sexta-feira, 11 de maio de 2012

MP 557: quando o nosso corpo é moeda de troca eleitoral


Desde 27 de dezembro, os movimentos feministas de todo o país vem se mobilizando contra a MP 557. Mesmo depois de reeditada pela presidenta sem o termo nascituro, a medida vigilantista continua tramitando no Congresso Nacional sob os cuidados do Ministério da Saúde, provavelmente por causa de interesses eleitorais.

Como eu já tinha contado no post de denúncia sobre a MP, ela é inteiramente questionável, desde a sua necessidade como medida provisória, quanto aos problemas que ela carrega em relação aos nossos direitos, mesmo depois de reeditada, quando perdeu a questão do nascituro.
O que nem se comenta é que não há dinheiro para distribuir bolsas de auxílio transporte para todas as grávidas atendidas pelo SUS. E pior, que a MP 557 no fundo não ajuda em nada na redução da mortalidade materna.

A presidenta vem batendo na tecla da sua capacidade de ser uma boa mãe para esse país. É lamentável, contudo, que o seu papel seja de uma mãe dos moldes mais conservadores, e não a de uma mãe forte, lutadora e com autonomia para alvancar avanços em relação aos nossos direitos.

As feministas estão batendo perna no Congresso tentando entender porque insistir tanto nessa proposta e cada vez fica mais claro que a questão é eleitoral. Não é segredo para ninguém que não seria nada ruim ter uma bolsa-auxílio começando a ser distribuída em pleno ano eleitoral. E não seria má ideia que essa história vingasse e servisse de trunfo nas eleições seguintes, como bem devem saber a Presidência e o Ministério da Saúde.

Em nome desses interesses, o nosso corpo está lá, descrito na MP como algo a ser controlado e vigiado, um pedaço de carne tão insignificante que serve mesmo é de moeda de troca eleitoral. Não importa se queremos uma proposta de política efetiva, que definitivamente enfrente o problema do abortamento inseguro e que garanta o atendimento de qualidade em todas as etapas das nossas vidas, inclusive quando queremos ser mães. Importa mais ter visibilidade, negociar barganhas ideológicas que só comprometem as poucas conquistas que temos em relação aos direitos sexuais e reprodutivos, como a última decisão do Superior Tribunal Federal (STF) favorável a interrupção da gravidez em casos de fetos anencéfalos.

Fonte: Blog Blogueiras Feministas

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