pelo exército de Israel, dando início ao atual conflito e às atuais agressões à Faixa de Gaza, que já levaram à morte quase duzentos palestinos, sendo a metade civis, segundo o Hamas, que governo a Faixa de Gaza. Desde o dia 14 e até este dia 22 o Jornal Nacional veiculou nove matérias sobre o desenrolar dos acontecimentos, oscilando entre reportagens equilibradas e outras que pouco mais fizeram do que reproduzir o discurso e os estigmas construídos pelo governo israelense.

Se desde o dia 19 as cinco matérias veiculadas pelo JN foram razoavelmente equilibradas, até o dia 17 não foi bem assim (dia 18 foi um domingo, portanto sem edição desse telejornal). No dia 14, pintou o líder palestino assassinado como um perigoso terrorista, a única imagem que mostrou de Al-Jaabari foi portando uma arma. Nenhuma referência ao fato de que ele foi assassinado justamente quando atuava procurando um caminho para a paz na região.

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Já a reportagem do dia 15 mostrou “os dois lados do conflito”, mas apresentando os civis palestinos como violentos, vingativos, exaltados, enquanto os civis israelenses foram apresentados como assustados e acuados. No dia seguinte o foco da matéria é mostrar Israel sob ataque, novamente com os civis assustados com os “terroristas” palestinos. É também o que a reportagem do dia 17 mostra: desespero de civis em Israel e entrevista com três deles, sendo dois turistas.

Todas as nove matérias – assinadas por Carlos de Lannoy – e todas as “cabeças” lidas pelos apresentadores do Jornal Nacional, do dia 14 ao dia 22, são pontuadas por expressões e construções discursivas desfavoráveis aos palestinos. Estes são apresentados como violentos terroristas, enquanto as entrevistas são quase todas com civis israelenses. Quando é Israel quem ataca, são “ações militares” ou “ofensivas”, mas se é a Palestina o atacante são “atentados”. O Hamas é tratado sempre como “o grupo radical islâmico” ou “o grupo radical palestino” que “controla a Faixa de Gaza”, ignorando que o Hamas também é um partido político que governa Gaza. Para falar do outro lado, o JN usa “o governo de Israel”. Quer dizer, reconhece o Estado de Israel, mas não a Palestina e a soberania do povo palestino.

Fonte: Adaptado do Blog Jornalismo B

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