Por Fernando Brito
Quando o caro amigo ou a cara amiga ler ou ouvir a palavra populismo, cuidado.
Em geral, é um adjetivo usado para desqualificar o que é bom para o povo.
Hoje, em editorial, o Estadão diz que o crédito facilitado para que os beneficiários do programa “Minha Casa, Minha Vida” comprem móveis e eletrodomésticos é “um ato populista”.
Porque “o Tesouro terá de subsidiar o novo programa de estímulo ao consumo”.
Curioso é que esse argumento não vale quando quem é estimulado é o capital, não o consumo.
Não há preocupação com quanto sai do Tesouro para bancar a elevação da taxa de juros. Nem com quanto deixa de entrar com o fim do IOF sobre investimentos estrangeiros.
Exigem superávits cada vez maiores, a qualquer preço, no Brasil. Mas os europeus, os EUA, o Japão, todos eles têm déficits astronômicos e ninguém os chama de populistas.
Quando Lula, em 2009, tirou o IPI de uma série de produtos para enfrentar a crise européia também não faltaram críticas deste tipo: populista, irresponsável, eleitoreiro.
E, se não fosse isso, a marolinha teria sido mesmo um tsunami.
O financiamento oferecido ao público do Minha Casa, Minha Vida, além do benefício imensurável que traz à vida doméstica de milhões de brasileiros de baixa renda, tem outros méritos.
Inclusive no combate à inflação.
Ao fixar valores máximos para os produtos elegíveis para a compra, a linha de crédito contribuirá para segurar os preços de várias linhas de consumo. Que empresa desejará, por alguns reais, deixar seus produtos fora dos limites do que pode ser financiado? Além disso, com a alta do dólar, o que é produzido aqui, com custos em real, será mais competitivo, certamente.
A roda da economia vai girar e é isso o que mantém a bicicleta equilibrada.
A finalidade das políticas econômicas é produzir bem estar, não superávits a qualquer custo social.
Isso não é populismo. Isso é considerar a economia um bem de todo o povo, não a economia para os bens de uns poucos.
Fonte: Tijolaço
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